Violência que só produz tragédia

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Para quem acha que o programa global Esquenta, apresentado por Regina Casé, é o mais conservador da televisão brasileira. Uma versão barulhenta e colorida de velhos costumes, está completamente enganado. O programa tem como positivo em seu ‘cast’, o maior percentual de afrodescentes da TV aberta. E constata uma realidade em que a maioria da afrodescendência brasileira vive do subemprego ou desempregada. Vive a margem do processo  econômico, social e político desse País, mas se diverte como pode, o que para muitos pode parecer estereotipado, mas é a verdadeira cara do Brasil. De um Brasil, que por falta de políticas de governo consistente e verdadeira, exclui, patrocina a segregação social e racial, deixando o pobre, especialmente o povo afrodescente, à margem e sem o direito de ser levado a sério. Apenas servem como as vítimas constantes de uma violência desmedida, praticada por policiais transformados em “máquinas de matar”.

E o que se observa mais uma vez no noticiário nacional, um jovem afrodescente, pobre, morto. Trata-se de Douglas Rafael da Silva Pereira,  DG de 25 anos, que acabou morrendo, ao tentar de se livrar da violência, provocada pelo confronto entre o Estado e o Crime Organizado, que se instalou nos centros urbanos e periféricos do País.

Um laudo preliminar da Polícia Civil sobre a morte de Douglas aponta que a morte do dançarino do programa “Esquenta” — cujo corpo foi encontrado nesta terça (22) — pode ter ocorrido por conta de uma queda. A perícia preliminar, chamada de laudo de local, foi feita instantes após o corpo ser encontrado. Amigos, no entanto, apresentam outra versão. Ele teria sido confundido com um traficante por PMs e fugido dos tiros, antes de ser espancado até a morte. A UPP nega. As ruas de Copacabana e Ipanema viraram um cenário de guerra. Helicópteros sobrevoavam a região. Tiros e muito quebra-quebra foram relatados por moradores da região, assustados.

O clima é de tumulto e polêmica. Mais um caso que ganhou repercussão internacional. Além do Rio de Janeiro ser uma das cidades-sede da Copa do Mundo, DG trabalhava como mototaxista e bailarino do “Esquenta”, da Rede Globo, apresentado pela renomada Regina Casé. Mais um trabalhador brasileiro que usava a alegria e a criatividade ´para viver dignamente como cidadão. E lamentavelmente teve o fim triste como milhares de jovens espalhados por esse país que tiveram o sonho abortado por uma violência cujo o capítulo não têm fim.

Por ironia do destino,  DG encenou a própria execução em curta-metragem, exibido em junho do ano passado. No curta “Made in Brazil”, [Clique Aqui] produzido para ser apresentado em um festival em Nova York, Douglas interpreta DG e é morto por policiais militares. Na vida real, ele foi encontrado com sinais de espancamento dentro de uma creche. Como cita Regina Casé em nota: “é preciso buscar a verdade”.

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