Manifesto aos cardiologistas

0comentário

MANIFESTO A CARDIOLOGIA BRASILEIRA

Rio de Janeiro, 05 de Julho de 2013

Prezados colegas Cardiologistas

Como é do conhecimento de todos, estamos vivendo um momento de instabilidade no seio da sociedade brasileira.

O gigante acordou e trouxe para as ruas todas as questões que inquietam a população como educação, transporte, desigualdade social, condições de moradia, saneamento básico, corrupção e dentre estes se destaca  a grave questão da  saúde pública no Brasil

O país nesta quarta-feira (03/07) foi palco de manifestações da classe médica brasileira em repúdio as medidas anunciadas pelo governo brasileiro. Todas capitais e a maioria das grandes cidades aderiram em forma de protesto contra as medidas com que o governo brasileiro tenta responder ao clamor das ruas, a uma tema que nunca quis resolver verdadeiramente.

O protesto nacional  da classe médica é contra a medida anunciada pela presidente Dilma Rousseff, de importar  milhares de médicos formados em escolas estrangeiras para atuar no Sistema Único de Saúde (SUS), sem a exigência da revalidação do diploma obtido no exterior, como prevê a legislação em vigor. Além da revalidação dos diplomas, a classe médica pede a implantação de um plano de carreira para os profissionais que atuam no SUS e mais investimentos a serem usados na saúde pública.

A posição adotada pelas instituições representativas da classe médica, AMB e CFM é bem clara. A de não ser contra a vinda de médicos de outros países ao Brasil, mas consideram condição inquestionável que estes profissionais devam se submeter aos testes estabelecidos pelo Revalida,  como a forma adequada de avaliar a sua qualificação profissional uma vez que é sabido que muitos destes médicos são oriundos de faculdades com currículos duvidosos e até falhos por não cobrirem uma carga horária desejável. O Revalida é um exame bem elaborado pelo Ministério da Educação e do qual apenas 10% dos profissionais ditos estrangeiros conseguem aprovação.

A posição da SBC como entidade que representa a cardiologia brasileira é de se juntar as ações coordenadas pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Médica Brasileira, abordando de forma séria, um programa de saúde para toda população brasileira. Reivindicando junto as autoridades do poder executivo soluções que não venham apenas  maquiar ou  fazer de conta com planos imediatistas e nem tão pouco tirar as oportunidades dos médicos brasileiros. Esses portadores de diplomas médicos obtidos em outros países vão colocar a qualidade da assistência à população em situação de risco e não garante a ampliação definitiva de acesso ao atendimento nas áreas de difícil provimento. Se médicos estrangeiros estão vindo ou é, porque não tem oportunidades em seus respectivos países ou não são capacitados para desenvolverem a profissão médica entre os seus pares, além de  desconhecerem a língua portuguesa.

A Sociedade Brasileira de Cardiologia, na pessoa do seu presidente, Jadelson Andrade, e toda sua diretoria tem assumido uma posição firme e pioneira dentre as sociedades de especialidades ao apoiar de forma irrestrita as ações que vêm sendo implementadas pelo CFM e AMB na luta que congrega toda classe médica do país, com o objetivo comum de alertar a sociedade brasileira dos riscos que esta proposta do Ministério da Saúde avalizada pela Presidência da República, trará a população e demover esta equivocada proposta  provavelmente de cunho ideológico e sem  qualquer estudo prévio demonstrado benefícios reais principalmente a população carente do nosso país.

Não queremos e não aceitaremos duas medicinas no Brasil, a do rico e a do pobre.

A população merece respeito e por conseguinte a honrada classe médica brasileira!

 

José Xavier de Melo Filho

Sociedade Brasileira de Cardiologia

Diretoria de Qualidade Assistencial

 

sem comentário »

Adesivos vão substituir agulhas nas vacinas

1comentário

Um adesivo que é colocado na pele para aplicar vacinas de forma barata e eficaz foi apresentado durante a conferência TEDGlobal em Edimburgo, na Escócia.

Substituir a agulha por um nanoadesivo pode transformar a prevenção de doenças mundo afora, disse o inventor da tecnologia, o pesquisador Mark Kendall, da University of Queensland, em Brisbane, Austrália. Segundo ele, o novo método abre caminho para vacinas de uso fácil para doenças como a malária, por exemplo.

Outros especialistas deram boas vindas à novidade, mas disseram que o método pode não ser apropriado para todos os pacientes.

A série de conferências TEDGlobal (a sigla inglesa TED quer dizer “Think, Exchange, Debate” ou “Pense, Troque, Debata”) é realizada anualmente em diferentes partes do mundo. Ela é financiada pela fundação privada sem fins lucrativos Sapling Foundation, que promove a circulação de grandes ideias pelo mundo.

1 comentário »

Desabastecimento de remédios

0comentário

Com o objetivo de minimizar o impacto do desabastecimento de remédios no país, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou, nesta terça-feira (25), o lançamento de uma consulta pública sobre o tema.

A ideia principal é garantir que os laboratórios produtores ou empresas importadoras avisem governo, médicos e pacientes sobre o desabastecimento das drogas com pelo menos seis meses de antecedência.

Na falta de um produto, segundo o texto aprovado, a empresa deve apresentar um cronograma para a normalização do abastecimento –no caso de a empresa voltar a comercializar a droga–e identificar no mercado um remédio substituto.

Nos casos em que a falta do medicamento tiver impacto em programas públicos de saúde ou não houver um substituto no mercado, caberá à Anvisa priorizar a análise do registros no Brasil de outras opções disponíveis no mercado internacional.

Segundo a agência, as regras atuais não são claras nesse sentido. A consulta pública deve ser publicada nos próximos dias e ficará aberta a contribuições por um mês.

Ao final da consulta e após aprovação pela diretoria da Anvisa, a nova regra sujeitará as empresas que descumprirem as normas a sanções previstas na lei sanitária, por exemplo multas.

sem comentário »

Uma boa leitura para Presidenta Dilma

0comentário

Escrito por Juliana Mynssen da Fonseca Cardoso*

Há alguns meses eu fiz um plantão em que chorei. Não contei à ninguém (é nada fácil compartilhar isso numa mídia social). Eu, cirurgiã-geral, “do trauma”, médica “chatinha”, preceptora “bruxa”, que carrego no carro o manual da equipe militar cirúrgica americana que atendia no Afeganistão, chorei.

Na frente da sala da sutura tinha um paciente idoso internado. Numa cadeira. Com o soro pendurado na parede num prego similiar aos que prendemos plantas (diga-se: samambaias). Ao seu lado, seu filho. Bem vestido. Com fala pausada, calmo e educado. Como eu. Como você. Como nós. Perguntava pela possibilidade de internação do seu pai numa maca, que estava há mais de um dia na cadeira. Ia desmaiar. Esperou, esperou, e toda vez que abria a portinha da sutura ele estava lá. Esperando. Como eu. Como você. Como nós. Teve um momento que ele desmoronou. Se ajoelhou no chão, começou a chorar, olhou para mim e disse “não é para mim, é para o meu pai, uma maca”. Como eu faria. Como você. Como nós.

Pensei “meudeusdocéu, com todos que passam aqui, justo eu… Nãoooo….. Porque se chorar eu choro, se falar do seu pai eu choro, se me der um desafio vou brigar com 5 até tirá-lo daqui”.

E saí, chorei, voltei, briguei e o coloquei numa maca retirada da ala feminina.

Já levei meu pai para fazer exame no meu HU. O endoscopista quando soube que era meu pai, disse “por que não me falou, levava no privado, Juliana!” Não precisamos, acredito nas pessoas que trabalham comigo. Que me ensinaram e ainda ensinam. Confio. Meu irmão precisou e o levei lá. Todos os nossos médicos são de hospitais públicos que conhecemos, e, se não os usamos mais, é porque as instituições públicas carecem. Carecem e padecem de leitos, aparelhos, materiais e medicamentos.

Uma vez fiz um risco cirúrgico e colhi sangue no meu hospital universitário. No consultório de um professor ele me pergunta: “e você confia?”.

“Se confio para os meus pacientes tenho que confiar para mim.”

Eu pratico a medicina. Ela pisa em mim alguns dias, me machuca, tira o sono, dá rugas, lágrimas, mas eu ainda acredito na medicina. Me faz melhor. Aprendo, cresço, me torna humana. Se tenho dívidas, pago-as assim. Faço porque acredito.

Nesses últimos dias de protestos nas ruas e nas mídias brigamos por um país melhor. Menos corrupto. Transparente. Menos populista. Com mais qualidade. Com mais macas. Com hospitais melhores, mais equipamentos e que não faltem medicamentos. Um SUS melhor.

Briguei pelo filho do paciente ajoelhado. Por todos os meus pacientes. Por mim. Por você. Por nós. O SUS é nosso. Não tenho palavras para descrever o que penso da “Presidenta” Dilma. (Uma figura que se proclama “a presidenta” já não merece minha atenção).

Mas hoje, por mim, por você, pelo meu paciente na cadeira, eu a ouvi.

A ouvi dizendo que escutou “o povo democrático brasileiro”. Que escutou que queremos educação, saúde e segurança de qualidades. “Qualidade”… Ela disse.

E disse que importará médicos para melhorar a saúde do Brasil….

Para melhorar a qualidade….?

Sra “presidenta”, eu sou uma médica de qualidade. Meus pais são médicos de qualidade. Meus professores são médicos de qualidade. Meus amigos de faculdade. Meus colegas de plantão. O médico brasileiro é de qualidade.

Os seus hospitais é que não são. O seu SUS é que não tem qualidade. O seu governo é que não tem qualidade.

O dia em que a Sra “presidenta” abrir uma ficha numa UPA, for internada num Hospital Estadual, pegar um remédio na fila do SUS e falar que isso é de qualidade, aí conversaremos.

Não cuspa na minha cara, não pise no meu diploma. Não me culpe da sua incompetência.

Somos quase 400mil, não nos ofenda. Estou amanhã de plantão, abra uma ficha, eu te atendo. Não demora, não.

Não faltam médicos, mas não garanto que tenha onde sentar. Afinal, a cadeira é prioridade dos internados.

Hoje, eu chorei de novo.

* É cirurgiã geral no Hospital Estadual Azevedo Lima, no Rio de Janeiro (CRM-RJ 822370).

sem comentário »
https://www.blogsoestado.com/xavierdemelo/wp-admin/
Twitter Facebook RSS