LEMBRAI-VOS DO CAPITÃO ANTONIO ALVES GONDIM

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Os governadores estaduais estão de olhos abertos e atentos aos movimentos de insubordinação, que possam ocorrer nas polícias militares, no dia 7 de setembro em todo o país, em apoio às atitudes insensatas do presidente Jair Bolsonaro.

No Maranhão, ainda que até agora não haja pipocado qualquer manifestação, isolada ou de grupo  militar, em apoio ao presidente da República, o governador Flávio Dino, pelo que se sabe, está alerta e acompanhando com o mais vivo interesse tudo que se passa nas hostes da Polícia Militar do Estado, para não ser surpreendido por alguma ação ou ato de indisciplina da tropa.

Se o governador assim procede, é para não ser assaltado pelo acontecido na madrugada de 3 de maio de 1956, quando os inquilinos do Palácio dos Leões, destacando-se o governador interino Eurico Ribeiro e o senador Vitorino Freire, bem como os moradores das ruas limítrofes à sede do Governo do Estado, foram despertados por um intenso tiroteio e uma incessante movimentação da guarda palaciana, que procurava a todo custo deter uma quartelada, chefiada pelo capitão da Polícia Militar, Antônio Alves Gondim, cujo escopo era invadir a sede do Governo do Estado e prender os que tentavam resistir àquela intentona.

 O jovem e corajoso oficial da PME, em outras oportunidades, já havia revelado o seu lado político como adepto das forças oposicionistas, tanto que em diversas ocasiões já cumprira pena de prisão por se envolver em questões de natureza partidária.

O auge da revolta do capitão Alves Gondim contra as forças governistas deu-se quando o jovem deputado Eurico Ribeiro foi convocado para assumir interinamente o comando do governo do Estado, enquanto se aguardava o pronunciamento da Justiça Eleitoral com respeito à eleição do candidato Matos Carvalho, que, como a de Eugênio Barros, fora literalmente contestada pelas Oposições Coligadas.

Revoltado com a situação, o capitão Gondim articulou-se com um grupo político oposicionista na execução de um plano para extorquir a força do Palácio dos Leões o governador interino e o senador Vitorino Freire, ali hospedado.

Na madrugada de 3 de maio, depois de convencer alguns policiais do seu intento, soldados, cabos e sargentos de sua confiança, partiu rumo ao Palácio dos Leões, com as armas disponíveis. 

Mas a operação não obteve êxito porque um sargento conhecido como Piauí e alguns soldados a ele subordinados, conseguiram fugir do quartel e alcançaram a guarda palaciana, que imediatamente abriu fogo contra os comandados do capitão Gondim, que tiveram de recuar e fugir para não serem presos.

Para não mostrar fraqueza, o autor da conspiração subiu num telhado de uma casa, de onde continuava a disparar tiros na ânsia de alvejar os que se encontravam no Palácio dos Leões, principalmente o governador interino Eurico Ribeiro e o senador Vitorino Freire, que, mesmo ameaçados de morte, conseguiram se entender  com o coronel Humberto Amorim, comandante da Polícia Militar, que junto com oficiais de sua confiança – Eurípedes Bezerra, Jan Buhaten, Emílio Vieira, Sadock e Braga, amigos de Gondim conseguiram convencê-lo a depor as armas e de ficar sob a responsabilidade do 24º Batalhão de Caçadores, para não sofrer represálias do comando da PM.

O ministro da Guerra, general Henrique Lott, e da Justiça, Nereu Ramos, ao serem comunicado do ato e do fato, orientaram os comandantes da 10ª Região Militar e do 24º Batalhão de Caçadores a colocar as tropas federais de prontidão.

Depois da malfadada quartelada, restava colocar em liberdade o capitão Alves Gondim, que a imprensa oposicionista transformou em herói e fez um movimento para o Tribunal de Justiça conceder-lhe o habeas corpus, o qual, depois de idas e vindas, no dia 11 de junho de 1956, por quatro votos a três,  ganhou a liberdade.

Votaram a favor os desembargadores Sarney Costa, Walfredo Lima, Acrísio Rebelo e Eugênio de Lima; contra os desembargadores Tácito Caldas, Nicolau Dino e Fausto Fernandes.

Com a liberdade de Gondim, as Oposições ganharam uma nova liderança política em São Luís, que o levaram a ser candidato a deputado estadual pelo PSP e vitorioso em vários pleitos.

DOCUMENTÁRIO SOBRE NEIVA

Passou alguns dias em São Luís a cineasta gaúcha, Márcia Schmidt, diretora e produtora de um documentário sobre o jornalista e político maranhense José Guimarães Neiva Moreira.

Em busca de informações e de documentos da fase em que ele atuou no Maranhão, como intransigente defensor das causas oposicionistas, a cineasta entrevistou figuras da política e do jornalismo maranhense.

O ex-presidente José Sarney e este jornalista foram entrevistados, com os quais conseguiu informações preciosas sobre o jornalista maranhense, que viveu no exílio durante 15 anos.

O longa-metragem, com o nome de “Neiva Moreira: O Mensageiro de Três Mundos”, contará com recursos provenientes da Lei de Incentivos Culturais do Governo do Maranhão.

NEIVA NO GOVERNO

Na sua entrevista, José Sarney disse que Neiva só não chegou ao governo do Maranhão, nas eleições de 1965, porque se aliou ao governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola.

Ao se juntar ao governador carioca, passou a priorizar e defender mais as questões nacionais do que as regionais, motivos que o levaram à perda do mandato parlamentar em abril de 1964.

De acordo com Sarney, era Neiva e não ele, o candidato das Oposições Coligadas em 1965 à sucessão do governador Newton Bello.

  A NUDEZ SEM CASTIGO

Em julho de 1952, São Luís viveu dias de agitada polêmica religiosa e jornalística, por causa da apresentação da artista Elvira Pagã.

Ela fazia um tremendo sucesso nacional por se exibir como uma espécie de maiô de duas peças, que hoje não escandaliza ninguém, mas à época, os adeptos da religião católica, entendiam ser um ataque à moral e aos bons costumes.

Quem liderou o movimento contra Elvira Pagã em São Luís foi o arcebispo Dom José Delgado, que, debalde, manteve contatos com as autoridades para fazer-lhes ver a impropriedade da apresentação da artista no palco do cinema Éden, que ficou pequeno para receber o tão exacerbado contingente do machismo maranhense.

CONVERSA DE PÉ DO OUVIDO

Além dos problemas que afetam o governador Flávio Dino, por conta de sua sucessão ao governo Estado, ele terá pela frente nos meses de setembro e outubro, uma questão de monta a resolver.

Trata-se da eleição no final de outubro vindouro à vaga do filho, Sálvio Dino, que pertenceu à Academia Maranhense de Letras, à qual já manifestou oficialmente o desejo de substituí-lo na Cadeira 32.

As eleições acadêmicas, num quesito, não divergem absolutamente dos pleitos políticos: dependem da conversa de pé de ouvido, procedimento que o governador será obrigado a fazer sob pena de não alcançar sucesso no seu voo rumo à imortalidade.

PALANQUES SEPARADOS

Em 1966, logo no primeiro ano das posses do governador José Sarney e do prefeito de São Luís, Epitácio Cafeteira, eles se estranharam e cortaram as relações pessoais e políticas.

Como naquela época os desfiles estudantis e militares, em comemoração à Independência do Brasil, ainda se realizavam no centro da cidade, surgiu o problema de como colocar o governador e o prefeito num mesmo palanque.

Depois de algumas reuniões militares e políticas, veio a solução para contornar o melindroso problema: a montagem de dois palanques, na Praça João Lisboa, nos quais Sarney e Cafeteira se instalaram, sem que um visse o outro.

PECADO E VOTO

O evangélico Raimundo Lima, se elegeu e cumpriu vários mandatos na Assembleia Legislativa, graças a esse apelo religioso ao eleitorado: – Na hora do pecado, lembre-se de Deus, na hora do voto, lembre-se de mim.      

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