O IMPACTO DO PACTO

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Os acostumados a ler os artigos de José Reinaldo Tavares, certamente tomaram um bruto susto nesta última terça-feira. O texto não falava mal de José Sarney.

Aquela linguagem grosseira, pesada e injusta que Zé Reinaldo dedicava a José Sarney, de repente mudou e deixou muita gente perplexa e sem saber os motivos que o levaram a assim proceder, ele, que, ao longo dos anos, teve um relacionamento pessoal e político bem próximo da família Sarney, especialmente com o ex-presidente da República, que sempre o prestigiou e o indicou para altos cargos estaduais e federais.

Seria um despautério dizer que o ex-governador chegou a tais funções públicas, apenas porque fazia parte da cota de amizade de Sarney. Absolutamente.  Competência técnica ele tem e desempenhou em vários órgãos públicos, mas sem o dedo de Sarney não teria ocupado tantos e em tão pouco tempo.

Por conta disso, Zé Reinaldo construiu um currículo admirável e percorreu uma estrada longa e iniciada ao vir de Fortaleza para São Luis, trazido pelo amigo Vicente Fialho, que o indicou ao então governador José Sarney para dirigir o Departamento de Estradas de Rodagem, de onde saiu para comandar a secretaria de Viação e Obras Públicas.

Sempre com o beneplácito de Sarney, no governo seguinte, do governador Pedro Neiva, foi alçado ao cargo de secretário de Planejamento.  Cumprida essa tarefa, recebeu convite do governador de Brasília, Elmo Serejo, para ocupar o cargo de superintendente da Novacap e depois o de secretário de Viação e Obras do Distrito Federal.

Com Sarney na presidência da República, em 1985, a biografia de Zé Reinaldo enriqueceu sobremodo com a nomeação para três cargos relevantes: presidente do Departamento Nacional de Obras contra as Secas; superintendente da Sudene, e ministro dos Transportes.

Findo o mandato de Sarney, ingressa na política e se candidata a deputado federal nas eleições de 1990. Cumpria o mandato no Congresso Nacional, quando Sarney o escolhe para vice na chapa encabeçada por Roseana Sarney.  Com esta, elege-se para o mandato de 1994 a 1998 e reelege-se para o de 1998 a 2002.

Em 2002, Roseana renuncia ao governo e se candidata ao Senado Federal. Automaticamente, Zé Reinaldo assume, completa o mandato e candidata-se a governador para o mandato de 2004 a 2008.

Nos exercício desse mandato, os desentendimentos entre Zé Reinaldo e José Sarney vieram à tona. Não quero e nem devo, por motivos particulares, falar dos entreveros que resultaram no rompimento de uma amizade que parecia ser infinita enquanto durasse. Mas tudo começa com as queixas do governador às emissoras de rádio e televisão do Sistema Mirante, pelas críticas a ex-esposa.

Inconformado, Zé Reinaldo responsabiliza irresponsavelmente Sarney, que nada tinha a ver com aquilo. A partir daí, a criatura transforma o criador em caixão de pancada, fato que marca definitivamente o fim de uma fraterna e longa amizade.

Mas a ira de Zé Reinaldo a Sarney não para e vai mais longe. Por conta e risco, assume o encargo de destruir politicamente o grupo em que nasceu, cresceu e prosperou. Com esse desiderato, alia-se aos opositores de Sarney e adere à candidatura de Jackson Lago à sua sucessão, que tinha Roseana por adversária.  Usou e abusou da máquina administrativa, ganhou o pleito e realizou o que desejava.

Nas eleições de 2014, novamente lutou contra a família Sarney. Apoiou o candidato Flávio Dino e continuou a desancar sem dó e piedade o seu ex-líder e guia político, que, algumas vezes, retribuía as diatribes com que era alvejado.

Depois de todos esses anos de confronto com Sarney, Zé Reinaldo surpreende. Em vez dos costumeiros ataques, escreve um artigo bem mais ameno, com o título de “Pacto pelo Maranhão”, em que a pacificação política é o tema dominante. Sem agredir Sarney, ao contrário, o elogia e enaltece as suas qualidades de líder político nacional. Com esse tom, o convida a uma reflexão sobre a união dos segmentos políticos em favor do desenvolvimento do Maranhão.

Dois pontos de luz iluminam o artigo de Zé Reinaldo: 1) o levantamento da bandeira branca da paz na direção de Sarney; 2) a descrença no governo de Flávio Dino, do qual esperava mais preparo e mais conhecimento sobre a realidade maranhense. Perdida a esperança, a salvação do Maranhão será através de um pacto, mas com a presença de Sarney.

 

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