CADÊ A BIBLIOTECA DE HUMBERTO DE CAMPOS?

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Recentemente a Academia Maranhense de Letras, em continuidade ao seu extraordinário Plano Editorial, publicou seis livros extraídos das obras do notável escritor Humberto de Campos.

Esse magnífico trabalho em favor da literatura maranhense, organizado pelo acadêmico e escritor Sebastião Moreira Duarte, que faz parte da Coleção Biblioteca Escolar, trouxe a lume textos do saudoso e consagrado intelectual maranhense, nascido na antiga cidade de Miritiba, que mudou de nome em homenagem ao seu filho mais ilustre.

São livros imperdíveis, porque mostram o sentimento de um escritor que deixou uma gigantesca obra literária, em prosa e poesia, motivo pelo qual pertenceu à Academia Brasileira de Letras e representou o Maranhão na Câmara de Deputados e se tornou um dos intelectuais mais lidos no Brasil em todos os tempos.

Quem já leu os Diários Secretos e As Memórias Inacabadas de  Humberto de Campos, em que ele evoca assuntos de sua vida, especialmente a vivida  no Maranhão, não pode ficar em silêncio diante de um fato lamentável perpetrado contra o memorável escritor, que, além da extraordinária obra legada ao povo brasileiro, possuía uma rica, fantástica e volumosa biblioteca, a respeito da qual tenho um documento público, registrado no Diário Oficial do Estado do Maranhão, editado a 2 de março de 1935.

De que trata esse valioso documento histórico, que revelo nos dias de hoje e acontecido há mais de oitenta anos, mas precisa ser conhecido do povo maranhense?

O documento diz respeito a uma decisão de relevante valor cultural, tomada pelo então interventor Antônio Martins de Almeida, que nem maranhense era, ao assinar o decreto 781, de 28 de fevereiro de 1935, que transcrevo literalmente a seguir: “ O Interventor Federal no Estado do Maranhão, usando de suas atribuições que lhe confere as leis vigentes e tendo em vista que o saudoso escritor Humberto de Campos deixou uma biblioteca, composta de perto de dois mil volumes, avaliada em 20.000&000 (vinte contos de réis), pelos srs. José Olympio Pereira Filho, proprietário da Livraria José Olympio Editora, dr. Adelman Tavares, da Academia Brasileira de Letras, e dr. Fernando Nery, diretor da Secretaria da referida Academia, e considerando que o Governo, adquirindo a biblioteca daquele consagrado escritor patrício, tem em mira fortalecer o patrimônio cultural do Estado, pela fonte de ensinamento que ela representa ao bem coletivo; e considerando que o Governo, além de amparar o interessa coletivo, presta, ainda, merecida homenagem ao imortal escritor maranhense, evitando que a sua biblioteca, adquirida por outrem se disperse, decreta para o efeito da compra, que fica, desde já, aberto o crédito extraordinário de vinte contos de réis”.

Diante desse claro e indiscutível documento oficial do Governo do Maranhão, duas questões precisam ser esclarecidas. Primeira, será que essa operação administrativa e financeira autorizada pelo Interventor Martins de Almeida chegou a ser concluída?        

Segunda, se a biblioteca foi comprada, que eu acredito positivamente, até porque ordem de interventor era rigorosamente cumprida, qual o destino que ela tomou em São Luís?

Na Biblioteca Pública Benedito Leite, o local certo para alojá-la, pelo que fui informado, de Humberto de Campos, só existe um retrato do escritor na parede.

GULLAR ACIMA DO CHÃO

O jornalista Ruy Castro, na sua coluna, na Folha de São Paulo, escreveu que “Ferreira Gullar, o poeta brasileiro que mais escreveu em poesia sobre poesia, tem os seus livros reunidos em “Toda Poesia” pela Companhia das Letras. Lá estão “A Luta Corporal”, os cordéis, as pedras-de-toque, menos o livro de estreia “Um pouco acima do chão”, impresso em São Luís aos 18 anos e cujo parnasianismo o maduro Gullar rejeitou.

“Um pouco acima do chão”, que Gullar não gostava   e se arrependeu de tê-lo feito, foi reeditado em São Luís por Jomar Moraes, antes de seu falecimento.

BANDEIRA DO BRASIL

As seguidas manifestações de ruas, promovidas pelo presidente Jair Bolsonaro, têm rendido bons frutos às lojas que vendem bandeiras, especialmente a do Brasil.

Um amigo meu, na semana passada, procurou e não encontrou no comércio de São Luís nenhuma bandeira brasileira para o filho, que precisava de uma não para participar de manifestação política, mas atender a uma solicitação do colégio onde o garoto estuda.

MUDANÇA PARA O CANADÁ

Dois arquitetos que brilharam em São Luís pela competência profissional e retidão nos serviços que prestavam, estão deixando o Maranhão.

Ricardo Perez e Gracy Bogéa, atendendo aos apelos dos filhos que estudaram, se formaram e hoje são profissionais respeitados fora do Brasil, conseguiram convencê-los a trocar São Luís pela capital do Canadá, onde passarão a ter melhores condições de trabalho e de vida.

MARANHÃO INFELIZ

O senador Weverton Rocha, no lançamento de sua candidatura, em Imperatriz, à sucessão do governador Flávio Dino, anunciou em alto e em bom som, o slogan da sua campanha eleitoral: “Com Weverton o Maranhão será feliz”.

 Eu já acho o contrário.

DEMOCRATA, JAMAIS

O presidente Jair Bolsonaro, como dizia Jânio Quadros, é um homem incapaz de conviver com a democracia.

Ao contrário de todos os ex-presidentes da República, foi de uma total indiferença com relação aos atletas brasileiros, que participaram das recentes Olimpíadas de Moscou.

O mesmo procedimento dispensa aos doentes ou vítimas da Covid-19. Ele nunca foi a qualquer hospital de nenhuma cidade brasileira para visitar um doente ou se solidarizar com a morte de alguma vítima da coronavirus.

O que ele gosta mesmo é de afrontar as leis, acabar com a urna eletrônica e de promover motociatas.   

EMOÇÃO DE SARNEY

O ex-presidente José Sarney ficou sobremodo emocionado e feliz com a visita dos membros da Academia Maranhense de Letras, na tarde da última terça-feira.

Sarney, decano da Casa de Antônio Lobo, continua o mesmo: não se desliga dos movimentos e das ações culturais da instituição, na qual ingressou aos 22 anos.

Um ato que Sarney faz questão de participar é do processo de votação dos candidatos que dela pretendem fazer parte.

NEGÓCIO DESFEITO

As negociações em torno da venda do São Luís Hotel para o Tribunal de Justiça não chegaram a bom termo.

Depois de avaliações técnicas, o presidente do TJ, desembargador Lourival Serejo, ficou convencido de que as instalações físicas do hotel não se adequam ao bom funcionamento da instituição que preside.

TROCA DE COLO

A frase é da autoria do engenheiro Aparício Bandeira, que eu assino em baixo: “Eu votei no Bolsonaro para presidente para me livrar do Lula. Mas ele agora coloca o Lula no meu colo.

CANDIDATURA DE NELSON

Depois de reiterados apelos para fazer parte da Academia Caxiense de Letras, o engenheiro e escritor Nelson Almada Lima, decidiu inscrever-se à vaga deixada pelo saudoso Raimundo Medeiros.

Nelson deverá disputar a eleição com cinco candidatos, mas é o favorito.     

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O LADO FOLCLÓRICO DE LÍSTER CALDAS

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Um dos políticos que pontificaram na vida pública do Maranhão, reconhecidamente dotado de invulgar inteligência, incomum presença de espírito e fina ironia, chamava-se Líster Segundo da Silveira Caldas, que no dia 11 de agosto, se ainda estivesse entre nós, teria completado cem anos de vida.

Nascido em Teresina, ainda criança veio com a família de muda para São Luís, onde estudou, diplomou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito e ingressou na cena pública, como chefe de gabinete do interventor Saturnino Bello, na transição da ditadura para a democracia.

Nas eleições de 1947, pela sagacidade, amizade e afinidade política com o senador Vitorino Freire, teve o seu nome incluído na chapa de candidatos à Assembleia Legislativa, onde participou da elaboração da nova Carta Constitucional do Maranhão.  

Nas eleições de 1950, reelege-se a deputado estadual pelo Partido Social Trabalhista, criado e comandado por Vitorino Freire. Pela destemida atuação, fez parte da relação de candidatos à Câmara Federal, para a qual se elege nas eleições de 1954, 1958 e 1962, fazendo dobradinha com o leal amigo, Mário Flexa.

Em 1966, quando o Brasil se encontrava sob a égide do regime militar, filia-se à Arena, mas por não pertencer ao grupo do governador José Sarney, as urnas não lhe foram favoráveis e o levaram a abandonar a vida política.

Em 1950, casou-se com Nícia Castelo Branco, com quem teve um filho: o engenheiro Leônidas Soriano. 

No meu livro, editado em1989, com o quilométrico título de “Politiqueiros, Politicalha, Politiquice, Politicagem, Política do Maranhão”, a ser reeditado ainda este ano, o saudoso Líster Caldas é um dos mais citados, por conta de sua inigualável verve, que o estimulava a fazer comentários jocosos de  atos protagonizados por atores da cena política estadual. Com a palavra, Líster Caldas.

PADRE CARNAVALESCO

Quando o Congresso Nacional funcionava no Rio de Janeiro, o deputado Líster Caldas almoçava num restaurante com o amigo, cabo eleitoral e guia espiritual, padre Oton Salazar, este, rigorosamente vestido como mandava o figurino da Santa Madre Igreja Católica: batina preta

Era época de carnaval e um amigo de Líster, para matar a curiosidade, perguntou se o homem que estava ao seu lado era realmente padre. 

A resposta saiu na hora. – Não. Como estamos no carnaval, ele se fantasiou de padre.

DILEMA DE CASTELO

O governador João Castelo, nas proximidades do encerramento do prazo para disputa ao Senado, estava em dúvida se renunciava ou não ao cargo que ocupava.

Para resolver o dilema, procura amigos e conselheiros, dentre os quais Líster Caldas.

Em conversa reservada no Palácio dos Leões com o sabido e experiente parlamentar, dele recebeu este prudente conselho: – Lembre-se de Pedro Neiva e de Nunes Freire. Ambos não renunciaram e cumpriram o mandato até o final. Resultado, Pedro Neiva ficou vendo tralhoto dando salto mortal na Beira-Mar e Nunes Freire olhando as torres e ouvindo o badalar dos sinos da igreja de Santo Antônio.

EMBALOS À JOHN TRAVOLTA

Líster estava em Brasília quando o Congresso Nacional aprovou o projeto de reforma política, encaminhado pelo Poder Executivo.

Testemunha do trabalho do senador José Sarney, relator da matéria, Líster, chega a São Luís e desabafa: – O desempenho de Sarney foi tão perfeito e eficiente, na defesa do projeto governista, que parecia o John Travolta nos embalos de sábado à noite.

MERDA NO VENTILADOR

A participação do ex-senador Vitorino Freire na sucessão do governador Pedro Neiva de Santana, era vista como provável, face à sólida e antiga amizade que mantinha com os irmãos e generais Orlando e Ernesto Geisel.

Interessado em saber até que ponto Vitorino poderia influir no processo sucessório maranhense, o deputado Marconi Caldas procura o tio Líster, que, sem pestanejar, responde: – Eu não sei se o Vitorino terá forças para indicar o futuro governador, mas garanto que ele pode jogar muita merda no ventilador da sucessão.

VOTO DE MORTO

Líster e Henrique Salcher fizeram dobradinha para serem votados, respectivamente, a deputado federal e estadual em Pinheiro, nas eleições de 1966.

No momento do embarque, para participarem de um comício naquela cidade, desaba um violento temporal no aeroporto do Tirirical, impedindo a decolagem do avião.  

 Diante da inesperada e desesperadora situação, Líster convence Salcher a transferir a viagem para outro dia com este indiscutível argumento: – Morto no Maranhão vota, mas não se elege.

ONÇA COMEDORA DE VOTO

Nas eleições de 1966, Líster não se reelege pela Arena, depois de cumprir três mandatos na Câmara de Deputados.

Em São Luís, já sem mandato, resolve assistir ao desfile estudantil e militar em homenagem à Independência do Brasil, à época, ainda realizado na Praça João Lisboa.

Ao ver o governador José Sarney no palanque, Líster comenta com o amigo e prefeito de Morros, Tomás Costa: – Ali está a onça que comeu o meu gado.

DE PERUCA NA RUA

No exercício do cargo de governador, o professor Pedro Neiva nomeia o cunhado Haroldo Tavares a prefeito de São Luís.

Meses depois, num evento no Palácio dos Leões, o governador numa conversa com Líster Caldas, quer saber como ele via a gestão do engenheiro e cunhado na prefeitura.

 Governador, retrucou Líster, o senhor bota uma peruca, para não ser reconhecido nas ruas, e faça essa pergunta aos moradores da cidade.

LUTA NA RETAGUARDA

No aeroporto de Brasília, o ex-deputado Líster Caldas encontra o deputado Domingos Freitas Diniz, que se preparava para residir novamente em São Luís, pois não se reelegeu à Câmara Federal.

Líster, que já havia vivido o mesmo problema, aproxima-se de Freitas Diniz, coloca a mão no seu ombro e confidencia: – Vamos em frente, companheiro, porque essa viagem de volta eu já fiz e sei que na retaguarda também se luta.

RESTO DO EPISÓDIO

No ano seguinte à posse do governador José Sarney, houve eleição para a renovação das representações maranhenses no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa.

Numa sessão do Tribunal Regional Eleitoral, alguns candidatos que pertenciam ao extinto PSD, tentavam impugnar a diplomação dos eleitos.

Líster, também, derrotado, vendo os companheiros unidos em torno de um inútil objetivo, exclamou desolado; – Aqui estão os que restaram de um triste episódio.

TEMPO FECHADO

Após a indicação, pelo presidente Ernesto Geisel, do deputado federal Nunes Freire para governador do Maranhão, o professor Orlando Leite, ansioso para saber os membros da futura administração, telefonou para o amigo Líster Caldas, que se encontrava em Brasília.

Pelo fio, veio a decepção: – Aqui, ninguém sabe de nada, pois no aeroporto do Nunes Freire o teto está todo o tempo fechado e nenhum avião consegue pousar.  

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ABDALA, O MEU QUERIDO PAI

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Amanhã, dia dedicado aos pais, não posso esquecer do meu saudoso Abdala Buzar Neto, filho dos libaneses, Rafiza e João Buzar, que vieram do Líbano para o Brasil, no começo do século XX, fixando residência na cidade de Itapecuru, onde, como comerciantes, prosperaram e construíram, com a participação dos filhos Abdala e José João um conceituado e forte empreendimento empresarial.  

Reza a lenda, que o meu pai nasceu na cidade baiana de Juazeiro, mas, de acordo com o registro de seu nascimento, ele, veio ao mundo em Itapecuru a 15 de novembro de 1911, sendo aluno do professor Manfredo Viana, que lhe deu boa formação moral e educacional.

Trabalhando com os pais e o irmão no empreendimento comercial, Abdala começou a se destacar e ser reconhecido pelos itapecuruenses como um homem trabalhador, de boa índole e responsável pelas mudanças operadas na firma familiar, que a fizeram conhecida na capital do Estado como fornecedora de produtos primários e importadora de manufaturados.

Casou-se com Deonila Rodrigues Bogéa, a 5 de maio de 1937, com a qual gerou uma prole de oito filhos, sendo eu o primeiro da fila.       

Pela boa atuação na atividade privada, chamou as atenções do interventor Paulo Ramos que o nomeou para as seguintes funções no período ditatorial: juiz suplente, adjunto de promotor, delegado de Polícia, gerente em Itapecuru da Rede Aeroviária Maranhense, órgão que ligava as principais cidades à capital do Estado pelos aviões da Condor.

Na transição da ditadura getuliana para o regime democrático, o interventor Saturnino Bello o nomeou prefeito de Itapecuru, que administrou de fevereiro de 1946 a janeiro de 1948, transmitindo o cargo ao sucessor e eleito Miguel Fiquene.

Na sua gestão, construiu o moderno Grupo Escolar Gomes de Sousa e doou à Comissão Executiva dos Produtos da Mandioca uma área da cidade para a instalação da fábrica de álcool, projeto não concluído por atos de corrupção.

Identificado com os problemas da cidade, ingressou na vida pública, sendo o mais votado à Câmara de Vereadores, no pleito de 1950, ato que o conduziu à presidência da edilidade e, como tal, assumiu por alguns dias o cargo de prefeito.       

Nas eleições de 1958, volta a ter assento na Câmara de Vereadores, credenciando-se a disputar as eleições de prefeito em outubro de 1960. Ao término do mandato, em janeiro de 1966, legou um saldo positivo de obras nas áreas urbana e rural, nesta, com a construção de estradas vicinais e pontes.

No último mandato que disputou, por conta de seu prestígio popular e dos recursos próprios, elegeu-me, aos 22 anos de idade, deputado estadual no pleito de 1962, pelo Partido Social Progressista, mandato que perdi em abril de 1964, a mando do regime militar.

A partir de setembro de 1963, com o falecimento do pai João Buzar, da invalidez do irmão José, e da avançada idade da mãe Rafiza, Abdala passou a conduzir praticamente só os negócios comerciais e industriais da família.

Na história política de Itapecuru, além de sua correta atuação à frente dos negócios públicos, fez-se estimado e querido pela população, face ao modo generoso como ajudava o povo nos momentos da necessidade. No exercício do poder, não desviava recursos ou se locupletava com as verbas públicas.   

A sua maneira de atuar na campanha partidária e no processo eleitoral era singular, pois nos comícios não faltavam banda de música, foguetório, transporte e muita comida nos ranchos.  Dificilmente discursava nos palanques, preferia ficar no meio do povo. No dia da eleição, realizada totalmente na sede do município, os eleitores recebiam as chapinhas no ponto de serem colocadas nas urnas. Após a apuração dos votos, os candidatos vitoriosos e o eleitorado eram convocados para uma grande festa pública. Dos governadores de sua época, construiu forte amizade com Sebastião Archer da Silva, a ponto de ser um frequente consumidor da comida palaciana.

Quando se encontrava à frente da prefeitura, dois problemas o preocupavam e não podiam deixar de faltar à comunidade: o abastecimento de carne e o fornecimento de energia elétrica.

No seu coração, o ódio não encontrava lugar, razão porque sabia perdoar com facilidade. Podia ter adversários eventuais, inimigos, jamais. No seu reinado político em Itapecuru, fazia questão de ter sempre de seu lado, o padre, o juiz e o delegado de polícia.       

 Religioso ao extremo e devoto de São Benedito, era quem se encarregava de promover os festejos do santo, com recursos próprios nos finais de cada ano. Ao longo da vida, foram frequentes e relevantes os serviços prestados à paróquia de Nossa Senhora das Dores.

Paralelamente à sua religiosidade, não descurava de seu fervor profano, tanto que gostava de ajudar os cultivadores das manifestações populares e folclóricas, promovidas nos povoados do Moreira, Santa Rosa do Barão, Outeiro dos Nogueiras e Filipa, que não deixava de comparecer.

Por falar em festa, que seja ressaltado o prazer e a alegria de participar também dos folguedos carnavalescos, nos quais costumava se vestir de mulher e invadia a casa dos amigos, para banhá-los de lança-perfume e de pó da cabeça aos pés. Os padres eram suas vítimas preferidas.

Nos anos 1960, encabeçou um movimento para fundar um clube social e recreativo na cidade, do qual foi o primeiro presidente.  

A vida de Abdala Buzar, toda ela voltada para fazer o bem e de proporcionar a felicidade das pessoas, da cidade e da sua família, começou a fragilizar fisicamente no começo da década de 1970, quando se viu atacado por um maligno câncer. Sendo ele um viciado fumante, a doença não o perdoou, invadindo o seu pulmão de forma inapelável, a despeito dos esforços que fizemos para tratá-lo em São Luís, Fortaleza e Rio de Janeiro.       

Termino essa homenagem ao meu querido pai, lembrando da composição musical de Sérgio Bittencourt, que terminava assim: “Naquela mesa tá faltando ele e a saudade dele tá doendo em mim”.   

PEDRO CALDEIRA

Com muita tristeza, recebo um telefonema da amiga Maria Elda, informando-me do falecimento do esposo, Pedro Caldeira, que morava em São Paulo, vítima da Covid-19.

Nascido em Pedreiras, era engenheiro competente,

professor modelar, escritor renomado e cientista de produção reconhecida internacionalmente, com livros publicados no Japão, China, Dinamarca e Inglaterra.

CENTENÁRIO DE LÍSTER CALDAS

Nesta quarta-feira, 11 de agosto, Líster Segundo da Silveira Caldas, completaria cem anos de vida.

Nascido em Teresina, mas ainda criança veio de muda com a família para São Luís, onde diplomou-se bacharel em Direito.

Ingressou na atividade pública pelas mãos do interventor federal Saturnino Bello, que o nomeou chefe de gabinete.

Nas eleições democráticas de 1947, elegeu-se deputado estadual, iniciando uma longa trajetória política, encerrada em 1966, depois de cumprir dois mandatos na Assembleia Legislativa e três na Câmara Federal.

CONSELHO POLÍTICO

Dotado de fina ironia, de excepcional verve e de incomum presença de espírito, Líster Caldas deixou para os políticos, que teimam em permanecer na vida pública, quando são rejeitados pelo eleitorado, este oportuno conselho: – Não é a gente que deixa a política; a política é que deixa a gente.

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DOS MEUS AVÓS E DA MINHA NETA

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Eu já escrevi, bem ou mal, sobre tanta gente ao longo de minha vida jornalística, que perdi as contas.

No correr desta última semana de julho, o dia 26 foi   dedicado merecidamente aos inesquecíveis vovós, oportunidade que me transportei para um passado, no qual os meus avós paternos, pela importância que tiveram na minha existência e pela privilegiada condição de ser o neto preferido, receber deles uma imensidão de afeto, carinho e apoio material, que nunca me faltaram enquanto vida tiveram.

Os meus pais- Deonila e Abdala, construíram uma prole de oito filhos. Os dois primeiros, eu e a minha irmã, Lisiane (já falecida), tivemos a felicidade de sermos apadrinhados pelos nossos avós. Eu, pelos paternos, os libaneses Rafiza e João Buzar; Lisiane, pelos maternos, Neusa e José Paulo Bogéa.

Os meus avós paternos, ambos nascidos em Zahle, ele, com 31 anos, ela, com 25, vieram para o Itapecuru, a convite do primo, Chafi Buzar, pai do compositor Nonato Buzar, que os convenceram a atravessar as águas que separavam o mundo árabe do Brasil num navio em direção a Marselha, na França, de onde tomaram o destino do porto de Salvador, na Bahia, desembarcando a 21 de abril de 1913.

Chegaram ao Brasil sem nenhum documento, supondo-se que viajaram clandestinamente, mas com alguma quantia em dinheiro, para as despesas corriqueiras. A minha avó desembarcou grávida e sem saber se o futuro rebento seria do sexo masculino ou feminino.

Na cidade baiana de Juazeiro, nasceu o meu pai, Abdala, mas registrado em Itapecuru, onde a família Buzar chegou depois de um longo percurso realizado principalmente em canoas, barcos, carros de boi ou usando os próprios pés. Nessas penosas caminhadas, cuidaram de se ajustar à nova vida, mascateando produtos para a sobrevivência.

Ao chegarem a Itapecuru, o primo Chafi  se encarregou de introduzi-los nas atividades comerciais, com as quais imediatamente se identificaram e começaram a ganhar dinheiro numa loja montada às margens daquele caudaloso rio que banhava as principais cidades do Maranhão, por   onde trafegavam os produtos primários, com destino a São Luís e desta traziam  artigos de consumo e de primeira necessidade às  populações ribeirinhas.

Como os meus avós não tinham hora para trabalhar, rapidamente prosperarem nos negócios, incrementados com a ajuda dos filhos Abdala, José João, Nagib e Ana, os dois últimos, filhos de João Buzar com a primeira esposa, que posteriormente se mudaram para a cidade de Codó.

De comerciantes se transformaram também em industriais, com a instalação de usinas de beneficiamento de arroz e de transformação do algodão em pluma.

Nos dias de hoje, em que, lamentavelmente, os meus inesquecíveis avós já partiram para a eternidade, resta-me a saudade e de tê-los como paradigmas.

Foi com base no que Rafiza e João Buzar me proporcionaram ao longo da vida, que me espelho e hoje tenho a descomunal felicidade de ser avô. Eu e Solange, devemos essa privilegiada situação ao filho Rodrigo e à nora, Melissa, que trouxeram ao mundo em dezembro de 2018 a netinha, Luísa, que nos encanta e enternece pela amabilidade, meiguice, inteligência e ternura.

Nesta reta final de vida em que me encontro, só espero que a minha neta seja para mim o que eu fui para os meus avós.   

HUMBERTO DE CAMPOS E VITORINO FREIRE

No segundo volume do Diário Secreto, do escritor Humberto de Campos, ele relata como conheceu o então jovem Vitorino Freire.

“A 9 de setembro de 1934, procedente do Maranhão, chegou hoje, à tarde, ao Rio, o secretário-geral da Interventoria, um moço de nome Vitorino, um pouco estourado e conservador. Chegou, e veio logo visitar-me. E me deu notícias da política.

“A chapa de deputados federais do Partido Social Democrático ainda não foi publicada. Mas os nomes principais que a constituirão, são já conhecidos: o comandante Magalhães de Almeida, o desembargador Couto, o capitão Becker, e o senhor. O partido fará, seguramente, cinco deputados. Os outros farão dois. Mas os suplentes imediatos serão nossos de modo que, com a passagem do comandante Magalhães e do senhor para o Senado, nos continuaremos com a maioria.

CANDIDATO À ABL

O ex-governador, ex-senador e ex-deputado federal do Piauí, Hugo Napoleão, casado com a maranhense Leda Chaves, teve a candidatura lançada à Academia Brasileira de Letras.

Concorrerá à vaga do pernambucano Marco Maciel.

FAVORITOS DE BOLSONARO

Se tivesse cacife político para indicar o futuro governador do Maranhão, o presidente Jair Bolsonaro, certamente optaria por dois candidatos.

Pela ordem de chegada, o senador Roberto Rocha seria o primeiro e o deputado federal Aluísio Mendes o segundo.

Como Bolsonaro não tem nenhuma condição de meter o bedelho na eleição do Maranhão, vai ter de engolir o sucessor de Flávio Dino, o atual vice, Carlos Brandão.

BOLSONARO E VARGAS

Jair Bolsonaro não se cansa de dizer que só sai morto do Palácio do Planalto.

Getúlio Vargas em 1954 também dizia isso e acabou deixando o Palácio do Catete praticando um inesperado suicídio.

A MALDITA CODEVASF

Durante muitos anos, a Codevasf- Comissão de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, era um órgão bisonho e de pouca presença na administração pública federal.

Nos últimos anos, a Codevasf transformou-se numa das repartições mais faladas do país, não pelos bons serviços prestados ao Brasil, mas por servir de biombo para os parlamentares federais desviarem recursos e se locupletarem.

Em Brasília, sabe-se que os representantes maranhenses, salvo poucas e honrosas exceções, frequentam mais a Codevasf do que o Congresso Nacional.   

FADINHA E A TERCEIRA VIA

Se a maranhense de Imperatriz, Fadinha, que brilhou nas Olimpíadas de Tóquio, tivesse idade e intimidade com as coisas da política, poderia até participar do processo eleitoral e se candidatar a algum cargo eletivo em 2022.

Como no Brasil, em matéria de política, tudo pode acontecer, quem sabe, não teria o nome lançado, como terceira via, para os que não desejam votar em Lula ou Bolsonaro à presidência da República.

O TRABALHO DE VICE

Quando vejo a luta que os políticos maranhenses travam para ser candidatos a vice governador do Estado, não posso esquecer de uma frase do saudoso jornalista carioca, Stanislau Ponte Preta, que é de uma impressionante atualidade: “Vice acorda mais cedo para ficar mais tempo sem fazer nada”.

SUPLENTE DE SENADOR

O engenheiro Clóves Fecury está com tudo e não está prosa para ser candidato nas eleições de 2022, a suplente de senador.

Ele, que nasceu em Brasília, pode ser indicado para companheiro de chapa ao Senado da ministra Flávia Arruda, que, como deputada federal, ocupa um cargo no governo Jair Bolsonaro.

Clóves, anos atrás, figurou na chapa de João Alberto como suplente de senador.    

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EM 1951 CÉSAR ABOUD GOVERNOU O MARANHÃO

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Um dos grandes empresários do Maranhão, no período de 13 de março a 18 de setembro de 1951, governou o Estado sem concorrer às eleições majoritárias de 1950: César Alexandre Aboud, sócio de um poderoso grupo empresarial, que dominava o mercado produtivo do Estado nas atividades da indústria e do comércio.

Mas por que César Aboud assumiu o Poder Executivo do Estado, no exercício do qual, com habilidade e competência, acalmou os ânimos de uma população revoltada, insurgida contra a eleição e a posse de um governador eleito sob o beneplácito de uma escandalosa fraude? 

Tudo isso aconteceu nas eleições de outubro de 1950, em que concorreram à sucessão de Sebastião Archer da Silva, o candidato governista Eugênio Barros e o oposicionista Saturnino Belo, ambos prósperos empresários.

Aquelas eleições e apurações realizaram-se sob o manto da fraude eleitoral, atos que as Oposições Coligadas protestavam e teriam, também, contribuído para a morte (ataque do miocárdio) do candidato Saturnino Belo, acirrando mais ainda os ânimos políticos em São Luís, onde se concentrava o imenso eleitorado contra o vitorinismo.

O Tribunal Regional Eleitoral, composto em sua grande maioria de magistrados corruptos e manobrados pelos governistas, não tomava conhecimento dos recursos impetrados pelos oposicionistas, para anulação das eleições em cidades nas quais a fraude foi desregrada e esmagadora.

Como não logravam êxitos no TRE, as indomáveis Oposições recorreram ao Tribunal Superior Eleitoral, junto ao qual desejavam impedir a posse de Eugênio Barros, mas, este, destemido como o era e com uma decisão judicial em seu poder, resolve assumir o cargo.

Diante desse quadro adverso, as lideranças oposicionistas decidem convocar o povo para se reunir em protesto no Largo do Carmo, na tentativa de impedir a posse de Eugênio, ato que derivou numa luta a céu aberto, na Avenida Pedro II,  entre a enfurecida multidão, que tentava invadir o Palácio dos Leões, e as forças policiais, que resultou num saldo numeroso e triste de mortos e feridos.   

Para impedir novos confrontos entre populares e policiais, as forças federais tomaram conta da Avenida Pedro II e à espera da solução do impasse político, o que aconteceu depois de intensas e tumultuadas conversações entre governistas e oposicionistas, fórmula que Eugênio Barros concorda em adiar a sua posse e autorizado pela Assembleia Legislativa viaja para o Rio de Janeiro, onde aguardaria o julgamento dos processos no Tribunal Superior Eleitoral.   

Sem a posse do novo governador, quem ficaria no comando do Poder Executivo, tendo em vista que o vice-governador Renato Archer também estava impedido de substituir o titular?

Essa situação é resolvida pela Assembleia Legislativa, que apressadamente convoca os deputados eleitos nas eleições de outubro de 1950, para tomarem elegerem o novo presidente do Poder Legislativo, que, de comum acordo, governistas e oposicionistas escolhem o deputado César Aboud, que se compromete a substituir interinamente o cargo de governador e sem fazer  uma administração tutelada pelos vitorinistas, missão cumprida com tamanha  argúcia, que os oposicionistas tentaram fazer um movimento para o empresário continuar à frente do Governo, independentemente do julgamento do TSE, ato com o qual não concorda.

Depois de transferir o cargo de governador a Eugênio Barros (18-setembro-1951), César Aboud pratica um gesto pouco habitual na política maranhense: renuncia à presidência do Poder Legislativo.      

UM TRISTE PAPEL

O deputado federal Juscelino Resende praticou vergonhoso ato na semana passada, na Câmara Federal.

Se o povo maranhense soubesse votar, ele jamais merecia ser reeleito.

Prestou um triste papel, como relator do projeto da Lei de Diretrizes Orçamentária, matéria que exige conhecimento, competência e estudo, atributos que não carrega consigo, ao aumentar o famigerado Fundo Eleitoral de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões.

GERAÇÕES E ELEIÇÕES

A grande maioria da bancada maranhense, que nos representa na Câmara e no Senado Federal, não teve altivez para votar contra o absurdo aumento do Fundo Eleitoral.

Apenas três deputados – Bira do Pindaré, Josivaldo e José Carlos e a senadora Elisiane Gama manifestaram-se contrários à aprovação de um projeto, que pensa menos nas gerações e mais nas eleições.

É MUITA AZARA

Tomei um brutal susto na semana passada, no Shopping da Ilha, ao tomar conhecimento de algo inacreditável do ponto de vista empresarial.

A loja Zara, famosa internacionalmente, encontra-se em processo de liquidação aqui e em todas as cidades nas quais tem loja.

Depois da liquidação, a Zara vai sumir do mapa, em função da crise provocada pela pandemia.

BRANDÃO EM ITAPECURU

Participei das festividades alusivas ao aniversário de Itapecuru, que completou, na última quarta-feira, 151 anos de elevação de vila à cidade.

Este ano, o primeiro comemorado na gestão do prefeito Benedito Coroba, foi marcado por uma programação bem movimentada e com a presença do vice-governador Carlos Brandão e de expressivo número de deputados, prefeitos e vereadores.

Em discurso firme e categórico, Brandão falou como candidato ao governo do Estado e do grupo do governador Flávio Dino.

Para alegria dos prefeitos, o vice afirmou que, se eleito, a sua gestão será marcada pelo municipalismo.

GASTÃO E AULAS

No seu discurso em Itapecuru, o deputado Gastão Vieira foi bastante aplaudido ao fazer um veemente apelo aos prefeitos e professores para recomeçarem as aulas urgentemente e de modo presencial.

Para o parlamentar, o fechamento das escolas por causa da pandemia, foi desastroso e de péssima repercussão no processo educacional do país.   

A POPULARIDADE DO FIX

Eu vi e quem quiser ver basta passar na avenida onde se localiza a sede do Detran.

Uma pequena barraca de frutas, postava num pedaço de papelão este inusitado aviso: “Aceitamos o pagamento em FIX”.

A PROFECIA DE ULYSSES

O sábio político Ulysses Guimarães, antes de morrer tragicamente num desastre de avião, deixou para a posteridade uma frase verdadeiramente incontestável: – Se você acha que esse Congresso é ruim, aguarde o próximo.

 PAU D’ARCO

Depois de mais de um ano ausentes de São Luís, por causa da Covid 19, o ex-presidente José Sarney e Dona Marly, estão novamente na terra e para matar as saudades dos parentes e amigos.

Sarney na terra, como dizia o poeta Sousândrade, pau d’arco em flor. F

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CARTA AO GOVERNADOR DO ESTADO

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Pela primeira vez, desde que Vossa Excelência ocupa o cargo de governador do Estado do Maranhão, uso este espaço jornalístico para lhe fazer reivindicações.  

Antes de mais nada, é de bom alvitre avisar, que não são reivindicações de interesse particular ou de proveito pessoal, até porque Vossa Excelência sabe que, conquanto tenho a honra de ser seu padrinho de batismo, nunca estive no Palácio dos Leões, ao longo de seu mandato de governador, para tratar de assunto de natureza privada.

Dirijo-me a Vossa Excelência, portanto, de maneira pública, porque urbi et orbi sabem que vim ao mundo em Itapecuru-Mirim, terra à qual reservo um inexcedível afeto e dela nunca me afastei, física e sentimentalmente.

Josué Montello costumava dizer que era um maranhense profissional. Parafraseando o renomado e saudoso escritor, não posso negar que sou um itapecuruense profissional, pois desde que os meus conterrâneos me elegeram deputado estadual nas eleições de 1962, mandato estupidamente surrupiado pela Assembleia Legislativa, sempre fui um permanente e fiel defensor dos interesses daquela terra e de seu povo.

Por causa desse devotado apego ao meu torrão natal, fato devidamente reconhecido pelos que me conhecem, os itapecuruenses sempre me assediaram para ser novamente candidato a cargos eletivos, mas sempre afastei de minhas cogitações, para que o sentimento de afeto à minha cidade não fosse confundido com interesses políticos.   

Dito isto e para não tomar mais tempo de Vossa Excelência, permita-me, como admirador de sua inteligência e de seu preparo intelectual, levando em conta também a minha avançada idade e antes que ocorram acidentes de percurso, gostaria de ver implantado em minha cidade quatro projetos, considerados viáveis administrativamente e não dispendiosos do ponto de vista financeiro.

São obras de pequeno porte, mas de significado cultural e educacional de relevante repercussão numa cidade de um povo que traz no sangue a marca das letras e das artes.    

O primeiro: a construção de uma praça com o busto da poeta itapecuruense, Mariana Luz, membro da Academia Maranhense de Letras, que, em novembro vindouro completaria 150 anos.   

O segundo e o terceiro, de natureza educacional, a construção de dois colégios na área urbana. Um, com o nome de Gomes de Sousa, renomado matemático e reconhecido internacionalmente; o segundo, em homenagem à professora Anosilda (Santinha)Fonseca, que ensinou várias gerações, encontra-se viva e com 105 anos de idade.

O quarto e último: a criação do Parque Natural de Preservação da Miquelina, projeto que a Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes elaborou, mas não dispõe de recursos para transformá-lo em realidade.

Sem mais delongas, despeço-me com a minha benção e o meu voto antecipado para o Senado e à Academia Maranhense de Letras.         

EFEMÉRIDES ITAPECURUENSES

Na semana entrante, dois eventos marcantes e históricos aconteceram na vila de Itapecuru e que não podem passar em brancas nuvens.

O primeiro, a 20 de julho de 1823, quando José Felix Pereira de Burgos, proclamou a Adesão do Maranhão ao Império e o juramento de fidelidade a D.Pedro I, com a eleição de uma Junta Provisória Independente para Província, composta por sete membros, sendo quatro de Itapecuru e três reservados para São Luís, ato que aconteceu a 28 de julho.

O segundo, a 21 de julho de 1870, quando a Assembleia Legislativa Provincial do Maranhão, vota e aprova a Lei 919, que eleva a vila de Itapecuru-Mirim, fundada a 27 de novembro de 1817, à categoria de cidade. A lei foi sancionada pelo governador em exercício, José da Silva Maia.

SOLUÇO DE BOLSONARO

Se Bolsonaro fosse um cara do interior do Maranhão, não precisava se internar em hospital para curar o seu soluço.

Bastava fazer o que recomenda a medicina caseira: tomar um susto bem grande. Se isso não resolvesse, bebesse água com o nariz tapado.

NICOLAU DINO

O Maranhão deve se honrar de ter o conterrâneo Nicolau Dino como sub procurador geral da República.

Motivo: ele, como membro dessa instituição, foi um dos cinco a pedir ao procurador geral da República, Augusto Aras, a abertura de uma investigação eleitoral contra o presidente Jair Bolsonaro, por abuso e supressão das regras democráticas do país.  

VOTO DE ELIZIANE GAMA

O Brasil espera ser rebate falso a notícia de que a senadora Eliziane Gama, cuja atuação na CPI da Covid, vem sendo brava e firme, votará em André Mendonça para membro do Supremo Tribunal Federal.

Dizem que a senadora maranhense votará no candidato de Bolsonaro por ser evangélico como ela.

Senadora, política é uma coisa e religião é outra bem diferente.

EDVALDO NO INTERIOR

O anúncio de que o ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda se candidatará a governador do Maranhão, nas eleições de 1922, tende a mudar o quadro político na capital do Estado.

Inegavelmente, pela boa atuação dele na prefeitura de São Luís, será expressivamente bem votado.

Quem se encarregará de fazer Edivaldo ser conhecido no interior do Estado, é o deputado Edilázio Junior, que o levará a todos os rincões do Estado, após a filiação ao PDS.

MANUTENÇÃO DAS IGREJAS

Ao longo do tempo, o funcionamento regular das igrejas católicas, sempre provinha de doações dos seguidores do Vaticano.

De um ano para cá, por conta da deflagração da Covid 19, as igrejas católicas passaram a sofrer terríveis necessidades, face à restrita realização dos ofícios religiosos, principalmente de batizados e casamentos, que diminuíram sensivelmente.

PRESENÇA DO VICE

O vice-governador Carlos Brandão avisou ao prefeito de Itapecuru, Benedito Coroba, que marcará presença naquela cidade, quarta-feira vindoura, 21 de julho, quando ela completará 151 anos de criação. 

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JOÃO ALBERTO: O ÚLTIMO DOS MOICANOS

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Conheço João Alberto de Sousa desde os meados de 1950, quando fomos colegas de turma no Liceu Maranhense, onde se percebia que o sangue da política corria em suas veias e o seu destino, ao deixar os bancos escolares, seria a vida pública e concorrer a cargos eletivos.

Esse objetivo começa a ser traçado no Rio de Janeiro, no começo da década de 60, quando o reencontro na presidência do Centro de Estudantes Maranhenses, entidade que lutava e ajudava os conterrâneos a vencerem as adversidades na então capital da República.

Concomitantemente, trabalhava, como economista,  num banco privado e com vigor desenvolvia atividades sindicais que o conduziram ao engajamento nos embates políticos, à época,  apoiando as reformas de base que o presidente da República, João Goulart, pretendia implantar no Brasil, mas interrompidas pelo movimento militar de 1964, razão porque João Alberto passou a ser perseguido, fato determinante para retornar ao Maranhão.    

Ele chega a São Luís após as eleições de 1965, que resultaram na vitória de José Sarney a governador e do fim do mando senador Vitorino Freire, este, por sinal, seu padrinho de batismo. Nem por isso foi discriminado por Sarney que o convida a trabalhar no governo, necessitado de quadros jovens e preparados para ajudá-lo a mudar a situação de atraso e de pobreza do Estado.

A primeira missão a ele confiada foi um cargo importante na secretaria da Fazenda, recebendo do governador carta branca para limpar um setor administrativo dominado pela corrupção. Agindo com mão de ferro e não contemporizando com as maracutaias ali praticadas, João Alberto, recebe como prêmio o apelido de Carcará, epíteto que o acompanho ao longo da vida pública.

 Mas ele veio para o Maranhão não com o fim de ser burocrata. O seu desejo era participar da política partidária, o que acontece nas eleições de 1970, elegendo-se deputado estadual pela Arena, para o mandato de 1971-1975, que, pela convincente atuação, concorre a outros cargos eletivos proporcionais e majoritários. 

Para representar o Maranhão na área federal, elege-se deputado federal e cumpre três mandatos, conquistados em 1978, 1982 e 1994.  Disputando cargos majoritários, conquista a prefeitura de Bacabal, em 1988, e a vice-governança do Estado em 1986 e 2006, nas chapas encabeçadas por Epitácio Cafeteira e Roseana Sarney. Para o Senado da República, vence as eleições de 1998 e 2010.

Ao longo desse tempo de atividade em cargos públicos proporcionais e majoritários, enfrenta duas problemáticas questões políticas, ambas vencidas com base em decisões judiciais. A primeira, como vice-governador de Cafeteira e autorizado pela Assembleia Legislativa, concorre à prefeitura de Bacabal, ato contestado na Justiça pelo deputado Bete Lago. A segunda, impetrada pelo governador em exercício Ivar Saldanha, ao tentar impedir por força policial a posse de João Alberto na chefia do Executivo, cargo com o direito de assumir por ser o substituto legal de Cafeteira, que renuncia ao mandato e se candidata ao Senado, nas eleições de 1990. O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal, que deu ganho de causa a João Alberto, realizando um invejável governo no curto período de abril de 1990 a março de 1991.

João Alberto, na semana passada, encerrou definitivamente a sua carreira política, transferindo o comando do MDB para a ex-governadora Roseana Sarney e deixando o filho, João Marcelo, como herdeiro político. Antes de encerrar a sua vida pública, sofre terrível ingratidão do eleitorado de Bacabal, terra pela qual luta e tudo faz para ser hoje um município dos mais desenvolvidos do Maranhão. Candidatando-se nas últimas eleições, à Câmara de Vereadores de Bacabal, não se elege para o único cargo político que não havia exercido,  derrota que o abate de modo contundente, pois como edil e o trânsito político conquistado em Brasília, trabalharia para conseguir recursos substanciais para uma terra que sempre foi a sua principal prioridade.

BOLSONARISTAS DE ESQUERDA

 De uns tempos para cá, acontece em São Luís algo estranho: pessoas de bom nível intelectual e politicamente engajadas em movimentos de esquerda, mudaram de posição e se transformaram em intransigentes adeptos de Bolsonaro.

Por um passe de mágica, esqueceram o ideário esquerdista e passaram a defender teses da direita, praticadas pelo atual presidente da República, que está levando o nosso país ao caos.

LÍDER NAS PESQUISAS

Uma pergunta que não quer calar: se Roseana Sarney continuar liderando as pesquisas de opinião pública como candidata ao cargo de governador do Maranhão nas eleições de 2022, como se comportarão os partidos, os políticos e os postulantes à sucessão de Flávio Dino?

A minha pergunta se baseia na presença dela, cada vez mais crescente, nas consultas com vistas ao próximo ocupante do Palácio dos Leões.   

VOTO IMPRESSO

Os deputados estaduais, federais e senadores, sem exceção, que atualmente representam(?) o povo maranhense em nossas Casas Legislativas, são jovens, portanto, não participaram das eleições realizadas em tempos passados, sob o esquema da fraude eleitoral, usando o famigerado voto impresso.

Como se elegeram pelo voto eletrônico, que dispensa qualquer dúvida quanto à sua lisura, não podem, para agradar Bolsonaro, e votar pelo retorno do abominável voto impresso.

   EUROCOPA E COPA AMÉRICA

Quem assiste pela televisão os jogos de futebol da Eurocopa e da Copa América, não hesita quanto à discrepante diferença entre as seleções que disputam tais campeonatos.

O excelente futebol hoje praticado na Europa não pode ser comparado com os medíocres times que ora representam os países da América do Sul.  

Se o atual time brasileiro jogar contra qualquer uma das principais seleções europeias, certamente perderá pelo placar semelhante ao da última Copa do Mundo, quando a Alemanha, dentro de nosso país, nos goleou por sete a um.

CHAVE DO COFRE

Aquele recado do governador Flávio Dino de “Que há quem queira governar o Estado apenas para abrir a chave do cofre”, teve endereço certo.

Quem milita ou acompanha a vida pública maranhense, sabe para quem o governador arremessou aquele tijolaço. Eu sei para quem foi, mas mantenho a boca fechada para não criar um problema fora de época.

SINAL DOS TEMPOS

No governo do presidente Jair Bolsonaro a famosa frase “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, foi substituída por “um manda, outro obedece”.

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DE COMUNISTA A SOCIALISTA

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Dias atrás, o governador Flávio Dino, assistido por amigos e correligionários, trocou o comunismo pelo socialismo, que são posturas políticas, filosóficas e ideológicas bem diferenciadas.

Em poucas palavras, se comunista é ser adepto do marxismo-leninismo, do materialismo dialético e da preponderante intervenção do Estado na vida econômica e social, o socialista defende ações que se movem rigorosamente no âmbito das instituições liberal-democráticas, aceitando, dentro de certos limites, a função positiva do Estado no mercado e da propriedade privada. 

 Para um agente político do porte de Flávio Dino e pela maneira como se movimenta no cenário partidário brasileiro, indiscutivelmente, tomou uma decisão certa, inobstante ter sido filiado ao Partido Comunista jamais devorou criancinhas ou defendeu propostas de encontro às leis vigentes.

Quando afirmo que ele acertou trocar o Partido Comunista pelo Partido Socialista, o faço na condição de seu padrinho de batismo e por conhece-lo desde os primeiros anos de vida, quando tive a oportunidade de acompanhar a sua brilhante trajetória estudantil, jurídica e política, o que me investe de autoridade para dizer, “em alto e em bom som”, lembrando o seu saudoso pai e meu compadre Sálvio Dino, que  Flávio, desde os tempos de estudante secundarista e universitário, sempre abraçou as causas da esquerda democrática, sob a bandeira da qual lutou contra atos inidôneos praticados pelos donos do poder e a favor da justiça social.

Mesmo vestindo a camisa do PC do B, o governador nunca deu qualquer demonstração de querer passar por cima das leis ou tentar implantar no Maranhão uma estrutura administrativa e política com base no marxismo-leninismo ou se apoiasse em cartilhas autoritárias, para praticar atos de confronto ao ideário democrático.

Ao contrário, sempre se apoiou nas leis e nas Constituições, para encontrar soluções dos problemas do povo, com base no diálogo e no entendimento.

Ainda que tenha pela frente um presidente da República, que não lhe dispensa o mínimo de respeito e consideração, o governador Flávio Dino discorda frontalmente de Jair Bolsonaro, quanto à maneira como desgoverna o país e pelas sandices que proclama e faz diariamente no exercício do cargo que ocupa.                  

UM ALEMÃO CHAMADO CLAÚDIO VAZ

Mais uma personalidade da minha geração partiu do nosso convívio, logo ele que, ao longo da vida, sempre foi um cara saudável, esportista, que detestava bebida alcóolica e cigarro, não tinha inimigos e só fazia o bem.

Cláudio Vaz dos Santos, mais conhecido por Alemão, devido ao seu porte atlético, foi uma figura humana com ativa participação em numerosas e diversificadas ações na sociedade maranhense, onde sempre se conduziu com altivez e dignidade.

Ao longo de sua positiva e reconhecida atuação na vida esportiva e social desta cidade, Alemão exerceu cargos públicos nas esferas municipal e estadual, sem deixar o nome marcado por práticas nocivas e interesses inconfessáveis, ao contrário, sempre se notabilizou por   iniciativas saudáveis e ações que resultavam em benefícios de grande alcance social e destinadas sobretudo à juventude maranhense.

Um homem como Cláudio Vaz dos Santos não merecia ter o final de vida que teve, sofrendo alguns anos em função de doenças e enfermidades que lhe tiraram o prazer da sadia convivência com os familiares e amigos.

Mauro Fecury, amigo inseparável de Alemão, teve a feliz ideia de deixar o nome de Cláudio Vaz dos Santos perpetuado num espaço esportivo localizado na Universidade CEUMA, para não ser jamais esquecido pelo que fez em favor da juventude maranhense.

Como disse um poeta, com a morte de Cláudio Alemão, apaga-se uma luz na terra, mas acende-se uma no céu.

PROJETO REVIVER

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, está executando um projeto semelhante e com o mesmo nome dado pelo Epitácio Cafeteira, quando governava o Maranhão.

Trata-se do Projeto Reviver. O de Cafeteira, tinha a finalidade de construir obras e restaurar casarões e sobrados, localizados no centro da cidade, sobretudo na Praia Grande.

O de Eduardo Paes, tem o mesmo objetivo.

TERCEIRA VIA

Como eu já declarei, tempos atrás, nesta coluna, eu não votarei para a Presidência da República nos dois principais nomes que aparecem nas pesquisas de opinião Pública: Jair Bolsonaro e Lula da Silva.

Estava torcendo para surgir um terceiro nome e com capacidade e lisura moral para governar o Brasil.

Acho que encontrei o nome para figurar como terceira via: o da senadora Simone Tebet, competente, honesta e brava.      

CANDIDATO GASTRONÔMICO

Quem vem de Brasília, faz uma revelação sensacional sobre o senador Weverton Rocha, na sua volúpia de ser o futuro governador do Estado.

O que ele vem gastando para oferecer de almoços e jantares em sua residência, com o objetivo de se viabilizar como sucessor de Flávio Dino é algo nunca visto.

Dizem que o seu maior sonho é botar na mesma mesa o governador Flávio Dino e o presidente Jair Bolsonaro, tendo como prato de resistência os mariscos do Maranhão.

ESPERANÇA DE LONGEVIDADE

Estudos científicos, revelaram que a Covid-19 fez o Brasil perder uma década de avanços em esperança de longevidade, sobretudo entre homens idosos.

Com base nesses estudos, no Maranhão, a queda de expectativa de vida em 2021 foi de um ano e meio.

DEUS E O BRASIL

O presidente Jair Bolsonaro disse que só Deus o tira do cargo que ocupa.

Como Deus é brasileiro, só Ele pode salvar o nosso país.

VAGAS NA ABL

Por conta da Covid-19, do ano passado aos nossos dias, morreram na Academia Brasileira de Letras cinco intelectuais: Alfredo Bosi, Murilo Melo Franco, Afonso Arinos de Melo Franco e Marco Maciel.

Para uma dessas vagas, concorre e com chances de ser eleito, o poeta maranhense Salgado Maranhão.

Em Brasília e São Luís há um movimento visando convencer outro maranhense, o renomado escritor Ronaldo Costa Fernandes, a também disputar uma das cadeiras da Casa de Machado de Assis.

PRECE POR MARLY

Marly Abdala, viúva do saudoso empresário Alberto Abdala, foi internada no UDI Hospital, para livrar-se desse maldito vírus, que vem destruindo a humanidade.

Marly, pela sua conduta retilínea na sociedade maranhense e dedicação em favor dos mais necessitados, como política ou cidadã, os que privam de sua amizade torcem e fazem preces para ela sair dessa internação hospitalar rapidamente e completamente curada.           

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O GABEIRISMO SEM GABEIRA

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Com o meu aguçado olhar de pesquisador, encontrei na edição do Diário Oficial do Maranhão, de 4 de outubro de 1937, a publicação de um longo pronunciamento do deputado Felix Valois, integrante da bancada que apoiava o então governador Paulo Ramos.
O discurso do parlamentar ocorreu dias antes do presidente Getúlio Vargas decretar o Estado Novo no Brasil, ato que estabeleceu um regime ditatorial e transformou os governadores em interventores, situação que só acabou nos idos de 1945, graças ao processo de redemocratização do País.
O discurso do deputado Felix Valois, devidamente combinado com Paulo Ramos, atacava sem dó e piedade os parlamentares estaduais, liderados pelo deputado João Braulino de Carvalho, que haviam se comprometido com o chefe do Executivo estadual a participar de uma nova agremiação política no Maranhão, de apoio ao governador, denominado Partido Evolucionista Maranhense, mas face à conjuntura política que vivia o Brasil, resolveram, como fazem até hoje, a esperar o desfecho da crise, para assinar ou não o documento.
No raivoso pronunciamento do parlamentar, no qual dedicava palavras ácidas e venenosas aos deputados que deixaram de cumprir o assumido com Paulo Ramos, encontrei um vocábulo que me chamou a atenção, por desconhecê-la literalmente: Gabeirismo.
O meu primeiro impulso foi imaginar que os parlamentares fossem aliados do jornalista Fernando Gabeira, hipótese logo afastada porque, naquela época, o político e intelectual ainda não havia nascido e nenhum Gabeira militava em qualquer agremiação política daqui ou alhures.
Para dissipar as minhas dúvidas quanto ao incógnito vocábulo, recorri aos mais tradicionais e importantes dicionários brasileiros para ver se encontrava algo que me permitisse achar ou esclarecer a origem da palavra Gabeirismo.
Depois dessa caçada infrutífera aos dicionários brasileiros, recorri ao livro do professor Domingos Vieira Filho – A Linguagem Popular do Maranhão, na esperança de nele encontrar o registro de algum verbete regionalista que definisse ou explicasse o que era Gabeirismo. Em vão.
Como não achei nada para esclarecer a origem da palavra, retomei a leitura do longo e candente discurso do deputado Felix Valois, no qual, em determinado momento, ele explica o que é Gabeirismo.
Com a palavra o parlamentar: “Gabeirismo é hoje um vocábulo do nosso idioma. É a última palavra na tradução exata da degenerescência de nossos costumes políticos. É a ação nefasta dos deputados de Norte a Sul do País, faltando aos compromissos assumidos, não honrando a palavra empenhada da solução dos problemas do Estado”.
Como se não bastasse, o deputado, que era oficial do Exército, afirmou “Que entre nós no Maranhão, esta palavra passará à História, porque é antes de mais nada, o atestado evidente de que a crise no Brasil é essencialmente uma crise moral”.
De 1937, quando Felix Valois discursou e descobriu esse neologismo, aos dias de hoje, já transcorreram mais de oitenta anos. Significa dizer que essa falta de compostura dos políticos brasileiros, com relação aos compromissos assumidos e não cumpridos, não é um problema dos dias correntes.
No passado como no presente, os políticos, salvo poucas e honrosas exceções, continuam sendo inconfiáveis e nada coerentes com que prometem nos palanques e nas tribunas, razão porque o Gabeirismo, vocábulo inventado pelo parlamentar maranhense, continua em voga e mais atual do que nunca.

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AS MÁSCARAS DE BOLSONARO E DE CAFETEIRA

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No Senado, instalou-se uma Comissão Parlamentar de Inquérito, para apurar a participação ou não do presidente da República na contratação de vacinas, para livrar a população do Brasil de uma grave epidemia.

A CPI de Brasília, remete os maranhenses para a década de 1960, quando pipocou uma crise, gerada por um impensado ato do prefeito Epitácio Cafeteira, que, também, resultou na criação pela Câmara Municipal de uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

Diante de quadros que entre um e outro registram-se mais de cinquenta anos, uma pergunta está no ar: há algo em comum entre as ações do presidente da República, Jair Bolsonaro e as do ex-prefeito de São Luís, Epitácio Cafeteira, mormente quando o fulcro da questão reside no uso de um artefato de tecido popularmente conhecido por máscara?

Ainda que a situação cronológica e a atuação de ambos na vida pública sejam marcadas por gritantes diferenças, não há como deixar de fazer um paralelo do que acontece hoje no Brasil e do ocorrido na capital maranhense há 55 anos.

  O prefeito Epitácio Cafeteira, eleito em outubro de 1965, mal sentou na cadeira de gestor da cidade, assinou um decreto sustentado num falso moralismo, para vigorar no carnaval de 1966, que proibia o ingresso de mulheres nos salões dos bailes populares, que portassem máscaras nos rostos para não serem identificadas.

 Já, o atual chefe da Nação, que sempre foi contra  o uso de máscaras, pediu ao seu ministro da Saúde, “um tal de Queiroga”, um estudo circunstanciado, para servir de suporte a um decreto com o objetivo de proibir a população de usar aquele artefato de tecido, no entendimento de ser desnecessário à proteção contra a epidemia do coronavírus, moléstia que vem ceifando diariamente milhões de brasileiros.

As aversões de Cafeteira e Bolsonaro quanto ao uso de máscaras, inobstante apresentarem motivações distintas, tiveram acentuadas repercussões no plano político. 

Em São Luís, o decreto municipal ecoou intensamente, levando o  governador José Sarney, recentemente empossado, a autorizar o secretário de Segurança, coronel Antônio Medeiros, à publicação de uma portaria para assegurar às mulheres o direito de participar dos bailes com as máscaras, ato que fez o caso invadir a seara jurídica e provocar na Câmara Municipal, por iniciativa dos vereadores de oposição, a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito contra o gesto de Cafeteira,  que resultou numa solicitação ao governador para o Estado intervir na Prefeitura de São Luís, mas Sarney, prudente como sempre foi, esperou o caso ser resolvido na  Justiça, que, sabidamente, aguardou o carnaval acabar e dar tempo para os políticos se entenderem, o que, na realidade aconteceu, depois de agressões e acusações de ambos os lados, mas, afinal, encontraram uma fórmula em que vencidos e vencedores, sem exceção, se salvaram.

Mais de meio século depois do decreto de Cafeteira, aqueles pedaços de tecidos voltaram a ser objetos de discussão política, desta feita a nível nacional, com o atual presidente da República, que, de forma irredutível e irracional, deseja assinar um decreto para obrigar o povo brasileiro a se desfazer das máscaras, estas, que estão prestando benfazejos serviços à saúde pública.   

Se a Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal de São Luís não deu em nada, a CPI do Senado, só Bita do Barão poderá dizer o que vem por aí.

O TURISMO DA VACINAÇÃO

Por incrível que pareça, em pleno ativismo maléfico da Coronavírus no Brasil, o bumba-boi e outras manifestações folclóricas e culturais do Maranhão, deixaram de ser este ano os nossos principais produtos turísticos.

Quem vem atraindo gente de outras cidades para a nossa capital, é o processo de vacinação contra a Covid-19, que o governador Flávio Dino e o prefeito de São Luís, Eduardo Braide, resolveram atacar de modo eficiente e prioridade.

CAIXÃO DE PANCADA

Por conta dessa sinistra política externa montada pelo ex-chanceler Ernesto Araújo, o Brasil vem sendo depreciado ou agredido por autoridades estrangeiras.

Se até pouco tempo, o Brasil tinha a fama de não ser um país sério, agora até o Papa referiu-se aos brasileiros como cachaceiros e o presidente da Argentina descobriu que as nossas origens procedem das selvas.

A POLÍTICA DOS PNEUS

Nas últimas eleições, elegeu-se no Maranhão à Assembleia Legislativa, um empresário conhecido pela alcunha de Felipe dos Pneus. 

No pleito seguinte, de caráter majoritário, o Felipe dos Pneus renunciou ao mandato parlamentar porque se elegeu prefeito de Santa Inês.

Como a alcunha de Pneus, agora é moda na política, no Rio de Janeiro, acaba de ser nomeado para comandar a Secretaria de Transportes, um cidadão conhecido por Juninho dos Pneus.

RAVE E ARRAIAL

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, recebeu o troco que merecia do governador Flávio Dino, criticado por fazer “rave da vacinação” no Maranhão.

Flávio Dino retrucou com veemência a crítica do gestor carioca, explicando que no Maranhão, no mês de junho, em vez de rave se faz é arraial, festa popular e genuinamente regional. 

 Para quem não sabe, rave é uma festa eletrônica, em lugar amplo e aberto e sem hora para acabar, que os cariocas, estes, sim, adoram.

FOBIA PRESIDENCIAL

Em Brasília, corre a notícia de que depois do parecer do “tal Queiroga” ministro da Saúde, destinado à extinção das máscaras no país, o próximo alvo do Presidente da República será o trânsito.

Bolsonaro, segundo se comenta, teria mandado fazer um estudo para acabar com as placas que mandam o motorista “virar à esquerda”. 

AS ZPES NO MARANHÃO

Desde os tempos de José Sarney, na presidência da República, que se ouve falar na implantação das Zonas de Processamento de Exportação no Maranhão.

O projeto das ZPEs, que teve um avanço na época de Sarney, depois foi engavetado no Palácio do Planalto pelos que o sucederam, que nunca viram com bons olhos a sua instalação no Maranhão, razão pela qual nunca sairá do papel.

INTELECTUAIS E LIVROS

Intelectuais brasileiros de todos os matizes se reuniram para cada escrever sobre o livro que mudaram as suas vidas.

Eis os selecionados: Cem anos de solidão, de Garcia Marques; Em busca do tempo perdido, de Proust; O apanhador no campo de centeio, de J. D. Salinger; O encontro marcado, de Fernando Sabino; A montanha mágica, de Thomas Mann; O segundo sexo, de Simone Beauvoir e Gabriela Cravo e Canela, de Jorge Amado.   

CANHOTEIRO

Se o grande jogador maranhense, Canhoteiro, extraordinário ponta esquerda do Brasil, se vivo fosse teria de mudar o nome pelo qual se tornou famoso aqui e alhures.

Motivo: Canhoteiro lembra esquerdista, gente que o atual Governo da República abomina visceralmente.    

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