À espera de um acordo

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Ônibus permaneceram em garagem de empresa durante paralisação de rodoviários, na última terça-feira

A falta de acordo entre os sindicatos das empresas e dos trabalhadores em transporte rodoviário de São Luís pode resultar, nas próximas semanas, em mais uma greve de motoristas, cobradores e fiscais de ônibus. Apesar das sucessivas reuniões já realizadas, as duas partes ainda não fecharam o tão esperado acordo, que além de representar melhoria salarial e outros ganhos à categoria, afastará o risco de a população ser novamente penalizada por uma paralisação por tempo indeterminado.

Todos os anos, em abril, mês que antecede a data-base dos rodoviários, patrões e empregados do setor de transporte urbano da capital se envolvem em uma exaustiva negociação salarial, sempre marcada pela resistência das duas partes em ceder em praticamente todos os itens da pauta apresentada. Devido à intransigência, o Ministério Público do Trabalho não raro é acionado para mediar as discussões, o que novamente acontecerá, a partir de hoje, devido a mais um impasse.

Em nota divulgada no início da noite de ontem, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) informa que “houve um avanço nas negociações de certas cláusulas de cunho social”. A expressão, no entanto, é tão vaga que não é possível dimensionar até que ponto as discussões evoluíram. Por isso, arriscar qualquer prognóstico, pelo menos neste momento, seria precipitado. O certo é aguardar os próximos lances e torcer para que o bom senso prevaleça de parte a parte.

Nas ruas é possível perceber o receio da população diante da ameaça de mais uma greve no transporte rodoviário, sempre sinônimo de atrasos e faltas ao trabalho, quebra-quebra de ônibus e até prisões. Por conhecer bem os transtornos causados por esse tipo de movimento, os usuários acompanham com expectativa o noticiário sobre a negociação. A possibilidade de greve também agita os demais meios de transporte, principalmente os clandestinos, que faturam mais à custa do desespero dos cidadãos, obrigados a se locomover em veículos sem o mínimo de conforto e segurança. 

Por ser a detentora das concessões, a Prefeitura de São Luís deve agir com determinação para evitar a greve. E, se for preciso, terá que impor sua autoridade. Neste momento de incerteza, a administração municipal não pode assumir postura vacilante, pois sua intervenção pode ser decisiva para que os dois lados ora em conflito encontrem uma solução sem precisar recorrer a radicalismos.       

O Estado reconhece o direito legal de qualquer trabalhador à greve, mas entende que este deve ser o último dos recursos. Mesmo com o acordo ainda distante, o melhor caminho continua sendo o do diálogo, até que se esgotem todas as possibilidades de negociação. É o que a sociedade espera.

Editorial publicado nesta sexta-feira em O Estado do Maranhão

Foto: Flora Dolores/O Estado do Maranhão

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