REIS PERDIGÃO E A REVOLUÇÃO DE 30

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No dia 3 de outubro passado, completou 90 anos da Revolução de 30 no Brasil, episódio que passou em brancas nuvens no país, por conta da consabida falta de memória do brasileiro, com relação aos atos ou movimentos, destinados a mudar ou melhorar a vida de nossa gente e de nossa pátria.

A chamada Revolução de 30 é um exemplo desse desprezo por uma rebelião político-militar, que aconteceu ao final da Primeira República (1889-1930), com o objetivo de destruir a máquina administrativa, oligárquica e corrupta, dominada pelos presidentes dos estados de São Paulo e Minas Gerais, que se alternavam no Palácio do Catete.

O início do movimento, teve como pretexto o assassinato de João Pessoa, candidato a vice-presidente na chapa de Getúlio Vargas, candidato da Aliança Liberal.

REVOLUCIONÁRIO MARANHENSE

Dos movimentos políticos, que vieram à tona no Brasil e encabeçados pelos jovens tenentes, na década de 1920, destacando-se a Revolução Constitucionalista de 1922, em São Paulo, a de 1924, chefiada pelo general Isidoro Lopes, a Coluna Prestes, em 1925, liderada por Luís Carlos Prestes, e a Revolução de 30, sob o comando dos tenentes Juarez Távora, Siqueira Campos, Djalma Dutra, João Alberto, Cordeiro de Farias e Miguel Costa, o maranhense José Maria Reis Perdigão teve atuação  ativa e notabilizou-se pela audácia, coragem, determinação política e cultura, nascido em São Luís a 19 de abril de 1900, filho de Domingos de Castro Perdigão, um dos fundadores da Faculdade de Direito de São Luís.

Depois de passar a infância e parte da adolescência em São Luís, com 18 anos, muda-se para o Rio de Janeiro, onde gradua-se em Direito e começa a trabalhar em jornais e revistas, na função de redator.

Tinha 24 anos, quando troca o Rio de Janeiro por São Paulo, para juntar-se às forças que lutavam contra o Governo de Getúlio Vargas e comandadas pelo general Isidoro Dias Lopes. De São Paulo, viaja para o Paraná, onde integra-se à Coluna Prestes, comissionado no posto de tenente e editor do jornal O Libertador.

Com o malogro da Coluna Prestes, exila-se na Argentina, morando dois anos em Buenos Ayres.

AÇÕES NO MARANHÃO

Em 1927, Reis Perdigão retorna ao Brasil e vem ao Maranhão, sendo convidado pelo grupo político, chefiado pelo médico Tarquínio Lopes, para se engajar ao movimento contra o governador Magalhães de Almeida, proposta que não lhe seduz, por só acreditar na luta armada.

Ao retornar ao Rio de Janeiro, recebe convite sedutor, do amigo, general Miguel Costa, para preparar no Maranhão e no Piauí uma rede conspiratória e engrossar no Norte do País, um movimento sedicioso de tomada de poder e derrubar do Palácio do Catete, o presidente Washington Luís.

Com este desiderato, retorna a São Luís em 1930 e com os tarquinistas passa a conspirar para derrubar, pela via revolucionária, as oligarquias dominantes no Maranhão.

A TOMADA DO PODER

 As primeiras ações para a deflagração em São Luís da tomada do poder, vieram pelo comunicado do tenente Juarez Távora de que o movimento sedicioso aconteceria na madrugada de 3 para 4 de outubro, oportunidade em que os adeptos de Reis Perdigão deveriam depor o governador Pires Sexto e tomar de assalto o quartel do 24º Batalhão de Caçadores, à época, instalado na Praça Deodoro.

Esse plano não deu certo porque a notícia chegou ao conhecimento do governador do Estado e do comandante do 24º BC, Luso Torres, que trataram de providenciar reforços e frustraram o levante.  

Reis Perdigão e os companheiros de conspiração não se deram por vencidos, tanto que prepararam para o dia 8 de outubro outra investida ao Palácio dos Leões e ao quartel do Exército, ato que contou, desta feita, com a participação do sargento Paes de Amorim, que, simpatizante do movimento, iniciou só e corajosamente a rebelião dentro do 24º BC, onde os revolucionários assumiram as ações sediciosas, reforçadas pela adesão do tenente Celso Freitas, com vistas a destronar o governador Pires Sexto, que mandou desligar a luz pública da cidade, para impedir o ataque ao Palácio.

Naquela madrugada de 9 de outubro, acontece o impossível: um soldado do Exército, que se encontrava de serviço nas ruas, embriaga-se e resolve retornar à caserna de maneira sorrateira, sendo flagrado pela sentinela e recebido à bala. Resultado: um intenso tiroteio veio à tona, despertando a população da cidade, que já se encontrava em pânico.

 Apavorado, o governador Pires Sexto, na suposição de o Palácio ser invadido e ele morto pelas tropas de Reis Perdigão, evadiu-se e viaja para Belém, a bordo de um vapor, já preparado para uma repentina fuga. 

ASSUME A JUNTA GOVERNATIVA

Às sete horas da manhã de 9 de outubro, depois de receberem a adesão dos oficiais da Polícia Militar, os revolucionários entram no Palácio do Governo, que passa a ser chefiado por uma Junta Governativa, constituída pelos tenentes Celso Freitas e José de Ribamar Maciel Campos e Reis Perdigão.

Por ordem do presidente Getúlio Vargas, a Junta Governativa, que ficou no poder de 9 de outubro a 15 de novembro, é substituída por interventores.

OS INTERVENTORES

O primeiro interventor nomeado para governar o Maranhão, indicado por Reis Perdigão, o major Luso Torres, que, por motivo de doença, entrega o cargo a 29 de novembro para Reis Perdigão, que, na sua gestão, deu prioridade a duas questões: os aluguéis residenciais e o custo de vida.

A 9 de janeiro de 1931, o comandante da revolução maranhense, transmite o poder para o padre Astolfo Serra, que se atrita com Reis Perdigão, sendo demitido e substituído por Lourival Seroa da Mota, que governa de setembro de 1931 a abril de 1932.  

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