Violência, bem-estar e saúde mental!

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O Anuário Brasileiro de Segurança Pública em sua 10º versão / 2015, anunciado essa semana, traz números impressionantes e assustadores sobre a violência em nosso pais. Na realidade o documento é de fácil constatação. Vive-se em franca guerra civil, onde o estado, as organizações criminosas, a sociedade como um todo, estão ás volta com isso, sem se saber bem qual a responsabilidade de cada um desses limites, em um cenário de crime e guerra.
Eu, algumas vezes, publiquei aqui artigos sobre a violência, e, nesses, destacava dois aspectos relevantes: de um lado, a violência como consequência direta das profundas desagregações psicológicas e comportamentais, da ética, da política, do social, do econômico por que vem passando o mundo e o homem contemporâneo. Do outro lado, dizia, também, que se corria um grande risco de incorporarmos as práticas violentas em nossa cultura, devido a frequência com ela acontece e pela imobilidade e passividade que já demonstramos existir, diante de tantos acontecimentos que nós não pudéssemos altera-los.
Isto é, é tão frequente, a prática da violência na sociedade atual, que isso contribuiria para a formação de uma cultura da violência literalmente incorporada as pessoas que dela fazem parte. Essas práticas, por serem tão frequentes e volumosas iriam, de forma lenta e insidiosa, se incorporando dentro de cada um, ao ponto de cada sujeito se conformar com ele a organizar seu “modo vivende” inspirados na violência. Eis a sociedade, medrosa, insegura, amedrontada e ansiosa, e o pior inconformada/conformada, por não saber mais o que fazer para se livrar desse tremendo problema.
Uma sociedade entrincheirada, organizada por medos e insegurança e, se defendo como pode, ante uma situação avassaladora e que não muda. E, não é só isso, há outras questões, de diferentes matizes, buscando enfrentamento do problema como os esforços do estado brasileiro, para enfrentar a situação, que nos dá a nítida impressão de falência ante aos arroubos da criminalidade e da violência do ponto de vista público. Eis a violência tomando conta de todos.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, como disse acima, confirma o “status quo” dessa situação. Em 2015, 58.383 pessoas morreram de forma violenta e intencional, o que representa um assassinato a cada 9 minutos, em nosso país, pouco menos que ano de 2014. Entre os policiais, um morre por dia, dos quais 103 estavam no expediente de trabalho. Sergipe é a cidade que lidera esse ranking, onde se verifica 01 assassinato para cada 100 mil pessoas, enquanto que a Cidade de São Paulo, é a que apresenta o menor número de mortes. Nos quatros últimos anos de guerra na Síria ocorreram mais de 256 mil mortes e no Brasil, 276 mil mortes violentas, portanto, mais mortes que em guerras. O que é lamentável!
Qual a expectativa, do ponto de vista da saúde mental, que se pode ter, diante de tanta violência e de tantos acontecimentos traumáticos? Como as pessoas poderiam funcionar para sentirem minimamente os efeitos deletérios de tanta criminalidade e violência? Sabe-se, que nossa saúde mental, é uma condição que está diretamente relacionada ao bem-estar das pessoas em todos os sentidos, ao seu bem-estar físico, a sua segurança, ao seu prazer, ao atendimento de suas necessidades vitais. Está relacionada ao seu crescimento saudável, a uma boa alimentação, a fé, ao carinho, ao amor e a solidariedade.
A Saúde mental, não se compra nem se vende, se adquire e se desenvolve. Saúde mental está em uma cidade limpa, bem cuidada, em um trânsito seguro, em boas práticas de amizade e de fraternidade. Está em uma sociedade justa e que tem valores éticos a serem praticados. E, é isso que encontramos na sociedade e no mundo moderno? Como poderemos ter saúde mental em um clima social conturbado, com tantas guerras, injustiças, contradições políticas, com tantas agressões á moralidade, com tanto desemprego, desassistência a saúde, especialmente aos mais pobres, com tantas mentiras, tantas corrupções e desalentos? Como podemos ter saúde mental diante tanto despudor, desonra, ameaças de todos os tipos e desmoralização na gestão pública, ou mesmo com tantas desavenças?
Afirmo-lhes, que não desfrutamos de nossa saúde mental. E isso se verifica no aumento da frequência com que surgem as doenças mentais na população atual. Não é, à toa, que a Psiquiatria, como especialidade médica, é hoje uma das especialidades mais relevantes e mais prestigiadas entre as coirmãs e uma das mais consultadas em todos os tempos, e isso se verifica entre crianças, adultos, adolescentes e idosos. O bem-estar das pessoas, a saúde mental e as doenças psiquiátricas, são os temas mais debatidos nos congressos internacionais, nacionais e locais. Os índices crescentes de depressões, que atingem mais de 7 milhões de pessoas no mundo, o stress pós-traumáticos, que em razão dessa violência desmedida já tem psiquiatras se especializando só no tratamento desses pacientes, a ansiedade generalizada, as fobias sociais, os distúrbios compulsivos, os distúrbios do sono, do apetite e os conflitos existenciais. Os índices alarmantes de consumo de álcool e outras drogas, as práticas de suicídio, que até 2025 se não forem implantadas políticas públicas eficientes, 1 milhão e 500 mil morrerão dessa forma, são condições que fazem pare desse cenário.
Enfim, há muitas outras condições, absolutamente desfavoráveis, nos dias atuais, que poderíamos citar para demonstrar o quão mal se encontra a saúde mental dos brasileiros e das pessoas no mundo atual. É preciso, que cada um de nós, dentro de nossa singularidade, promova, assegure e lute pelo nosso bem-estar individual e coletivo, que todos nós tenhamos um mínimo de responsabilidade para nos protegermos contra esse estado de coisas deploráveis, como a violência, corrupção e a criminalidade que está aí. É preciso que os governantes, entendam de uma vez por todas, que qualquer forma de governo, só se firma, se tiver em consonância com as pessoas, quanto aos seus direitos, sua saúde, sua segurança e com o seu bem bem-estar e que, tudo que venha ocorrer do contrária, nos prejudicará. Abaixo a violência e tudo mais que nos incomoda!

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