A importância da História

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Fiquei imaginando qual é a nota que se poderia dar, de zero a dez, para filmes baseados em fatos reais, no que diz respeito ao conhecimento, aprendizado que eles possam nos oferecer ao assisti-los. Imaginei isso no tocante às portas e janelas que eles possam abrir para nós, mesmo que algumas vezes até conhecemos o enunciado do assunto, mas quase sempre desconhecemos os detalhes sobre eles.

Cheguei à conclusão que muitas respostas podem ser dadas a essa pergunta, mas posso garantir que nenhuma será igual a zero. Não existe nenhum filme, por pior que seja, por mais mal feito que possa ser, que não agregue conhecimentos e aprendizados para quem o assistir. 

Observei que muito poucas deverão ser as notas iguais a 1, 2 e 3, e essas não estarão relacionadas a filmes ruins, mas àqueles que se apropriam de um determinado fato real para desenvolver em torno dele uma forte carga dramática. Essas podem até parecer notas baixas para filmes tão importantes, mas não são. “Tróia”, “Barrabás”, “Quo Vadis”, “Coração Valente”, “…E o Vento Levou”, “Sem Lei, Sem Alma”, “O Encouraçado Potemkin”, “Doutor Jivago”, “O Discurso do Rei” e “Cidadão Kane”, são perfeitos representantes deste tipo e desta categoria de filme. 

Estabeleci que notas 4, 5 e 6 deveriam ser as pontuações de filmes que usam em seus enredos apenas algumas dramatizações e licenças poéticas, como é o caso de “Ben-Hur”, “Spartacus”, “El Cid”, “1492, a Conquista do Paraíso”, “A Rainha Margot”, “Titanic”, “Carruagens de Fogo”, “Reds”, “O Vento será tua Herança”, e “O Império do Sol”. Todos, filmes baseados em fatos reais, que se apoderam das narrativas literárias e cinematográficas para mais e melhor envolver o público, dando asas à dramatização, mas mantendo-se bem fiéis ao fato histórico enfocado. 

Vi que poderia dar notas 7, 8 e 9, para filmes que estão em patamares quase totalmente ancorados em fatos reais, mas com uma pegada mais próxima da documentação histórica, não do documentário, e sim com menos preocupação com os artifícios literários do roteiro ou com os recursos próprios da cinematografia, como, “A Missão”, “Amistad”, “Tora, Tora, Tora”, “O mais Longo dos Dias”, “A Queda – as últimas horas de Hitler”, “O Julgamento de Nuremberg”, “Malcolm X”, “JFK – A Pergunta Que Não Quer Calar”, “Os Gritos do Silêncio” e Attica.

As notas 10, em minha opinião, devem ser atribuídas a filmes que agradam quase a unanimidade das pessoas graças a sua abordagem bem ajustada, limpa, sem ruídos, irretocável, como é o caso de “A Guerra do Fogo”, “Agonia e Êxtase”, “O Homem que não Vendeu sua Alma”, “Amadeus”, “Os Eleitos”, “O Último Imperador”, “Lawrence da Arábia”, “Gandhi”, “Patton” e “A Lista de Schindler”. 

É importante que se ressalte que quem tiver o privilégio de assistir a esses 40 filmes, pode se considerar não só um felizardo, mas ficar certo de ter tido acesso a algumas das páginas mais importantes da história da humanidade. 

Preciso dizer também, sendo um pouco gabola, que assisti a todos estes filmes e a mais algumas centenas deste mesmo tipo, que é o meu favorito. Os vejo sempre com o espírito crítico bem aguçado, procurando analisar neles, o que é verdade e o que é obra literária e cinematográfica. Sugiro que se pesquise a respeito dos fatos envolvendo os filmes baseados em eventos reais ou históricos, faço isso frequentemente e essa é uma outra grande satisfação que tenho com o cinema: a pesquisa histórica.

Abordei esse assunto hoje porque durante a semana que passou, assisti a dois filmes baseados em fatos reais, os quais eu, que sou tido por algumas pessoas como um sujeito culto, bem informado, além de cinéfilo de grande monta, nem imaginava que existissem. Os filmes e muito menos os fatos que os motivaram.

Não vou fazer spoilers! Só vou dizer que os filmes, “Jodotville” e “O Banqueiro da Resistência”, são imperdíveis, menos pela arte cinematográfica que expressam, e muito mais pelas extraordinárias e surpreendentes histórias que contam. 

Esses dois filmes estão disponíveis na Netflix. Não deixe de assisti-los, e descubra o quão pouco nós conhecemos a história de nosso mundo e comprovem a crueza de nossa condição humana. 

PS: Depois que acabei de escrever esse texto, quando fui lê-lo novamente para revisá-lo, constatei que a maioria dos 42 filmes que usei nele, como exemplos, têm de alguma forma envolvimento com conflitos bélicos. Parece que essa infelizmente é uma marcante e triste condição humana. 

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