Operação Navalha? Ou Motosserra?

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Operação Navalha? Ou Motosserra?

Todos temos acompanhado com grande atenção os últimos acontecimentos políticos em nosso país.
A recente Operação Navalha, na seqüência de uma série de operações com nomes pomposos, vem se apresentando à sociedade brasileira como uma forma de desmascarar os ocupantes de cargos estratégicos da nossa administração. Confesso que fico preocupado com a forma escandalosa e, sobretudo, com a maneira sensacionalista que esses casos têm vindo à tona com freqüência.
Quando as denúncias envolvendo os prefeitos e administradores são expostas dessa forma, quando o poder legislativo é desmascarado em seu comportamento escuso, quando se questiona o comportamento do poder judiciário, às vezes somos levados a pensar que a sociedade está podre. Será que está mesmo?
Será que não estamos sendo induzidos a um processo de desconstrução das nossas instituições? E se isso for verdade, quem estaria lucrando com esse desenrolar dos fatos?
Quando a mídia brasileira está mais é querendo que o circo pegue fogo, eu me pergunto se nós não estamos é trabalhando na contramão da história!
As ações recentes da polícia federal, embora há que se registrar a presteza na apuração de inúmeras irregularidades, têm se apresentado de forma cinematográfica e voltadas para impactar o público com o apoio da mídia, que se sustenta em cima do sensacionalismo das notícias.
Quero abordar o mais recente episódio de execração pública que acabamos de observar: A renúncia do ministro das Minas e Energia, uma das pastas mais importantes do Estado brasileiro, mostra a forma cruel como vem sendo tratada a ação da polícia Federal nesses episódios de escutas e denúncias irresponsáveis.
Conheço o ministro Silas Rondeau há muito tempo. Trabalhamos juntos por mais de oito anos e venho acompanhando sua trajetória como técnico de reconhecida competência por todos os lugares por onde passou. De família humilde, formado dentro de um ambiente religioso, cujo pai se destacou como dirigente evangélico, filho de numerosa e íntegra família, soube buscar, graças a seu trabalho, sua postura e suas atitudes, um lugar especial na vida pública brasileira, chegando a ocupar o mais alto escalão que um técnico pudera sonhar.
Por onde passou, e rodou o Brasil inteiro ocupando as mais elevadas posições no setor elétrico brasileiro, sempre se pautou pela competência, pela ética e retidão de conduta.
Tendo sido envolvido em citações grampeadas de lobistas querendo mostrar serviço e vendendo facilidades junto aos dirigentes de empreiteiras, acaba de ser vítima de uma das mais sórdidas campanhas de difamação que temos acompanhado nos últimos tempos.
Neste episódio, sinceramente, não sei quem saiu perdendo mais. Se foi o cidadão Silas, esquartejado por essa motosserra moral a que foi submetido, que dificilmente se recomporá da nefasta campanha de difamação, ou se as nossas instituições que, a cada dia, se tornam mais frágeis e menos acreditadas aos olhos dos países do primeiro mundo.
Ao ex-ministro Silas, quero dizer que mantenha sua cabeça erguida e que a verdade sempre, cedo ou tarde, prevalecerá.

7 comentários para "Operação Navalha? Ou Motosserra?"


  1. Sebastião da Silveira

    José Jorge: Este seu artigo lembrou-em o “J’accuse” de Émile Zola sobre o caso Dreyfus, capitão do exército francês injustamente acusado e condenado por traição, onde ele escreve “Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. Mes nuits seraient hantées par le spectre de l’innocent qui expie là-bas, dans la plus affreuse des tortures, un crime qu’il n’a pas commis”. De fato, para quem conhece Silas como profissional do setor elétrico fica indignado com a maneira de condução das investigações, permitindo vazamentos pontuais que ocasionam na opinião pública suspeições sobre pessoas inocentes.
    A tout à l’heure.
    SILVEIRA, Sebastião

  2. Erasmo C Leite

    Para que o Cristianismo crescesse no mundo, muitos foram os sacrificados . Foram os herois da cruzada cristã. Neste momento, alguns estão sendo sacrificados pela eliminação (será possível ?) da corrupção. O Silas foi um deles. Creio que ele é uma pessoa honesta.
    Erasmo

  3. Anônimo

    Concordo com vossa análise, sobre este episódio triste ocorrido com nosso companheiro Silas.O tempo que já nos trouxe de volta figuras realmente complicadas da vida pública
    brasileira,certamente permitirá que Silas retorne destas trevas onde foi enviado pela inrresponsabilidade da mídia e seus articuladores,bem como pela sua atitude altruista de renunciar ao cargo de ministro.
    Carlos E. C. Gomes

  4. Anônimo

    Excelente seu artigo. Resolvi republicá-lo no meu portal Tangará Repórter, para os mato-grossenses saboreá-lo também. Grande abraço e parabéns pelo seu bom estilo de analisar os fatos.

    Jornalista Dorjival Silva

  5. Moura

    Zé Jorge,
    Você foi muito feliz na abordagem do lamentável caso em que foi envolvido o nosso amigo Silas. Infelizmente a vida pública no nosso país está cheio de casos iguais a este(lembra Alceni Guerra? lembra Ibsen Pinheiro?). Homens sérios e competentes jogados às feras mediáticas do escândalo e do sensacionalismo. Condenações instantâneas e irrecorríveis. Realmente, o Dr. Silas não merecia este tratamento. Uma pena!

  6. Geraldo

    Será que o Dr. Silas é tão inocente assim? não tenho tanta certeza. Quando saiu daqui do MA era uma pessoa, depois dos altos cargos tornou-se outra pessoa. A vida é assim mesmo. Não perdoa os mal agradecidos, subservientes e interesseiros. E isto é tudo o que Dr silas é. Geraldo

  7. Francisco Costa Leite

    Dear José Jorge,
    Always appreciate reading your articles. Your selections of materials are interesting, relevant and educational to say the least.
    Keep up the excellent job !

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