MARANHENSES NA REVOLUÇÃO DE 1932

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Dois anos depois da vitória do movimento conhecido por Revolução de 30, cujo objetivo era promover reformas políticas, econômicas e sociais na vida brasileira, segmentos militares e políticos de São Paulo, decidiram se levantar contra o Governo Provisório. Os paulistas achavam que o presidente Getúlio Vargas não cumpria os compromissos de realizar as reformas e convocar a Assembléia Nacional Constituinte.
No dia 9 de julho de 1932, as forças militares juntam-se aos segmentos políticos, populares e empresariais, com vistas à deflagração da Revolução Constitucionalista, com o reforço de setores militares de Mato Grosso, sob o comando do general Bertoldo Klinger.
Para sufocar os revolucionários paulistas, cujo alvo era a deposição de Getúlio, este, sustentado pelos interventores estaduais, reage e requisita as forças federais para as operações de combate aos sediciosos.
Quando estoura a Revolução Constitucionalista, governava o Maranhão o interventor federal, Lourival Seroa da Mota, por sinal capitão do Exército. As primeiras notícias chegadas a São Luís, sobre o movimento irrompido em São Paulo, despertaram pouca atenção da opinião pública. A esse respeito, em 22 de julho, a “Folha do Povo”, de Tarquínio Lopes Filho, dizia que “outra coisa não era de se esperar da parte do povo maranhense, que jamais se deixaria levar pelos arreganhos dessa camarilha, nociva ao ambiente construtiva da hora presente”. Da parte do governo, por medida de precaução, o chefe de Polícia, major Manoel Aurélio Nogueira, proíbe, a partir das 11 horas da noite, o ajuntamento de populares nas ruas e a divulgação de boatos alarmantes.
No final do mês de julho, chega do Ministério da Guerra ordem para o que as tropas do 24º Batalhão de Caçadores, que já estavam de prontidão, partam para o campo da luta. No dia 2 de agosto, a bordo do vapor”Duque de Caxias”, os primeiros contingentes do 24º BC, comandadas pelo major Isidro Caldas,embarcam, sob os aplausos da população. Depois de dez dias de viagem, as tropas desembarcam no Rio de Janeiro, seguindo para Paranaguá. Com a ida desses maranhenses para o “front da guerra”, assim era chamada pela imprensa, a população passa a ter um interesse maior com o que acontecia no sul do país. A indiferença vira expectativa, até porque os jornais locais passaram a se posicionar contra os paulistas.
Nesse cenário de mobilização da sociedade para a causa do governo, a Força Pública do Maranhão, cujo comandante era o tenente-coronel Ciro Paes Leme, recebe orientação do interventor para intensificar o treinamento de seus subordinados. A mobilização militar obteve tamanha repercussão que voluntários da capital e do interior se apresentam e são submetidos à rigorosa inspeção médica. Cerca de mil homens recebem instruções militares, pois a qualquer momento poderiam viajar para a luta.
Mesmo enfrentando deficiência de armas e uniformes, no dia 17 de agosto, quatro pelotões com 142 soldados, deixam o quartel da Força Pública. Após o desfile pelas ruas da cidade, embarcam sob o comando do tenente Herbert Ferreira e dos reservistas Vicente Amaral e Galvão Álvares Ferreira.
No mês de setembro, embora as forças federais tivessem dominando as operações de combate aos revoltosos, mais reforços militares do 24º BC e da Força Pública saem de São Luis com destino ao “front da guerra”.
Pelo vapor “Comandante Ripper”, no dia 5, viajam 200 voluntários, sob o comando do tenente do Exército, João Gomes Tinoco. No dia 9, a bordo do vapor, “Paconé”, segue mais um pelotão da Força Pública, a maioria recrutas e com pouca instrução militar, comandado pelo tenente reformado, Raimundo Sousa Braga. A 27, pelo vapor “Santarém”, mais 50 homens da Força Pública, sob o comando do tenente Weber da Costa.
Os oficiais, soldados e voluntários maranhenses lutaram em várias frentes, mas os homens do 24º BC ficaram distanciados dos contingentes da Força Pública. Quanto às informações sobre os combates, poucas chegavam ao conhecimento da opinião pública. Pelo que se sabe, lutaram contra os paulistas em Chapadão, Ribeirópolis, onde dois soldados sofreram ferimentos e um morreu; em Faxina, um ferido, e, em Passa Quatro, poucas baixas. Como se costuma dizer, entre mortos e feridos, todos se salvaram.
Depois de 55 dias de intensa refrega militar, em 2 de outubro de 1932, os rebelados paulistas renderam-se. O interventor Seroa da Mota recebe do ministro da Guerra, general Espírito Santo Cardoso, fartos elogios pela atuação do 24º BC e da Força Pública. Os combatentes maranhenses só começam chegar a São Luís em 2 de novembro. O grosso da tropa, contudo, veio pelo vapor “Campos Sales”, sob o comando do tenente José Paes Amorim, sendo recebido, com aplausos e vibração, pela população.

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