Linton Kwesi Johnson no Festival Back2Black (RJ)

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O festival Back2Black, que acontece nos dias 20 e 21 de março, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, anunciou a vinda do rapper belga Stromae para sua sua sexta edição. A programação inclui ainda Angelique Kidjo, Planet Hemp, Damian Marley, Velha Guarda da Mangueira, Lenine com Orquestra Rumpilezz, além do lendário poeta jamaicano do dub Linton Kwesi Johnson.

LInton Kwesi Johnson
LInton Kwesi Johnson

O preços variam de R$ 50 a 200 reais (combo para os dois dias) e começam a ser vendidos na sexta-feira (23).

Novo nome do hip-hop europeu, Stromae, nome artístico do compositor e produtor Paul Van Haver, tem despontado no YouTube com as músicas “Papaotuai” e “Tous Les Mêmes”). Sucesso na Europa a partir dos anos 2010, o músico faz um som eletrônico influenciado pela cultura do hip-hop e pela música latina. Ele canta em francês e está em franca ascensão nos Estados Unidos.

Jamaica e Rio

Serão 14 shows distribuídos entre os dois palcos instalados no andar térreo da Cidade das Artes. No Palco Rio, o maior deles, se apresentarão apenas os nomes consagrados, enquanto o Palco Cidade será dedicado a encontros entre artistas novos e veteranos.

A música jamaicana é um dos destaques do festival. Do país que preserva tantas afinidades musicais com a África e o Brasil, o festival apresenta Damian Marley – filho e discípulo do legado de Bob Marley – e Linton Kwesi Johnson, celebrado poeta do dub. Damian nunca fez show no Rio de Janeiro. Já Linton, que vai dividir o palco com seu habitual colaborador Dennis Bovell (guitarrista e baixista de reggae e dub oriundo de Barbados), é atração inédita em palcos brasileiros.

Rapper Belga Stromae
Rapper Belga Stromae

Do Benim, vem a politizada cantora e compositora Angelique Kidjo. De Angola vêm Aline Frazão e Toty Sa’Med, jovens talentos que vão dividir o palco com a carioca Natasha Llerena.

Um show-tributo aos compositores negros cariocas, sob o comando do diretor musical Alexandre Kassin e com a participação de diversos artistas, deve incorporar uma homenagem póstuma a Lincoln Olivetti, o maestro, músico e arranjador fluminense que faleceu em 13 de janeiro deste ano. Os rappers Duguettu e Carol Conká – naturais do Rio de Janeiro e de Curitiba, respectivamente – completam a programação.

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Festival Back2Black 2015

Local: Fundação Cidade das Artes
Av das Américas, 5.300
Barra da Tijuca – Rio de Janeiro
Tel: (21) 3325.0102

Preço do ingresso (por dia): R$ 150,00 (inteira) / R$ 75,00 (meia)
COMBO para os dois dias : R$ 200,00 (inteira) / R$ 100,00 (meia)

Para compra de ingressos e informações sobre pontos-de-venda na cidade, acessar o site da Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br)

Ponto de Venda sem Taxa de Conveniência:
Cidade das Artes – Av. das Américas, 5300, Barra da Tijuca – Rio de Janeiro – RJ
Horário de Funcionamento: terça a domingo, das 13h às 19h.

PROGRAMAÇÃO

SEXTA, 20 DE MARÇO DE 2015

PALCO RIO
– Linton Kwesi Johnson + Dennis Bovell Dub Band (Jamaica/Barbados)
– Planet Hemp (Brasil)
– Damian Marley (Jamaica)

PALCO CIDADE
– Duguettu
– Karol Conká
– Dream Team do Passinho (Brasil) + bailarinos de kuduro (Angola)
SÁBADO, 21 DE MARÇO DE 2015

PALCO RIO
– Lenine + Orquestra Rumpilezz (Brasil)
– Angelique Kidjo (Benim)
– Grande celebração aos compositores negros cariocas
Homenagem ao samba/soul/black carioca
Direção musical de Alexandre Kassin
Arranjos de Lincoln Olivetti
– Stromae (Bélgica)

PALCO CIDADE
– Velha Guarda da Mangueira (Brasil)
– Mingas + Moreira Chonguiça + Bailarinos de Marrabenta (Moçambique)
– Aline Frazão (Angola) + Toty Sa’med (Angola) + Natasha Llerena (Brasil)
– DJ (nome a confirmar)

 

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‘A música é a minha religião’, diz Rita Benneditto

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– Encanto tem influência da religiosidade afrobrasileira, uma espécie de extensão do Tecnomacumba, projeto vitorioso em cartaz durante onze anos, mas abre caminhos, setas, aponta para outros lugares, para a música como uma entidade. É um disco que representa esse desdobramento – definiu a cantora maranhense Rita Benneditto, em entrevista concedida ao jornalista Pedro Sobrinho, na noite dessa quinta-feira (8/1), no Plugado, na Mirante FM.

Foto: Elza Ribeiro
Foto: Elza Ribeiro

Esse disco traz impressões e histórias sobre a espiritualidade e as raízes da artista e reafirma a sua maranhensidade, absorvida por meio de uma leitura universal.

– Por ser brasileira, nordestina, descendente de negros e índios, o disco reafirma toda essa história. É uma intenção de encantamento em que o Maranhão se faz presente. Eu voltei às origens e recorri aos Lençóis Maranhenses, próximo a cidade em que nasci São Benedito do Rio Preto para recarregar as energias. E lá fiz o ensaio fotográfico com a percepção do fotógrafo maranhense Márcio Vasconcelos, com quem já vinha namorando profissionalmente e admiro o trabalho feito com sensibilidade. Enfim, a música é por essência uma religião, não por uma questão de igreja, de terreiro ou de qualquer outra coisa. Ela consegue se tornar um santuário em você. Ela é a minha religião e para ela é quem bato a cabeça – ressalta.

Setlist

Durante o programa, foram executadas algumas canções que compõem o trabalho.  Encanto é o primeiro após oito anos do lançamento de Tecnomacumba (2006) e marca os 25 anos de carreira dela, com doze canções, entre inéditas e releituras. O primeiro disco com a nova identidade musical: Rita Benneditto, e a produção de Felipe Pinaud e Lancaster Lopes, gravado e distribuído pela Biscoito Fino e Manaxica Produções.

Todo o disco remete à cultura maranhense, seja em arranjos ou outros elementos. Um disco que ficou como ela queria e que traz três músicas em parceria e releituras de Gilberto Gil (Extra), Roberto Carlos (Fé), Djavan (Água), Jorge Benjor (Santa Clara Clareou) e Villa-Lobos (Estrela é lua nova), com participações de Frejat, Arlindo Cruz e Reggae B e produção de Felipe Pinaud, além do maranhense Josias Sobrinho.

Enfim, Encanto é a marca de um renascimento, de um rebatismo e de fé, em todos sentidos. Tanto no sentido de esperança, quanto de mudar para melhor. A canção Fé, não por acaso, é a faixa título do disco. O lançamento do disco será em março deste ano, no Vivo Rio, na Cidade Maravilhosa. Em São Luís, o lançamento deve ocorrer, ainda, no primeiro semestre deste ano.

Faixa a Faixa

Centro da Mata – É um tema de domínio público adaptado por Rita com Felipe Pinaud. É uma vinheta que fala da caboca Jurema, que a acompanha desde o primeiro disco. “Achei importante abrir o disco com uma vinheta. É uma caboca do mundo que transcende o espaço. É como se ela se preparasse para atirar a seta para todos os lugares, e tempos e conexões, com uma levada sutil do Boi de Pindaré.

Guerreiro do Mar – Música de meus parceiros e que representa o encontro entre energias masculina e feminina. Energia de ogum com Iemanjá. Essa música tem uma pegada rock com arranjos do rock progressivo, meio Pink Floyd, uma levada de reggae. Quis trazer esse ponto. Foram viagens musicais sonoras.

Santa Clara Clareou – Faço uma referência ao Tecnomacumba. É quase uma oração, com arranjos baseado no ritmo do tambor de mina, homenageando essa manifestação, tão importante para a minha formação artística.

Pedra do Tempo – Falo da figura de Xangô, de toda a simbologia dele. Te, uma vinheta de Villa Lobos. Como eu já cantei essa música em corais, eu quis trazer essa memória afetiva.

Água – Queria muito fazer uma música que retratasse o elemento água pela importância que ela tem para a humanidade e para chamar a atenção sobre ela. É uma música de Djavan. Fiz também um arranjo trazendo a cultura maranhense no toque das caixeiras do Divino.

Banho de Manjericão – Inspirada no ritmo do terecô maranhense. Convidei o babalorixá Oboromin T’ogunjá, que incorporou o Pai Benedito das Almas de Angola e deixou uma mensagem de amor e de fé. Da fé que está dentro da gente. Um convite à transformação, à mudança… e eu faço isso nos meus trabalhos, que é ter uma visão mais ampla, mais transcendental.

Babalu – É um clássico da música. Quis trazer essa música mais anos 70 e é a primeira vez que canto uma música em espanhol, mas acho que está muito honesto. Babalu é um dos nomes do orixá Obaluaê.

Estrela é Lua Nova – É a mais antiga do disco. De Villa-Lobos em que ele . expõe a sua erudição. Ele brinca com a palavra macumba.

Fé – Sintetiza o Encanto. Sou cantora de fé, mas não de dogmas. Não sou presa a nenhuma religião. Estou ligada na música como religião, como elemento transformador. E essa música tem uma força, por ser de Robert Carlos e por termos feito um arranjo rock’n’roll, que é atemporal e todo mundo curte.

Extra – Tem a participação da banda Reggae B, (integrantes do Paralamas do Sucesso), comandada pelo Bi Ribeiro e aí eu quis resgatar para fazer a base da música. É um reggae bem 4×4, mais roots, quis fazer essa ligação com o reggae do Maranhão. A música fala também de transcendência, de Deus. Convidei o padre jamaicano rastafári Priest Tiger, que encarna o mensageiro da fé e quando traduzimos a mensagem dele vimos que se tratava do Salmo 24 (oração do Evangelho). Tudo a ver com a música, que fala do Deus que está dentro de nós.

Filha de Tupinambá – Outra vinheta de Jurema, porque como eu te falei, a seta está lá no início e prepara o CD. Toca nova vinheta, reafirma a origem de Jurema.

De Mina – É uma composição de Josias que eu adoro e que fala do tambor de mina, que me recoloca na minha aldeia. Fui gravar a voz no estúdio do Frejat e pensei que podíamos convidá-lo. O Frejat toca guitarra tem a pegada rock, que é a característica dele e ele topou e adorou participar, pirou nos arranjos. (essa música também tem a seta de Jurema chegando a seu destino final).

O que é dela é meu – É um samba do maravilhoso Arlindo Cruz em que a gente celebra a vida. A gente se encontrou em um trabalho e ele me disse que tinha uma música pra mim. Pedi pra ele mostrar e adorei. Disse que queria gravar no meu disco, daí convidei ele pra gravar e ele adorou. Não só cantou, como tocou banjo, bateu palma. Ele gosta muito do Tecnomacumba e fez essa brincadeira evidenciando a cultura africana.

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Tulipa Ruiz: “Indie Pop Nativo”

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Tulipa Ruiz tem tudo aquilo que se espera de uma grande artista. Técnica e timbre vocal consistente, postura cênica de palco envolvente e uma musicalidade modernosa e plural. Esses requisitos são notórios para quem foi ao show da última terça-feira (13/5), no Teatro Artur Azevedo, pelo projeto MPB Petrobras, produzido pela Caderno 2 Produções.

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Depois de ter passado por três capitais do Nordeste; Aracaju (SE), Maceió (AL) e Fortaleza (CE), a cantora paulistana fez o seu ‘Grand Finale’ em São Luís, e para relembrar a sua passagem por aqui há dois anos, onde fez show no mesmo teatro, em que ficou surpresa com a receptvidade do público local. Ela não tinha ideia de como a sua música era consumida na ilha. E o ‘feedback’ se consumou mais uma vez nesse outro encontro.

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Foi uma noite astral aberta pela cantora maranhense Ticiana Valente. Acompanhada do marido ao teclado, Rodrigo Valente, presenteando o público com um repertório de canções conhecidas, mas de forte influências na vida musical da artista. Ticiana passeou por Carinhoso (Pixinguinha e João de Barro), Gente Humilde (Chico Buarque, Garoto e Vinicius de Moraes), Proposta (Roberto Carlos e Erasmo Carlos), Olha (Roberto Carlos), Gostoso demais (Dominguinhos e Nando Cordel), Brincar de viver (John Lucien e Guilherme Arantes) e Sá Marina (Tibério Gaspar e Antonio Adolfo) e o público e a anfitriã Tulipa Ruiz agradeceram a artista pela maranhense pela presença e a gentileza de ter em seu ‘set’ singelo canções antológicas da Música Popular Brasileira.

Tulipa Ruiz entra em ação se sentido em casa. Enfim, ela “chegou chegando” com um mix do repertório que a consagrou [Efêmera, álbum de estreia lançado em 2010, e do Tudo Tanto (2012)]. Abriu e fechou à noite com “É”. Durante uma hora e alguns minutos de show, Tulipa mandou ver e bem com as canções “OK”, “Quando Eu Achar”, “Pedrinho”, “Víbora”, “Megalomaníaca”, acompanhada pelos instrumentistas, Márcio Arantes (contrabaixo), Caio Lopes (bateria), Gustavo Ruiz (guitarra) e Luiz Chagas (guitarra), seu pai, ex-Isca de Polícia, imponente banda que acompanhou Itamar Assumpção, com direito ao coro da plateia nas canções de maior empatia.

Em meio a uma crise de identidade na Música Popular Brasileira, Tulipa Ruiz abre um precedente e se posiciona dentro do “mainstream” passeando por universo “Indie Pop Nativo”.

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Bandeira de Aço: a estrela da noite

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A versão 2013 da plataforma “BR-135 – Energia Musical” foi aberta com ação social, acesso liberado ao público e o show em homenagem aos 35 anos do disco antológico Bandeira de Aço, trabalho gravado por Papete, em 1978, pela Discos Marcus Pereira. Uma retomada tipo gol de placa, ao reverenciar um disco, que não é qualquer um disco. E tudo começa com a exibição do documentário.

bandeiradeaco2510O filme fez um passeio pela linha do tempo dos compositores Sérgio Habibe, Josias Sobrinho, Ronaldo Mota, César Teixeira e suas músicas, da cena musical ludovicense produzida no fim dos anos 1970 e da importância dela no cenário maranhense da época, em que o Laborarte, o bairro da Madre Deus, a catuaba do Diquinho, as viagens para Alcântara, os bares existentes na periferia e Centro Histórico de São Luís, serviram de apoio para que surgisse um movimento de artes integradas à base de autenticidade, frescor, poesia, lirismo, boêmia, uma curtição sem vaidade, cujo o tempo jamais vai apagar.

Legado

O mais interessante no documentário apresentado com roteiro e direção de Celso Borges, coedição de Beto Pio, Alex Soares e Amanda Simões, assinando a produção do vídeo-cenário, participações de Maristela Sena e Andréa Oliveira, foi o de desmistificar o imbróglio que envolveu a produção do “Bandeira de Aço”, com o depoimento dos cinco protagonistas dessa novela.

O desfecho foi que todo mundo saiu convencido de que o maior beneficiado nessa polêmica, envolvendo direitos autorais, foi o disco, lançado em 1978, em formato de Long- Play (LP). Um trabalho concebido em pleno regime da ditadura militar no Brasil, feito por uma’rapaziada’ que tinha a certeza que estava construindo uma musicalidade consistente, capaz de emocionar ao produtor Marcus Pereira, ao ouvir cada faixa em fita-cassete apresentada a ele por Papete. E no fim da audição, ele conceituar aquela sonoridade, produzida lá pelos anos 70, como algo que ‘representava a alma do povo brasileiro’. Daí, nasceu o “Bandeira de Aço”, um legado que está presente na vida de quem faz música agora. br135510

O Show

Depois de todo o relato, veio o show. A palavra de ordem, então, era vamos ‘Guarnicê’. As nove canções que integram o Long-Play (LP), foram cantadas e o público interagiu naturalmente. Com a direção musical de Alê Muniz, as músicas ganharam nova textura interpretadas por artistas da nova cena da musical local, entre eles, Bruno Batista, numa levada drum´bass, em “De Cajari Pra Capital” (Josias Sobrinho), Madian” em “Boi de Catirina” (Ronaldo Mota), Dicy”, em “Catirina” (Josias Sobrinho), Afrôs, numa atmosfera de afoxé interpretou “Dente de Ouro” (Josias Sobrinho), e Flávia Bittencourt, que cantou divinamente bem “Flor do Mal”, de César Teixeira, acompanhados pela banda formada por: João Simas (guitarra), João Paulo (baixo), Ruy Mário (teclados e acordeon), do percussionista Erivaldo Gomes e e Isaías Alves (bateria), tendo como mestre de cerimônia, o ator César Boaes.

A celebração contou ainda, com os compositores César Teixeira, em “Boi da Lua” (de autoria do próprio), Josias Sobrinho em “Engenho de Flores” (de autoria do próprio) e Sérgio Habibe, em “Eulália” (de autoria do próprio). E para encerrar, a dupla Criolina (Alê Muniz e Luciana Simões) conclamou a todos para formação de um grande batalhão e cantasse a faixa título disco “Bandeira de Aço” (César Teixeira), com direito a matraca, pandeirões e a participação do pai da criança: Papete.  Com o Teatro de Apolônia Pinto completamente lotado, o show virou um baile tendo como ‘setlist’ as faixas de um disco perfeito, atemporal, em que cada pessoa que o ouve tem a sua música predileta. Afinal, o “Bandeira de Aço” é uma unanimidade !

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Marisa Monte: amor à flor da pele

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Senti que perdi uns quilinhos por alguns instantes, como se estivesse em uma sauna. Tive a sensação que a audição com Marisa Monte merecia um tratamento sonoro mais adequado tendo em vista o formato de um show acústico e intimista. Com ou sem turbulência, o show da turnê ‘Verdade Uma Ilusão’ aconteceu. Foi um absurdo, pra não dizer genial e trouxe a artista carioca, do Brasl e do Mundo, de volta a São Luís, após doze anos de espera. No espetáculo de quase duas horas, a artista definiu a verdade, ao conclamar a plateia, a cada canção romântica, a não ter vergonha de descobrir o amor e ter medo de amar, com ou sem pieguice. Na verdade não se precisa ir muito longe, afinal, diversas músicas de sua biografia traduzem as mais variadas histórias de amor, encontros e amizades.

marisa510Excepcional  

Não tenho medo em afirmar que “Verdade Uma Ilusão” é o melhor show já feito por Marisa Monte que eu assisti. Ela resgatou antigos sucessos, reuniu músicos excepcionais, inovou no cenário e encantou as milhares de pessoas que lotaram o Ginásio Castelinho. Marisa esqueceu da sua fase sambista. E, assim como o Papa, o show é pop e me lembrou muito o “Memórias, Crônicas e Declarações de Amor”, apresentado em São Luís em 2001. Nesse retorno, ela veio renovada e evoluída. Evolução natural de uma cantora que hoje atinge o auge de sua carreira e mostra porque é considerada uma das maiores cantoras do Brasil – quiçá a melhor, pelo menos em tempo de escassez, falta de criatividade, conteúdo, na Música Popular Brasileira. Ela caminha na contramão de um imediatismo imposto, que confunde fidelidade com sucesso descartável.

O show, dirigido por Leonardo Netto e Claudio Torres é sofisticado, de ótimo bom gosto, além de muito envolvente. Artistas plásticos brasileiros e contemporâneos criaram obras inspiradas em músicas do roteiro enquanto outras obras foram adaptadas. O espetáculo visual é deslumbrante, um show à parte, e Marisa Monte muito mais solta do que antes. Ela estava se sentindo em casa,  descontraida, ao ponto de emocionar, fazer a plateia interagir cantando junto com ela, ‘Gentileza’, em que a letra diz que: “O mundo é uma escola. A vida é o circo. Amor palavra que liberta. Já dizia o Profeta”. Teve ainda ‘Infinito Particular’, ‘Velha Infância’, ‘Eu Sei’, ‘Beija Eu’, ‘Diariamente’, entre outros ‘hits’, marcantes em 25 anos de estrada. Do disco novo, foram selecionadas ‘Descalço no Parque’, ‘Depois’ e ‘Ainda Bem'{que também já viraram sucesso], ‘Além de ‘Amar alguém’, ‘O Que Se Quer’ e  ‘Verdade Uma Ilusão’.  Tudo interpretado por uma voz perfeita.

Reverência

Uma das grandes surpresas do show foi ela cantando em acordes flamenco a música E.C.T. (Nando Reis, Marisa Monte e Carlinhos Brown). Após esta música, Marisa Monte relembra Cássia Eller, que morreu em 2001, gravou a canção e se apropriou dela com legitimidade. Marisa ainda afirmou que sente falta do trabalho de Cássia Eller como referência e ainda conceituou: “Ter saudade não é sentir falta de alguém, ter saudade é sentir a presença de alguém‘. Logo após a lembrança, Marisa cantou a belíssima “De Mais Ninguém“, música que ganhou novos arranjos e tornou-se um dos momentos mais emocionantes do show.

Multifacetada  

Marisa Monte surpreende o público com sua originalidade e qualidade de seu canto fazendo uma ponte entre a tradição e o pop contemporâneo. E para isso conta com o empréstimo do baterista Pupillo, do guitarrista Lúcio Maia e do baixista Dengue, da banda pernambucana Nação Zumbi. E falando na Cor do Som, o trio pinçado e cheio de ‘groove’, da Nação Zumbi chama, naturalmente, atenção na banda, mas a mola-mestra é o ex-A Cor do Som, Dadi, que toca há muito tempo com a cantora. A banda conta, ainda, com o produtor e tecladista Carlos Trilha e um quarteto de violoncelo, violinos e bandolim, dando um toque clássico e lírico nas canções.

Sem Dizer Adeus  

Com a música ‘Não Vá Embora’, Marisa Monte se despede do público e retorna para o ‘bis’ com direito a um ‘tris’. Em ‘Amor I Love You’, ela declara o seu amor por São Luís. Depois faz a festa com  a tribalista ‘Já Sei Namorar’ e fecha o ‘set’ com ‘Bem Que Se Quis’, deixando o palco à francesa e sem dizer adeus, restando o coro de uma plateia em transe, numa noite de terça-feira e com a lua cheia. Vale pontuar que esse foi, sem sombra de dúvida, uma grande celebração na voz de uma ‘Lady’ que foi feita para se ver e ouvir !

 

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Plateia canta com Gal no Back2Black

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A rapper americana Missy Elliott foi o grande destaque deste sábado (24), segunda noite do festival Back2Black, no Rio de Janeiro . Uma chuva leve mas persistente caiu sobre a cidade no fim da tarde e acabou afastando o público da Estação Leopoldina – ao contrário da noite anterior, que atingiu lotação máxima do local. Mas o mau tempo não impediu Naná Vasconcelos de abrir a noite esquentando o público.
O hip hop se afirmou como dominante, na mão de nomes como o brasileiro Emicida e a americana Missy Elliott. No dia do rap, porém, se destacaram também artistas que trafegaram por fora do gênero. O percussionista Naná Vasconcelos abriu os serviços às 21h50m no palco principal, mostrando na estação maracatu, sob a regência dos tambores do Rio Maracatu – o grupo foi um dos convidados do show. Jorge Du Peixe, outra participação especial, incursionou com “Meu maracatu pesa uma tonelada” e “Macô” – os metais, em diálogo com os tambores, deram frescor e vigor ao repertório, num registro diferente mas tão poderoso quanto a usina de groove da Nação Zumbi.
A mesma potência se mostrou na ancestralidade buliçosa de “Os quindins de Iaiá” e “Urubu malandro”, numa festa que teve ainda a presença da caboverdiana Lura, que temperou a batucada brasileira com a malícia de ritmos como o funaná. O trompetista e compositor Hugh Masekela, segunda atração do palco, é um os símbolos do combate ao sistema segregacionista na África do Sul e amigo de Nelson Mandela nessa batalha pela igualdade racial. O jazzista deu continuidade à noite com elegância e simpatia – dirigiu-se à plateia com expressões em português como “barra limpa?” e afirmou que nunca esteve num país onde as pessoas se gostassem tanto como no Brasil. Seu jazz apoiado em chão africano manteve alta a temperatura (a ótima banda ajudou), permitindo-se momentos mais cool, como sua leitura de “Mas que nada”, de Jorge Ben(jor).
Com atraso, devido a chuva, a noite de hip hop aconteceu no segundo palco com o mineiro Flávio Renegado, que passeia por referências como o reggae e samba, além do rapper paulistano Emicida, que se apresentou com o mesmo swingue de Renegado, porém com mais contundência nas rimas e poesias
No palco principal, a grande atração da noite, Missy Elliott apresentou um espetáculo que valorizou mais a visualidade que a música – mesmo levando-se em conta a força de hits como “Lose control”, “The rain (Supa dupa fly)” e “Get ur freak on”. Um grupo de 16 bailarinos – que trocava incansavelmente de figurino, como a própria – mantinha a ação frenética no palco, sustentando a atenção da plateia, que respondeu bem ao show, Durante a apresentação, a artista reverenciou nomes da música negra, entre eles, Tupac, Michael Jackson e Whitney Houston. Ao fim, ela retribuiu lançando um par de tênis (!) para o público.
O kuduro angolano encerrou a noite, no segundo palco, com Os Pilukas, Noite Dia e Francis Boy. A participação de uma mulher da plateia que dançou ao lado dos artistas encarnou – com graça, calor e de forma incontestável – o elo Brasil-África marca registrada do festival.
Último Dia
A quarta edição do Festival Back2Black chegou ao fim no domingo (25). A abertura do terceiro e último dia do festival ficou por conta da cantora e compositora paraense Dona Onete, 73 anos, que apresentou as músicas de seu álbum de estreia, “Feitiço Caboclo”. Acompanhada de músicos liderados pelo respeitado guitarrista Pio Lobato – responsável pela reinvenção da guitarrada em Belém – Dona Onete pôs o público presente para balançar ao som de carimbós, boleros e sucessos como “Amor Brejeiro” e “Tambor do Norte”.
Diva

Na sequência, foi a vez de Gal Costa abrir o palco principal. A musa baiana reuniu o maior público do dia, que cantou em coro sucessos como “Divino Maravilhoso”, “Barato Total”, “Baby” e “Vapor Barato”. Músicas de seu último álbum “Recanto” – o trigésimo da cantora, lançado no final de 2011. O trio formado por Domenico Lancellotti (bateria e MPC), Pedro Baby (guitarra e violão) e Bruno Di Lullo (baixo) misturou sonoridades experimentais, rock e programações eletrônicas. Destaque para a versão de Gal para a música “Um Dia De Domingo”, em que diverte o público imitando a voz grave e inconfundível de Tim Maia.

A cantora Daúde subiu ao palco enquanto Gal ainda se apresentava no principal e contou com uma parcela menor de público, pelo menos até a metade de seu show. A baiana apresentou músicas de seus quatro discos – incluindo sua versão de “Pata Pata”, [da cantora sul-africana, Miriam Makeba, que foi casada com o trompetista Hugha Masakela], celebrada pelo público presente – e também experimentou canções de seu próximo álbum, que será lançado no primeiro semestre do ano que vem.

Enquanto isso, no palco principal, a compositora, cantora e guitarrista do Mali Fatoumata Diawara – mais conhecida como “Fatou” – apresentou músicas de seus dois discos lançados. A sonoridade leve de seu violão acústico e sua voz afinada encantaram parte do público, que já era visivelmente menor em relação ao show anterior (da Gal). Mesmo assim, alguns fãs fiéis cantavam junto suas canções e, ao final do show, a aguardavam para autografar seus discos.

Tributo

O DJ Sany Pitbull prestou homenagem aos 70 anos de vida e 50 de carreira do rei brasileiro da Black Music Gerson King Combo. Sany apresentou o show Black & White Sound System, onde reuniu o próprio Gerson e a banda AfroReggae em formação especial com 10 músicos – sendo seis percussionistas e quatro violinistas. “Rational Culture”, do mestre Tim Maia, foi uma das músicas preferidas pelo público.

Interação

Mas a grande atração da noite foi a compositora, produtora e cantora Santi White, mais conhecida pelo nome artístico Santigold. A americana voltou a encher o palco principal com fãs que dançavam, vibravam e cantavam praticamente todas as músicas. O repertório foi baseado em seus dois discos lançados: “Santogold”, de 2008 e “Master of My Make-Believe”, que saiu em abril desse ano. Com ótimas bases, boa coreografia e voz hipnotizante, Santigold encantou o público presente e fechou a noite muito bem acompanhada: no meio do show, convidou cerca de 20 pessoas do público a subir no palco e dançar a seu lado.

Ao final dos shows, o público, extasiado, balançou ao ritmo charme do DJ Corello, encerrando o Back2Black Rio 2012 do jeito que foi criado pra ser, no mais alto astral.

Celebração

Foram três noites de pura celebração e diversidade cultural. Segundo o escritor angolano José Eduardo Aqualusa, o B2B veio para contribuir para o reencontro entre o Basil e a África. Uma África moderna, contemporânea, produtora de cultura e pensamento. Para ele, “esse processo é importante, também, para afirmação internacional  do Brasil, enquanto grande potência, e muito mais importante ainda para a autoestima dos brasileiros de ascendência africana”.

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Back2Black: uma Kizomba

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A primeira noite da quarta edição do Festival Back2Black foi marcada por muita ‘Kizomba”. E lá estava [eu] conferindo todos os detalhes da festa/movimento. Mais de 6 mil pessoas, entre gente da televisão e da música. Luana Piovani, Natália Lage, Elza Soares, o casseta Cláudio Manoel, a cantora maranhense Rita Benneditto, Caetano Veloso, Maria Gadú, Ana Carolina e Marcelo D2, e outros desencanados, presentes na Estação Leolpodina, zona portuária do Rio de Janeiro, para degustar Black Music em vários tons.

Samba, Semba, Kuduro, Hip Hop, Soul, R&B, Ciranda, Coco, Frevo, Maracatu, Afrobeat. O Back2Black explora as influências africanas fazendo a ponte do passado e presente, legitimando a linguagem universal da música. O que se viu é que a plateia comprou ingresso priorizando o soul e hip hop das cantoras Nneka e Lauryn Hill e acabou descobrindo uma negadinha bacana que faz som no continente africano.

É maravilhoso ver as raízes africanas representadas por um hibridismo tão grande de artistas, de países tão diferentes. Martinho da Vila abriu à noite e constatou que essa celebração é possível. Como um autêntico mestre de cerimônia soube misturar samba com semba e chamar para o palco os baianosVirginia Rodrigues, Riachão e os africanos Manecas Costa ´(Guiné-Bissau) e Tito Paris (Cabo Verde), além da flha Martn´ália. Apenas a configuração do som no momento da apresentação dele deixou a desejar.

O festão não pára por aí, além do que rolava em um palco B, com shows do grupo carioca Novíssimos, o pernambucano Siba e o animado grupo congolês Jupiter & Okwess International, que esteve presente na versão londrina, realizada entre os dias 29 e 1 de julho deste ano, a cantora nigeriana Nneka fez a festa com a casa já lotada.

A artista que já foi chamada de a ‘Lauryn Hill da África” fez um show em que valorizou a crítica social em músicas inseridas em três discos. Acompanhada de uma banda com cinco músicos, fez o público dançar.

A principal atração da noite, Miss Lauryn Hill entrou por volta de 2h da manhã. Antes o público delirou com o ‘freestyle’ dançante do ‘deejay’ integrante a banda de Hill. O cara fez um passeio pelo raggamuffin de Damian Marley, Dee-Lite e até o ‘single’ do Gotye rolou em seu ‘set’.

Um aperitivo que deixou todo mundo pilhado para receber a dama da noite. Laury Hill cantou as conhecidas do grande público que foi ao delírio.
Um aperitivo que deixou todo mundo pilhado para receber a dama da noite. Laury Hill cantou as conhecidas do grande público que foi ao delírio.
A cantora também lembrou o Dia da Consciência Negra, e chamou ao palco Gabriel O Pensador para traduzir sua canção/poema intitulada “Black Rage” (“Fúria Negra”, em português), um grito contra a opressão dos negros no mundo inteiro. “Fúria negra é fundada naqueles que nos serviram autoflagelo. Mentiras, abuso… traição espiritual”, enumerou. “Quando o bicho pega, me lembro de todas estas coisas e não temo”, completou o Pensador.

Mais ‘groove’

Um vagão da antiga estação de trem da Leopoldina também chamava a atenção do público. Batizado de Vagão da Petrobras, o espaço era reservado para quem quisesse se inscrever e cantar com uma banda do evento. Em um outro vagão funcionava a Rádio África cheia de ‘groove’ para animar a galera. A festa continua neste sábado (24) e domingo (25).

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Lauryn Hill e Nneka no Back2Black

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Aparentemente Jimmi Hendrix e Janis Joplin parecem ter feito o caminho inverso pela música. E, para muitos. o conceito do pretinho de alma branca que enveredou pelo rock. Ela,  a branquinha de alma preta que fez opção pelo blues. Entre rótulos criados pela indústria cultural e perpetuado por meio mundo, traduz que assim como a alma, a música não tem cor. E um dos bons exemplos para legitimar essa tese está resumida no festival Back2Black, que chega em sua quarta edição na Estação Leopoldina, zona portuária do Rio de Janeiro, além de uma versão gringa realizada, entre os dias 29 e 1 de julho deste ano, no Old Billinsgate, em Londres, pegando carona pelos Jogos Olímpicos, na capital da Inglaterra.
Segundo os organizadores do evento, a meta é reconstruir a conexão da sociedade moderna com as raízes africanas. Estarei acompanhando de perto o festival que usa a coerência e a contextualização dos fatos para mostrar que a tradição e a modernidade são filhas das mesma mãe. E jamais se deve ignorar a importância do continente africano como o verdadeiro berço da humanidade.
Plural
A partir desta sexta-feira (23), até domingo, uma diversidade de atrações marca registrada do Back2Black, desde que foi criado em 2009. Nomes como o de Macy Gray, Gilberto Gil, Marisa Monte, Criolo, Marcelo D2, Arnaldo Antunes,  o senegalês Youssou N’Dour, Nação Zumbi, Seu Jorge, Martn´ália, além da cubana Omara Portuondo. O cantor Prince chegou a ser convidado para o festival, mas bateu fofo.
Na versão brasileira de 2012, uma nova seleção musical – que vai do samba ao hip-hop, passando pelo jazz, rhythm and blues, funk, maracatu e carimbó, entre outros -, acompanhada de uma mostra de artes e de um ciclo de debates. Nas três edições anteriores, o festival recebeu um público de 60 mil espectadores.
De acordo com os organizadores do evento, este ano o festival contará com dois palcos – no ano passado foram três. No entanto, a arena montada ao redor dos palcos terá capacidade para receber uma quantidade maior de pessoas. Entre as 20 atrações musicais, o destaque fica por conta da forte presença de mulheres no elenco internacional.
Primeiro, as damas
Inéditas para o público brasileiro, vão se apresentar no festival as cantoras americanas Missy Elliott, rapper detentora de cinco prêmios Grammy, e Santigold, sucesso no estilo pop contemporâneo. A cantora nigeriana Nneka, a malinesa Fatoumata Diawara e a cabo-verdiana Lura vão garantir a presença feminina africana. 
A música africana também será representada pelo sul-africano Hugh Masekela e pelo congolês Jupiter & Okwess International, entre outros. A lista de atrações brasileiras inclui a cantora Gal Costa, com seu elogiado show Recanto, o percussionista Naná Vasconcelos, Martinho da Vila, Mart’nália, Virginia Rodrigues e os rappers Flávio Renegado e Emicida.
Fórum
Os debates serão realizados nos dois últimos dias do evento, no auditório da desativada estação ferroviária, e terão a curadoria do escritor angolano José Eduardo Agualusa. Uma discussão sobre o lugar da mulher na literatura e nas sociedades africana, cubana e brasileira inaugura o ciclo, às 18h do dia 24. Com a mediação da jornalista Paula Cesarino Costa, o tema será debatido pelas escritoras Paula Chizane, de Moçambique, Karla Suarez, de Cuba, e Ana Maria Gonçalves, do Brasil.
A segunda conferência do dia, às 19h45, será dedicada ao tema A Presença do Samba na Literatura Brasileira e dos Poetas e Escritores no Samba. O escritor Paulo Lins, autor dos romances Cidade de Deus e Desde que o Samba é Samba, e os músicos Nei Lopes e Martinho da Vila, também escritores, dividirão a mesa, que terá como moderador o jornalista Vagner Fernandes.
No domingo (25), às 16h30, a presença dos orixás na literatura brasileira e as razões de Jorge Amado para não ter deixado sucessores à sua obra serão debatidas pelo sociólogo Reginaldo Prandi e pelo escritor Alberto Mussa, com a moderação a cargo de José Eduardo Agualusa.
No encerramento da série de palestras, às 18h15, o músico sul-africano Hugh Masekela e o escritor cubano Carlos Moore, autor de uma biografia do músico nigeriano Fela Kuti, debaterão as relações da África com o Brasil e o papel da música no combate ao apartheid e ao racismo.
A mostra de arte do Back2Black homenageia este ano o pintor argentino radicado no Brasil Carybé (1911-1997), que retratou a cultura negra brasileira em suas obras. Trinta painéis com ilustrações do artista, incluindo a série retratada no Livro dos Orixás, de Jorge Amado, vão decorar a Estação Leopoldina.  Mais informações sobre a programação e os ingressos estão disponíveis no site do festival
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Back2Black confirmado

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Os artistas Missy Elliott, Lauryn Hill e Martinho da Vila são destaques do festival Back2Black, que ocorre na Estação Leopoldina, no Rio de Janeiro, de 23 a 25 de novembro.

Além deles, também participam Santigold, Nneka, Fatoumata Diawara, Hugh Masekela, Fatoumata Diawara, Hugh Masekela, Jupiter & Okwess International. O elenco nacional contará com Gal Costa, Naná Vasconcelos, Emicida, Siba, entre outros.

Os preços do primeiro lote de ingressos (os mil primeiros) são os seguintes: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia), para um dia; R$ 220 (inteira) e R$ 110 (meia), Combo para 2 dias; e R$ 300 (inteira) e R$ 150 (meia), Combo para 3 dias.

A venda de ingressos se inicia a partir de 0h01 do dia 8 de outubro, através do site da Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br), do call center 4003-1212 e de pontos de venda físicos.

Confira a programação do Back2Black 2012

PALCO SEXTA (23) SÁBADO (24) DOMINGO (25)
Estação Martinho da Vila, com Manecas Costa, Tito Paris, Riachão e Mart’nália
Nneka
Lauryn Hill
Naná Vasconcelos e Maracatus, com participação de Lura
Hugh Masekela
Missy Elliott
Gal Costa
Fatoumata Diawara
Santigold
Petrobras Novíssimos
Siba
Jupiter & Okwess International
Flávio Renegado
Emicida
Os Pilukas + Noite Dia + Francis Boy
Dona Onete e Dançarinos de Carimbó
Daúde
Sany Pitbull apresenta Black & White Soudsystem com Gerson King Combo e Igor Cavalera

Anteriormente, o festival estava programado para ocorrer em agosto deste ano.

Mais informações podem ser obtidas através do www.back2black.com.br.

Serviço

Festival Back2Black

Quando: 23 a 25 de novembro

Onde: Estação Leopoldina (Av Francisco Bicalho, s/nº – Santo Cristo)

Quanto:

1º LOTE Individual (1 dia): R$ 120,00 inteira / R$ 60,00 meia Combo (2 dias): R$ 220,00 inteira / R$ 110,00 meia           Combo (3 dias): R$ 300,00 inteira / R4 150,00 meia (Para os primeiros 1.000 ingressos)

2º LOTE Individual (1 dia): R$ 150,00 inteira / R$ 75,00 meia Combo (2 dias): R$ 260,00 inteira / R$ 130,00 meia Combo (3 dias): R$ 370,00 inteira / R$ 185,00 meia

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Rita Benneditto canta nos 400 anos de São Luís

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Num bate papo informal, na manhã de domingo, (16/9), no CroaSonho, na avenida Barata Ribeiro, em Copacabana, no Rio de Janeiro, a cantora Rita Benneditto disse estar feliz com o convite de participar neste sábado (22/9), do show de 400 anos de São Luís, neste idealizado pelo governo do Estado, na Lagoa da Jansen. Durante a conversa de aproximadamente 40 minutos com direito a um café da manhã, ela falou do processo de transição da nova identidade artística. Falou do sucesso do Tecnomacumba e garantiu não estar com pressa para lançar novo CD. Rita Benneditto vai estar na mesma noite, em que se apresenta a dupla renomada sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano. Rita definiu o encontro com o gênero sertanejo como extremamente interessante. “Eu vou cantar também para o público de Zezé Di Camargo e Luciano. “As pessoas terão a oportunidade de conviver com a diversidade existente na Música Brasileira Contemporânea “, ressaltou.

Na Mira – Você vive um momento de transição com a mudança da identidade artística para Rita Benneditto. O público já está familiarizado, reagindo com aceitação ao novo sobrenome ?

Rita Ribeiro – Eu acredito que o processo é um pouco lento. Não é assim tão instantaneo mudar um nome depois de mais de 20 anos de carreira. Não é fácil, não é banal. Isso requer toda uma reestruturação para mim e também para o meu público. O primeiro impacto da mudança foi extremamente positiva. Eu percebi que tenho um público fiel. Uma galera que já me acompanha há muitos anos. Tenho recebido várias manifestações de apoio por parte do público. De gente que fala que tanto faz ser Rita Ribeiro ou Rita Benneditto, o importante é o que eu faço, é a minha história com a música. Alguns comentam que gostaram da mudança. Outros acham estranho. Eu ainda não fiz um trabalho de divulgação a nível nacional por questões particulares. Mas eu gosto de dizer de cara que eu quis mudar o nome. Independente de mudar existiam fatos reais que me levaram a tomar essa decisão. Comecei a observar o surgimento de homônimos, de muitas pessoas públicas com o mesmo nome na minha área. Existe uma Rita Ribeiro escritora, além de uma cantora portuguesa com o mesmo nome, gerando alguns conflitos. Uma dessas Rita Ribeiro resolveu fazer o registro artístico impossibilitando todas as outras de usarem o nome. Percebendo que a energia do estica pra lá e puxa pra cá é desgastante resolvi mudar de nome. Foi uma decisão extremamente delicada. Mas embarquei. Me sinto acolhida e familiarizada com a nova identidade. Antes de qualquer decisão procurei um numerólogo.

Na Mira – E como a numerologia interferiu na mudança ?

Rita Ribeiro – Em lugar de entrar com um longo e, possivelmente, desgastante processo na justiça e já que sempre fui ligada ao sagrado – vide o sucesso do show Tecnomacumba– resolvi então atender aos sinais e mudar o meu nome artístico. Escolhi um sobrenome que é, ao mesmo tempo, uma homenagem ao meu pai, que se chamava Fausto Benedito Ribeiro; à minha terra natal, São Benedito do Rio Preto, cidade do Interior do Maranhão; e também por ser um nome abençoado. Pensei também em São Benedito, que é um santo padroeiro das festas populares no Maranhão, especialmente, o tambor de crioula. E mais, Benedito tem origem no latim, Benedictus, significa abençoado, louvado, consagrado. Eu sou uma artista que se relaciona profundamente com os mistérios da existência. Cantar, para mim, não é só um meio de sobrevivência ou uma questão de prazer e vaidade. É antes de tudo, me relacionar com o sagrado. Então, alguns fatos me levaram a concluir que o sagrado estava me sinalizando para a troca de nome. Eu consultei um numerólogo de minha confiança para chegar a uma melhor grafia para novo nome artístico, garantindo as melhores vibrações possíveis. Se pensou na fusão do feminino, Rita, com o masculino, Benedito. Isso é muito forte, imponente. E para me respaldar o numerólogo sugeriu que eu escrevesse o Benneditto com dois (N) e dois (T), pois teria um potencial maior de carisma, sucesso e de mídia espontânea. O nome já está registrado para nao ser surpreendida novamente. Estou feliz com a mudança.

Na Mira – São Luís festeja 400 anos. Não são quatro meses, nem quatro anos ou quarenta anos. São quatro séculos de existência. Como você traduz o convite para fazer parte da festa ?

Rita Ribeiro – Fiz questão de fazer parte da festa. O meu compromisso é com o povo do Maranhão. O povo ludovicense. Com a história da minha cidade. De acordo com a sua pergunta estamos comemorando 400 anos e não 40 anos. Uma história extremamente rica. São Luís é um patrimônio histórico mundial. Já foi chamada de Atenas Brasileira, por conta de sua tradição de poesia e cultura. Já teve o apogeu industrial no período da produção de algodão. Tem personalidades importantes na sua história, entre eles, Sousândrade, Ferreira Gullar, Aluísio Azevedo, os mestres Felipe e Leonardo, na cultura popular. Tem a tradição do povo negro representado pela Casas da Minas, Nagô e Fanti Ashanti. Temos os índios Tupinambás, Guajajara. São Luís foi a primeira cidade fundada por franceses e depois colonizada por portugueses e holandeses. Temos uma culinária e indumentárias muito ricas. Tudo nosso é muito rico. Eu faço questão de estar em São Luís reverenciando a cidade. Isso não impede para que eu feche os olhos para alguns desequilíbrios no campo social no Maranhão, especialmente, em São Luís. Nós temos consciência desses problemas, mas também devemos ter consciência da nossa capacidade de transformação. Nós temos que delegar a nós essa responsabilidade acima de tudo. Eu penso assim. Sou uma artista, uma comunicadora. Eu acho que é uma responsabilidade minha estar em São Luís comunicando com o meu povo, comemorando com ele a mnha cidade. Se as pessoas estão lá é porque elas também tem consciência. Temos que equilibrar a balança das coisas. Não podemos deixar para trás tantos anos de história, simplesmente, porque o momento não seja mais adequado. Temos mais é que reverter isso a partir de nós mesmos e com festa.

Na Mira – Você poderia adiantar para o público o que está reservado em seu ‘set’ para o sábado, dia 22, na Lagoa da Jansen ?

Rita Ribeiro – Infelizmente só vou em São Luís anualmente. Fui na festa dos 399 anos e retorno para festejar os 400. É pouco tempo para usufruir da minha cidade. É pouco tempo para estar em contato de maneira mais constante com o povo da minha terra. Eu acabei montando um repertório para esse show fazendo com que as pessoas possam escutar sucessos representativos na minha carreira, dos meus discos lançados, e que todo mundo gosta de cantar. Fazemos isso para continuar essa cumplicidade. Eu também estou levando um pouco do repertório do Tecnomacumba, que também são músicas populares, músicas conhecidas. Estou levando algumas novidades pontuais. Uma delas é uma Mina Gegê, de autoria de Josias Sobrinho, que fez pra mim e conta a história da Mina no Maranhão. O resto eu prefiro deixar para o momento no palco. Ah, irei acompanhada de um quarteto de baixo, guitarra, bateria e percussão. Faremos um show bem diverso e divertido.

Na Mira – A dupla sertaneja Zezé Di Camargo e Luciano dividirão à noite com você. Você já vivenciou uma experiência com a música sertaneja ? E o que você acha dessa diversidade imposta pela na atual conjuntura pela indústria cultural em que o ecletismo de estilos e gostos é a palavra de ordem.

Rita Ribeiro – Será uma experiência pioneira. Vai ser legal porque estarei em contato com o público de Zezé Di Camargo e Luciano. Quanto a gosto musical é uma coisa indiscutível. Eu não sou apaixonada, enloquecida pela música sertaneja. Não compro discos, não gosto dos timbres das vozes. Não canto música sertaneja. Mas eu gosto de algumas músicas de Zezé Di Camargo e Luciano, sem nenhuma demagogia. Eu respeito o trabalho deles, pois são profissionais da música brasileira que alçaram voo e tiveram o trabalho reconhecido no cenário da Música Popular Brasileira. Eles falam de amor, uma coisa que o brasileiro adora. Uma característica do brasileiro, principalmente, do grande público que gosta dessa abordagem de amor que os sertanejos tratam com muita particularidade e que deu muito certo. Não é a minha melhor música, mas eu tenho respeito pelo trabalho desses caras. Eles têm um talento, uma força. Isso será importante para mim pois nesse encontro vou estar também com um público que não é meu. As pessoas vão assistir Zezé Di Camargo e Luciano e vão assistir Rita Benneditto. Mas é bom que se diga: eu vou abrir o show de Zezé Di Camargo e Luciano. Eu sou do Maranhão. Eu sou de casa. Eu estou recebendo a dupla. Eu sou anfitriã de Zezé Di Camargo e Luciano (brinca) e ao mesmo tempo irei recepcioná-los logo em seguida. Eu acho isso muito interessante. É a diversidade. Cada um com a sua sonoridade. Eu e meu quarteto numa pegada mais rock´n´roll. Eu tenho uma tendência mais rock´n´roll na atitude do meu som. E depois todo aquele aparato de super banda com aquelas coisas que já estamos acostumados de ver. As pessoas vão conviver com um panorama diverso da música brasileira. Você gosta de sertanejo, você gosta de Música Popular Brasileira Contemporânea. Vai ser extremamente interessante.

Na Mira – Falando do Tecnomacumba. O público já se desapegou dele ou continua ávido pelo projeto ?

Rita Ribeiro – O Tecnomacumba é um projeto atemporal. Quando eu penso que as pessoas se desencantaram, elas ficam enloquecidas pelo projeto. Nem eu mais tenho uma explicação muito lógica para esse fenômeno. Mas acredito que o Tecnomacumba pegou na veia do povo brasileiro, porque ele mexe com o imaginário, a memória cultural e afetiva do povo brasileiro. Há um hiato, um vazio nesse contexto. Quem hoje no Brasil faz música com essa temática tão escancarada quanto eu ? Eu chamo o Tecnomacumba de um manifesto de brasilidade. Uma intervenção cultural que trouxe à tona a herança da religião africana para a música brasileira. Eu digo que a música brasileira deve muito a religiosidade africana. Por isso, me respaldei de compositores que bebem nessa fonte como Toninho e Romildo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Benjor, Nei Lopes, Arlindo Cruz, Clara Nunes, Maria Bethânia. E mais, esse projeto deu certo porque foi concebido no Rio de Janeiro. O povo carioca é extremamente religioso e ‘linkado’ com a religião de matriz africana. No Rio, São Jorge é um Deus. Macumba aqui é mais forte do que na Bahia. Não estou preocupada em fazer disco para público religioso. Não faço apologia a religião. Mas deixo bem claro que tenho como matriz a religiosidade africana. Enfim, o que fiz com o Tecnomacumba é uma representação da cultura popular brasileira, principalmente, a nordestina em formato de show, disco e DVD, em que a entidade principal é a deusa música. Ela consegue transcender qualquer tipo de preconceito. A música se faz presente de maneira absoluta. Eu aproveitei [ela] a música para difundir ao povo brasileiro a herança cultural africana que, de repente, ficou debaixo do tapete. Eu consegui elevar o nome dessa cultura a nível de mitologia. Há 9 anos faço o show do projeto sem parar. Sei que ainda tem muita gente que associa o Tecnomacumba de forma pejorativa. Modéstia à parte, eu tenho feito um grande serviço à música brasileira apresentando mantras maravilhosos construídos pelo povo negro. Me sinto feliz e realizada com o Tecnomacumba.

Na Mira – Mesmo com o sucesso do Tecnomacumba e do que ele representa em sua trajetória artística, o público, a crítica, cobra um novo disco seu. Isso é normal nesse mercado da música ?

Rita Ribeiro – Eu também acho que preciso de apresentar um novo disco. Agora, sou uma cantora independente desde 2003. Ser independente não é fácil. Às vezes eu questiono essa forma de cobrança do mercado e do público que exigem do artista que ele grave um disco por ano. Vejo Marisa Monte. Ela passa seis anos sem gravar e todo mundo acha ‘cult’. Que bom que ela pode passar todo esse período da vida dela reelaborando o que ela quer mostrar dentro da sua linhagem musical, no jeito Marisa Monte de fazer as coisas. Bom, eu lancei em 2009, o Tecnomacumba em CD e DVD. Estou em fase de pré-produção do novo disco, a príncipio, vai se chamar ‘Encanto’.  Ele está sendo estruturado. Vou esperar um pouco mais para explicar sobre esse projeto. Uma outra coisa que me preocupa no fato de ser independente é que saímos do patronismo das gravadores e passamos a ser reféns dos editais. Estamos com a lei Rouanet que nós dá uma carta de anuência para que possamos viabilizar os projetos. Portanto, ficamos a mercê desses editais. Não é um papo rançoso, pois não parei de trabalhar. O Tecnomacumba está aí resistindo ao tempo como uma peça de teatro que tem longa vida em cartaz. È preciso rever esse tipo de pensamento e perceber que a música pode seguir a mesma trilha do teatro nesse sentido. Quanto ao meu trabalho é de formiguinha, construído de degrau em degrau. O público que está comigo é porque gosta do que faço.

Na Mira – São Luís agora é quatrocentona. Daqui pra frente é chegada a hora da serpente acordar de vez ?

Rita Ribeiro – Eu acho que sim. Temos que ter um pensamento diferente dessa serpente. Todo mundo diz que a cabeça está na Fonte do Ribeirão. Á Fonte do Ribeirão é uma fonte de água. E quando se fala em uma fonte não se fala em ciclos, se fala em fluxos. Se está dormindo debaixo de nós e se acordarmos ela iremos abaixo. Temos que mudar esse pensamento. Eu sei que a serpente tem vários cultos. Para os cultos africanos ela tem uma força positiva muito grande. A serpente dourada nos rituais pagãs, os da Mina Gegê, que se chama Dan, é muito poderosa, e deu origem a Daomé [como diz o samba enredo da Flor do Samba]. O maranhense, o ludovicense tem total consciência disso. A gente não pode pensar nessa serpente parada, sem ação, esperando qualquer vacilo nosso para afundar com a nossa ilha. Se a gente pensar num movimento ascendente de evolução, de mudança, de transformação, essa serpente passa a ser a nossa parceira. E passa a vibrar positivamente na nossa cabeça, no nosso pensamento, na nossa história. Não sei se é uma viagem cósmica (rsrsrs), mas se pensarmos contra o contrário, o negativo de que vamos afundar, teremos um espiral de crescimento. Eu trago a minha terra comigo para qualquer lugar que eu vou. Eu tenho orgulho de ser maranhense, de ser criada em São Luís, orgulho do meu povo. E quero pensar que esse povo seja capaz de fazer uma grande transformação necessária para nossa história, para que a gente possa comemorar mais 400 anos de maneira mais consciente e evolutiva.

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