A Lei da Ficha Limpa e o abuso do poder político e econômico

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Consoante lição do professor Carlos Eduardo Lula, em sua judiciosa obra de Direito Eleitoral, o uso do poder político e econômico não é coibido pela legislação eleitoral. Proibido é o seu abuso.

O abuso do poder político se corporifica quando ocorre o manejo ilícito e excessivo de recursos públicos em prol de determinada candidato, com forte impacto na normalidade e legitimidade do resultado do pleito. O agente público se prevalece da condição funcional para beneficiar candidaturas, com flagrante desvio de finalidade.

De acordo com a firme jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, o abuso do poder político se evidencia quando o ato da Administração Pública, aparentemente regular e benéfico à população, tem como objetivo imediato o favorecimento de algum aspirante a cargo eletivo. Sua maior reprovabilidade decorre da utilização do munus público para contaminar a higidez da eleição.

Noutro giro, a configuração do abuso do poder econômico ocorre quando há o manejo ilícito e exorbitante de recursos privados com o desiderato de ser obtida vantagem indevida para determinado candidato durante a refrega eleitoral, também comprometendo a lisura do processo de escolha dos mandatários políticos.

Assim, a legislação eleitoral veda a utilização da pujança econômica como meio para desequilibrar a disputa e conquistar ilicitamente a vitória nas urnas, sobretudo com o voto dos eleitores hipossuficientes.

Para a comprovação dessas práticas antijurídicas, a jurisprudência do TSE exige a presença de provas robustas, induvidosas e incontroversas acerca dos atos reputados ilegais e abusivos.

De sua vez, a Lei da Ficha Limpa estabeleceu que, para a infração eleitoral restar patenteada, não será mais considerada a potencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, mas apenas a gravidade das circunstâncias que a caracterizam, a qual deve ser perquirida em cada caso concreto. Inequivocamente, esse avanço legislativo representa um dos grandes méritos da nova lei.

1 comentário para "A Lei da Ficha Limpa e o abuso do poder político e econômico"


  1. Júlio Gondim

    Caro Flávio, Realmente é um avanço, muito tímido, mas é um avanço. Para que haja uma mudança pra valer, seria necessário uma reforma política séria, que os homens que tem o poder, fossem imparcial. “Isso nem tão cedo vai acontecer”. Outro fator prepoderante, seria o povo. O analfabeto político é a riqueza do candidato que já tem o poder nas mãos. As oligarquias, não só familiares mas, partidárias, continuam firmes nesse Brasil afora. Presidentes de Partidos, são vitalícios, principalmentes os médios e pequenos, CBF, Sindicatos, Associações, ONGs, etc, etc. É do ser humano, querer a primeira fatia para sí, o resto tem que se contentar com a sobra. A discursão é longa e complexa. Talvez um dia possamos iniciar um debate sério sobre os sistemas. Até no jornalismo, não encontramos imparcialidade. Abraços,
    Júlio Gondim
    Presidente PTB-Raposa/MA

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