
São Luís (MA), outubro de 2025 – Quase dois anos após o brutal assassinato de Ana Caroline Campêlo de Sousa, mulher lésbica de 21 anos, o Tribunal do Júri do acusado está marcado para o dia 5 de novembro de 2025 (quarta-feira), em Governador Nunes (MA). O Levante Nacional Contra o Lesbocídio e coletivas lésbicas de todo o país convocam mobilizações presenciais e virtuais em torno da data, exigindo justiça por Ana Caroline e o fim da negligência institucional nos crimes movidos por lesbofobia.
Ana Caroline foi sequestrada, torturada e assassinada em dezembro de 2023, quando voltava do trabalho de bicicleta. Seu corpo foi encontrado com mutilações extremas, o rosto desfigurado e o couro cabeludo arrancado: marcas de uma violência cometida com crueldade e motivada pelo ódio à sua existência lésbica. O crime chocou o Maranhão e o país, mas, até hoje, ninguém foi responsabilizado.
A mãe de Ana Caroline, Carmelita Sousa, vive a dor da perda com a esperança de que o julgamento traga respostas: “Quero que esse júri mostre todas as provas, que diga tudo o que aconteceu com a minha filha. Que ele pague por tudo que fez”, afirmou. Para ela, a justiça precisa ser feita “de forma bem feita, longa e verdadeira”, como uma reparação mínima diante da brutalidade do crime.
Emocionada, dona Carmem contou que busca forças na memória da filha e na solidariedade das pessoas que não deixaram o caso cair no esquecimento: “Ele não imagina o tamanho do sofrimento que causou à Ana Caroline e à nossa família. Quero agradecer a todos que ajudaram e postaram, que não deixaram o nome dela ser esquecido. É isso que me dá força para continuar pedindo justiça”, completou.
“Pelo direito à justiça e à memória de Ana Caroline! Por todas as lésbicas que foram silenciadas e tiveram suas vidas ceifadas pelo ódio. Lésbicas existem e lutam pelo bem viver no estado do Maranhão e demais territórios da Amazônia, reparação e justiça já!”, afirmam as membras da Coletiva LesboAmazonidas.
O Levante Nacional Contra o Lesbocídio reforça que o Estado brasileiro tem falhado em garantir investigações sérias e transparentes nos casos de violência contra lésbicas, perpetuando um ciclo de negligência, invisibilização e negação do direito à memória.

É inaceitável que mulheres lésbicas sigam sendo alvo da violência e da covardia de homens que não suportam nossa existência livre. É revoltante que ainda enfrentemos estupros corretivos, agressões e lesbocídios sem respostas à altura da gravidade desses crimes. Quando nossas vidas são interrompidas, o Estado falha em garantir investigações sérias e transparentes, negando não só a justiça, mas também o direito à memória e à dignidade das que partiram.
A morte de Ana Caroline não pode ser esquecida. Cada dia sem responsabilização reforça o desprezo pela vida das mulheres lésbicas e a naturalização da violência lesbocida. O julgamento em 5 de novembro será um momento decisivo para afirmar que as vidas lésbicas importam e que a justiça é uma urgência coletiva.
A quase dois anos do seu assassinato, seguimos em luta para que seja feita justiça e para que o caso não caia no esquecimento. O movimento convida a imprensa, coletivas lésbicas, defensoras de direitos humanos e toda a sociedade a se unirem na mobilização nacional por justiça para Ana Caroline.
Contatos do Levante: [email protected] | Instagram: @contraolesbocidio
2 comentários em “Dois anos depois do assassinato de Ana Caroline, no Maranhão, movimento lésbico exige justiça e anuncia mobilizações pelo julgamento do caso”
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Que a justiça seja feita, chega de violência.
#SOMOSTODASANACAROLINE