ESCOLAS DE TAIPA E PALHA

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No discurso proferido na reunião com os prefeitos recentemente eleitos, o governador Flávio Dino revelou os programas que  vem realizando no Maranhão, destacando a recuperação e construção de escolas e a substituição de unidades de taipa e palha por construções de alvenaria.

Muito louvável a iniciativa do atual governo de, com essa providência, proporcionar ao aluno do interior do Estado, melhores condições de conforto e de ensino. Mas será que só isso basta para o ensino no Maranhão melhorar e sair da triste situação em que se encontra?

Com essa pergunta no ar, direciono o meu pensamento para a época em que José Sarney assumiu o governo do Estado e a realidade educacional, em todos os níveis de escolaridade, era tão degradante, que deixava o Maranhão numa vergonhosa situação.

Diante de tão calamitoso quadro, Sarney mobiliza o governo para desencadear uma operação de guerra contra o analfabetismo reinante no interior, deflagrada com a contratação dos técnicos do Movimento de Educação de Base, que trabalhavam na Arquidiocese do Maranhão, com a metodologia do professor Paulo Freire, combatida pelo regime militar.

Da junção dos técnicos do MEB com o grupo criado pelo secretário de Educação, Cabral Marques, surge o projeto João-de-Barro, para levar a educação democrática às populações rurais, constituídas de analfabetos, visando despertá-las da condição de subdesenvolvimento e conscientizando-as de suas reais possibilidades, para através de um esforço comum e inteligente, mudar esse estado de coisas.

A viabilização do projeto João-de-Barro se dá por meio de três requisitos indispensáveis: levantamento dos diversos aspectos da realidade; motivação para o trabalho; e seleção dos povoados e de pessoal das comunidades.

O projeto se sustentava em dois pressupostos: 1) nas pessoas selecionadas para monitores, com alguma capacidade de liderança, capazes de provocar e dirigir os trabalhos comunitários, e realizar atividades diferentes das de ensinar a ler e a escrever; 2) nas escolas construídas com os próprios recursos da comunidade e padronizadas, segundo o  modelo de barracões cobertos de palha, com meias parede de taipas e chão batido. O mobiliário era o mínimo possível: alguns bancos compridos, um pequeno quadro de giz e uma carteira para o monitor.

Com esse tipo de escola, sem alvenaria, o projeto se disseminou no interior do Maranhão, fez mudar a realidade rural e baixar sensivelmente as taxas de analfabetismo. O sucesso do João-de-Barro  foi de tal modo espetacular que repercutiu  no Brasil e no exterior, a ponto da revista americana, TIME, dedicar-lhe reportagem de capa.

EVANGÉLICOS E CATÓLICOS

Houve época em que as eleições municipais no Maranhão eram disputadas apenas e exclusivamente por católicos.

Os evangélicos, como seita religiosa, ainda não tinham expressão, por isso não participavam do processo eleitoral.

De uns tempos para cá, contudo, esse quadro se inverte por conta da presença em larga escala dos evangélicos no meio urbano e rural do país.

Em curto período, os evangélicos ocuparam  os espaços dos católicos, transformando-se de minoria em maioria política e com atuação desenvolta na cena partidária.

Este ano, no Maranhão,  a presença de evangélicos na disputa por cargos de prefeito e de vereador foi gritantemente espantosa. Em algumas cidades, a luta eleitoral travou-se entre os próprios evangélicos.

PRÉDIOS DO CENTRO HISTÓRICO

Em tempos não tão longínquos, se algum comerciante da Praia Grande entrava em apuros financeiros, usava-se uma fórmula para socorrê-lo da quebradeira.

Procurava-se o governador do Estado que autorizava o Banco do Estado a liberar empréstimo ao desesperado comerciante, que apresentava como garantia o imóvel onde funcionava o seu negócio.

Geralmente, o comerciante não cumpria o compromisso bancário. Por conta disso, o imóvel objeto daquela operação passava para o patrimônio do Governo, que os destinava à máquina administrativa estadual, que, depois de alguns anos, pela má utilização e conservação, depreciava-se e ficava  no limbo do abandono.

ACIMA DO CHÃO

Em 1959, Ferreira Gullar, com 19 anos, lança em São Luis o seu primeiro livro de poemas, com o título “Um pouco acima do chão”, editado pelo Centro Cultural Gonçalves Dias, do qual era um dos expoentes.

Em 1999, Jomar Moraes, na presidência da Academia Maranhense de Letras, em comemoração ao cinqüentenário da estréia literária de Ferreira Gullar, reedita o livro.

Quando o poeta veio a São Luis, no governo Roseana Sarney, para inaugurar a avenida com o seu nome, Jomar o surpreende: entrega-lhe o livro de presente, recebido sem entusiasmo até porque não faz parte  de sua vasta bibliografia.

MARANHÃO MAIS POBRE

Os anos de 2015 e de 2016 não vão deixar saudade aos maranhenses.

No ano passado, perdemos dois intelectuais de peso: o poeta José Chagas e o cronista Ubiratan Teixeira.

No exercício de 2016, partiram de nosso convívio os poetas Nauro Machado,  Ferreira Gullar e o cronista e historiador Jomar Moraes.

São ausências que deixaram o Maranhão culturalmente mais pobre.

VEREADOR E DEPUTADO

Em discurso pronunciado na Assembleia, o deputado César Pires, disse em alto e bom som que a atual composição do Poder Legislativa do Maranhão é a pior das últimas legislaturas. Não foi contestado por nenhum colega do governo ou da oposição.

Na semana passada, um triste acontecimento deixou o Maranhão e o Brasil desolados: a morte de Ferreira Gullar. O país inteiro, excetuando-se a Assembleia Legislativa,  lamentou o falecimento do poeta.

Nesse aspecto, a Câmara Municipal de São Luis está a mil passos do Poder Legislativo do Estado. Pela voz do vereador Gutenberg Araújo, ouviu-se um  pronunciamento de louvor à figura poética de Ferreira Gullar e de lamento pela falta que fará à cultura nacional.

PRÊMIO INOVARE

Pela segunda vez, o Maranhão aparece com bom desempenho no Prêmio Inovare, criado pelo Conselho Nacional de Justiça, para estimular a criatividade no âmbito do Poder Judiciário.

A primeira vez, o Maranhão abiscoitou o Prêmio Inovare  em 2004, quando o juiz Marlon Reis apresentou a Lei da Ficha Limpa.

Este ano, a Defensoria Pública do Maranhão venceu o Prêmio Inovare, com um projeto que, por meio de uma força-tarefa, prioriza ações na área de saneamento básico, implantado em São Luis com retumbante êxito.

MUDANÇA DE COMANDO

O Maranhão começa o ano de 2017 com novo comando no 24º Batalhão de Infantaria Leve.

O tenente-coronel Carlos Frederico de Azevedo Pires, depois de dois anos à frente do Batalhão Barão de Caxias, onde se impôs pela liderança e competência, por determinação superior, trocará São Luis por Brasília.

A transferência de comando será dia 6 de janeiro vindouro, quando o tenente-coronel Carlos Frederico se despedirá de seus comandados e do povo maranhense.

O oficial que nos deixa tem um predicado: admira de tal modo  a cultura popular do Maranhão,  principalmente a música, que, para não esquecê-la, levará para Brasília uma discoteca de toadas do bumba boi.

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