O MARANHENSE QUE VIROU NOME NACIONAL

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José Ribamar Franklin da Costa nasceu em São Luis a 12 de março de 1916. Se não tivesse falecido a 6 de junho de 2000, no Rio de Janeiro, onde morava, teria completado ontem 100 anos.

Diante dessa triste realidade, resta cultuarmos a sua memória, considerando que em vida foi um homem que marcou época e projetou-se no cenário nacional como renomado escritor, cronista, jornalista, crítico literário, dono, portanto, de vasta e rica bibliografia.

José Ribamar, em 1938, com 22 anos, troca São Luis pelo Rio de Janeiro, para dar continuidade à carreira jornalística forjada nos jornais maranhenses Tribuna, O Imparcial, Folha do Povo, Diário do Norte e Diário da Tarde, todos carimbados como o selo da política.

Na cidade em que nasceu, também, participou de atividades culturais como membro do Cenáculo Graça Aranha. Nessa época, conheceu Reis Perdigão, que exerceu forte influência na sua vida de jornalista e na militância política, como ativista do Partido Radical Socialista.

Na Cidade Maravilhosa não encontrou dificuldade para empregar-se. Ingressou no jornal A Notícia, como redator, aprovado no teste em que mostrou intimidade com as letras e acentuada cultura humanística.

Mas foi no semanário literário Dom Casmurro, em 1950, que mostrou a que veio e onde teve o seu nome alterado para Franklin de Oliveira, a quem deve a dois importantes jornalistas e com os quais fez grande amizade: Joel Silveira e Dante Costa.

Com o novo nome, prestou serviços aos jornais A Vanguarda, Boletim Mercantil, Diário da Noite e O Radical, onde recebeu convite para trabalhar nos Diários Associados, em preparativo para lançar a revista O Cruzeiro. Aceitou a proposta e a indicação para assumir a coluna Sete Dias, inserida na última página da revista, de conteúdo lírico e sobre o cotidiano, que agradou leitores de todos os níveis, destacando-se os intelectuais Humberto de Campos, Guimarães Rosa e Carlos Drumond de Andrade, este, inclusive, chegou a perguntar ao cronista maranhense “onde ele buscava tanto lirismo para escrevê-la”.

Por conta desse lirismo, a Academia Maranhense de Letras o elegeu em 21 de outubro de 1948 para integrar os seus quadros como fundador da Cadeira nº 38, patroneada por Adelino Fontoura.

Ao longo de sua bem-sucedida trajetória jornalística Franklin de Oliveira, em duas oportunidades, viu-se envolvido pela política partidária. A primeira em 1950, ao se lançar candidato a deputado federal. Em vez de disputar o pleito por um partido de esquerda ou de oposição, faz a opção pelo Partido Social Trabalhista, fundado e comandado pelo senador Vitorino Freire.

Após o registro da candidatura, montou em São Luis uma estrutura publicitária rica e moderna, planejada sob a ótica do marketing político, jamais vista no Maranhão. Instalou o comitê de propaganda eleitoral na Praça João Lisboa e preparado para fazer uma campanha de alto nível, de modo a convencer o eleitorado a votar num candidato culto e glorificado como “Um nome nacional a serviço do Maranhão”.

Ao final das apurações, contestadas pelas Oposições, veio à tona o inequívoco fracasso de Franklin de Oliveira nas urnas: só obteve 2.754 votos, resultado considerado bem abaixo do seu desempenho financeiro. Como prêmio de consolação, ganha o apelido de Nome Nacional.

A segunda vez que Franklin de Oliveira incursiona na política maranhense foi em 1954, em que o dono dos Diários Associados e seu patrão, Assis Chateaubriand, após perder a eleição de senador na Paraíba realiza uma espúria negociação de compra de mandato, apoiado Vitorino, que resulta numa eleição intempestiva no Maranhão.

O mandato comprado foi do senador Antônio Bayma, depois de uma negociação da qual participou a cúpula nacional do PSD, que precisava da presença de Chateaubriand no Senado e da cobertura de seus jornais, rádios e televisão na consolidação da candidatura de Juscelino Kubitscheck à presidência da República, no pleito de 1955.

Concluída a operação de compra do mandato, consubstanciada na renúncia de Antônio Bayma e do suplente, Newton Bello, estava armado o circo para eleger Chateaubriand ao Senado, fato que as Oposições Coligadas denunciaram à Nação e tentaram inviabilizá-la, mas não conseguem diante da força política do beneficiado e do interesse do PSD de patrocinar inominável barganha, que manchou o Maranhão de vergonha.

Registrada a candidatura de Chatô no Tribunal Regional Eleitoral e marcado o pleito para 20 de março de 1955, inobstante as reações das Oposições, que acuadas decidem participar da pugna eleitoral, convocando para enfrentar o candidato vitorinista, o coronel da Aeronáutica, Armando Serra de Menezes, e o jornalista Franklin de Oliveira, este, como suplente.

Franklin de Oliveira paga um preço alto pela ousada decisão de não apoiar o patrão e de insurgir-se contra a negociata que fez dele o representante do Maranhão no Senado da República.

Perseguido e demitido de O Cruzeiro,  luta pelos seus direitos trabalhistas, batalha longa e penosa, tendo por palco a Justiça do Trabalho, no Rio de Janeiro, onde assistido pelo brilhante advogado Vitor Nunes Leal, ganha a causa que obriga os Diários Associados a cumprir o que mandava a lei pelos doze anos de trabalho prestados à revista O Cruzeiro.

LETRA DA PROPAGANDA MUSICAL DE FRANKLIN DE OLIVEIRA.

Eis aí um nome nacional

Sempre a serviço do Maranhão

Franklin de Oliveira cristaliza o ideal

De manter viva essa terra-tradição

Jornalista e escritor, homem capaz, trabalhador

Indicado pela cidade de Caxias

Faz jus a glória de Gonçalves Dias

Nós e também você

Votaremos com o PST

Para eleger Franklin de Oliveira

Que tudo fará pela Atenas brasileira

Como deputado federal.

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