FRANKLIN DE OLIVEIRA: UM NOME NACIONAL

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No dia 31 de março de 1938, o Franklin de Oliveira, com 22 anos, decidiu mudar de residência. Trocou São Luis pelo Rio de Janeiro, a então capital da República.
Nessa época, o Brasil vivia sob o domínio da ditadura de Getúlio Vargas, mas o jovem jornalista já estava com a cabeça politicamente organizada pelo convívio com militantes políticos e revolucionários, que atuavam na imprensa maranhense, a exemplo de José Maria dos Reis Perdigão. Com este trabalhou nos jornais A Pacotilha e Diário da Tarde e participou de embates ideológicos em favor dos trabalhadores.
Seu primeiro emprego no Rio de Janeiro foi no jornal A Notícia, na função de redator. Com o decorrer dos anos, passou a desenvolver intensa atividade política e literária, colaborando em diversos jornais e revistas de circulação nacional, ressaltando-se a revista O Cruzeiro, onde ele criou a coluna Sete Dias, uma página de lirismo e voltada para assuntos do cotidiano.
Em 1945, com o fim da II Guerra Mundial e do Estado Novo, restabeleceu-se no país o regime democrático, que trouxe no seu bojo as eleições diretas, para os cargos majoritários e proporcionais.
Franklin de Oliveira, pelo seu destacado desempenho na imprensa carioca, recebeu convite dos partidos de esquerda para ser candidato a deputado federal. Desejava atuar na cena política, mas não mostrou interesse em disputar cargo eletivo no Rio de Janeiro.
O seu objetivo era participar da vida pública do seu estado de origem. Por isso, quando os partidos e os políticos começaram a desenvolver ações com vistas às eleições de 1950, Franklin de Oliveira veio a São Luís conversar com as lideranças partidárias e sondar o quadro político maranhense.
Em vez de procurar os partidos oposicionistas, o jornalista de O Cruzeiro bateu nas portas do Palácio dos Leões, onde teve uma conversa amistosa com o senador Vitorino Freire, do qual recebeu convite para filiar-se ao Partido Social Trabalhista.
Pela legenda que Vitorino criara – o PST, Franklin de Oliveira concorreu às eleições de 1950, para conquistar uma cadeira no Congresso Nacional.
Como estava distanciado do Maranhão há bom tempo, ele tomou algumas iniciativas para tornar-se conhecido e conquistar o eleitorado maranhense. Duas merecem destaque. Primeira, convocou os novos intelectuais para se integrarem à sua campanha eleitoral. O estudante José Sarney Costa foi um dos que participou ativamente do processo eleitoral, na capital e no interior do Estado. Segunda, trouxe do Rio de Janeiro para o Maranhão uma gigantesca estrutura publicitária e um grupo de marqueteiros políticos, deixando os concorrentes perplexos e intimidados.
Com recursos abundantes, instalou em São Luis e nas principais cidades, onde pontuava o eleitorado mais esclarecido, poderosos comitês políticos, dotados de modernos equipamentos de comunicação social, através dos quais os marqueteiros produziam e veiculavam peças publicitárias de bom gosto e de forte apelo popular.
Nenhum candidato a qualquer cargo eletivo no Maranhão, até então, tivera a competência, a ousadia e o dinheiro para se apresentar ao eleitorado como o fizera Franklin de Oliveira. Cartazes de todos os tipos e tamanhos, coloridos ou em preto e branco, foram usados em profusão em jornais e colocados em pontos estratégicos da cidade.
O que mais chamou a atenção do eleitorado foram os discos em vinil, com a música que funcionava como carro-chefe de sua campanha política. Como não havia ainda legislação restritiva à propaganda eleitoral, nada impedia o candidato de usar e abusar dos meios de comunicação.
Em São Luis, ao longo do dia, só se ouvia o disco de Franklin de Oliveira, que tocava insistentemente em emissoras de rádio, serviços de alto-falantes e carros de som, novidades tecnológicas, que percorriam as ruas e os bairros, divulgando o nome do candidato e conclamando o povo a votar. A música, aliás, de boa qualidade, caiu de tal modo no gosto do povo, que passou a ser cantada por todos, fossem ou não seus eleitores. Quem lembrar a música, que solte a voz:
“Eis aí um nome nacional
Sempre a serviço do Maranhão
Franklin de Oliveira cristaliza um ideal
De manter viva essa terra-tradição
Jornalista e escritor, homem capaz, trabalhador
Indicado pela cidade de Caxias
Faz jus à glória de Gonçalves Dias
Nós e também você
Votaremos no PST
Para eleger Franklin de Oliveira
Que tudo fará pela Atenas brasileira
Como deputado federal ”.
Mesmo com todo o aparato publicitário, de fazer inveja a qualquer candidato, Franklin de Oliveira não se deu bem nas eleições de outubro de l950. O seu marketing político, ainda que inovador, não funcionou. Resultado: sofreu impiedosa derrota, que pode ser atribuída a três fatores. 1) recebeu intensa e aguerrida campanha dos oposicionistas, que não o perdoaram pelo fato de, como escritor de esquerda, aderir ao grupo vitorinista, pelo qual sua candidatura foi homologada. 2) seu nome não foi priorizado e nem assimilado pelo esquema palaciano para ser um dos eleitos. Dos noves candidatos eleitos para a Câmara dos Deputados, cinco formavam no time dos governistas e quatro pertenciam aos quadros das Oposições Coligadas. Ele ficou numa suplência e sem nenhuma chance de ser convocado para assumir o mandato. 3) as eleições de 1950, tanto para os cargos majoritários como para os proporcionais, foram realizadas sob o beneplácito de escandalosa fraude eleitoral. O escritor maranhense não se beneficiou dos votos fraudulentos e muito menos dos votos válidos. Um final melancólico para quem lutou bravamente e empenhou-se, física e financeiramente, para ser um dos representantes do povo maranhense no Congresso Nacional.
Se, por um lado, a música que Franklin de Oliveira usou na campanha eleitoral virou um tremendo sucesso popular, pois até hoje é lembrada e cantada por gerações que viveram aqueles tempos, por outro lado, proporcionou ao candidato do PST uma terrível herança política: o apelido de “Nome Nacional”, epíteto que virou galhofa popular e chegou até mesmo a irritá-lo. Nem depois de morto, conseguiu livrar-se dessa alcunha.

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HOJE COMO ONTEM OU ONTEM COMO HOJE

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Nos dias correntes é comum ouvir dos mais idosos reclamações quanto ao comportamento das novas gerações, acusadas de não darem o valor merecido às pessoas que em vida lutaram ou cuidaram dos nossos valores culturais e artísticos.

O desprezo das gerações de hoje às figuras humanas que se destacam ou ganham relevo nas letras e nas artes maranhenses, não é, entre nós, novidade, pois, também, em tempos remotos, fatos e atos semelhantes aconteciam e com a mesma indiferença e intensidade.

Imaginar, portanto, que no passado, havia reconhecimento, respeito ou veneração pelos homens de cultura que em vida trataram de elevar o nome do Maranhão às alturas, é um tremendo equívoco.  

Essa afirmação o faço louvado num texto extraordinário e brilhante produzido pela inteligência do jornalista conterrâneo, Franklin de Oliveira, publicado em São Luís, em O Imparcial, a 01 de dezembro de 1950, em memória do inesquecível escritor, nascido em Viana, Antônio Lopes, que morreu angustiado por não se ver reconhecido pelos seus contemporâneos.

O texto é longo, razão pela qual limitar-me-ei a reproduzir trechos que considero antológicos, expressivos e contundentes: “De todos os escritores com que até hoje privei, foi Antônio Lopes o que maior impressão de força e segurança de voo me deu. Tudo, nele, sob a unção de sua palavra, era amplo e transfigurava-se. E nenhuma força o galvanizava mais do que o amor pelo Maranhão. “Amor da terra, da paisagem, das tradições, dos hábitos, dos costumes das heranças sociais, amor primordial de tudo aquilo que constitui a história e a alma da velha província que nunca soube compreender o mestre, sempre ingrata à sua ternura e insensível à nobreza mental de seu afeto.

“Dir-se-ia, e estou certo disso, de que o Maranhão, com esta decorrência que o corroe estava muito abaixo da espécie de afeição que lhe dedicava Antônio Lopes.

“Pobre, porque generoso e abnegado, porque idealista e não pragmático, pobre porque inteligente e não falcatrueiro, pobre porque digno e não fraudulento, nunca o Estado lhe procurou tornar a vida mais leve, que assim precisava fosse não por egoísmo, mas pelo desejo de poder melhor trabalhar pela sua terra.

“Homem intensamente mentalizado, ardentemente intelectualizado, que tudo compreendia em termos de arte e de pensamento, e que não podia aceitar que não fosse filtrado pela cultura e purificado pela sensibilidade, Antônio Lopes sentia a não correspondência de seu amor como uma injustiça, não ao seu nome, mas ao próprio patrimônio do Maranhão. Ele se excluía do episódio para testemunhar a vilania do desapreço, a vileza da desatenção que estávamos dando miseravelmente a nós mesmos. Isto o matou. Não foi a doença. Foi isto.

“E que fica para o Maranhão? Em tempos antigos, desaparecia um mentor de gerações, e outro ocupava o lugar. Hoje, andam por aí, um ultraje tão grande e uma canalhice tão proliferante, que a velha fisionomia da terra é quase irreconhecível.

“O que Antônio Lopes criou de inteligência e nobreza de alma persistirá. Tão poderosamente forte, como o remorso dos que, nesta terra, não amparam a única coisa que sempre distinguiu o Maranhão do resto do Brasil: não amparam seus homens de cultura.

“Mestre, se em vida não ajudou a tua terra, é um escárnio o resgaste que à última hora se tentou. Tu a perdoarás que teu amor era magnífico. Ela, porém, não se perdoará a si mesma. Os crimes contra o Espírito são crimes sem recessão.”   

A TIQUIRA PAPAL

O Papa Francisco não foi feliz quando disse no Vaticano que o Brasil não tem salvação, porque o povo bebe muita cachaça e reza pouco.

Frase impensada como esta do Papa é que tem levado o povo brasileiro a trocar a religião católica pela evangélica.

Em tempo: o Papa disse isso porque não conhece a tiquira maranhense.

COCAR PRESIDENCIAL

Nos meios oficiais de Brasília, não é de bom tom colocar o cocar de índio na cabeça de políticos.

Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Lula e Dilma foram alguns políticos que usaram o cocar e não foram bem-sucedidos.

José Sarney, supersticioso como o é, quando ocupou o cargo presidencial, jamais permitiu que um cocar fosse colocado em sua cabeça.

Recentemente, Jair Bolsonaro deixou-se fotografar com aquele adorno indígena na sua cabeça oca.

AMIGO DO JORNALISTA

Um dos mais completos jornalistas do Brasil, Milton Coelho da Graça, faleceu recentemente no Rio de Janeiro, onde prestou serviços nos melhores jornais e revistas do País.

Milton tinha um grande amigo em São Luís: Eduardo Lago. 

STAFF DO VICE

Nenhum candidato pode disputar cargo importante seja no Executivo ou Legislativo, prescindindo de uma boa assessoria política.

É com esta visão que o vice-governador Carlos Brandão se prepara para suceder o seu leal amigo, Flávio Dino.

Dentre os convidados para integrar a sua assessoria, Brandão convidou o tarimbado e competente engenheiro, Aparício Bandeira, que tem PHd em assuntos partidários e políticos.    

VAGA DO TCE

Na vida pública maranhense, jamais se viu uma torcida tão grande em favor de um candidato aos quadros do Tribunal de Contas do Estado, como a formada em torno de Marcelo Tavares.

O problema não é a eleição Marcelo Tavares, para a vaga do conselheiro Nonato Lago, que se dará em agosto, mas quem vai substituí-lo no cargo que ocupa no Palácio dos Leões.

BEM E CULTURA

Uma notícia que me deixou alegre: a mudança da secretaria da Fazenda Municipal e de outros órgãos da Prefeitura de São Luís para o prédio onde funcionava o Banco do Estado do Maranhão.

Com isso o Centro da Cidade ganhará mais vitalidade e movimentação.

Atenção governador Flávio Dino: a secretaria da Cultura, que funciona inexplicavelmente na Avenida dos Holandeses (Calhau), precisa retornar ao Centro Histórico.

COMUNISTA NO SIOGE

Os militantes da esquerda maranhense pediram ao governador Epitácio Cafeteira a nomeação do competente jornalista comunista, recentemente falecido, Luís Pedro, para dirigir o SIOGE- Serviço de Imprensa e Obras Gráficas do Estado.

Depois de alguns dias, Cafeteira revelou o motivo por que não nomeou Luís Pedro para o cargo: – Seria transformar o SIOGE numa sucursal do Partido Comunista.

MINISTÉRIO DA M Segundo Chico Buarque de Holanda, todo o governo deveria contar com um Ministério do Vai dar M, para evitar que os presidentes tomassem decisões polêmicas e equivocadas.

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A PRAÇA DOS POETAS E MARIANA LUZ

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Recentemente, o Governo do Estado teve a feliz inciativa, recebida com muita alegria pelo povo maranhense, da construção na Avenida Pedro II, de um vistoso espaço público, em homenagem aos intelectuais de nossa terra.

 Trata-se da Praça dos Poetas, na qual foram colocados bustos de dez destacados escritores maranhenses: Ferreira Gullar, Catulo da Paixão Cearense, Nauro Machado, Sousândrade, Bandeira Tribuzzi, José Chagas, Gonçalves Dias, Maria Firmina, Dagmar Desterro e Lucy Teixeira, poetas brilhantes e reverenciados, pela contribuição que deram à Atenas Brasileira.

NOVAS PRAÇAS, OUTROS BUSTOS

Como o Governo do Estado e a Prefeitura de São Luís estão construindo outras praças na cidade, seria de bom alvitre, até porque a população gosta e aplaude projetos de natureza cultural, que nesses espaços urbanísticos fossem também homenageadas figuras maranhenses, que se encontram esquecidas e deixaram os nomes marcados, pelas valorosas obras em prosa e verso que legaram à sociedade.

Para as praças com bustos de intelectuais, nomes não faltarão para ornamentá-las, pois o Maranhão pode ser pobre quanto aos índices econômicos e sociais, mas em matéria de cultura, temos poetas e prosadores em demasia, que certamente merecem ser homenageados e evocados.

E são nomes de realce do cenário cultural maranhense. Com base em livros que tratam da Literatura Maranhense, de autores do quilate intelectual de Mário Meireles e Jomar Moraes, encontramos miríades de escritores que se projetaram no plano nacional.

NOMES EM PROFUSÃO

Escritores da qualidade literária de Estevam Rafael de Carvalho, José Candido de Moraes e Silva, Joaquim Franco de Sá, Cândido Mendes de Almeida,  Pedro Nunes Leal, Antônio Marques Rodrigues, Mariana Luz, César Augusto Marques, Luiz Antônio Vieira da Silva, Trajano Galvão, Gentil Braga, Paula Duarte, Ribeiro do Amaral, Teófilo Dias, Teixeira Mendes, Adelino Fontoura, Barbosa de Godois, Correa de Araújo, Antônio e Raimundo Lopes, Silvestre Fernandes, Clarindo Santiago, Oliveira Roma, Rubem Almeida, Manuel Sobrinho, Francisco Viveiros de Castro, Justo Jansen, Dunshee de Abranches, Tasso Fragoso, Inácio Xavier de Carvalho, Aquiles Lisboa, Astolfo Marques, Luso Torres, Maranhão Sobrinho, Alfredo de Assis, Alarico Cunha, Jerônimo de Viveiros, Vespasiano Ramos, Franklin de Oliveira, Lago Burnett, Odilo Costa Filho, João Mohana, Oswaldino Marques e tantos outros, podem ser perpetuados, pelo que fizeram em favor do  engrandecimento do Maranhão, no campo das letras e das artes.

A ESQUECIDA MARIANA LUZ

A louvada iniciativa do saudoso escritor José Nascimento de Moraes Filho, nos meados do século passado, revelou ao Brasil a romancista e poeta, Maria Firmina dos Reis, nascida em Guimarães e afro – descendente, de indiscutível valor intelectual, até então desconhecida da crítica literária nacional.  

Se outro escritor da estirpe de Nascimento de Moraes Filho, tivesse, também, levantado a bandeira para o Brasil saber que uma mulher nascida em Itapecuru, também professora e afro – descendente, batizada com o nome de Mariana Luz, escrevia poemas e sonetos da melhor qualidade intelectual, certamente que a minha conterrânea, que me ensinou as primeiras letras, estaria, como Maria Firmina, fazendo parte da galeria dos monstros sagrados da cultura brasileira.

AUSÊNCIA NA PRAÇA DOS POETAS

Eu e meus conterrâneos itapecuruenses, ficamos sobremodo decepcionados, quando vimos que o busto de Mariana Luz não marcava presença na Praça dos Poetas, ela, que deixou uma produção literária de grande monta e de renomado valor intelectual.

Em 1990, quando eu estava à frente da Secretaria da Cultura, mandei reeditar um pequeno livro de sua autoria intitulado Murmúrios, lançado na década de 1960, sob os auspícios do Centro Acadêmico Clodomir Cardoso, da Faculdade de Direito e do Orbis Clube de São Luís.

Recentemente, em função da fundação da Academia Itapecuruense de Ciências, Letras e Artes, que tem Mariana Luz como patrona, a acadêmica, Jucey Santana, encabeçou um movimento para o reconhecimento cultural da nossa conterrânea, por meio do livro “Vida e Obra de Mariana Luz”, em que a autora resgata passagens biográficas  da poeta e de sua rica produção literária.

MEMBRO DA AML

Nos anos finais da vida, Mariana Luz teve algumas alegrias e o reconhecimento de alguns setores da sociedade nativa, quando um grupo da Academia Maranhense de Letras a elegeu em 24 de julho de 1948, para ocupar a cadeira 32, tomando posse a 10 de maio de 1949, solenidade que contou com a presença do governador Sebastião Archer da Silva. Saudada pelo acadêmico Mário Meireles, por causa de sua carente visão, teve o seu discurso de posse lido pelo professor Mata Roma. 

Ao tomar conhecimento de que Mariana Luz era uma mulher pobre e de vida sofrida, o governador Archer da Silva fez a Assembleia Legislativa aprovar um projeto de lei, que lhe dava direito a uma remuneração mensal. Com esse mesmo desiderato, o ex-prefeito Bernardo Matos, em 1943, com a ajuda da municipalidade e de outras personalidades da cidade, construíram uma casa para a poeta, que morava desconfortavelmente num casebre de taipa.

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PRAÇA DOS POETAS

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Chegou ao conhecimento dos meios intelectuais a notícia de que o governador Flávio Dino pretende brevemente inaugurar uma praça no Centro da Cidade, em homenagem aos dez maiores poetas de nossa terra.

Segundo a informação, no espaço destinado à Praça dos Poetas, deverão ser introduzidos bustos de vates que projetaram nacionalmente o nome do Maranhão e produziram uma obra poética da melhor qualidade literária.

Não se sabe ainda se o Governo vai constituir uma comissão de intelectuais para selecionar os dez melhores poetas ou se realizará uma pesquisa junto à opinião pública para apontar os que terão um lugar cativo na mais nova praça da cidade.

Enquanto o Governo mantém o assunto em quarentena e sem fornecer maiores informações sobre a localização da praça e dos poetas laureados, espera-se que os indicados sejam literatos de reconhecida expressão cultural e de indiscutível valor intelectual e moral.

No aguardo de informações mais precisas sobre o projeto, o governo não pode permitir o que aconteceu em passado recente, quando pessoas interessadas em agradar amigos e parentes de pseudos escritores, desenvolveram ações nefastas, fazendo instalar no Panteon Maranhense, subliteratos e figuras que nada construíram em favor do engrandecimento da cultura maranhense.

APONTAMENTOS DE JOMAR

O saudoso escritor Jomar Moraes em 1977 escreveu um precioso livro, publicado pelo Sioge, intitulado Apontamentos de Literatura Maranhense, no qual se pode ver de maneira didática a notável quantidade de intelectuais de nossa terra, que produziram obras que os consagraram no firmamento literário nacional.

O GRUPO MARANHENSE

Com conhecimento de causa, Jomar mostra que a partir do século XIX, de 1832 a 1868, o Maranhão conquista a sua autonomia literária, por conta do expressivo e valoroso número de escritores, que se projetaram no cenário brasileiro.

Trata-se do chamado Grupo Maranhense (1832 a 1868), que, como expressão da vida literária regional, se destacou em todas as áreas da cultura, com nomes do quilate de Odorico Mendes, João Francisco Lisboa, Gonçalves Dias, Sousândrade, César Marques, Cândido Mendes de Almeida, Antônio Henriques Leal, Luís Antônio Vieira da Silva, Sotero dos Reis, Joaquim Gomes de Sousa, Frederico José Correa, Antônio Marques Rodrigues, Trajano Galvão, Gentil Braga, Antônio Joaquim Franco de Sá, Francisco Dias Carneiro, Joaquim Serra.

A REAÇÃO RENOVADORA

Segundo Jomar, de 1870 a 1890, surge A Reação Renovadora, da qual fazem parte os seguintes escritores: Celso Magalhães, Teófilo Dias, Adelino Fontoura, Artur e Aluísio Azevedo, Coelho Neto, Graça Aranha, Dunshee de Abranches, Frutuoso Ferreira, Euclides Faria, Ribeiro do Amaral, Barbosa de Godóis, Paula Duarte, João de Deus Rego, Raimundo Correia, Agripino Azevedo, Nina Rodrigues e Teixeira Mendes.

OS NOVOS ATENIENSES

Trata-se da geração literária que despontou na última década do século XIX, mantendo-se atuante nos limites da “província” até a altura de 1920. Foram representantes desse movimento: Antônio Lobo, Domingos Barbosa, Viriato Correia, Vieira da Silva, Godofredo Viana, Alfredo de Assis, Fran Pacheco, Nascimento Moraes, Inácio Xavier de Carvalho, Maranhão Sobrinho, Vespasiano Ramos, Correia de Araújo e Humberto de Campos.

OFICINA DOS NOVOS

De acordo com Jomar, a 28 de julho de 1900 era fundada em São Luís a Oficina dos Novos, com o objetivo de cultuar os vultos do passado; incentivar os autores contemporâneos; promover solenidades cívico-literárias; organizar a biblioteca do autor maranhense e manter um periódico literário.

Desse movimento literário, destacaram-se os seguintes escritores: Josué Montello, Manuel Caetano Bandeira de Melo, Oswaldino Marques, Franklin de Oliveira, Odylo Costa Filho, Assis Garrido, Correia da Silva, Maranhão Sobrinho, Vespasiano Ramos, Corrêa de Araújo, Erasmo Dias e Antônio Lopes.

VENTOS DE RENOVAÇÃO

 Com a chegada de Portugal do poeta Bandeira Tribuzi, em fins da década de 40, o movimento cultural cresce por meio de discussões literárias, lançamentos de livros e do aparecimento de poetas, cronistas e artistas plásticos, que se reuniam na Movelaria Guanabara.

Como resultado daquela ebulição cultural, surgem poetas da dimensão de Ferreira Gullar, Lago Burnett, José Chagas, Manuel Lopes, Nauro Machado, e ficcionistas do nível de Bernardo Almeida, Erasmo Dias, Reginaldo Teles, José Sarney, Conceição Aboud, José Nascimento Moraes Filho, Ubiratan Teixeira, Fernando Moreira, Ronaldo Costa Fernandes, Nonato Masson, Viégas Neto, Carlos Madeira e Lucy Teixeira.

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O NOTÁVEL PROFESSOR CABRAL MARQUES

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Foi nos meados da década de 1960, quando o Maranhão era governado pelo escritor José Sarney, no governo do qual José Maria Cabral Marques exercia com brilhantismo e competência o cargo de secretário de Educação do Estado, que eu tive o prazer e a honra de conhecê-lo pessoalmente, de tomar conhecimento do que fazia como homem público e do formidável trabalho que realizava, como membro do primeiro escalão da nova administração, eleita em 1965 pelo povo maranhense.

Meus primeiros contatos com aquela extraordinária figura humana, aconteceram no órgão mais importante da administração pública estadual, a Sudema – Superintendência do Desenvolvimento do Maranhão, com as atribuições de planejar e acompanhar a execução dos recursos liberados para as obras governamentais.

Naquela repartição pública, onde eu prestava serviços administrativos, Cabral marcava presença com frequência, para discutir e tratar dos interesses da secretaria que comandava, construímos uma amizade sincera e sólida, a ponto de dele receber irrecusável convite para passar uma temporada na secretaria de Educação, para ajudá-lo nas ingentes tarefas impostas por aquela pesada máquina burocrática.

Anos depois, Cabral, então à frente da Secretaria de Administração, mais uma vez, lembra-se da minha pessoa e convida-me a fazer parte de um grupo selecionado, que no Rio de Janeiro, passaria um ano para participar de um curso na Escola Brasileira de Administração Pública, vinculada à Fundação Getúlio Vargas.

O grupo, constituído, dentre outros, por figuras do quilate intelectual e moral de José Joaquim Filgueiras, Artur Almada Lima (eram juízes), Mundicarmo Ferreti e José Bastos Silva, formaria o núcleo para o treinamento em São Luís dos futuros professores da Escola de Administração do Estado do Maranhão.

Os gestos de Cabral, praticados espontaneamente e com objetivos claramente confessáveis de fazer com que eu crescesse profissionalmente, ficaram indelevelmente marcados na minha alma e ao longo da vida jamais foram esquecidos, motivos pelos quais passei a ter por ele uma incomensurável admiração como homem público, onde se impôs pela retilínea conduta pessoal e moral e sem tirar proveito de qualquer natureza no desempenho das elevadas funções exercidas.

REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL

 De Cabral, não esqueço a edificante e segura atuação à frente da reitoria da Universidade Federal do Maranhão, cargo que ocupou ao longo dos anos de chumbo, quando enfrentou embates aguerridos e sem tréguas, de setores docentes e discentes, contra os quais jamais usou o poder que detinha sob suas mãos, para punir ou vingar-se dos que tentavam denegri-lo ou jogá-lo no limbo da vida pública.

NA ACADEMIA MARANHENSE DE LETRAS

No ano 2000, quando se abre uma vaga na Academia Maranhense de Letras, para ocupar o lugar do escritor Franklin de Oliveira, os acadêmicos, por unanimidade, elegeram Cabral Marques para tê-lo como confrade e fazer parte de um sodalício que o reconhecia como figura humana de valor pelas suas qualidades profissionais e intelectuais.

O GOSTO PELA POESIA

No seu discurso de posse, na Casa de Antônio Lobo, a 6 de abril de 2001, revelou o seu gosto pela poesia, com esta informação: “Quando eu era ainda muito jovem, foi noticiado que Margarida Lopes de Almeida, iria recitar poesias no Teatro Artur Azevedo. No dia e hora anunciados, lá estava eu, de terno e gravata, sentado na primeira fila. Imaginei deleitar meus ouvidos com a declamação e os meus olhos com uma mulher jovem e bonita. Na minha imaginação ela seria bela como as musas dos poetas. Minha surpresa e desagrado vieram juntos. Uma senhora de idade, gorda trajando um modelo do início do século, entrou no palco. Minha primeira reação foi retirar-me. Não tive coragem de sair e me detive. Foi bom ter ficado. Ainda hoje recordo o êxtase que se apossou de mim. Margarida começou a recitar divinamente. De repente, todo o meu ser ficou reduzido à dimensão dos ouvidos. Não falava, estava imóvel e absorto e aprendi a respiração para não perturbar o espetáculo.”    

O GOSTO PELA LEITURA.

Em outro trecho, bastante interessante de sua oração, relatou este fato: “Minha mãe, apesar do pouco tempo disponível, depois dos afazeres domésticos, lia muito. Fazia economia com o dinheiro das despesas de casa e comprava romances em fascículos. Presumo que poucas pessoas, sabem que se vendia, nesta cidade, de porta em porta, nos bairros pobres, romances em fascículos. Ela me incutiu o gosto pela leitura, contando-me histórias lendárias. Creio que ela me iniciou na literatura universal e que me fez ser encontrado muitas vezes, na minha mocidade, nesta Casa de Antônio Lobo, quando aqui funcionava a Biblioteca Pública. Com certeza, vinha guiado pela minha mão invisível de minha mãe, para ler os livros que eu não podia comprar, dentre os quais os didáticos.”

UM HOMEM DE FÉ

Sebastião Moreira Duarte, no maravilhoso discurso de saudação ao novo acadêmico, além de destacar,  de maneira irretocável e brilhante, as suas atuações na cena pública e privada, evocou também atos que marcaram a sua trajetória de virtudes nobres e multifacetadas, dentre as quais a de ser um homem de fé, o que pode ser avaliado por este episódio:  “Para comprová-lo, valho-me apenas do que sejam fatos recentes ou habituais em sua biografia, dispensando-me de trazer à nossa presença aquele rapagote que, envergonhado por não haver mais missa em dia de Sexta-Feira Santa, cobrou maior coerência à própria convicção e passou a vestir batina como coroinha nas procissões religiosas de São Luís, sem de incomodar o que dissessem seus companheiros. Também não precisarei tirar do baú de relembranças a foto do ajudante de missas dos frades capuchinhos ou, mais tarde, a do acólito de Dom José Delgado. Ou a do congregado mariano, do delegado da Juventude Universitária Católica, do presidente do Movimento Familiar Cristão.”   

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UM SENADOR FORA DE ÉPOCA

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Em 1988, o jornalista Augusto Nunes coordenou o lançamento do livro Minha Razão de Viver, do jornalista Samuel Wainer, publicado pela Record.

Recentemente, o livro foi reeditado, com retumbante sucesso de vendas, por trazer revelações de atos, fatos e episódios que marcaram a vida política brasileira nas décadas de 1950 e 1960.

Naquele período, numerosos e tumultuados acontecimentos vieram à tona, tendo como protagonistas os Presidentes da República, Eurico Dutra, Getúlio Vargas, Café Filho, Nereu Ramos, Juscelino Kubitscheck, João Goulart e Jânio Quadros.

No seu livro de memória, o jornalista Samuel Wainer dedica grande parte a duas personalidades que o ajudaram bastante no começo de sua vida profissional, Assis Chateaubriand e Carlos Lacerda, os quais, posteriormente, o perseguiram demasiadamente pelo fato de lançar no Rio de Janeiro, o jornal Última Hora, fundado às custas de recursos públicos e para defender o Governo do Presidente Getúlio Vargas.

A modernidade gráfica e a extraordinária equipe redacional, organizada e dirigida por Samuel Wainer, deixaram os jornais concorrentes em situação de desconfortável inferioridade, razão porque Chateaubriand e Lacerda, inconformados com a queda de vendagem e a fuga dos grandes anunciantes, passaram a mover uma campanha impiedosa, no sentido de tirar de circulação o novo jornal carioca e destruir moral e financeiramente o seu criador.

No livro, Assis Chateaubriand, o mais aguerrido inimigo de Samuel Wainer, pelo seu espírito diabólico, foi acusado de “se eleger senador pelo Maranhão, um Estado que mal conhecia”.

 Chateaubriand, na verdade, quando teve a sua candidatura lançada ao Senado pelo Maranhão, ainda que dono de dois jornais que circulavam em São Luís – um matutino, O Imparcial, e um vespertino, O Pacotilha, tinha pouco conhecimento de nosso Estado, daí porque, na breve campanha eleitoral, só botou os pés aqui na véspera da eleição, quando ao descer da aeronave que o trouxe do Rio de Janeiro, proferiu esta pequena saudação: – Viva o Maranhão.

Chateaubriand, também, não participou em São Luís das articulações promovidas pelos cardeais do PSD, Juscelino Kubitscheck, Amaral Peixoto, Tancredo Neves, Vitorino Freire e Renato Archer, que costuraram um acordo político para o Maranhão devolver o mandato de senador, que ele havia perdido nas eleições de 1954, na Paraíba.  

  No entendimento de que Chateaubriand não podia ficar sem mandato político e porque o candidato do partido, Juscelino Kubitscheck, à presidência da República, em 1955, precisava da cobertura nacional dos Diários Associados, a cúpula nacional do PSD negociou com o vitorinismo a realização de uma eleição fora de época no Maranhão.

A eleição aconteceu porque três providências foram materializadas: a concordância do governador Eugênio Barros; as renúncias do senador, Antônio Bayma, e do suplente, Newton Bello; a decisão do Tribunal Regional Eleitoral de marcar uma eleição, inobstante os protestos das Oposições Coligadas, que não tinham candidato para enfrentar o rolo compressor da máquina do governo.

O TRE, mesmo diante do clamor nacional contra aquela barganha política, marcou o pleito para o dia 20 de março de 1955, que resultou na eleição de Assis Chateaubriand e do suplente, Raimundo Públio Bandeira de Melo, que impuseram implacável derrota nas urnas, às candidaturas oposicionistas do coronel da Aeronáutica, Armando Serra de Menezes, e do suplente, jornalista Franklin de Oliveira.

O fato mais ruidoso ocorrido em São Luís, naquela eleição, foi a incineração de uma edição especial da revista O Cruzeiro, que trazia uma reportagem do jornalista David Nasser, sobre a vida de Chateaubriand, para ser distribuída gratuitamente ao eleitorado.         

CONSTRUTOR DE PONTES

Pela habilidade na arte do diálogo político, o governador do Maranhão, Flávio Dino, vem sendo apontado como um “construtor de pontes”.

Em tempo: as três pontes mais importantes do Maranhão, Benedito Leite, José Sarney e a Bandeira Tribuzi, não foram construídas pelo atual governador.

QUILOMBOLAS ITAPECURUENSES

Levando em conta de que oitenta por cento da população de Itapecuru-Mirim descende da raça negra, o prefeito Miguel Lauand, criou recentemente a Secretaria de Igualdade Racial.

Se depender dos votos dos descendentes quilombolas, está garantida reeleição de Miguel Lauand a prefeito de Itapecuru.

CIDADES CENTENÁRIAS

Este ano, seis municípios do Maranhão terão motivo suficiente para promover eventos festivos.

Há 100 anos, mediante leis votadas pela Assembleia Legislativa, Pinheiro, Guimarães, Cururupu, Codó, Coroatá, Bacabal e Pedreiras foram elevadas à categoria de cidades.

SÉRGIO BOGÉA

A população de Primeira Cruz quer que o advogado Sérgio Bogéa volte a ocupar o cargo de prefeito.

Para atender aos apelos do eleitorado, Sérgio que já esteve duas vezes o comando da prefeitura de Primeira Cruz, aceitou o desafio de disputar as eleições municipais deste ano.

Pelo prestígio e pelo trabalho realizado, é um candidato imbatível.

ALTERNATIVAS POLÍTICAS

Este ano, não haverá eleição para renovação de mandatos de deputados federais e estaduais.

Mas um deputado federal está em preparativos para disputar cargos eletivos no pleito de 2020: Josimar do Maranhãozinho.

 Ele não abre mão de concorrer ao Senado ou a Vice-governador do Estado.

DATAS NACIONAIS

O Presidente Jair Bolsonaro, que pretende, no seu governo, criar um órgão voltado para as comemorações das grandes datas nacionais, precisa saber que, no Maranhão, no começo do século XX, uma instituição com tal finalidade teve vida em São Luís.

Trata-se da Associação Comemorativa das Datas Nacionais, fundada pelo escritor Antônio Lobo, em 1901, presidida pelo professor Barbosa de Godóis, diretor da Escola Normal.

 A referida instituição costumava nas principais datas cívicas do país, desfilar pelas ruas da cidade, com retratos das personalidades que tiveram ativas participações naquelas efemérides.

MINISTÉRIO DA SEGURANÇA

O Presidente da República, Jair Bolsonaro, ao que tudo indica, vai criar mais um ministério.

Trata-se do Ministério da Segurança Pública, para que com a sua estrutura administrativa e financeira, possa combater com mais eficiência a criminalidade no país.

Quando o delegado Lourival Mendes exerceu o mandato de deputado federal, apresentou projeto no Congresso Nacional, no sentido de ser criado o Ministério da Segurança Pública.

ATRIZ MARANHENSE

Fazendo sucesso na novela Éramos Seis, a atriz luso-brasileira, Joana de Verona, no papel feminista de Adelaide.

Ela tem pais portugueses, nasceu em São Luís, mas foi criada em Lisboa.

MARIA RITA

Quem disse que a cantora Maria Rita canta e tem repertório, para animar um evento carnavalesco?

A filha de Ellis Regina é uma excelente cantora, mas não tem perfil para participar de show público em plena folia momesca. 

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CENTENÁRIO DE JOSUÉ MONTELLO

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O mês de agosto se aproxima bem como o centenário do nascimento do escritor Josué Montello, efeméride que as instituições culturais do Maranhão pretendem comemorar com eventos à altura do valor do saudoso romancista.

Há notícias de que instituições do porte da Academia Maranhense de Letras, Casa da Cultura Josué Montello, Universidade Federal do Maranhão, Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, Academia Ludovicense de Letras e Fundação da Memória Republicana Brasileira estão vivamente interessadas em realizar programações especiais, destinadas a exaltar o escritor e sua obra romanesca, quase toda ambientada na cidade de São Luis do Maranhão.

Seria de bom alvitre que elas se juntassem e organizassem uma majestosa programação, para o país tomar conhecimento da devoção do Maranhão a um homem que ao longo da vida sempre esteve vinculado à sua terra natal.

Não à toa, a Casa que leva o nome do escritor, pelo fato de ser mantida pelo Governo do Estado e integrar a estrutura da Secretaria da Cultura, recentemente passou por ampla reforma física, com vistas a prepará-la para receber o acervo do intelectual, que ainda se encontra no Rio de Janeiro, e de palco para atos e solenidades em louvor ao ilustre maranhense.

Por falar na Casa de Josué Montello, convém lembrar como ela nasceu, fato que gerou esta mensagem do escritor ao governador João Castelo, registrada no seu Diário da Noite Iluminada, a 3 de junho de 1979: “Estou acabando de receber a honrosa comunicação  de que meu eminente amigo e conterrâneo determinou a aquisição de um velho sobrado maranhense para ser instalada em São Luis, nesse imóvel, a Casa de Cultura Josué Montello. Não sei como agradecer ao querido amigo tão honrosa homenagem. Caso seja possível, eu próprio gostarei de organizá-la, para associar ao seu acervo os trabalhos e as relíquias de meus companheiros de geração literária.”

O prédio que o governador Castelo adquiriu para a instalação da Casa Josué Montello não é o da Rua das Hortas, comprada em 1990, pelo então governador Epitácio Cafeteira, onde hoje funciona a instituição,  mas a do Largo do Ribeirão, construção de dois sobrados geminados, com três pavimentos, mas de pouca profundidade.

O escritor escolheu o dia 23 de janeiro de 1983, aniversário da esposa Ivonne, e centenário de nascimento de Viriato Corrêa, para inaugurá-la. Do Rio de Janeiro, vieram os escritores Jorge Amado, Franklin de Oliveira, Bernardo Couto, Orígenes Lessa e José Guilherme Merquior, com as respectivas esposas, que se juntaram a José Sarney, João Castelo, Pedro Neiva de Santana, Luis Rego, professores universitários, acadêmicos, escritores e artistas plásticos.

No Diário da Noite lluminada, o escritor também descreve a cena da inauguração: “Uma emoção estranha e nova se apodera de mim, sobretudo quando ouço o hino maranhense, tocado pela Banda da Polícia Militar, defronte de minha janela, ao pé da minha porta, à chegada do governador Ivar Saldanha. O povo enche a casa, transborda para a calçada, derrama-se pelo Largo do Ribeirão. Depois dos discursos do governador, de Arlete e de Luis Rego, falo eu para ler meu discurso escrito. No esforço para dominar-me, leio devagar, redobrando de cuidado para que a voz não me falte. A cada momento estrondam as palmas. E eu bendigo minha terra e minha gente, pondo assim à prova a resistência dos meus nervos.”

A FEIRINHA DA B. LEITE

O vereador Ivaldo Rodrigues, recentemente nomeado secretário de Agricultura e Abastecimento de São Luis, acaba de ensinar ao prefeito Edvaldo Holanda o que se deve fazer para movimentar a cidade, sem gastar muito, mas usando criatividade e força de vontade.

Tudo começou no domingo passado, na Praça Benedito Leite, palco para instalação de uma Feira para exposição e comercialização de produtos da zona rural, sem esquecer artesanato, gastronomia e literatura maranhense, tudo isso sob o som e animação de grupos folclóricos e de artistas da terra.

A praça foi pequena para receber gente daqui e de fora da cidade. Se a chuva não caísse no meio da tarde, o evento invadiria a noite. Eu estive lá e posso dizer que a iniciativa de Ivaldo Rodrigues foi bem-sucedida, irreversível e contribuirá para o Centro Histórico ganhar alma nova aos domingos.

DE ANUAL A BIENAL

Afinal, a Secretaria de Educação Municipal usou o bom senso e decidiu transformar a Feira do Livro de São Luis em bienal.

A Academia Maranhense de Letras, consultada pela coordenação do evento, apoiou e aplaudiu a mudança, no entendimento de a prefeitura não ter estrutura e nem condições financeiras para bancar anualmente uma Feira de Livro, que nem local fixo tem para a sua instalação.

Se São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais mais adiantadas, nas quais o mercado editorial é mais forte e mais diversificado, as feiras de livros são bienais, por que São Luis, cuja produção livresca é ainda acanhada, se dá ao luxo de ser anual?

VOLUNTÁRIOS DA MEMÓRIA

O Tribunal de Justiça do Maranhão deflagrou numa iniciativa para  mobilizar a sociedade em torno do resgate de documentos e de outros bens de valor histórico, artístico e cultural, para o enriquecimento de seu acervo.

Para sensibilizar o povo maranhense, criaram-se os “Voluntários da Memória”, com os quais o Poder Judiciário espera arrebanhar farto e precioso material.

Documentos valiosos, do passado e do presente, que digam respeito aos magistrados e à magistratura, são indispensáveis para incrementar os arquivos do TJMA.

FELIPINHO OU FILIPINHO?

Leio um artigo do professor Luiz Gonzaga dos Reis, publicado em 1952, na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, sobre um sítio localizado à margem do Rio das Bicas, afluente do Bacanga, distante 5 quilômetros do centro da cidade, que pertenceu a um padre secular, que lhe havia dado o nome de São Tadeu.

Essa propriedade foi negociada, anos depois, por uma quantia razoável ao comendador Felippe Santiago Borges, alto capitalista e possuidor de vastos cabedais.

Em homenagem ao seu proprietário, o imóvel ficou conhecido por Felipinho. Com o passar do tempo, afirma o professor Luiz Gonzaga dos Reis, “nos seus terrenos se acham agora construídos cerca de 400 casas de uma grande vila mandada edificar pelo IAPC, para fruição de lucros, mediantes alugueres”.

Vem da construção daquele conjunto habitacional, a mudança do nome de Felipinho para Filipinho.

A CRISE DO SEXO

Quem disse que sexo não tem nada a ver com a crise econômica, é porque desconhece o que acontece em São Luis na área da motelaria.

A capital maranhense que tinha uma das maiores concentrações de motéis por metro quadrado do Nordeste, por conta dos desgovernos do PT, vem perdendo essa hegemonia.

Alguns motéis já fecharam. Os que ainda funcionam são por conta do parcelamento.

VINTE ANOS SEM NAZARETH

No dia 16 de junho de 1997, portanto, há vinte anos, o Maranhão perdia uma grande profissional da Medicina.

Trata-se de Maria Nazareth Ramos Neiva, pediatra, ex-presidente da Sociedade Maranhense de Pediatria e professora aposentada do Curso de Medicina da Universidade Federal do Maranhão.

Faleceu no Rio de Janeiro e consternou a cidade, onde tinha uma numerosa e cativa clientela.

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A OCUPAÇÃO DO LARGO DO CARMO

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O Largo do Carmo, secularmente, pela sua posição estratégica, tornou-se o principal ponto de convergência social de São Luis.

A vida da cidade gravitava nele e no seu entorno, onde tudo acontecia e a população tomava conhecimento de fatos e atos do cotidiano, que repercutiam pela presença de igrejas, cinemas, bares, restaurantes, lojas, redações dos jornais, emissoras de rádio, consultórios médicos, escritórios de profissionais liberais e dos transportes coletivos (bondes e ônibus).

Nas campanhas eleitorais, o Largo do Carmo funcionava como a caixa de ressonância política, tendo o frontispício da igreja de Nossa Senhora do Carmo e a sacada da casa de dona Maria Machado por moldura ou palco de comícios e concentrações populares, especialmente de conteúdo oposicionista, que fizeram São Luis ser conhecida por Ilha Rebelde.

Não havia outro local na cidade que atraísse e mobilizasse mais a população da cidade do que o Largo do Carmo, pois lá ocorriam os mais candentes episódios da vida privada e pública maranhense.  Naquele pedaço de chão, emanavam e fervilhavam as notícias mais fresquinhas, as informações mais quentes e os boatos mais desencontrados.

A importância do Largo da Carmo na vida pública maranhense salientou-se na famosa “Greve de 1951”, ocupada literalmente pelos “soldados da liberdade”, que lutavam para impedir o governador Eugênio Barros de ser empossado, sob a justificativa de sua eleição ser produto de fraude eleitoral.

Por mais de 60 dias, o povo de São Luis não arredou os pés dali, para ouvir  discursos, protestar e exigir do Presidente da República, Getúlio Vargas a decretação da intervenção federal no Maranhão, o que não aconteceu, deixando o eleitorado oposicionista frustrado.

Mas a partir de 1964, com o movimento militar que derrubou o presidente João Goulart do poder, que levou o país à ditadura, o Largo do Carmo deixou de ser o palco dos grandes acontecimentos políticos de São Luis.

Por motivo de segurança, as forças militares proibiram que, naquele espaço, se realizassem atos e manifestações políticas, para o povo não protestar ou se insurgir contra as autoridades.

Nas eleições de outubro de 1965, em que José Sarney conquistou o governo do Estado, nada aconteceu no Largo do Carmo, pois a Secretaria de Interior, Justiça e Segurança, com base no dispositivo federal, reprimiu todos os atos de natureza político.

Esse recuo histórico serve para mostrar o que o Largo do Carmo representou no passado e a situação em que se encontra atualmente: esvaziado, abandonado e ponto de encontro de viciados e marginais.

Mas esse quadro pode ser revertido desde que o prefeito Edivaldo Holanda Junior acorde e ponha em prática um projeto para reativá-lo e torná-lo cenário de atos memoráveis, que mereçam ser vistos ou comemorados pela população.

Para a materialização desse projeto, à prefeitura bastaria assumir a responsabilidade de dotar o Largo do Carmo de condições físicas para suportar a promoção de shows musicais, atos evangélicos, apresentações folclóricas, eventos populares, feiras de livros, encenações teatrais e até mesmo comícios políticos.

Em assim procedendo, a prefeitura daria à cidade uma opção a mais para a prática de atos públicos e privados e ainda desafogaria a Praça Maria Aragão de certas manifestações, algumas irrelevantes ou desnecessárias.

A COTAÇÃO DE NICOLAU

Nicolau Dino, irmão do governador Flávio Dino, é um dos subprocuradores que manifestaram interesse em se candidatar ao cargo de procurador-geral da República.

O atual procurador Rodrigo Janot apóia Nicolau Dino, antigo colega de Associação Nacional dos Procuradores da República, com quem mantém estreitos vínculos de amizade.

Nicolau é considerado um homem preparado, com experiência e estatura para manter a máquina da Lava-Jato nos trilhos, embora tenha perfil tímido.

Também é respeitado pela base do Ministério Público, mas o seu nome parece não ter a simpatia do Palácio do Planalto.

RESTAURANTE E DIA DAS MÃES

Os filhos que pensaram homenagear as mães, no domingo passado, levando-as aos melhores restaurantes da cidade, passaram por maus bocados e frustraram-se.

Em vez de alegria e prazer, as mães sofreram dentro e fora dos restaurantes, que, além de insuficientes, não se preparam para atender à demanda.

Elas, não mereciam ter visto cenas tão grotescas e passado por momentos nada agradáveis.

ARLETE E JOSUÉ

Há anos, a escritora Arlete Nogueira Machado guarda consigo uma raridade.

Um ensaio maravilhoso e inédito, com mais de cem páginas, da autoria do intelectual maranhense Franklin de Oliveira sobre a vida e a obra do saudoso escritor Josué Montello.

Ela sabia que um dia usaria aquela peça literária para homenagear os dois ilustres e renomados maranhenses. Por isso, proporá à Academia Brasileira de Letras a publicação do primoroso ensaio, no centenário de nascimento de Josué Montello, em agosto vindouro.

SEBASTIANISMO NO MARANHÃO

Em cumprimento à lei que determina que Portugal seja homenageado no Maranhão, no dia 10 de junho, a Academia Maranhense de Letras, a Sociedade Humanitária, a Comunidade Luso-Brasileira e o Grêmio Lítero Português, vão realizar um evento comemorativo.

No dia 6 de junho, às 19 horas, no auditório da AML, o escritor português, Antônio Freire, profere palestra sobre o tema “O Sebastianismo no Maranhão”.

O intelectual lusitano é hoje o maior conhecedor da vida e da obra do padre Antônio Vieira, a respeito do qual já escreveu vários livros.

DUTRA ARREPENDIDO

Encontrei o ex-deputado e agora prefeito de Paço do Lumiar, Domingos Dutra, ao lado da esposa, Núbia, minha conterrânea de Itapecuru.

Ao vê-lo um tanto quanto sorumbático, não deixei esta pergunta escapulir: – O que é melhor ser estilingue ou vidraça?

Respondeu o óbvio.

NOME DE PARTIDO

A moda agora é a mudança de nome dos partidos brasileiros.

Começou com Rede de Sustentabilidade. Depois veio Solidariedade. Agora foi a vez do Partido Trabalhista Nacional que virou Poderoso.  O PTB pretende ser conhecido como Avante.

Nome mais adequado ao PT: Trapalhões ou Trapaceiros.

SEM CENSORES

Tenho a impressão de que o trânsito melhorou bastante depois da retirada dos censores das vias públicas de São Luis.

O tráfego ficou mais livre e fluindo com mais desenvoltura.

Errou feio quem achava que o trânsito, sem os censores, transformaria a cidade num caos.

Ponto para o prefeito Edivaldo Holanda que, sem querer, livrou a Cidade daquelas engenhocas.

COMPARECIMENTO DE FELIPE

Por não comparecer à abertura do programa Roda de Debates, promovido pela Academia Maranhense de Letras com estudantes do ensino médio, o secretario de Educação, Felipe Camarão, marcou presença no encerramento do evento.

Como se não bastasse, discutiu, opinou e acatou sugestões e propostas de professores e alunos.

A presença de Felipe Camarão em eventos e atos que possam melhorar a educação no Maranhão, faz com que seja considerado um dos gestores mais eficientes e competentes do atual governo.

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O MARANHENSE QUE VIROU NOME NACIONAL

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José Ribamar Franklin da Costa nasceu em São Luis a 12 de março de 1916. Se não tivesse falecido a 6 de junho de 2000, no Rio de Janeiro, onde morava, teria completado ontem 100 anos.

Diante dessa triste realidade, resta cultuarmos a sua memória, considerando que em vida foi um homem que marcou época e projetou-se no cenário nacional como renomado escritor, cronista, jornalista, crítico literário, dono, portanto, de vasta e rica bibliografia.

José Ribamar, em 1938, com 22 anos, troca São Luis pelo Rio de Janeiro, para dar continuidade à carreira jornalística forjada nos jornais maranhenses Tribuna, O Imparcial, Folha do Povo, Diário do Norte e Diário da Tarde, todos carimbados como o selo da política.

Na cidade em que nasceu, também, participou de atividades culturais como membro do Cenáculo Graça Aranha. Nessa época, conheceu Reis Perdigão, que exerceu forte influência na sua vida de jornalista e na militância política, como ativista do Partido Radical Socialista.

Na Cidade Maravilhosa não encontrou dificuldade para empregar-se. Ingressou no jornal A Notícia, como redator, aprovado no teste em que mostrou intimidade com as letras e acentuada cultura humanística.

Mas foi no semanário literário Dom Casmurro, em 1950, que mostrou a que veio e onde teve o seu nome alterado para Franklin de Oliveira, a quem deve a dois importantes jornalistas e com os quais fez grande amizade: Joel Silveira e Dante Costa.

Com o novo nome, prestou serviços aos jornais A Vanguarda, Boletim Mercantil, Diário da Noite e O Radical, onde recebeu convite para trabalhar nos Diários Associados, em preparativo para lançar a revista O Cruzeiro. Aceitou a proposta e a indicação para assumir a coluna Sete Dias, inserida na última página da revista, de conteúdo lírico e sobre o cotidiano, que agradou leitores de todos os níveis, destacando-se os intelectuais Humberto de Campos, Guimarães Rosa e Carlos Drumond de Andrade, este, inclusive, chegou a perguntar ao cronista maranhense “onde ele buscava tanto lirismo para escrevê-la”.

Por conta desse lirismo, a Academia Maranhense de Letras o elegeu em 21 de outubro de 1948 para integrar os seus quadros como fundador da Cadeira nº 38, patroneada por Adelino Fontoura.

Ao longo de sua bem-sucedida trajetória jornalística Franklin de Oliveira, em duas oportunidades, viu-se envolvido pela política partidária. A primeira em 1950, ao se lançar candidato a deputado federal. Em vez de disputar o pleito por um partido de esquerda ou de oposição, faz a opção pelo Partido Social Trabalhista, fundado e comandado pelo senador Vitorino Freire.

Após o registro da candidatura, montou em São Luis uma estrutura publicitária rica e moderna, planejada sob a ótica do marketing político, jamais vista no Maranhão. Instalou o comitê de propaganda eleitoral na Praça João Lisboa e preparado para fazer uma campanha de alto nível, de modo a convencer o eleitorado a votar num candidato culto e glorificado como “Um nome nacional a serviço do Maranhão”.

Ao final das apurações, contestadas pelas Oposições, veio à tona o inequívoco fracasso de Franklin de Oliveira nas urnas: só obteve 2.754 votos, resultado considerado bem abaixo do seu desempenho financeiro. Como prêmio de consolação, ganha o apelido de Nome Nacional.

A segunda vez que Franklin de Oliveira incursiona na política maranhense foi em 1954, em que o dono dos Diários Associados e seu patrão, Assis Chateaubriand, após perder a eleição de senador na Paraíba realiza uma espúria negociação de compra de mandato, apoiado Vitorino, que resulta numa eleição intempestiva no Maranhão.

O mandato comprado foi do senador Antônio Bayma, depois de uma negociação da qual participou a cúpula nacional do PSD, que precisava da presença de Chateaubriand no Senado e da cobertura de seus jornais, rádios e televisão na consolidação da candidatura de Juscelino Kubitscheck à presidência da República, no pleito de 1955.

Concluída a operação de compra do mandato, consubstanciada na renúncia de Antônio Bayma e do suplente, Newton Bello, estava armado o circo para eleger Chateaubriand ao Senado, fato que as Oposições Coligadas denunciaram à Nação e tentaram inviabilizá-la, mas não conseguem diante da força política do beneficiado e do interesse do PSD de patrocinar inominável barganha, que manchou o Maranhão de vergonha.

Registrada a candidatura de Chatô no Tribunal Regional Eleitoral e marcado o pleito para 20 de março de 1955, inobstante as reações das Oposições, que acuadas decidem participar da pugna eleitoral, convocando para enfrentar o candidato vitorinista, o coronel da Aeronáutica, Armando Serra de Menezes, e o jornalista Franklin de Oliveira, este, como suplente.

Franklin de Oliveira paga um preço alto pela ousada decisão de não apoiar o patrão e de insurgir-se contra a negociata que fez dele o representante do Maranhão no Senado da República.

Perseguido e demitido de O Cruzeiro,  luta pelos seus direitos trabalhistas, batalha longa e penosa, tendo por palco a Justiça do Trabalho, no Rio de Janeiro, onde assistido pelo brilhante advogado Vitor Nunes Leal, ganha a causa que obriga os Diários Associados a cumprir o que mandava a lei pelos doze anos de trabalho prestados à revista O Cruzeiro.

LETRA DA PROPAGANDA MUSICAL DE FRANKLIN DE OLIVEIRA.

Eis aí um nome nacional

Sempre a serviço do Maranhão

Franklin de Oliveira cristaliza o ideal

De manter viva essa terra-tradição

Jornalista e escritor, homem capaz, trabalhador

Indicado pela cidade de Caxias

Faz jus a glória de Gonçalves Dias

Nós e também você

Votaremos com o PST

Para eleger Franklin de Oliveira

Que tudo fará pela Atenas brasileira

Como deputado federal.

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CENTENÁRIOS ACADÊMICOS

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Este ano de 2016 é rico em matéria de efemérides acadêmicas. A Academia Maranhense de Letras, sempre atenta a eventos que lhe dizem respeito, organizará uma programação especial, para a comemoração de cinco centenários de intelectuais que dela fizeram parte e deixaram seus nomes perenizados.

São três centenários de nascimento e dois de falecimento. Na relação dos nascidos em 1016, Franklin de Oliveira, Pires de Saboya e Erasmo Dias. Dos falecidos há cem anos, Antônio Lobo e Vespasiano Ramos.

A primeira solenidade que a Academia Maranhense de Letras realizará para comemorar os que completariam em 2016 cem anos será a 12 de março. O homenageado é o poeta, crítico, ensaísta, jornalista e cronista José Ribamar de Oliveira Franklin de Oliveira, nascido em São Luís, mas cedo se mudou para o Rio de Janeiro, em cuja imprensa militou com brilho, nas revistas “O Cruzeiro”, “Cigarra”, “Letras e Artes” nas quais manteve seções que marcaram época, a exemplo de “Sete Dias”.

Em São Luis, teve, também, atuação na vida intelectual como integrante do Cenáculo Graça Aranha e da Academia Maranhense de Letras, nesta, ocupando a Cadeira nº 38, de Adelino Fontoura.

A política maranhense não deixou de seduzir Franklin de Oliveira. Em dois momentos,  deixou os afazeres profissionais no Rio de Janeiro, para tentar a sorte na vida pública. O primeiro, em 1950, quando aceitou o convite do senador Vitorino Freire para ser candidato a deputado federal pelo Partido Social Trabalhista. Entrou com toda a força na campanha eleitoral, mas as urnas não corresponderam à inovadora propaganda política, tentando convencer o eleitorado de ser o candidato mais preparado para representar o povo maranhense no Congresso Nacional. Além de derrotado, ainda ganhou o apelido de “Nome Nacional”, slogan musical que introduziu na campanha eleitoral para massificá-la e conquistar votos, mas em vão.

O segundo, em 1955, para participar de outra aventura política: impedir a eleição de seu patrão, Assis Chateaubriand, que derrotado na sua terra, Paraíba, negociou a compra do mandato de senador no Maranhão, provocando um pleito intempestivo em março de 1955.

Franklin de Oliveira e outros maranhenses, radicados no Rio de Janeiro, juntaram-se aos oposicionistas de São Luis para protestar contra uma barganha política, que resultou na renúncia do senador Antônio Bayma e do suplente Newton Bello. O escritor, que trabalhava nos Diários Associados, aceita concorrer ao cargo de suplente de senador, na chapa oposicionista, contra o patrão. Resultado: perdeu a eleição e o emprego na revista “ O Cruzeiro”.

A segunda solenidade será a 16 de abril, desta feita, para reverenciar e homenagear José Pires de Saboya Filho, nascido na cidade de Independência, Ceará. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Ceará, ingressou no jornalismo no “Unitário”, órgão dos Diários Associados. Em 1944, veio para São Luis, designado para dirigir os jornais O Imparcial e O Pacotilha. Professor da Faculdade de Direito, advogado do Banco do Brasil, exerceu em duas legislaturas o mandato de deputado federal. No governo Nunes Freire, ocupou o cargo de secretário de Interior e Justiça. Pelos seus trabalhos jornalísticos e literários, ingressou na Academia Maranhense de Letras, ocupando a Cadeira 39, que tem como patrono Augusto Olímpio Gomes de Castro.

O terceiro intelectual a merecer solenidade especial pelo centenário de nascimento é José Erasmo Dias, nascido em São Luis a 2 de junho de 2016. Com militância em vários jornais do Maranhão, brilhou em O Combate, na década de 1950, consagrando-se como extraordinário editorialista.  Ficou também famoso pelos discursos proferidos na Assembleia Legislativa, como suplente e integrante da bancada oposicionista. Chefe de gabinete do prefeito de São Luís, respondeu interinamente pelo cargo.

Com 16 anos começou a escrever seus primeiros versos. Como novelista, deixou uma obra prima: Maria Arcângela. A Academia Maranhense de Letras o recebeu de braços abertos em noite de gala.

Para reverenciar a memória dos que faleceram a cem anos, a AML realizará duas solenidades. Uma, em homenagem a Antônio Francisco Leal Lobo, nascido em São Luis a 4 de julho de 1870 e falecido na mesma cidade em 24 de junho de 1016.

Professor da Escola Normal e do Seminário das Mercês, diretor do Liceu Maranhense, da Instrução Pública e da Biblioteca Pública. Escritor, jornalista, com militância nos jornais O Pacotilha, A Tarde, Diário do Maranhão, Federalista, Revista Elegante e Revista do Norte, da qual foi fundador. Teve papel destacado na vida cultural de São Luis, como fundador da várias instituições, ressaltando-se a Academia Maranhense de Letras, da qual é patrono e ocupou a Cadeira nº 14. Deixou uma bibliografia vasta e de qualidade, pontificando “Da carteira de um neurastênico” e “Os novos atenienses”.

Na biografia de Antônio Lobo, o registro de sua morte por enforcamento na corrente de sua própria rede de dormir, em sua residência. As razões desse extremado gesto deram-se pela oposição que fazia ao governador Herculano Parga. Este, em revide, o perseguiu e restringiu suas atividades profissionais, demitindo-o da direção do Liceu Maranhense.

O segundo membro da Academia Maranhense de Letras a ser lembrado pelo seu falecimento, ocorrido em 26 de dezembro de 1916, o poeta de Caxias, Vespasiano Ramos. Deixou livro de poesia intitulado “Coisa Alguma”. O seu nome foi escolhido para patrono da Cadeira 32, fundada pela poetisa Mariana Luz.

 

O CRIME COMPENSA?

 

A revista Veja, todo final de ano, produz uma edição especial, intitulada Retrospectiva, na qual são pontuados pessoas, fatos, atos e acontecimentos que foram destaque no Brasil e no Mundo.

Na Retrospectiva de 2015, a surpreendente inclusão da ex-prefeita de Bom Jardim, Lidiane Leite, afastada do cargo por desviar recursos federais da área educacional, mas empregados criminosamente em proveito pessoal e superfluamente.

Essa conduta ilegal praticada por Lidiane mostra as duas faces de uma mesma moeda. Numa, o registro de sua prisão pela Polícia Federal e do mandato cassado pela Câmara Municipal de Bom Jardim. Noutra, a projeção de seu nome dentro e fora do Brasil e o destaque dado a ela pela revista de maior circulação no país.

 

GRAMADO: ONTEM E HOJE

 

Em 1985,  eu e Solange fizemos uma viagem turística ao Rio Grande do Sul, para conhecer a Serra Gaúcha e as cidades que dela fazem parte: Gramado, Canela, Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Garibaldi e Nova Petrópolis.

Naquela época, Gramado começava a despontar e chamar a atenção do país pelo seu forte potencial turístico, assentado em dois pilares: o artesanato e a produção de chocolates. A cidade era ainda acanhada e com pouca movimentação para o turismo.

Trinta anos depois, retorno a Gramado para vê-la completamente alterada e modificada. Deixou de ser uma esperança e virou uma realidade no turismo nacional. Com um comércio forte e sofisticado, a cidade fez do Natal um grande produto turístico, que atrai gente de todas as partes do país e do estrangeiro. O evento, celebrado de novembro a meados de janeiro, é visto pelo viés cristão, mas impregnado do aspecto épico, mágico, artístico, enfim, festivo.

Dentre as várias manifestações dadas ao Natal, pelo povo gramadense, duas sobrelevam: o espetáculo “Eu sou Maria” e o Desfile de Natal. A primeira, o grande musical épico, com um elenco de mais de 200 artistas, entre atores e atrizes, cantores, sopranos, tenores, orquestra e bailarinos, ao vivo. A história vai do compromisso de Maria ao Anjo Gabriel, aceitando a missão de dar ao mundo a uma criança que mudou a vida da humanidade. A segunda, o Desfile de Natal,  um show que traduz o sentido mágico e alegre, com carros alegóricos, que contam musicalmente a trajetória da maior festa da cristandade.

 

HERÓI DA PÁTRIA

 

A presidente Dilma Roussef alterou uma lei e incluiu o nome de Leonel Brizola no Livro dos Heróis da Pátria.

Como Herói da Pátria, Brizola passa a figurar ao lado de duas dezenas de personalidades históricas, que prestaram relevantes serviços ao Brasil nos mais diferentes setores, dentre as quais Tiradentes, Zunbi dos Palmares, Santos Dumont, Dom Pedro, Anita Garibaldi, Heitor Villa Lobos, Getúlio Vargas.

O motivo que levou a presidente da República a fazer de Brizola Herói da Pátria, a sua atuação no episódio histórico que garantiu a posse do ex-presidente João Goulart, em 1961, no cargo de presidente da República, que os ministros militares tentaram impedir, mas recuaram diante do movimento de resistência, começado no Rio Grande do Sul, encabeçado pelo seu governador.

Brizola, na minha modesta opinião, não tinha essa bola toda para ser incluído nessa galeria de tão ilustres figuras. Basta ver o seu comportamento, no exercício do cargo de governador do Rio de Janeiro, quando foi o único a hipotecar solidariedade ao então presidente da República, Fernando Collor, que sofria um processo de impeachement, pelas ilegalidades praticadas em Brasília.

 

2015: MARCADO PELA SAUDADE

 

O ano de 2015 não foi nada bom quando a gente lembra que não conta mais com pessoas tão caras e que deixaram imensas saudades.

Eu, por exemplo, lamento a ausência de figuras amigas e fraternas, que marcaram a minha vida, a cidade onde viveram e o que construíram e fizeram em suas atividades profissionais.

Não posso esquecer José Mário Santos, Fernando Ferreira, Nivaldo Macieira, José Chagas, Ubiratan Teixeira, Nauro Machado, Hélio Maranhão, Paula Gaspar, Maria do Socorro Moura Silva, Teresa Murad, Helena Duailibe e minha irmã, Lisiane, que partiram do nosso convívio e deixaram um imenso vazio em nossa vida.

 

NEW YORK E NOVA IORQUE

 

O jornal Folha de São Paulo, da semana passada, informa que o governador paulista Geraldo Alckmin, compareceu a um almoço de confraternização de final de ano, quando foi abordado por um idoso, que, insistentemente, o convidava a viajar em sua companhia para Nova Iorque, onde ele é muito popular.

Intrigado com aquele inusitado convite, o governador pede a sua assessoria informações sobre o idoso e a cidade que deveria visitar.

Depois de algum tempo, a informação: o convite do idoso era para visitar não New York, mas a cidade maranhense de Nova Iorque, na fronteira com o Piauí.

Geraldo Alckmin prometeu ao idoso conhecer a cidade maranhense, onde desfruta de imensa popularidade.

 

FÓRMULA DO GOVERNADOR

 

Em artigo de sua lavra – “Só o diálogo salvará o Brasil”, publicado no jornal Folha de S.Paulo, o governador Flávio Dino afirma que a solução dos problemas brasileiros passa pela participação no processo político do PT e do PSDB, os dois maiores partidos do Brasil, fórmula que usou para ganhar as eleições de 2014 no Maranhão.

O poder parece não fazer bem ao governador Flávio Dino. Como pode defender uma tese de envergadura nacional, descartando a participação do PMDB, este, sim, bem ou mal, o maior partido do Brasil?

Quem deveria ser excluído desse pacto é o PT, agremiação partidária que conduziu o Brasil a um beco sem saída, com  a adoção de uma desenfreada política onde a corrupção foi imposta de cabo a rabo.

 

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