ROSEANA REENCONTRA ROSEANA

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Durante o período republicano, que vai de 1889 aos dias correntes, nenhum governador do Maranhão exerceu mais o poder do que Roseana Sarney.

Foram 14 anos de mandato, três de quatro anos – 1994 a 1998; 1998 a 2002; 2011 a 2015- e um de dois anos – 2009 a 2011, este, substituindo Jackson Lago, que teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral.

Nesses 14 anos de exercício do poder, pelo menos oito deles foram cumpridos sem sobressaltos e corresponderam às expectativas dos que a elegeram. Os dois primeiros, então, foram exemplares e ficaram na história. Além da boa administração, ela mostrou que ingressara na política para renovar o sarneísmo e levar o estado a novamente trilhar o caminho do progresso e do desenvolvimento, como fizera o seu pai, José Sarney, no mandato de 1966 a 1970.

No primeiro mandato, considerado o de seu melhor desempenho, possibilitou a sua reeleição em 1998 sem praticamente fazer campanha política. Nem as delicadas cirurgias a que se submeteu em São Paulo, obrigando-a a hospitalizar-se por meses, impediram-na de impor ao adversário uma acachapante derrota nas urnas.

Eleita e reeleita governadora, conquistou uma liderança política e popular fantástica no Maranhão, a ponto de extrapolar para o resto do país, o que lhe valeu ser cogitada a candidata à presidência da República às eleições de 2001. Seus índices de aprovação nas pesquisas de opinião pública alcançaram níveis tão altos, que ensejaram a execução de uma sinistra operação em São Luis, com o objetivo de queimar a sua imagem e fritar a sua candidatura à sucessão de Fernando Henrique Cardoso.

Esse prestígio político e essa elevada popularidade, Roseana conquistou porque governava com prazer e denodo, comparecia e prestigiava as festas populares, participava de eventos de diversas origens, aqui e alhures, cuidava de sua imagem física e política, recebia deputados, prefeitos, vereadores, lideranças empresariais, sindicais e populares, e cercava-se de um grupo jovem e preparado, chamado de “Sorboninha”. Não à toa foi conduzida ao santuário da política nacional, sem ajuda de nenhum marqueteiro ou pai-de-santo.

Mas depois dessa bem-sucedida fase política e administrativa, Roseana retorna ao Palácio dos Leões e comete uma imprudência, por conta de uma frase de efeito proferida na sua posse para cumprir o mandato de 2011 a 2015. Disse ela em alto e bom som: – Prometo que vou fazer nesse mandato o melhor governo do Maranhão.

A frase, ao que parece, funcionou às avessas e levou-a de encontro à sua maneira de governar e de atuar na vida pública. Ao contrário do que prometera não conseguiu reeditar as ações e as atividades construídas nos mandatos anteriores, que fizeram dela uma gestora de reconhecido talento e competência. Em vez de uma Roseana ativa, destemida, onipresente, atuante, participativa, vibrante, entusiasmada e sensível, mostrou ser a antítese daquela que o povo conhecera e se acostumara a vê-la.

Esse comportamento inusitado da governadora, marcado pela apatia e inapetência com relação aos assuntos administrativos, deixou a opinião pública perplexa e com a impressão de que a política não mais a empolgava, o governo não mais o fascinava e o exercício do poder ficara na saudade.

Mas esse quadro de perplexidade, formado em torno dela, veio a diluir-se recentemente e num momento politicamente importante da sua vida: o da definição de seu futuro político, ansiosamente especulado pela população, pela mídia e pelos setores partidários.

Esse momento ocorreu no prazo estabelecido pela Justiça Eleitoral, para os candidatos optarem pelos cargos que ocupavam ou renunciarem para disputar as eleições deste ano. Naquele dia, em entrevista à imprensa, Roseana anunciou, convicta e solenemente, que continuaria à frente do governo e assim renunciava ao direito de se candidatar ao Senado da República, uma eleição que se a disputasse não haveria qualquer sombra de dúvida quanto à sua vitória.

Ao se definir pelo exercício do cargo que o povo lhe conferiu, preferiu ficar para concluir e entregar as obras em execução no seu governo e, salvo melhor juízo, permanecer um tempo distante das atividades políticas, para dedicar-se com mais empenho e intensidade aos seus familiares e cuidar melhor de sua saúde, já fragilizada pelas várias cirurgias a que se submeteu.

Mas não foi somente isso que Roseana revelou ao deixar a cena política e partidária (momentânea ou definitivamente, só ela e Deus sabem), e que agora veio à tona e com absoluta visibilidade. Basta olhá-la para ver que é outra pessoa. Seus olhos voltaram a brilhar; recuperou a alegria de viver; está mais solta, fagueira e feliz; reencontrou o seu bom humor; passou a participar de tudo que é evento, seja público ou privado, profano ou religioso; está sempre disposta a conversar e a bater papo com amigos e políticos; ficou mais atenta às coisas do governo e da sua sucessão; e a cobrar mais empenho e eficiência dos auxiliares, pois deseja terminar o mandato de bem com o povo e sem deixar ao sucessor nenhuma herança maldita.

Enfim, Roseana reencontrou-se com a Roseana que o povo gosta e admira.

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