“O sistema hospitalar de São Luís está num colapso iminente”, diz epidemiologista Antônio Augusto em reunião sobre a situação atual da pandemia

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Reitor Natalino Salgado em reunião por videoconferência com o professor Antônio Augusto e demais especialistas da área de saúde da UFMA


Foi realizada ontem, 2 de março, uma live com transmissão pelo Canal Institucional da UFMA no Youtube para analisar a atual situação da pandemia da Covid-19. A reunião também teve por objetivo debater as medidas de prevenção contra o coronavírus na Universidade. A reunião incluiu a participação do reitor Natalino Salgado, do vice-reitor Marcos Fabio Belo Matos, do professor e infectologista Antônio Augusto Moura da Silva e de diversos pró-reitores, superintendentes, diretores de centro, coordenadores e docentes da UFMA.

De maneira didática, com auxílio de gráficos e listas, o infectologista e professor do Departamento de Saúde da UFMA Antônio Augusto Moura da Silva refletiu sobre a conjuntura atual da pandemia da covid-19 e seus reflexos no Maranhão, iniciando sua apresentação com a análise da problemática de notificação dos casos de covid-19 em São Luís. “Nossa vigilância epidemiológica está tão enfraquecida que não conseguimos acompanhar a epidemia pelo número de casos, porque a testagem é muita baixa, nem pelo número de óbitos, porque a notificação é feita com muito atraso”, revelou.

Com essas fragilidades, segundo ele, a única maneira de acompanhar em tempo real a epidemia é por meio dos dados das internações que são publicados todos os dias no Boletim Epidemiológico do estado, que discrimina o número de leitos ocupados, tanto em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) quanto em enfermarias, de pacientes com coronavírus.

 “Os dados do Boletim Epidemiológico em São Luís denunciam que estamos chegando mais próximo da nossa capacidade máxima de leitos de atendimento nos hospitais. Já na cidade de Imperatriz, nessa última semana, o sistema de saúde entrou em colapso, com a taxa de ocupação de leito atingindo o limite, e pacientes sendo transferidos em situação de urgência para a capital”, denunciou.

Os dados ficam mais alarmantes quando o especialista faz uma previsão para daqui um mês. “Estimamos que, daqui a trinta dias, haverá uma estimativa de 190 pacientes necessitando de tratamento intensivo em São Luís, sendo que, até a semana passada, o número de leitos disponíveis em UTI era de 159. Já a necessidade de leitos clínicos ultrapassará a capacidade potencial máxima de expansão em 180, considerando que, no primeiro pico da epidemia, o sistema contava com 600 vagas de leitos clínicos. Essa projeção prevê uma grande probabilidade de que o sistema hospitalar de São Luís esteja num colapso iminente, tendo duas ou três semanas para colapsar de fato”, conjeturou.

O infectologista acrescentou que, no setor privado, os dois maiores hospitais de São Luís estão com 100% de ocupação em UTI Covid, um deles com fila de espera de seis casos. “Esses hospitais estão fazendo um esforço hercúleo de ampliar o número de leitos para atender aos pacientes que estão chegando e sempre com fila de espera. Isso, tecnicamente, é a saturação do serviço de saúde”, analisou.

Ao término de sua apresentação, o docente frisou que conhecer a realidade é o primeiro passo para orientar as ações que poderão ser adotadas no futuro. “A primeira coisa que deveríamos fazer no Brasil para controlar a pandemia seria uma grande campanha de comunicação. Acredito que muitas pessoas sabem o que está acontecendo, mas, talvez, não tenham a dimensão real do perigo potencial que o mundo está enfrentando. A sociedade não tem esse conhecimento, e, infelizmente, voltar qualquer atividade presencial significa colaborar para que a transmissão continue”, advertiu.

No bojo de ações de combate à disseminação do coronavírus, o reitor Natalino Salgado pontuou as medidas tomadas pela instituição. “Desde o início da divulgação da disseminação da covid-19 no país, agimos com foco em proteger a nossa comunidade acadêmica por meio da suspensão das atividades presenciais, produção de cartilhas informativas, arrecadação de doações de fundos e materiais, produção de álcool em gel, máscaras e protetores faciais, editais de auxílio digital e a criação de um Comitê Operativo de Emergência de Crise. Estamos fazendo um esforço gigantesco para mantermos a Universidade ativa, mas com todos os cuidados da preservação da vida”, finalizou.

Reveja a transmissão da reunião

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