Salgado Maranhão: o dono do Rio e da poesia

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Foi uma grande noite da palavra: da grande diversidade da palavra – falada, escrita e cantada, regada a bons papos, gurus descontraídos de muitas tribos, mulheres bonitas e o discreto e envenenado glamour carioca.

No centro da epifania, coube ao poeta Salgado Maranhão ser o catalizador da festa da poesia realizada na noite quarta-feira, 9 de junho, no Espaço Cultural Finep, debruçado sobre a praia do Flamengo no Rio de Janeiro. Apesar da discreta ressaca, lá fora, o mar era só poesia.

Salgado autografava “A Cor da Palavra”, reunião de seus sete livros de poemas, em caprichada edição da Imago Editora / Biblioteca Nacional.

Vestindo um blazer de veludo azul, anfitrionava convidados e amigos em noite badalada que incluiu exposição iconográfica (produção do poeta Carlos Dimuro) sobre o autor e a obra, com direito a canja declamatória de Elba Ramalho e Zézé Motta, que leram alguns poemas seus, e performances musicais dos cantores Ronaldo Motta, Bia Mello, Patrícia Mellodi e Mariana Baltar, já que coabitam em sua lírica o poeta e o letrista, multiplicando sons e parcerias. Ave, palavra!

Concorrido, o metro quadrado do espaço, fervilhava em densidade literária e artística. Notavam-se dentre muitos os poetas Ferreira Gullar (com Claudia Ahimsa), Carlos Nejar (com Elsa), Ivan Junqueira (com Cecília Costa), Antônio Carlos Secchin, Geraldo Carneiro, o romancista Antônio Torres, o ensaísta Silviano Santiago e o filósofo Muniz Sodré, presidente da Biblioteca Nacional.

O poeta Luiz Augusto Cassas no meio do evento, foi seduzido pelo editor Eduardo Salomão, e saíram para jantar enquanto o poeta Antônio Cícero adentrava o recinto e lá ficou até o fim da festa. Múltiplas gerações se revezavam, como mestre da Bossa Nova João Donato, o jornalista Ricardo Cravo Albin, Antônio Carlos Miguel e, ainda, as cantoras Flávia Bittencourt (residindo no Rio), que foi muito aplaudida em sua apresentação.

Precedido de ampla divulgação na imprensa carioca o acontecimento literário e cultural, revelou a capacidade de mobilização e de reconhecimento de Salgado Maranhão.

Exibindo tríplice nacionalidade lírica e civil: a maranhense, a piauiense e a carioca, já que nasceu em Caxias onde permaneceu até seus quinze anos, estudou em Teresina até aos vinte, vindo a fixar-se definitivamente no Rio em meados da década de setenta. Sua poesia é atravessada por um sopro de beleza e esperança, cuja voz poderosa e solidária abre-se à celebração e à dor dos tempos.

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