Rua Grande na mira do crime

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Ladrões entraram na loja por abertura no forro e roubaram 10 celulares e outros objetos (Foto: Flora Dolores/O Estado)
Ladrões entraram na loja por abertura no forro e roubaram celulares e outros objetos (Foto: Flora Dolores/O Estado)

Principal via do comércio varejista de São Luís, a Rua Grande sofre há tempos com a violência. Como não poderia deixar de ser, os alvos preferenciais da bandidagem são as dezenas de lojas instaladas ao longo da artéria, que impulsiona em boa medida a movimentação da economia local. O caso mais recente foi um arrombamento à filial de uma das maiores redes do ramo de venda de móveis e eletrodomésticos do Maranhão, ocorrido na madrugada de ontem. Preocupados com a sucessão de crimes na área, muitos empresários redirecionaram seus investimentos para os shoppings, considerados mais seguros.

As investidas do crime contra o comércio da Rua Grande não são nenhuma novidade. A diferença é que agora os bandidos estão mais audaciosos e truculentos. No último arrombamento, por exemplo, os ladrões entraram pelo teto, a poucos metros do local onde está instalada uma câmera, e furtaram 10 celulares e outros produtos. A propósito, os equipamentos de videomonitoramento já não são mais garantia de que o roubo ou o furto serão evitados, tamanha a ousadia dos autores, que quase sempre agem de “cara limpa”.

Em junho de 2014, um assalto à filial de outra grande rede do ramo de eletrodomésticos, também instalada na Rua Grande, deixou a população de São Luís abismada. Vestindo uniformes da Cemar e da Vale, dois bandidos armados renderam funcionários da loja e obrigaram o gerente a abrir o cofre, de onde roubaram a vultosa soma de R$ 287 mil, um dos assaltos mais rentáveis já registrados pela crônica policial no Maranhão. O episódio acendeu o alerta nos empresários, que passaram a investir muito mais em segurança particular. Outros simplesmente procuraram outro ambiente para trabalhar, optando pelos shoppings.

O segmento lojista já começa a registrar a fuga de empresários da Rua Grande. Assustados com a violência crescente, um número cada vez maior de comerciantes passou a trocar a agitação do Centro e entorno pela segurança e a comodidade proporcionadas por esses estabelecimentos. Em franca expansão, o fenômeno pode estar marcando o início da decadência da outrora imbatível Rua Grande, mesmo às vésperas da obra a ser bancada pelo Governo Federal com o intuito de restaurar a infraestrutura da via, de modo a proporcionar melhor acessibilidade e espaço mais aprazível para as compras.

Enquanto uma parte do empresariado foge da Rua Grande por medo da violência, os que resistem clamam ao poder público por um combate mais efetivo ao crime na via e em todo o seu entorno. Entidades representativas do setor, como Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Associação Comercial (ACM) e Federação do Comércio (Fecomércio) sempre chamam atenção para a necessidade de maior cobertura policial na região. E chegam a manter diálogo regular e uma boa relação institucional com as instituições de segurança. O problema é que os planos traçados não são executados com a efetividade esperada.

A Rua Grande ainda tem e ostentará por muito tempo um comércio pujante. Por isso, a bandidagem a vê como alvo preferencial, sem que haja, até o momento, uma resposta à altura das forças de segurança. Está na hora de impor repressão implacável a essa corja, para evitar consequências ainda mais danosas e irreversíveis à economia local.

Editorial publicado nesta quinta-feira em O Estado do Maranhão

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