Crônica de José Fernandes: “Estratégias para viver melhor”

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PALESTRANTE e consultor de estresse, Richard Carlson diz que o seu livro contém apenas algumas estratégias para ajudar pessoas a enfrentar a vida de modo mais ameno.

Na minha opinião, esse seu livro, de conteúdo simplificado, Não faça tempestade em copo d’água, vai muito além do que se propõe, é mais do que de autoajuda – é um compêndio que, em forma de agradável aconselhamento, pode transformar, totalmente, o nosso dia a dia, se o levarmos a sério. Embora muita gente conheça boa parte das regras nele contidas, a maneira direta e despojada de cienticismos como as explana tornam-nas receptivas e convincentes, porque dizem, exatamente, como gostaríamos de proceder – e não procedemos – pois somos limitados por quizílias que nos fazem desvalorizar as coisas simples.

Não tenho a pretensão de adentrar nas peculiaridades da obra. Ofereço, apenas, para quem interessar, uma amostra dos assuntos abordados nos seus resumidíssimos capítulos de pouco mais de uma página. Um, por exemplo, pede que façamos as pazes com as nossas imperfeições; outro, pede para ficarmos atentos ao efeito bola-de-neve dos nossos pensamentos e, na sequência, que desenvolvamos a complacência; lembra-nos que, quando morrermos, nossa caixa de entrada não estará vazia; aconselha-nos a não interrompermos nem completarmos as frases dos outros; a não valorizar a nossa glória, mas aprender a viver o momento presente.

Tornar-se-á cansativo declinarmos todos os temas expostos no opúsculo, mas seria uma lamentável omissão não mencionar os que nos ensinam a ter tolerância ao estresse, a gastar um minuto por dia pensando em alguém a quem devamos agradecer, a sorrir para os estranhos, olhar nos seus olhos e dizer “olá’; a reservar, todos os dias, alguns momentos para nós mesmos; a imaginar as pessoas em nossa volta como se fossem criancinhas ou adultos centenários, a praticar atos caridosos ao acaso, a não querer estar sempre certos, a desenvolver nossos próprios rituais de ajuda e a resistir à necessidade de criticar os outros.

Os sintéticos capítulos contidos no livro de Richard lembram-nos as coisas interessantes que devemos fazer ou evitar, alerta-nos sobre circunstâncias que eventualmente nos passam despercebidas, tais como aquelas que nos incitam a ser melhores ouvintes, a praticar a humildade, a dizer a três pessoas (hoje mesmo) o quanto você as ama; a – só para se divertir – aceitar, sem protesto, a crítica dirigida a você; a respirar profundamente antes de falar; a ser um motorista menos agressivo, a valorizar mais o que você tem, em vez de do que gostaria de ter; a procurar a verdade na opinião dos outros; a praticar a meditação; a parar de culpar os outros, a tornar-se um madrugador, a exercitar a prática para não falar bobagens e de vislumbrar o poder do seu pensamento.

Poderia, caro leitor/leitora, prosseguir na enumeração de outras tantas estratégias sugeridas e desenvolvidas pelo jovem autor americano, nesse pequeno grande livro, que, de maneiras bem práticas, mas, acima de tudo, compreensíveis, alertam-nos contra os procedimentos inconvenientes que podemos evitar, e nos estimulam a adotar outros, que nos serão benéficos, contribuindo para que a nossa vida se torne mais profícua e mais serena, se quisermos.

Não vale desprezar essas regrinhas singelas sem as praticarmos efetivamente, até como tentame, abdicando do nosso silente e não reconhecido orgulho.

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José Fernandes é escritor e membro da Academia Ludovicense de Letras

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