Eu, jogador? | #DQ189

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Trilha:

 

 

É, nunca foi meu forte essa coisa de jogar com sentimentos. Eu sempre perco o time e caio nas ciladas dos momentos. Eu até planejo o próximo passo, o que vou falar. Mas me sinto péssimo por isso e desisto na hora H. Eu deixo de tentar ser menos empolgado, menos sorridente, mais calado e menos contente. Acho terrível não poder ligar no dia depois do seguinte, novamente, e ficar nesse jogo de xadrez, esperando que você não tenha mais pra onde ir e chegue a minha vez. Se for pra ser assim, melhor nem começar. Eu quis você pra tanta coisa e nenhuma delas foi jogar.

Deveria ter uma regra, dessas que a gente só faz amor, e nunca guerra. Deveria ter um manifesto em favor dos afobados, dos intensos, dos amantes, dos imprudentes. A gente não tem colete à prova de balas, capacete, salva -vida. A gente não tem nada. A gente só sente as coisas e faz. E se isso é pecado, eu peco até demais. Peco, porque não me nego às palavras. Peco, porque não me nego aos olhares. Peco, porque não me nego ao fogo cruzado, ao beijo roubado e ao coração acelerado. Peco, porque, lá no alto, no auge do meu sentir, se você pedir pra eu pular, eu pulo. E se não pedir, eu pulo mesmo assim. Porque se você não tem coragem de pular, não merece a vista ao subir. Daqui, de cima, tudo é pequeno- inclusive o medo de não ter quem segure você quando cair. Eu sou -e parece que não deixarei de ser precipício- pressuposto, predição, suicida, falha geográfica, que relevo sem depressão.

Eu vou sentir mais que todo mundo sente. Vou mentir menos que todo mundo mente. Vou rezar mais que qualquer crente. E falhar mais que qualquer vidente. Eu vou ser um desastre sem culpa. Leve como vento. Denso como frio. Intenso. Credo. Crente. Crido. Criado órfão por pais ausente. Amado só por deuses, inexistentes. Cultivado nas incertezas dos desesperados, eu fui cilada, do meu próprio acaso.

 

#DQ189 #espalheamorporaí <3

 

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