MÁRIO FLEXA: O ÚLTIMO VITORINISTA

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Daquela safra de políticos, que participou ativamente do período em que o senador Vitorino Freire mandou no Maranhão ( 1946-1965),  o  que restava vivo, acaba de nos deixar: Mário Flexa Ribeiro, um paraense que chegou a São Luis em 1948, com a missão de reestruturar o IBGE.

Em 1950, cumprida a tarefa, recebe ordem para retornar a Belém, mas não a cumpre até porque havia casado com Helena, com quem teve dois filhos, e construído uma miríade de amigos, a maioria políticos governistas. Nesse ano, ocorreram as eleições ao governo do Maranhão e Mário Flexa nelas atuou com desenvoltura em favor do candidato Eugênio Barros, cuja diplomação e posse as Oposições Coligadas contestavam na Justiça Eleitoral.

Foi nessa oportunidade que ele começou a mostrar serviços ao vitorinismo, ao ser convocado pelo governador para dirigir a Imprensa Oficial e executar uma verdadeira operação de guerra: a publicação dos atos indispensáveis à legalização da investidura de Eugênio no governo, que os oposicionistas, entrincheirados na porta do órgão, não deixavam funcionar.

Com 70 homens armados, partiu nas caladas da noite do Palácio dos Leões para a Imprensa Oficial. Bastou que os primeiros tiros fossem para o ar para a operação ser bem-sucedida e o órgão voltasse a funcionar e publicar tudo de interesse dos governistas.

O destemido gesto de Mário Flexa o credenciou como homem de confiança e leal, características que o levaram a ser nomeado servidor público do Estado pelo governador Eugênio Barros, e convidado em seguida para comandar o Departamento Estadual de Estatística.

Em 1954, quando se dariam novas eleições majoritárias e proporcionais, o médico Mattos Carvalho, candidato à sucessão de Eugênio Barros, realizou o sonho de Mário Flexa: o indicou para figurar na chapa do PSD à Assembleia Legislativa. As urnas corresponderam às suas expectativas, elegendo-o com boa votação e bem sufragado pelo eleitorado de São Luis, à época visceralmente oposicionista.

Seu desempenho parlamentar não surpreendeu a cúpula vitorinista, pois votava sem pestanejar nas propostas do governo e repudiava as apresentadas pelas Oposições. Resultado: ganhou lugar cativo nas chapas do PSD nas eleições de 1958 e 1962, obtendo votações suficientes para ser um deputado de tempo integral e dedicação exclusiva à causa situacionista e à família Caldas, fazendo dobradinha com Líster, candidato a deputado federal.

No meu livro “Vitorinistas e Oposicionistas”, editado em 2001, Mário Flexa foi um dos atores políticos biografados. Ao narrar a sua trajetória no PSD e no grupo vitorinista, não mostrou constrangimento ou coisa que o valha ao lembrar as peripécias e as astúcias que costumava fazer antes, durante e após a realização dos pleitos, em benefício próprio ou dos companheiros de partido.

Das inúmeras relatadas, destaco estas. Não foram poucas as entrevistas dadas por ele às emissoras de rádio como se fosse Vitorino Freire. O timbre de voz de ambos era tão semelhante que Mário se dava ao luxo, como se fosse o senador, de ordenar os chefes políticos do interior a votarem nele. 2) Numa eleição em São Luis, ao se aproximar de uma seção eleitoral, recebeu três tiros de Erasmo Dias, mas não foi atingido por nenhum. Por conta disso, virou vítima e ganhou votos. 3) Tinha fama de fraudador e tudo fazia para merecê-la. Em Tutóia, enquanto os adversários preparavam transporte para levar os eleitores para votar, ele, nas caladas da madrugada, dinamita a ponte que ligava o povoado à cidade. Resultado: nenhum eleitor compareceu à cabine eleitoral, mas todos votaram graças às ações maquiavélicas de Mário.

Segundo Mário, o PSD foi imbatível no Maranhão porque “Tinha dinheiro à vontade, sabia usar a máquina administrativa, e possuía cargos públicos e vantagens materiais para comprar eleitores, fiscais, mesários e juízes.”

MARQUÊS DE SAPUCAÍ

A figura humana, que deu nome ao sambódromo do Rio de Janeiro, teve papel destacado no Maranhão após as lutas pela independência do Brasil.

O Marquês de Sapucaí, registrado com o nome de Cândido José de Araújo Viana e preparado política e intelectualmente, foi o quarto presidente da província do Maranhão, no primeiro reinado, de janeiro de 1829 a outubro de 1832.

Ele mandou libertar o jornalista José Cândido de Morais e Silva, que lutava pelas causas do povo maranhense, por isso, o Marquês de Sapucaí caiu nas graças da população.

AUSENÇA E PRESENÇA

O carnaval de São Luis deste ano foi igual ao de 2015, ou seja, marcado pela ausência do povo e presença de policiais nas ruas.

Coincidentemente, o governo de Flávio repetiu o de Jackson, no que diz respeito à folia.

Queiram ou não, nos últimos tempos, só Roseana conseguiu remover das cinzas o carnaval de São Luis.

JOÃOSINHO TRINTA

Neste carnaval, nunca o axioma “rei morto, rei posto” foi tão verdadeiro.

Nos desfiles das escolas de samba, no Rio de Janeiro, nos quais o maranhense Joãosinho Trinta brilhou anos a fio, graças à criatividade e ao luxo que introduziu no sambódromo, foi literalmente esquecido.

Não recebeu homenagem de nenhuma escola e nem lembrado pela equipe da TV Globo.

UM PREFEITO ALOPRADO

Não entro no mérito se houve ou não estupro. Limito-me estritamente ao assédio ensandecido e aviltante, praticado por um homem público e médico, em pleno século XXI, com a liberação sexual incrivelmente escancarada.

Será que este cara, que tão péssimo exemplo deu à comunidade que o elegeu, que legou à posteridade uma estúpida lição de comportamento moral, que infligiu a todas as regras da convivência social, pode continuar à frente dos destinos de uma cidade?

Repondo com letras maiúsculas: NÃO. Se ele tiver vergonha, renuncia ao mandato. Se assim não proceder, o povo e as autoridades se obrigarão, com as armas da lei, a expurgá-lo do cargo.

UM GOVERNO ICONOCLASTA

Só faltava essa: o Maranhão voltou aos tempos do movimento de contestação à veneração de ícones de qualquer natureza. A iconoclastia surgiu no século VII e os elementos que dela faziam parte cultivavam a destruição das crenças e das tradições.

Com base num decreto, assinado no limiar do carnaval, o chefe do Executivo, mudou a denominação de 37 estabelecimentos escolares. Os homenageados vivos foram substituídos por gente morta.

Salvo melhor juízo, as escolas passaram a ter patronos desconhecidos e ignorados quanto aos benefícios prestados à educação maranhense.

 

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