O 86 de Felix

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Fico feliz pela honra de ser um dos primeiros a apresentar a mais nova façanha de Felix Alberto Lima. Trata-se de um projeto multimídia, composto de um livro, em encadernação de capa dura, um disco, em duas versões, LP e CD, e um filme documental em DVD. Essa ambiciosa obra chama-se “Maio oito meia, crônica de uma geração em movimento”, onde ele narra as peripécias de sua geração, que em 1986 fervilhava na vivência e na convivência do Campus da Universidade Federal do Maranhão e por toda a cidade de São Luís.

Felix começa seu livro com duas frases que para mim são emblemáticas em minha vida e das minhas paixões, cinema e memória. Waly Salomão grita: “A memória é uma ilha de edição”, e Jean-Luc Godard sussurra: “Cada edição é uma mentira”.

Construído com seu “time” narrativo próprio, com suas vírgulas sempre bem colocadas, o livro que compõe esse pacote, faz um minucioso recorte histórico dos fatos que aconteceram quando o autor e seus parceiros povoavam a universidade. Penso ser importante que se diga que nele o autor é fiel à ótica dos personagens que marcaram aquele período, pessoas que participaram ativamente do chamado movimento estudantil e de intensas agitações culturais no campus da UFMA, bem como em todos os bares e botecos da cidade.

Lendo o livro tive uma incrível sensação de “dejavu” (Heloisa!), mesmo que naquela época já estivesse fora do ambiente universitário. Já sendo deputado estadual desde 1983, mantinha relacionamentos de amizade com muitos dos personagens (CB, Párias…) que aparecem na incrível iconografia do livro e nas imagens resgatadas dos acervos audiovisuais da época.

Pegando como gancho a realidade de sua geração em torno do que acontecia principalmente na área de vivência do Campus do Bacanga, Felix faz o “link” de fatos como a polêmica exibição do filme “Je vous salue, Marie”, de Jean-Luc Godard, e avança sobre as disputas políticas no meio da militância estudantil, os festivais de música na UFMA, a poesia cambaleante da Akademia dos Párias, o Circo Voador no México e em São Luís, o Comunicarte, o show de Lobão e Titãs no Colégio Maristas, entrevistas memoráveis com Agostinho Marques e Luís Carlos Prestes, as primeiras eleições diretas para reitor na universidade, o jornal laboratório do curso de Comunicação Social e muitos outros fatos, para construir ao final o seu “Maio oito meia”, e faz isso com brilhantismo e competência, como já havia feito antes, em 2003, para comemorar um evento que acontecera três anos antes de 86. Ele é autor de outra importante obra de recorte jornalístico histórico. Trata-se do “Almanaque Guarnicê”, publicado para comemorar os 20 anos daquela que foi uma das mais importantes revistas culturais de nosso estado.

O filme, dirigido por Beto Matuck, outro bom amigo e parceiro de grandes realizações, é fiel ao relatado no livro e constrói uma obra intrigante e cativante transportando para o audiovisual todas as informações e sensações registradas em papel.

Integram também esse projeto um LP e um CD que trazem 12 músicas (11 regravações e uma canção inédita) que também embalam a trilha sonora do filme. Esse é um “plus” do projeto que ouvindo, voltamos no tempo.

Para finalizar essa breve análise, divido-me em dois sentimentos complementares. O primeiro é o de congratulações pelo belo e importante trabalho realizado por essa competente equipe. O segundo é o de gratidão pelo registro de parte tão importante e rica da história recente, dos fatos e das pessoas de nossa terra.

Esta será uma obra que marcará nossas vidas, nos fazendo jamais esquecer dias tão maravilhosos como aqueles.

 

PS: O Lançamento desta coletânea de obras será no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, no próximo dia 30 de maio, a partir das 18h.

É importante salientar que esse projeto teve o apoio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Governo do Maranhão, através do patrocínio do Grupo Mateus.

 

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