A CIDADE PLANEJADA(?) DE PARNARAMA

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Revendo o Álbum do Maranhão, editado em 1950, sob a responsabilidade do saudoso jornalista Miécio de Miranda Jorge, que ao longo de bons anos, militou nos Diários Associados, e ilustrado com fotografias do competente profissional Dreyfus Azoubel, encontrei informações ricas e preciosas sobre a vida administrativa, política, econômica e social do Maranhão.

O Álbum, pela sua excelente qualidade editorial, merece ser reeditado, para que as novas gerações possam ter a oportunidade de saber a respeito da situação em que se encontrava o nosso Estado, administrado pelo interventor federal, Paulo Ramos, nos anos da ditadura getuliana(1937 a 1944), após o que retornou ao regime democrático, sendo governado por Sebastião Archer da Silva,  eleito a 31 de janeiro de 1947.

MUDANÇA DE NOMENCLATURA

Nessa primorosa publicação de Miécio Jorge, tomei conhecimento de que em 1950, só existiam 72 municípios no Maranhão, alguns com os nomes de Picos, Curralinho, Miritiba, Ipixuna, Macapá, Engenho Central, Curador, Vila do Bacuri, Flores, Ponte Nova, São José dos Matões, mas posteriormente mudaram de nomenclatura e atualmente são conhecidos, respectivamente, por Colinas, Coelho Neto, Humberto de Campos, São Luís Gonzaga, Peri-Mirim, Pindaré-Mirim, Presidente Dutra, Santa Quitéria, Timon, Urbano Santos e Parnarama.

CIDADE PLANEJADA

De tudo que vi e li no Álbum do Maranhão, o que mais chamou a minha atenção foi a descoberta de que a partir de 1948, o nosso Estado passou a contar com um novo município, denominado Parnarama, dentro do qual surgiu uma cidade construída “pelo espírito progressista dos ideais municipalistas e sob os ditames do planejamento”, segundo os idealizadores do projeto.

Situada à margem esquerda do rio Parnaíba, era a primeira cidade maranhense erguida sob o signo modernista, com construções edificadas num planalto, tendo por berço o antigo município de São José dos Matões.

A nova sede do município, dista da antiga, cerca de 32 quilômetros, devia-se ao dinamismo do prefeito Lauro Barbosa Ribeiro e dos esforços do deputado estadual, Joel Barbosa Ribeiro.

A planta da nova cidade teve como autor o engenheiro Mauro de Sá Mota, funcionário federal e técnico do Ministério do Trabalho.

MATÕES VIRA PARNARAMA

O antigo município de São José dos Matões teve por sede, durante mais de um século, a velha cidade do mesmo nome, localizada em um chapadão insalubre, desprovida de água, tornando-se imprópria a qualquer reforma urbanística, motivo que levou os irmãos Lauro e Joel a conseguirem, mediante processo no Departamento Regional de Geografia  e uma lei, votada na Assembleia Legislativa, a mudança da sede municipal para um outro local, previamente escolhido e encravado numa área de terra de 500 hectares, doada pelo cidadão, José Torres de Assunção e mais 3 mil hectares, posteriormente adquiridos pelo prefeito municipal.

A CONSTRUÇÃO DA NOVA CIDADE

A construção da nova cidade começa em maio de 1947, numa solenidade que contou com as presenças dos deputados estaduais, Alexandre Colares Moreira e Joel Barbosa Ribeiro e dos médicos Antônio Costa Rodrigues e Pedro Braga Filho.

A transferência da sede do município de São José dos Matões para a nova cidade de Parnarama, resultou da lei estadual nº 128, de 17 de setembro de 1948.

Os primeiros prédios construídos foram de natureza pública, destacando-se a prefeitura, um grupo escolar, um mercado, um posto de puericultura e uma cadeia.

Uma particularidade: às ruas da nova sede do município foram dados nomes dos municípios maranhenses, fato que constitui algo inédito nas cidades brasileiras.      

 Faziam limite com Parnarama, os municípios de Caxias, Timon, São Francisco do Maranhão, Passagem Franca e Buriti Bravo, dotado de uma população 32.987 habitantes e uma superfície de 4.100 km2.

PARNARAMA: ONTEM E HOJE

Parnarama é uma das poucas cidades do Maranhão que eu não conheço e nunca tive interesse em pisar os pés naquele pedaço de chão pelo fato de não saber da sua origem, respaldada em estudos técnicos e devidamente planejada.

De Parnarama, o que eu sabia era algo vexatório e depreciativo: um município onde a fraude eleitoral nos anos 1950 corria solta e célere.

Hoje, 72 anos depois de sua construção, sob os fluidos  da modernidade e do planejamento, eu queria apenas esta informação: os prefeitos que sucederam a Lauro Barbosa Ribeiro, continuaram a executar o projeto concebido pelo engenheiro Mauro de Sá Mota, ou Parnarama parou no tempo e no espaço, e não passa de uma cidade semelhante às oitenta e três,  criadas irresponsavelmente pelos deputados estaduais que fizeram a recente Constituição de 1989, que transformaram povoados, desprovidos das mínimas condições de serem municípios, portanto, inabilitadas para adquirirem autonomia administrativa e emancipação política?      

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