LOBÃO PAI, LOBÃO FILHO

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O senador Lobão Filho concorreu às eleições de governador do Maranhão em situação quase idêntica à do pai, Edison Lobão, em outubro de 1990.

Naquelas eleições, o candidato que o grupo Sarney preparava para substituir o governador Epitácio Cafeteira, cujo mandato se encerraria a 15 de março de 1991, era o deputado Sarney Filho.

Cafeteira, enquanto governador assumiu com o então presidente da República, José Sarney, o compromisso de fazer de Sarney Filho o seu sucessor no Palácio dos Leões.

À medida, contudo, que as eleições foram se aproximando e o mandato de José Sarney no comando da Nação chegando ao término, Cafeteira, do alto de sua traquinagem, passou a fazer corpo mole e a sabotar a candidatura de Sarney Filho à sua sucessão.

Diante da deslealdade de Cafeteira, a alternativa encontrada pelo grupo Sarney, para apresentar ao eleitorado um candidato palatável, bom de voto, bem relacionado no meio político e com fortes bases eleitorais, só havia um: o senador Edison Lobão.

Com a campanha eleitoral já em andamento, o senador Lobão, assim como o seu filho, em 2014, foi convocado para a luta e sem pestanejar entrou nela de corpo e alma.

Em 1990, o candidato das Oposições era João Castelo, a quem Cafeteira passou a apoiar intransigentemente. Quando Lobão entrou em campo, Castelo, tal como Flávio Dino, em 2014, já estava em plena campanha eleitoral e com o nome bem divulgado nas cidades e entre as lideranças municipais.

Edison Lobão, igualmente o filho, mesmo correndo contra o tempo, entrou na disputa de governador prá valer. Mas tamanho esforço não foi suficiente para deter Castelo, que fazendo uma campanha melhor e mais organizada do ponto de vista de marketing, deu um banho de votos no candidato sarneísta, ganhou o primeiro turno, mas sem obter a maioria absoluta da votação, mercê do desempenho da ex-prefeita Conceição Andrade, que, também, participou do pleito pelo PDT.

Para Edison Lobão enfrentar Castelo no segundo turno, façanha que o filho não conseguiu nas eleições contra Flávio Dino, o grupo Sarney preparou-se para dar o troco no opositor. Para isso, reformularam-se as estratégias, alteraram-se os planos, aprimoraram-se os objetivos e contrataram-se novos marqueteiros, pois, no primeiro turno, os erros cometidos foram terríveis.

Vejamos algumas ações executadas no segundo turno, que levaram o candidato do PFL, Edison Lobão, a dar a volta por cima e impor uma avassaladora vitória sobre Castelo.

1)    A participação decisiva do governador João Alberto, que se embrenhou na luta destemidamente, reconquistando aliados que votaram em Castelo no primeiro turno. Além de atrair prefeitos e vereadores, obteve a adesão de Conceição Andrade e de setores sindicais, estudantis, patronais e religiosos que nela votaram. De grande valia para Lobão foi também a atuação do governador no combate ao crime organizado e na construção de obras em São Luis, como a Vala da Macaúba, a drenagem do Sítio do Meio e a legalização de lotes na periferia.

2)    A presença do senador José Sarney, que não participou do primeiro turno porque estava no Amapá, onde cuidava de sua eleição ao Senado. Bom estrategista e sem ninguém a impedi-lo de viajar para o interior, marcou presença nos palanques, comícios, passeatas e carreatas nas principais cidades, onde Lobão havia perdido. O reencontro com as multidões deu alma nova à campanha. Muito atacado por Castelo, Sarney, como vítima, aguçou o sentimento popular e drenou-o para o candidato que apoiava.

3)    Cafeteira, no primeiro turno, deu boa contribuição à votação de Castelo, em São Luis. No segundo turno, porém, apagou-se, mormente depois que um vídeo foi mostrado na televisão em que, com a sua proverbial ironia, criticava o governo de Castelo e dizia enfaticamente: “Castelo, nunca mais”. Depois disso, sumiu dos programas eleitorais.

4)    Como as pesquisas mostravam a vitória de Castelo no primeiro turno, o empresariado fugiu de Lobão. No segundo turno, as mudanças na campanha do candidato sarneísta, modificaram o quadro político e levaram os empresários a abandonar Castelo e apoiar Lobão.

5)    Os marqueteiros de Castelo deram um show no primeiro turno, mas foram infelizes no segundo. Trouxeram do Rio de Janeiro, o ator Lima Duarte, que se apresentando como Zeca Diabo, agredia feroz e diariamente o senador José Sarney nos programas eleitorais. Resultado: a repercussão disso foi péssima, pois Sarney não era candidato a qualquer cargo eletivo. Sem ser molestado, Lobão ficou livre para cuidar de sua campanha.

6)    Uma carreata imensa e vibrante saiu de São Luis com destino a Timon, entrando nas cidades ao longo da BR-135. Nelas, Sarney e Lobão faziam comícios e visitavam os chefes políticos. Durante três dias, a carreata, com banda de música, foguetório, bandeiras e cartazes promocionais, por onde passou gerou expectativa de vitória.

 

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