Meu “Jota” sapeca

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Faz algum tempo escrevi um texto onde citei minha querida professora, Dona Terezinha, e logo depois disso ela mandou para mim, através de minha mãe, a cartinha que publico aqui hoje, em homenagem ao amor que ela dedicou a mim, amor que me salvou e resgatou para a vida acadêmica e cultural.

A dona Terezinha, meu mais profundo agradecimento, pois o trabalho dela, possibilitou eu ser quem eu sou.

“Muitos anos já são decorridos, mas, as lembranças daquilo que nos proporcionou alegria, bem-estar, aprendizado e superação, permanecem vivas para sempre em nossa memória.

Como esquecer daquele garoto inquieto, questionador, e às vezes até chorão, diante da imensa lista de tarefas escolares, às vésperas de provas?

Eu pedia muito a Deus que me ajudasse na missão que me foi confiada por “Mãe” Clarice, a de fazer com que ele superasse suas dificuldades. Ele aprendia muito rapidamente tudo que ouvia, mas ler e escrever, era um grande desafio. Agradeço muito ao Senhor, que atendeu as minhas súplicas.

Com muita paciência e persistência, aquele menino inquieto, foi crescendo, avançando nos estudos e na vida sócio cultural da nossa cidade.

No início dos anos 80, com o processo de abertura política, o Brasil registra um novo cenário, propiciando mudanças extraordinárias em nossa sociedade, e na efervescência dessas mudanças, ele, agora um jovem rapaz, junto com um grupo de amigos de sua idade, criaram um movimento cultural que chamaram de Guarnicê,e sob sua liderança, agitaram a cidade com programas de rádio, edição de revista e livros.

Joaquim não negou a herança política de seu pai, Nagib Haickel, e em 1982, aos 22 anos foi o mais jovem deputado estadual brasileiro daquela legislatura. Em seguida, aos 26, elegeu-se deputado federal, integrante da Assembleia Nacional Constituinte, tendo seu nome gravado na carta Magna Brasileira de 1988.

Retornando ao Maranhão, sem abandonar a política partidária, ele continuou realizando relevantes trabalhos na área da educação, esporte, e cultura, onde destaca-se como poeta, contista, cronista e cineasta.

Sempre muito simples, alegre e brincalhão, desenvolve com verdadeira maestria seus variados talentos.

Mas para mim, este homem múltiplo, como bem o descrevem os escritores Artur da Távola e Sebastião Moreira Duarte, continuava a ser aquele garoto inquieto de sempre.

“Jota” nunca conseguiu dominar a escrita cursiva, mas, dominou a arte de arrumar as letras em palavras e estas em textos maravilhosos, e graças a sua inteligência irrequieta tornou-se membro da Academia Maranhense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.

Muito obrigada meu “Jota”, pelo carinho e consideração que tu sempre dedicas a esta tua professora particular, que muito aprendeu e continua aprendendo contigo.

Abraços carinhosos

Têca”.

Me digam se eu não teria mesmo a obrigação moral de ter dado em algo pelo menos razoável, tendo o amor e a dedicação de um anjo como este, que sem saber exatamente como diagnosticar as minhas dificuldades de concentração e leitura, intuitivamente, descobriu o caminho para me fazer aprender o que era preciso e necessário para ser um ser funcional.

Mais uma vez, muito obrigado Dona Têca. Sem a senhora eu não teria chegado onde cheguei e não estaria onde estou.

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