Do iPhone ao chamató verde.

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A propaganda é alma do negócio. Já diziam os mais antigos.
Uma simples apresentação do Steve Jobs, o criador da Apple, foi suficiente para atrair a atenção da mídia mundial. Em menos de dois meses, milhões de iPhones já foram vendidos. Um pequeno aparelho eletrônico, de dimensões reduzidas, que cabe na palma da mão, é capaz de realizar proezas antes inimagináveis. Com uma memória flash de 8 GB apresenta funções de um telefone celular, agenda de bolso, micro computador, máquina fotográfica digital de alta resolução, receptor e transmissor de dados e imagens, capaz de armazenar e reproduzir músicas e filmes, além de navegar nos mares da WEB em qualquer lugar do planeta. Como se não bastasse, utilizando-se do recurso do Google Maps, ainda é capaz de acessar mapas das estradas e das cidades ao redor da Terra. Ninguém mais vai se perder daqui em diante.
Acabo de tomar conhecimento, nesta semana, do lançamento de mais um novo produto. O tênis com GPS.
Quem diria! O GPS, há poucos anos, era um instrumento de alta tecnologia utilizado apenas pelas mais modernas aeronaves. Hoje, já estamos pisando nele!
O Compass Global 1000, o novo pisante da galera, vem equipado com um Global Positioning System, que permite a sua localização a partir dos mais de 30 satélites que nos vigiam do espaço.
Muito mais interessante ainda, é que além de precisar a sua localização, ele será capaz de receber informações, via satélite, sobre o seu paradeiro.
Muita criatividade para conquistar o mercado! Falando em criatividade, me faz lembrar a história do chamató verde.
Ainda vivo, e põe vivo nisso, Nadico continua, com seus quase oitenta anos, em plena atividade. Contam os seus contemporâneos que ele sempre foi muito criativo e para ganhar a vida teve que se aventurar por toda a sorte de negócios. Costumava dizer, esticando os três dedos da mão, que “três coisas que não se pode contar… estrela no céu… pau torto na mata e gente besta na terra..!”
Meio século atrás, quando morava em Belém do Pará, Nadico decidiu-se pelo mercado de calçados. Teria descoberto um grande estoque de tamancos de madeira, encalhado em uma das lojas do mercado Ver o Peso. Os tamancos, de tamanhos variados, tinham a coberta feita em tecido e couro verdes.
Nadico arrematou todos por uma verdadeira pechincha e decidiu revendê-los em Pinheiro. No cais do porto, contratou um barco para fazer o transporte e fez a viagem até sua terra, passando por Vizeu, Carutapera, Guimarães e chegando a Pinheiro em pleno inverno, depois de sete dias de viagem. Na calada da noite, os tamancos foram descarregados e levados à casa de Nadico.
Naquele tempo, existia na cidade um comerciante chamado Joaquim Lima, que era dono da Casa Sorriso. Era uma loja que vendia “de um tudo” como costumavam dizer. E sempre que alguém batia à porta da Casa Sorriso, Sr. Joaquim Lima logo aparecia, todo solícito.
– Seu Joaquim Lima, tem isso? Ele abria um largo sorriso e respondia:
– Ora, minha filha, o que que a Casa Sorriso não tem?!…
No dia seguinte Nadico contratou umas mocinhas que durante todos os dias da semana passavam em frente à Casa Sorriso, querendo comprar chamató verde. Joaquim Lima queria vender os chamatós tradicionais, feitos em Pinheiro, mas as meninas recusavam, dizendo que só queriam comprar os tamancos verdes que estavam na moda em Belém do Pará.
Na semana seguinte, Nadico se apresenta ao Joaquim Lima, dizendo ter acabado de chegar de Belém, trazendo um carregamento de chamatós verdes, que eram a grande “coqueluche” na capital do Pará. Desnecessário dizer, que foi feita a negociação e Joaquim Lima comprou todo o estoque de Nadico.
Dizem os mais antigos que, até o falecimento de Joaquim Lima, a Casa Sorriso ainda estava repleta de chamatós verdes.
Eu só espero que o tênis Compass Global 1000 não seja um novo chamató verde…

1 comentário para "Do iPhone ao chamató verde."


  1. beto lopes

    e ai zeca esse texto ta ótimo ainda mais fechando com a história de nadico

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