OS GOVERNADORES E O SENADO

0comentário

Ao longo do governo imperial, os políticos que conquistavam o cargo de senador exerciam-no de modo vitalício. Com a Proclamação da República, os senadores vitalícios deixaram de existir e os mandatos passaram a ser de oito anos, sendo três os representantes por estado, eleitos pelo sufrágio universal direto e secreto.

Mesmo não sendo norma constitucional, virou tradição no país, mercê do fecundo poder imaginativo dos políticos brasileiros, os governadores serem premiados com cargos no Senado da República.

No Maranhão, no período da Velha República, de 1889 a 1930, Benedito Leite, o grande nome da política maranhense, que brilhou no começo da República, foi o único que fez este caminho em sentido inverso: primeiro foi senador e depois governador (1906 a 1910), mas sem cumprir o mandato integralmente, pois faleceu em 1908, vítima de grave enfermidade em Paris.

Depois de Benedito Leite, o almirante Manuel Inácio Belfort Vieira, nomeado várias vezes governador, nos primórdios do regime republicano, chegou Senado e exerceu o mandato de 1908 a 1909.

Outro político maranhense, que se tornou figura de realce no cenário nacional, Urbano Santos, a ponto de ser ministro da Justiça, vice- presidente da República, e duas vezes governador, representou o Maranhão no Senado no período de 1906 a 1914.

Alexandre Colares Moreira Junior, presidente da Câmara, prefeito de São Luis, governador de 1902 a 1906, elegeu-se senador em 1909, na vaga de Gomes de Castro, que falecera. Renunciou ao mandato em 1910.

Godofredo Viana, deputado federal e governador de 1922 a 1926, ao deixar o governo foi para o Senado, mas teve o mandato interrompido pela Revolução de 1930.

José Maria Magalhães de Almeida, substituto do governador Godofredo Viana, também se elegeu senador. Seu mandato foi extinto pela Revolução de outubro de 1930.

O vice-governador Antônio Brício Araújo, irmão de Urbano Santos, ocupou interinamente o governo, ganhou o cargo de senador, mas renunciou para possibilitar a eleição do comandante Magalhães de Almeida.

Com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas instalou um regime ditatorial, com a duração de 15 anos, tempo em que o país ficou sem Poder Legislativo. Após a restauração da democracia em 1945, o Brasil voltou a contar com os três poderes constitucionais.

Nessa nova fase institucional do país, o primeiro governador a ser eleito para representar o Estado no Senado da República, foi Sebastião Archer da Silva. O Maranhão, sob o domínio do vitorinismo e a égide do PSD, deu ao industrial de Codó dois mandatos de senador: de 1954 a 1962 e de 1963 a 1971.

Depois de Archer da Silva, o governador que o sucedeu, Eugênio Barros, também se elegeu senador. Cumpriu o mandato de 1959 a 1967. Nas eleições de 1966, já na era sarneísta, tentou a reeleição ao Senado, mas sem sucesso. Perdeu para o deputado Clodomir Millet.

Ainda na fase vitorinista, depois de Eugênio Barros, assumiram o governo Matos Carvalho e Newton Bello. Por cumprirem o mandato até o final do exercício, não se candidataram ao Senado.

O governador que sucedeu a Newton Bello, José Sarney, renunciou ao governo para ser candidato a senador em outubro de 1970.  Pelo Maranhão, Sarney cumpriu dois mandatos no Senado. No exercício do segundo mandato, candidatou-se a vice-presidente da República, vindo a assumir a Presidência após a morte de Tancredo Neves, em 21 de abril de 1985.

Com a deposição do presidente João Goulart, em março de 1964, os militares assumem ao poder e introduzem uma série de atos institucionais, com vistas à instalação no país de um regime ditatorial. O AI-3, baixado a 5 de fevereiro de 1963, determina que as eleições seriam  indiretas e os governadores eleitos pela maioria dos membros das assembléias legislativas dos estados.

Dos três governadores, eleitos por via indireta, Pedro Neiva de Santana, Nunes Freire e João Castelo, só o último candidatou-se a senador, elegendo-se para o mandato de 1983 a 1991.

Na volta das eleições diretas de governadores, dentro do processo da distensão lenta e gradual do regime militar, Luiz Rocha elege-se em 1982 pelo PDS, mas como fica no governo até o fim do mandato, desiste da candidatura ao Senado.

Quem o sucede é o ex-prefeito de São Luis, Epitácio Cafeteira. Em 1986, é eleito governador pelo PMDB, com o apoio de José Sarney. Cafeteira renuncia ao governo em 1990, candidata-se a senador e elege-se para o mandato de 1991 a 1999. O sucessor de Cafeteira, o vice, João Alberto, nas eleições majoritárias de 1998, disputa o cargo de senador, ganha e exerce o mandato de 1999 a 2007.

No pleito de 1990, Edison Lobão elege-se governador, mas em 1994 afasta-se do governo e se elege ao Senado.  Para o lugar de Lobão, Roseana Sarney é eleita governadora em 1994 e reeleita em 1998. Em 2002, desincompatibiliza-se do cargo e elege-se senadora para o mandato de 2003 a 2010, mas renuncia em 2009 para assumir novamente o cargo de governadora, face à cassação do mandato de Jackson Lago.

O ex-governador José Reinaldo Tavares disputa em 2010 as eleições para o Senado, mas foi derrotado.

Este ano, como a governadora Roseana Sarney desistiu de concorrer ao Senado, disputam o cargo de senador os candidatos Gastão Vieira e Roberto Rocha, sem que tenham governado o Maranhão. Estou absolutamente convicto de que o vitorioso é Gastão Vieira, o melhor quadro político que temos atualmente no estado.  Não sou profeta, mas Gastão seguirá os passos de Benedito Leite: antes de ser governador, elegeu-se senador. Como dizia Líster Caldas: Quem viver verá.

Sem comentário para "OS GOVERNADORES E O SENADO"


deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS