Vem aí o carnaval.

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Acabaram-se as comemorações de final de ano e agora as atenções se voltam para aquela, que é a maior de todas as nossas festas populares, o Carnaval.
Durante décadas, o carnaval de São Luis, chegou a ser considerado o terceiro mais animado do País, atrás apenas do Rio de Janeiro e de Recife.
Mas isso foi há muito tempo! Atualmente, o desfile das Escolas de samba no Rio de Janeiro, com suas mulatas estonteantes, continua atraindo milhões de turistas e se impondo como marca nacional. O Galo da Madrugada e as Virgens de Olinda, com a irreverência dos foliões que se esbaldam no frevo pernambucano, fazem do carnaval de Olinda e Recife um dos mais animados do País, e os trios elétricos da Bahia atraem milhões de foliões, afinal de contas, como dizia Caetano Veloso, “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu…”
Aqui em São Luís, precisamos manter e fortalecer o carnaval de rua, onde as famílias se reúnem embaladas pela alegria e ocupam ruelas e becos da cidade, dividindo espaço com os blocos de sujos, as tribos de índios, os fofões e mascarados. Valorizar nossas tradições, organizar um programa que permita a todos se divertirem, e garantir a segurança, é o mínimo que se espera do poder público. O resto fica por conta dos foliões que seguem a trajetória do Bicho Terra pelas ruas sinuosas do Centro Histórico da cidade.
Lembro que os bailes de máscaras já fizeram muito sucesso em São Luís.
Meu avô Chico Leite, advogado provisionado lá em Pinheiro, fazia de um tudo para passar uns dias de carnaval na capital. Contam os mais velhos que seu primo, desembargador Sarney Costa, forjava telegramas convocando Chico Leite a São Luís a fim de resolver “certas questões”, quando na verdade o real motivo era sempre outro.
Tão logo o carteiro batia à porta da casa de Seu Chiquinho munido de um telegrama do Tribunal, a viagem à capital logo era feita e Chico Leite partia para São Luís a fim de se esbaldar, com seu primo, nos bailes de máscaras do famoso “Bigorilho”.
A pesquisadora Roza Santos, registra no Boletim da Comissão Maranhense:

“Nos clubes populares, onde as máscaras tinham uma peculiaridade específica, a animação era total. Nesses Bailes Populares de Máscaras, as mulheres entravam sós, ou em grupo, sempre mascaradas e fantasiadas. Eram freqüentados por operárias de fábrica, empregadas domésticas e trabalhadoras em geral de uma camada mais pobre. Marcaram o carnaval bailes populares das décadas de 40 e 50 como o Cantareira (na Rua Grande), o Jacarepaguá (na Rua do Sol), o Cabeção, a Furna do Satã, o Inferno Verde, a Gruta do Satã (perto da velha estação de bonde, no Monte Castelo), o Berimbau, a Cabana de Pai Tomás, o Inferno Verde, o Forró da Rosa, o Vassourinha, o Rasga Sunga, o Rei Pelé (no Ribeirão) e o Bigorrilho, conhecido como o baile para onde iam os figurões da sociedade”.

É fato conhecido por muitos que, num desses bailes de carnaval no Bigorrilho, Chico Leite, Sarney Costa e Nelson Jansen escolheram seus respectivos pares e dançaram a noite inteira. Durante um dos intervalos, Chico Leite se queixou a Sarney Costa que “sua mascarada” estava dando muita despesa: bebia muita cerveja e mais, observava que seus joelhos eram um pouco avantajados… Desconfiado, convidou Sarney e Nelson a acompanhá-los até o quintal da casa, retirando à força a máscara da “dançarina”, descobrindo que se tratava de um “marmanjo”. Encheram o malandro de bolacha e voltaram para casa, dando por perdida aquela noite de carnaval.
Muitos que conhecem esta história garantem sua veracidade, fazendo apenas uma pequena correção, dizendo que o fato ocorreu com o Sarney Costa e não com o Chico Leite…
O Baile de Máscara entrou em crise na década de 60, quando o então prefeito Epitácio Cafeteira, resolveu proibir esse costume tão popular das festas de carnaval. Mascarados hoje, só nos assaltos a mão armada nas noites de São Luís. O que é uma pena!

1 comentário para "Vem aí o carnaval."


  1. Anônimo

    Oi Zé,

    Que bom a gente te ouvir. Digo ouvir porque tu escreves como falas, e me divirto do mesmo jeito.
    Hoje estou em SP.
    Um abração,
    Roosevelt

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