O corpo: antigo e novos valores

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Os brasileiros são naturalmente vaidosos, o que é alimentado pelo típico clima, que torna o corpo mais exposto. O nosso evento cultural mais conhecido é nada menos do que o Carnaval mais famoso do mundo, em que, durante uma semana, desfilam milhares de corpos dançantes.

Estamos longe da época em que as antigas mídias impressas e televisivas, quando desejaram focar o corpo, associavam-no ao glamour, dando atenção apenas aos artistas, às misses, além de as nossas modelos mais reconhecidas.

Há centenas de luas, nascia-se com um corpo e ele nos servia sem nos dar muito trabalho. Isso mudou, pois as pessoas descobriram que podem “comprar” um novo corpo, parte dele por procedimentos cirúrgicos e cosméticos ou construído por meio da atividade física. A mulher é mais vinculada à busca da beleza, mas já é comum perceber número crescente de homens interessados em definir maior número de grupos musculares ou a implantar silicone. O novo corpo, moldado ao gosto da pessoa, exige constante investimento de tempo e dinheiro, mais do que seria despendido objetivando a saúde, e que as pessoas passaram a incluir em seu orçamento.

Na aldeia global, há a cultura da imagem. O Facebook é um exemplo. Contudo, em algumas regiões do mundo não existe o culto ao corpo ou ele é composto por diferentes particularidades.

Sabemos ser as nádegas a paixão nacional dos homens. Mas, na última década, na opinião popular, a mulher “gostosa” se tornou aquela com duas grandes curvas, para trás (glúteos fartos) e para frente (seios grandes).

Quando um “reality show” é assistido por milhões durante alguns meses, estando na vida dos brasileiros por mais de uma década e pensando que a maioria dos integrantes tem um corpo montado/esculpido, é comum surgirem oportunidades financeiras. A novidade é que isso é extensivo também aos homens.

O público é influenciado? Se antes as meninas desejavam tornar-se “top models”, hoje também é sonho de muitos homens e mulheres entrar num “reality show”. Não é raro o corpo sofrer um “upgrade”, se esse for o objetivo. A grande diferença é quanto ao modo de exibir o corpo, o do homem é aceito apenas em nudez parcial, diferente do da mulher.

A roupa no Brasil, fora do ambiente profissional, transformou-se num artefato para desenhar e exibir o corpo, o que passou a valer também para os homens jovens, que, nos últimos anos, aderiram às camisas justas.

A facilidade contemporânea de sucesso instantâneo abriu as portas para as “mulheres-fruta”, uma overdose do gosto brasileiro. Longe da antiga fascinação associada aos corpos belos ou sexies, por meio do reforço das novas várias mídias, surgiu a segunda grande associação, o “corpo como capital”, que atualmente inclui os homens. Coisas do Brasil.

Artigo da Dra Jaqueline Brendler. Médica e Sexóloga. Porto Alegre-RS.

 

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