Sinal vermelho para o diabetes

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Uma revolução no tratamento do diabetes tipo 1 está em curso. Apesar de os médicos evitarem usar a palavra cura, não escondem o entusiasmo com os resultados de uma pesquisa desenvolvida pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP). O tratamento em teste usa células-tronco, é arriscado, mas alcançou uma façanha inédita. Entre os 23 pacientes submetidos a terapia, em 2004, 10 interromperam as injeções de insulina que precisavam se aplicar pelo menos três vezes por dia. Outros 10 pacientes não conseguiram abandonar as aplicações, mas tomam hoje apenas um dose diária. Em apenas três, a doença não regrediu.

– É a primeira vez que se consegue fazer com que pacientes parem de tomar insulina – diz o endocrinologista Carlos Eduardo Couri, um dos autores do estudo.

A nova terapia, ainda em caráter experimental, anima quem sofre da enfermidade. Sobretudo as pessoas que lutam para manter os níveis de glicose sob controle e não sofrer as consequências da doença enquanto a terapia não é incluída no rol de tratamentos disponíveis.

– É um trabalho comentado, discutido e aplaudido no mundo todo. Mas são necessários cuidados especiais com o paciente, que tem seu sistema imunológico “apagado” – alerta um endocrinologista amigo deste blog e que está antenado com os primeiros resultados da pesquisa.

Com o uso de células-tronco, os médicos da USP conseguiram deter o avanço do diabetes tipo 1 reprogramando o sistema imune do paciente. Nos portadores da enfermidade, por uma razão ainda desconhecida, as defesas do organismo enxergam o pâncreas como um inimigo e impedem que o órgão produza insulina da forma correta. Para acabar com esse ataque do próprio organismo, seria preciso consertar o mau funcionamento do sistema imunológico. O que se conseguiu até agora foi exatamente isso.

Na terapia, as células-tronco são retiradas da medula óssea do paciente e congeladas em seguida. Duas semanas depois, inicia-se o processo mais complicado: sessões de quimioterapia, iguais às usadas para combater o câncer, reduzem a atividade do sistema imune.

Quando as defesas estão quase a zero, as células são reinjetadas. De volta ao organismo, recriam o sistema imunológico, que passa a funcionar da maneira certa.

– É o mesmo raciocínio que se tem quando o computador dá problema. O que se faz? Desligamos e ligamos de novo. Desligamos o sistema imune com a quimioterapia e o ligamos com as células-tronco – explica Couri.

Até o momento, o modo mais eficaz para tratar o diabetes tipo 1 é ensinar seus portadores a controlar os níveis de glicose no sangue. É graças a isso que os pacientes atendidos no ICD conseguem fazer o que era considerado impossível: correr. Um dos grupos treina toda semana para maratonas. Essa já é uma vitória concreta.

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