Honesto e Corajoso

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passsarinho.jpgLembro-me que, quando menino, cheguei em casa com uma moeda achada no colégio Odorico Mendes, onde estudava. Todo feliz com o achado, contei ao meu pai, que me fez voltar ao local e devolver o dinheiro que não era meu…

Neste final de semana o programa Fantástico, da Rede Globo, destacou a nobre atitude de dona Claudete, proprietária de uma Casa lotérica em Santa Catarina, que buscou a ganhadora de um grande prêmio para devolver-lhe o bilhete vencedor que havia sido jogado no lixo.

Quando, nos dias de hoje, a imprensa transforma em notícia uma atitude honesta tomada por algum cidadão, me faz lembrar de um amigo. Dizia ele que antigamente os pais ensinavam aos filhos o que deveriam fazer ao longo da vida para se manterem íntegros segundo os conceitos de honestidade. Depois chegaria o tempo em que os pais passariam a seus descendentes os ensinamentos daquilo que é correto fazer, mas acrescentariam: não façam dessa maneira, pois serão tachados de tolos, e não prosperarão! Mais tarde, dizia ele, chegaria ainda o tempo em que esses valores iriam mudar e os pais já ensinariam exatamente o contrário…

Nego-me a acreditar que os valores da honestidade chegarão a tal ponto.

Atualmente, a maioria das pessoas abomina a desonestidade, mas muitas delas acham que uma pequena dose de desonestidade nas suas próprias vidas é uma maneira fácil de se dar bem na vida.

Existe um ensinamento chinês que diz: “Se para vencer, estiver em jogo a sua honestidade, perca. Você será sempre um Vencedor”.

Pelos idos de 1960, em São João dos Patos, no Interior do Maranhão, havia uma borracharia bastante conhecida, muito mais devido a seu proprietário do que, propriamente, pela qualidade dos serviços ofertados. Seu dono, Chico Manchão, era um negrinho sapeca de sorriso generoso, dentes brancos como alvaiade e espirituoso como poucos. Um dedo de prosa na borracharia de Chico Manchão era quase uma obrigação diária para meia dúzia de desocupados e fofoqueiros da cidade.

Tinha como hábito, nos dias de domingo, sair pelas redondezas da cidade armado com suas gaiolas e alçapões para caçar pequenos passarinhos.

Num certo domingo ensolarado, Chico retornava da passarinhada lá pelas quatro da tarde, equilibrando-se em sua bicicleta, carregando quatro alçapões onde, dentro deles, curiós e patativas invejavam os demais pássaros que gorjeavam livremente pela mata.

Pedalava por entre os caminhos sinuosos de uma pequena estrada vicinal, tal qual caminho de saúva, quando de repente, foi ofuscado por um facho de luz que quase o fez estatelar-se pelo chão. Desceu da bicicleta e, acostumado a espreitar os pássaros, caminhou pé ante pé em direção à luz. Qual não foi a sua surpresa ao flagrar um casal bem conhecido na cidade, ambos pelados, dentro de uma D-20 prateada.

Assustados com a incômoda presença, os dois começaram rapidamente a se vestir.

Chico Manchão identificou o subgerente do Banco do Brasil que corria em sua direção, ainda afivelando o cinto na calça, metendo a mão no bolso e retirando a carteira:

– Chico! Meu amigo! Falou o alto funcionário do Banco. – Te dou mil cruzeiros pra tu não ter visto nada! Amanhã bem cedo tu passa lá no banco que eu te dou mais mil. Mas… Pelo amor de Deus, Chico, não conta pra ninguém!

– Siô! Dois mil cruzeiros é muito dinheiro pra mim! Mas, fique com seu dinheiro que eu não vou agüentar.

– Mas, não vai agüentar o quê? Indagou o subgerente.

– Eu tô sendo honesto com o senhor! Eu não vou agüentar doutor! A língua vai coçar e eu vou ter que contar…

5 comentários para "Honesto e Corajoso"


  1. Carolina Maciel Coelho

    Primeiramente gostaria de registrar que estava presente durante a construção desse texto! Uma grande honra claro! Posso nunca ter dito do orgulho por esse tio! Meu marido queria que nosso filho fosse Jr. para se inspirar no pai… não respondi para não magoar claro, mas nesse caso poderia se chamar José Jorge! Agora estou “trabalhando” para fazer a Marina, que se fosse da mesma forma se chamaria Júlia (minha prima filha do tio Jorge)! Amo vocês… formam uma linda família! Voltando para o comentário sobre o texto, logo depois da matéria do Fantástico eu ia fazer uma pergunta ao autor, mas um lindo bebê nos tirou a atenção naquele momento…
    – Como o Senhor avalia a flexibilidade da honestidade em grupos determinados, como por exemplo, na esfera pública… quando um político aloca uma verba por exemplo para uma determinada prefeitura e é tradicionalmente comissionado por isso quando na íntegra esse valor “desviado” poderia estar sendo complementado para anseios da população?

  2. Peter Black

    Parabéns pelos textos, tenho acompanhado o blog e estou adorando.

  3. jose jorge

    Entendo que no caso, o comissionamento deve ser feito na forma de reconhecimento e retribuição futura; ou seja na forma de voto e nunca na subtração dos recursos que devem ser alocados no objeto da emenda parlamentar.

  4. marcelo madureira

    Date: Thu, 9 Jun 2008 05:57:27 -0700
    From: [email protected]
    Subject: Enc: Para Análise

    — Em seg, 9/6/08, Marcelo Madureira Madureira escreveu:
    De: Marcelo Madureira Madureira
    Assunto: Para Análise
    Data: Segunda-feira, 9 de Junho de 2008, 18:09
    —– Mensagem encaminhada —-
    De: hostilio caio pereira da costa
    Enviadas: Segunda-feira, 9 de Junho de 2008, 15:43:05
    Assunto: PM

    Os Oficiais estão insatisfeitos com o que vem ocorrendo na Corporação e pedem que alguém que possa, tomem as providencias cabíveis pois a situação é muito séria.

    Para sua análise. O Cutrim confirmou.

    1- O comandante da PM determina fazer processo para pagar uma coisa e paga outra, o dinheiro é para finalidades pessoais e o grupo intimo dele.

    2- O setor de informação da PM por ser isento de comprovação de gastos, o comandante recheia o caixa da 2ª seção, com este dinheiro deita e rola, paga aniversários, compra presentes, jantares, teve um destes jantares que custou mais de R$ 2 mil reais.

    3- O Cel Pinheiro e Cel Torres no ano passado receberam juntos mais de 200 diárias.

    4- O Cel Torres foi exonerado do subcomando da PM, mas continua recebendo como se ainda fosse o subcomandante, recebem como subcomandante o Cel Torres e Cel Filho.

    5- Existem vários Oficiais que recebem pela mesma função, tem também Oficiais que trabalham numa função e recebem por outra por ser maior.

    6- O Comandante mantém vários Inquéritos arquivados, para proteger seus íntimos, tem um caso de um inquérito que foi arquivado há mais de 2 anos, insto porque indiciava um Oficial íntimo dele, motivo do arquivamento, promovê-lo a Tenente Coronel, sabe quem fez o Inquérito? Tenente Coronel Ubirajara e ainda, este oficial tem um carro à disposição da esposa, este carro é descaracterizado e motorista apaisana e o carro é do Ministério da Justiça, como pode isto?

    7- Todos os meses são feitos repasses para as unidades (valor R$ 8.000,00 ou R$ 15.000,00), os comandantes são obrigados a repassarem para o Comandante parte do valor recebido, se não fizerem serão exonerados, justificam com notas frias.

    8- Foi pago aos advogados do Cel Uchoa (caso do Prefeito Bertim) com verba do erário público, através de repasses aos Batalhões e estes faziam a devolução para o comando, tendo como intermediários a Maj Edilene (Diretoria de Finanças) e o Ten Cel Silmar (Assistente do Comandante Geral). O 1º Batalhão foi uma dessas Unidades que recebeu o repasse no valor de R$ 5.000,00, prestou conta desse valor (prestação de conta fictícia, com notas frias) e fez a devolução ao comando.

    9- Foram construídas casas nas Unidades do interior (2º BPM-Caxias; 5º BPM-B. Corda; 3º BPM-Imperatriz; 11º BPM-Timon; 7º BPM-Pindaré-Mirim) com recursos enviados pelo Cel Pinheiro Filho,
    no valor de R$ 70.000,00 por casa, sendo as casas construídas sem licitação e a Unidade era obrigada a fazer uma devolução desse repasse no valor de R$ 15.000,00 para o Comandante Geral.

    10- Todas as obras realizadas na gestão do Cel Pinheiro Filho, não tiveram processo licitatório, foram realizadas pelo cidadão de nome Vildimar (o maior sortudo da construção civil no maranhão), que recebe o dinheiro em espécie (não sei de onde vinha esses recursos), pois desde que o Cel Pinheiro Filho assumiu o Comando não perde uma obra, só que não leva a dinheirama sozinho, tendo que fazer a divisão com o Cel Pinheiro Filho e o Tem Cel Silmar.

    11- As irregularidades não para por aí, esse mesmo cidadão (Vildimar) foi obrigado a repassar materiais de construção, através do cap Estevam para as construções e reformas das casas do Tem Cel Silmar e Maj Bruno, agora pasmem, o caminhão do pelotão de obras não saia da rota do Bairro desses Oficiais, que pra variar moram no mesmo local e quem foi o construtor, nada mais nada menos que Vildimar.

    12- Mais digamos que todas as denuncias fossem fictícias (invenções), o que levaria o comando da Corporação a encaminhar o Cap Estevam a fazer o curso de aperfeiçoamento de oficiais (privativo de Oficiais combatentes), tendo o Oficial mais de 30 anos de serviço e pertencente a um quadro (QCO) extinto a vagar, enquanto que os Oficiais do QOPM aguardam vagas para freqüentar o curso. A resposta é clara, a recompensa pelos favores obscuros prestados e o silêncio do Oficial. Como pode um Comandante da Polícia encaminhar um Oficial para freqüentar um curso que a legislação não prevê. Seria a mesma coisa de encaminhar um ancião de 80 anos para o alistamento militar. Isto é honestidade; isto é seriedade. Isto pode até ser compromisso, mas com os seus apaninguados.

    13- Porque o Cel Pinheiro Filho foi abandonado pelos Oficiais, visto que o mesmo só anda com o Tem Cel Silmar e o Maj Bruno. Mas o que levou o Comandante a querer prender o Maj Gonçalo e determinar o recolhimento dos questionários, vez que a pesquisa monográfica para o Curso Superior de Polícia, apontou o Cel Pinheiro Filho com o índice de 0% de aceitação entre os Oficiais, servindo de chacota na Polícia Militar do Ceará.

    Somos oficiais discriminados, mas não compartilhamos com estes atos de desonestidade. Infelizmente não podemos nos identificar, desculpe.

    Obs: Recebir ontem de uma pessoa amiga, que me explicou que alguns setores da imprenssa, blog’s, já estão investigando.

  5. Catharina Bacelar

    Zeca Jorge,

    Ouvi dizer que o Chico Manchão atualmente só conta o que viu naquele dia quando bebe.

    Mas, bebe…

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