Apenas mais uma faceta da política

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A política, a meu ver, tem se tornado uma coisa cada vez mais absurda. Hoje vejo que ela já era assim há muito tempo, eu era quem a olhava com outros olhos, pelo fato de estar tão envolvido, tão dentro dela, que não me dava conta.

Veja bem, quando escrevo um texto, crônica, conto ou ensaio ou até mesmo um poema, costumo deixá-lo de quarentena, o que não significa que o deixe isolado por 40 dias, mas apenas por um determinado tempo, para que ele respire como precisa um bom vinho, e eu também, para que possa vê-lo de forma menos comprometida, mais crítica, para que possa apará-lo e torneá-lo como for preciso, e por fim degustá-lo e dividi-lo com outras pessoas.

O mesmo ocorre com o cinema. Desde a confecção do argumento, passando pela sinopse, roteiro, produção, filmagem, montagem e finalização, depois de cada fase, é preciso que se tenha um certo distanciamento para que se possa ver melhor a obra. Aquilo que fazem os pintores ao se distanciar um pouco do quadro que eles estão pintando, para mirá-los.

Na política deve-se agir da mesma forma, senão será impossível vermos as coisas de maneira correta, senão as imagens que teremos e a que passaremos para as pessoas serão distorcidas pelo sectarismo e pelo maniqueísmo comum nessa prática que deveria ser encarada como arte.

Vejamos o que aconteceu com a recente votação de autorização do empréstimo que o Poder Legislativo estadual acaba de aprovar. Trata-se da quantia de 3,8 bilhões de reais destinados à execução de um importante plano de investimento em infra-estrutura e combate à pobreza.

O que se viu desta vez não foi diferente do que aconteceu em outras ocasiões semelhantes. De um lado, os deputados de oposição tentando barrar a aprovação, pois o empréstimo sendo aprovado e surtindo os efeitos esperados pelo governo, acarretará em imensa dificuldade, quase total impossibilidade de vitória da oposição nas próximas eleições, pois o povo satisfeito com a administração pensará muito menos em mudar a gestão governamental e preferirá dar continuidade ao trabalho, que se realizado com sucesso, garantirá dias melhores para todos.

Mais que isso. A oposição imagina poder adiar por dois anos essas ações para aprová-las quando imaginam que estarão no controle do governo. Nesse momento passarão a ser favoráveis a tudo a que agora se opõem.

Por tudo isso a oposição simplesmente torpedeia o projeto. Critica sem o devido fundamento, sem usar a correta análise, mas apenas e tão somente pela vontade de ver seus adversários não disporem de instrumentos capazes de desenvolver projetos e realizar ações que venham transformar a tal ponto a vida do cidadão, o panorama sócio-econômico de nossa terra, que os levem a preferir uma mudança possível e palpável a uma outra, romântica e meramente semântica.

A oposição na Assembléia faz o que todo grupo em sua situação faz melhor. Criticar. Também faz como quase todas o fazem. Sem aprofundar a critica, sem o devido estudo do caso, sem levantar temas realmente relevantes, sem oferecer sugestões realmente importantes, alternativas inovadoras que possam ser mais bem aproveitadas para a realização do projeto. A oposição simplesmente é contra e ponto final.

Quando eram governadores, Jackson Lago e Zé Reinaldo tiveram ao seu lado, defendendo seus interesses em causas semelhantes, alguns dos mesmos deputados que hoje votam contra as proposições do atual governo.

Por seu turno, a grande maioria dos deputados ligados à situação defendeu a proposta pelo simples fato de ser uma proposta do governo. Poucos pegaram o projeto para estudá-lo, raros são os que buscaram os técnicos responsáveis para obterem esclarecimentos que os possibilitem, não apenas defender as razões do Estado, mas principalmente para que conhecendo e sabendo do que se trata poderem contribuir com sugestões para o melhor desenvolvimento do projeto e consubstanciação das ações.

De um lado temos uma bancada de oposição que, se o governante atual fosse seu correligionário, estaria apoiando o projeto, lutando por ele e o defendendo. Do outro lado estão os governistas que se estivessem do lado oposto estariam rechaçando o projeto, criticando sem maiores embasamentos, como fazem aqueles, que deles agora divergem.

Nunca escondi de ninguém que gosto muito de política. Nela, gosto especialmente das práticas do Legislativo, do debate, da troca de ideias, de parlamentar, de usar as relações humanas para tentar mudar para melhor a realidade, coisa que pode ser feita sempre, mesmo que aos poucos e de forma pouco perceptível para a maioria das pessoas.

Resolvi me distanciar do Legislativo e posso agora vê-lo muito melhor, sem o romantismo dos 28 anos em que estive ligado a ele. Continuo admirando-o e torcendo para que cada vez mais os eleitores possam enchê-lo de parlamentares e não apenas de deputados.

2 comentários para "Apenas mais uma faceta da política"


  1. luizan costa

    joaquim queria tira esta duvida quando vc fala que um suposto candidato precisa ter conhecimento politico na hora de filia-se a um partido e escolher uma coligação para que lhe dê condiçoês de concorre de forma justa. imaginando que eu queira ser um canditado em pleito futoro me filio ão um determinado partido que imagino eu teoricamente precisarei de um numero menor de votos para ser eleito e a direção deste partido coliga-se com partido supostamente partido grande pode se dizer ai q toda a minha suposta estragia na hora de filiação foi por agua a baixo por quem detem o poder do partido não são os filiados mais sim os presidentes municipais e estaduais q negociam as filiações com proposito de tira proveitos pessoais e não de eleger ou releger os candidados do partido ai as veses a dificuldade de alguns candidatos.Me tira esta duvida.

    • Joaquim Haickel

      RESPOSTA: É exatamente isso. Você tem que escolher um partido que proteja seus interesses, que não vá lhe vender como bucha de canhão.

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