Yes, we have movies…

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Sobre política já falei tudo o que queria e até um pouco mais do que devia. Resta agora esperar para ver se adiantou alguma coisa, se alguém ouviu.

Vamos conversar hoje sobre outro assunto que gosto muito. Cinema.

Nos últimos dois meses eu assisti a mais de 60 filmes. Em alguns dias foram dois. Num domingo, desses sem futebol, foram três.

Dentre esses estavam os nove concorrentes ao Oscar de melhor filme, aquele vencedor do prêmio de melhor filme estrangeiro, muitas outras importantes obras cinematográficas da atualidade e até alguns antigos sucessos da sétima arte, como “Spartacus”, “Rain man”, “Golpe de mestre” e “À espera de um milagre”.

Cinema, assim como quase tudo na vida, é uma questão de gosto. Existem pessoas que gostam mais de uma determinada cor, torcem especificamente por um time, preferem um certo tipo de comida.

Da mesma forma existem aquelas pessoas que acham que “Nebraska” deveria ter levado o Oscar de melhor filme e não “12 Anos de Escravidão”. Há ainda quem prefira “Clube de Compras Dallas” e outros gostam mais de “Gravidade”. Na verdade há quem prefira cada um dos filmes indicados e até quem preferisse um que não está nem entre estes.

Este ano todos os filmes indicados poderiam ter ganhado o prêmio de melhor filme. A mesma afirmação é verdadeira no tocante aos indicados nas categorias de melhor diretor, melhor atriz e ator, principal e coadjuvante.

Em relação aos prêmios técnicos as coisas são um pouco diferentes. O número de concorrentes que disputam o prêmio diminui, mesmo que isso não seja percebido por todos, pois nestes setores a sintonia fina passa um pouco despercebida do grande público, leigo nessas matérias. Melhor edição de som e efeitos sonoros, melhor fotografia, melhor montagem, melhor maquiagem, melhores efeitos visuais…

Caramba! Melhor edição de som e efeitos sonoros são coisas tão técnicas… E talvez acabe sendo decidido por um simples palpite.

Sobre efeitos visuais gostaria de citar dois extremos de um mesmo tópico: todas as trucagens e toda computação gráfica de “Gravidade”, merecedoras sem nenhuma dúvida do prêmio que recebeu neste quesito, em minha opinião se iguala a uma cena simples, o açoitamento de Patsy personagem de Lupita Nyong’o, melhor atriz coadjuvante. O chicote do feitor, visto de frente, corta a pele das costas da escrava, fazendo com que o sangue e o suor vaporize no ar, captado pela câmera, bem a nossa frente. Grotescamente perfeito!

É bem verdade que no conjunto “Gravidade” ganhou mais prêmios, quase todos técnicos, e até o de melhor diretor, pois Alfonso Cuarón conseguiu com maestria juntar as pontas de um filme de aventura transformando-o em suspense e nos conduzindo a um drama de sobrevivência.

Um amigo me perguntou por que um filme ganha tantos prêmios e não ganha o de melhor filme. Primeiro porque o Oscar não é um simples julgamento dos melhores. Como todos os festivais e concursos artísticos este é também opinativo, votado por todos os eleitores credenciados em cada categoria, com o agravante de que neste caso representa toda tendência da indústria mais poderosa do mundo nesse setor.

A tendência natural dessa premiação é sabiamente contemporizar, distribuir premiações para atingir uma audiência maior. Só não fazem isso quando não há jeito.

“Argos” ganhador do ano passado, “Guerra ao Terror” vencedor de 2010, e “Shakespeare Apaixonado” de 1999, em minha modesta opinião são menos merecedores dos prêmios que ganharam que qualquer um dos nove concorrentes deste ano.

Cinema tem muito de feeling. Quando assisti “O grande Gatsby” tinha certeza que ele não concorreria ao prêmio de melhor filme, mas que certamente venceria nos quesitos figurino e direção de arte. Tiro e queda!

Depois de ver todos os concorrentes nas categorias de roteiro original e de roteiro adaptado, tive que concordar com a escolha da Academia. “12 anos de escravidão” e “Ela”, respectivamente, são realmente im-ba-tí-veis!

Não vi todos os concorrentes ao Oscar de melhor filme estrangeiro, mas vi o vencedor, “A grande beleza”. Confesso que gostei do filme, mas essa opinião só se estabeleceu em mim momentos depois de deixar a sala de exibição e foi se consolidando com o passar do tempo, quando pude absorver melhor o filme. Ele tem uma mecânica peculiar. Tem uma forma de montagem conhecida, mas não usual. É chocante. Cru. É um bom representante daquilo que se pode chamar de cinema franco-italiano. Complexo. Contundente. Acho difícil que seus concorrentes o pudessem superar.

O saldo desse ano, pelo menos no cinema é extremamente positivo e 2014 promete muito mais emoção.

No Brasil o cinema firma-se definitivamente como importante indústria.

No Maranhão Arturo Saboia mostrou-nos o maravilhoso “Acalanto”; Fred Machado realizou o elogiado “O exercício do caos” e já pensa em mais outros filmes; Marquinhos Pontes está na fase de pré-produção de “Guaracy”, e de “Cine Vitória”; e o Éguas Coletivo Audiovisual nos apresentou o inovador “Luíses, solrealismo maranhense”…

O MAVAM realizou ano passado 24 filmes sobre membros da Academia Maranhense de Letras e o longametragem sobre o padre António Vieira, “A pedra e a Palavra”. Está produzindo uma série de 13 documentários sobre artistas plásticos do nosso estado, outra série de 6 docs sobre personagens marcantes de nossa história contemporânea e mais um média metragem sobre o compositor Mestre Vieira.

Longe de serem produções Hollywoodianas, mas… Yes, we have movies… movies to give and sell.

 

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