“Estado e Poesia”: novo disco de Chico César

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Depois de seis anos imerso na política, o músico paraibano Chico César retoma a música e lança “Estado de Poesia”, nome do seu primeiro disco em sete anos. O trabalho foi lançado em junho, e faz parte do projeto Natura Musical. Das 14 músicas do disco, apenas duas não são assinadas por Chico. É o caso de “Reis do agronegócio”, que teve a participação de Carlos Rennó, e a parceria-póstuma com o poeta Torquato Neto, “Quero viver”.

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Como gestor, foi presidente da Fundação Cultural de João Pessoa em 2009 e Secretário de Estado de Cultura da Paraíba em 2010, no governo de Ricardo Coutinho. Saiu enfraquecido, segundo os críticos, principalmente, depois de disparar contra o que chamou de “bandas de forró de plástico”.

Sempre lúcido, ácido e político na essência, Chico César afirmou, em entrevista ao UOL, que a corrupção é uma prática inerente ao sistema, inclusive no meio artístico. “Há uma associação entre empresários de bandas, secretários de cultura, mulheres de prefeito. É uma clientela, diz ele”. “Essa coisa da corrupção, que está em todos os lugares hoje, nas empreiteiras, nos bancos, está em todos os níveis de administração. O mercado quer dizer ao governo como eles devem se comportar. O mercado da coleta de lixo, de quem constrói prédios, asfaltam ruas, eles querem dizer: “Sempre foi assim, você entraram dizendo que vão mudar, mas vai ser desse jeito. O mercado da indústria da música é a mesma coisa. O Estado tem que fazer o que o mercado não faz”, completou Chico César.

Em contrapartida, se diz otimista: “A política é uma atividade muito nobre. Não acho que seja o esgoto da sociedade”. Ao relembrar da série “Sex and the City”, [em que uma consome sapatos, outra consome homens — a Samantha consumia homens], que adorava assistir na TV, diz que a classe média vai precisar ser menos consumista no futuro, e sentencia: “Acho inevitável a volta de Lula”.

Embora critica em música a atitude conservadora em São Paulo, Chico César diz que Sampa é a sua preferida no mundo.

– São Paulo é a minha cidade preferida no mundo. Sempre que me encontra, o Djavan diz: “Pare de brincar de ser alternativo, venha para o Rio”. (risos). Sempre digo que Catolé do Rocha (cidade paraibana onde nasceu) é minha mãe, João Pessoa é minha namorada, e São Paulo, minha amante. É como os imigrantes europeus em Nova York, eles chegam e veem a Estátua da Liberdade. Aqui você chega e vê o rio Tietê, poluidaço, e diz: “Nego, a barra aqui vai ser pesada”. Tem que ter bom pulmão, boas pernas e bom coração. Essas contradições que explodem no país se manifestam de maneira mais radical aqui, mas se você pensar, São Paulo elegeu Luiza Erundina como prefeita, uma mulher paraibana, quando ela não seria eleita nem a vereadora em João Pessoa. Celso Pitta, preto e carioca –tudo bem que o Maluf elegeria até um poste. Mesmo com desgaste do PT, elegeu o [Fernando] Haddad, que faz uma administração interessante. Eu acho que as pessoas podem fazer seus panelaços, porque ao mesmo tempo aqui tem uma das maiores paradas gays do mundo. O panelão aqui ferve para todos os lados. E uma coisa interessante é a cultura na periferia. Tem sarau, teatro. A cidade transbordou, a periferia virou o próprio centro. Tem o pessoal do [selo musical] Laboratório Fantasma, lá na zona leste, com o Fiote e o Emicida, que reorganiza a cultura. As pessoas que pensam na redistribuição da música, hoje, olham para a periferia. Isso, para mim, é São Paulo – define.

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