MÉDICOS QUE MARCARAM A MINHA VIDA

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Tenho dívidas de gratidão com os médicos que ao longo da vida cuidaram de mim e possibilitaram ter com ela um bom e saudável convívio. Até hoje, por mérito desses profissionais, não passei por sobressaltos que me levassem a correr risco de vida.

Se uns me acompanharam na infância, outros me assistiram na juventude e na maturidade. A todos, portanto, só tenho palavras de agradecimento pelo modo e pelo tratamento que me dispensaram quando deles precisei para livrar-me ou curar-me de doenças eventuais ou episódicas, as quais, para minha felicidade, não me deixaram seqüelas nem ameaças de morte.

Desfruto de boa saúde e adoeço raramente, fato que atribuo aos médicos que me atenderam e fizeram de mim um ser humano sem motivo para se queixar da vida. Vanglorio-me de, como setentão, de estar em plena forma física e técnica, o que me permite praticar uma modalidade de esporte adequada à minha idade: o voleibol, ao lado de amigos de geração, como Mauro e Miguel Fecury, Zé Reinaldo Tavares, Cláudio Alemão, AzizTajra, Jaime Santana, Fabiano Vieira da Silva e outros menos votados.

Não à toa guardo o nome dos discípulos de Licurgo na memória e não olvido os cuidados e as atenções a mim dispensadas quando precisei de seus serviços. Mas, antes de citá-los nominalmente, neste Dia dos Médicos, que hoje se comemora, por dever de justiça, faço questão de homenagear os farmacêuticos que, no interior do estado, estribados na experiência e na devoção, substituem os médicos.

Não posso esquecer os farmacêuticos da minha cidade- Itapecuru, Orlando Mota, Dona Dedé e Ozanam Coelho, que quantas vidas prolongaram ou salvaram, sempre prestativos e prontos a atender aos mais necessitados.

No momento em que estas lembranças povoam a minha alma, vejo o meu  pai, Abdala, preocupado com a saúde do povo itapecuruense. Numa época em que a cidade ainda não contava com hospital ou centro médico,  contratou um profissional de Medicina para minimizar o sofrimento da população. Cláudio Moraes Rego (falecido na semana passada), contratado pela prefeitura, consultava os numerosos os doentes ali residentes, nos finais de semana.

Dizem que o primeiro médico a gente não esquece. Por isso, reporto-me com respeito, gratidão e veneração, ao saudoso e dedicado pediatra Odorico Amaral de Matos, o primeiro profissional a me consultar e nos primeiros meses de vida. Nascido em Itapecuru, no final da década de 1930, vim ao mundo por parto normal e assistido não por médico, mas pela conceituada parteira da cidade: Dona Agostinha, mulher que esbanjava habilidade e segurança na arte de receber as crianças ali geradas.

Ainda não havia completado um ano, quando fui atacado por uma brutal pneumonia. Esgotados os recursos locais, restava vir para São Luis e chegar a tempo de receber algum socorro médico. À época, transporte de Itapecuru para a capital só por via fluvial ou férrea. Nos braços de minha mãe, fiz a minha primeira viagem de trem. Após cinco horas de viagem noturna e sujeito às fagulhas do “Maria Fumaça”, chegamos a São Luis e ao amanhecer o dia já estava eu no consultório do Dr. Amaral de Matos.

Com os procedimentos médicos por ele tomados, a pneumonia em adiantada fase, logo cedeu e permitiu, gradativamente, que recuperasse os sinais considerados vitais à minha sobrevivência.

Anos depois, reencontro o Dr. Amaral de Matos em plena velhice, mas lúcido e ativo. Candidato à Academia Maranhense de Letras, dei o meu voto ao intelectual e poeta de valor, qualidades que tinha de sobra, mas desconhecidas pela projeção profissional que alcançou na pediatria brasileira.

Depois do Dr. Amaral de Matos, a vida, em sua permanente continuidade, proporcionou-me conhecer e a relacionar-me com outros médicos. Alguns já partiram para a eternidade, mas continuam no meu pensamento como figuras humanas e profissionais inesquecíveis, a exemplo dos clínicos generalistas Alfredo Duailibe e Paulo Pinheiro Bogéa, do cardiologista José Murad, do clínico especialista Antônio José Jorge Martins, do oftalmologista William Moreira Lima, do gastro João Maranhão Aires, do pneumologista José Quadros, do urologista Guilherme Macieira, e do radiologista Lourival Bogéa.

Desta safra, um se tornou meu médico sem eu ser portador de doença de origem coronariana: José Murad. Estudava no Colégio dos Maristas, eis que, numa bela manhã recreativa, de repente, desmaiei. Ao recobrar o sentido, estava do meu lado o cardiologista e amigo do meu pai, José Murad, auscultando-me e receitando-me.

Merece, também, registro especial a presença na lista do Dr.Guilherme Macieira, o único urologista da cidade e que atendia a rapaziada da minha geração e que, por mais cuidado que tivesse, não escapava de ser contaminada por doença venérea. Ele e o seu fiel escudeiro, um negro alto e forte, chamado Julião.

Quando esta geração de médicos saiu de cena, encontrei outro elenco de profissionais de tão boa qualidade quanto à anterior. Figuram nessa relação os seguintes profissionais: na cardiologia, Marcos Túlio Juliano e José Xavier Filho; na ortopedia, Luis Fernando Figueiredo e Sebastião Vieira, na neurologia, Osmir Sampaio; na urologia, Cálide Gomes; na oftalmologia, Afonso e Roberta Farias; na gastroentorologia, Luiz César Costa e Arnaldo Dominice; na otorrino, Eliane Buzar; na endocrinologia, Manuel dos Santos Faria.

Com este time enfrento e venço de goleada as adversidades no campo da saúde e a vida ser infinita enquanto durar.

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