Ribamar Cunha deixa um legado de amor e de exemplo

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IMPERATRIZ – A história registra no presente, a notícia da morte do sertanejo, empresário e pecuarista José de Ribamar Cunha aos 83 anos, no Rio de Janeiro, vítima de um Acidente Vascular Cerebral – AVC -. Homem simples, sempre zeloso no cuidado com os clientes, um empreendedor que começou lutando com a família para deixar um legado de honestidade, de amor, de dedicação e de exemplo.

Ribamar Cunha é um grande companheiro que deixa para os de Imperatriz e para aqueles da região que trabalharam e trabalham em suas empresas ao longo dos anos, um exemplo de superação e força para honrar os compromissos que lhe oportunizaram a também poder contribuir significativamente com o crescimento e o desenvolvimento do Maranhão.

“Um grande homem é aquele que morre duas vezes. Primeiro, como homem; e depois, como grande homem” – de Paul Valéry.

A família constituída pelos irmãos Ribamar Cunha Filho, Wdson Cunha, Edson Cunha, Neilame Cunha, Alzira Cunha, Karla Cunha, Daniela Cunha e o deputado Léo Cunha edificada com amor é a base da prosperidade, disse o pai. Neste momento eles recebem o carinho e a solidariedade do povo de Imperatriz e da Região Tocantina.

 

Leia a reportagem de João Rodrigues.

Conhecido por comandar, ao lado dos filhos, uma das maiores indústrias de café do estado, o Café Viana, ele mantém investimentos em outras áreas e revela que tem vários projetos a serem executados nos próximos anos.

Natural de Pastos Bons (MA), José de Ribamar Cunha é um homem tranqüilo, de poucas palavras, mas obstinado. Foi esse espírito desbravador e a necessidade de encontrar um local melhor para viver que o trouxeram a Imperatriz, no dia 26 de junho de 1960. Na época, ele era mecânico de automóveis – um de seus muitos ofícios antes de se tornar empresário – e as perspectivas de novos negócios em Imperatriz foram tantas que, dois meses depois, ele voltou para buscar a família.

“Já era casado e, se eu ficasse ali, não teria campo para me desenvolver, e eu precisava procurar uma terra que me desse meios para progredir. E aqui você podia ter 10 negócios para desses escolher um. Em todos você tinha a possibilidade de crescer”, frisou.

As boas perspectivas eram resultado da abertura da rodovia Belém-Brasília, que tornou Imperatriz conhecida em várias partes do país como uma espécie de novo eldorado dos negócios, condição reconhecida por ele que a define como “a terra prometida”.

“Eu considero (Imperatriz) a terra prometida, porque eu sonhava e não sabia onde ela existia. Eu sempre dizia para minha esposa que, se eu chegasse num lugar onde tivesse progresso, eu seria capaz de ganhar, de lutar para fazer tudo o que eu pensasse. E aqui foi a terra onde eu encontrei e não foi uma terra tão longe”, ressaltou.

Como previa Ribamar Cunha, alcançar a situação atual foi resultado de muito trabalho e algumas privações. A própria viagem de vinda da família foi um sacrifício que terminou oito dias depois e precisou de três caminhões para ser realizada. É que, dadas as péssimas condições das estradas, os carros quebraram pelo caminho várias vezes.

“Viajei em três transportes para poder chegar aqui. Lembro que na estrada só existia areia, poeira e buracos. Passei oito dias, mas cheguei aqui para ficar e não pretendo sair”, destacou.

Antes de se tornar empresário do ramo de café, José de Ribamar da Cunha desempenhou diversas atividades. De mecânico passou a relojoeiro, atividade desenvolvida por quase 20 anos, mas, depois, o empreendedorismo falou mais alto.

“Comprei porque naquela época indústria de café era uma concessão do IBC (Instituto Brasileiro do Café). você não podia montar por conta própria. teria que comprar de alguém. E assim eu fiz”

 Primeira empresa em Imperatriz

Com algumas economias, Ribamar Cunha passou a comprar mercadorias (secos e molhados) em armazéns de Anápolis (GO) e revendê-las em toda a região. Foi assim por vários anos, até que ele pudesse adquirir a primeira empresa, o Café Viana, atualmente a maior indústria da região e uma das maiores do estado.

Na época, devido à grande burocracia imposta pelo governo para abertura de empresas desse ramo, ele acabou por comprar a indústria de dois empresários goianos que mantinham monopólio na venda de gás de cozinha para toda a região e, por isso, não tinham a indústria como prioridade.

“Comprei porque naquela época indústria de café era uma concessão do IBC (Instituto Brasileiro do Café). Você não podia montar por conta própria. Teria que comprar de alguém. E assim eu fiz”, assinalou, acrescentando que a indústria era sediada no povoado Bela Vista, que hoje pertence ao município tocantinense de São Miguel. A transferência da empresa para Imperatriz foi automática.

Com a aquisição, ele passou a priorizar a indústria, mas, em pouco tempo, começou a investir na pecuária, ramo que orgulha-se em dizer ter começado com poucas cabeças de gado.

“Eu comecei com 12 vacas e dessas 12 vacas hoje eu não sei quantas tenho, mas tirei leite, criava e recriava e engordava e hoje, de uns 10 a 15 dias para cá, me dediquei só mesmo à recria e engorda”, pontuou.

Para ele, o clima da região é propício para a criação de gado o ano inteiro e nem mesmo em meses de estiagem, como setembro e outubro, é possível ter prejuízos, quadro que torna essa atividade bem atrativa.

O crescimento da região possibilitou a expansão dos negócios e a incursão do empresário por outras áreas. Ribamar Cunha anunciou estar plantando eucalipto, cuja produção de madeira será para alimentar uma cerâmica que ele está inaugurando, ao mesmo tempo em que também passou a plantar seringa, de olho no mercado externo.

“Ainda hoje eu continuo dando expansão a uma plantação de seringueira, de eucalipto para necessidades próprias das minhas indústrias do café e da cerâmica. Eu planto seringueira, mas não é para mim. É porque vejo o Brasil necessitando”, justificou. Pelas contas dele, em 2007 o país precisou de 330 mil toneladas de borracha e a produção nacional foi apenas de 108 mil toneladas.

Família foi a base para a prosperidade

A máxima popular “o bom filho é um bom pai” aplica-se bem a Ribamar Cunha, que tem na família seu recanto seguro, a base da qual não abre mão de viver. Isso se explica desde a vinda para Imperatriz, quando trouxe seus pais para morar com ele e com o nascimento dos filhos passou a delegar responsabilidades a cada um deles nos negócios. Periodicamente, ele cobra relatórios de resultados das empresas e é quem dá a ultima palavra quando é preciso aumentar ou reduzir os investimentos em determinada empresa e um detalhe: ele dá expediente e cumpre agenda rigorosa.

“Todos os dias eu tenho compromisso. O pior dia para mim é o domingo, porque não tenho que fazer agenda para esse dia”, comentou, acrescentando que “o planejamento para mim sempre foi uma meta, da qual ninguém pode fugir se quiser progredir na vida”.

“Eduquei meus filhos para todos ficarem aqui e todos estão aqui comigo. Só tem uma que mora no Rio de Janeiro”, revelou o empresário, que adotou uma estratégia bem particular na formação dos filhos, conforme as áreas que pretendia explorar. “Não tive como estudar. Naquele tempo, tudo era muito difícil. Os estudos eram em São Luís e só quem estudava mesmo eram filhos de coronéis”, frisou. Mesmo assim, ele deixou claro que não tem ressentimentos de seus pais.

 ATUAÇÃO: O sucesso empresarial não subiu à cabeça de Ribamar Cunha. Pelo contrário. Ele fez questão de participar de várias momentos importantes na vida de Imperatriz, onde orgulha-se de ter colaborado com vários segmentos da sociedade.

O reconhecimento pelo serviços prestados à cidade que escolheu para viver veio em 2002, quando recebeu a Comenda Frei Manoel Procópio, conferida pela Prefeitura de Imperatriz.

Na cidade, ele mantém, há mais de 10 anos, patrocínio para a Escolinha de Futebol Janduí e, recentemente, comandou os destinos do time do Imperatriz. Sobre o clube, ele lembrou que estava no Rio de Janeiro quando tomou conhecimento, pela imprensa, de notícias ruins sobre a cidade, como a incidência de crimes, e acabou por adotar o time pelo período de dois anos. O objetivo dele com essa iniciativa foi elevar o nome de Imperatriz em nível nacional de forma positiva, o que acabou acontecendo por ocasião da participação do time na Copa do Brasil contra o Sport Clube de Recife.

Ribamar Cunha acabou deixando o clube dois anos depois, mas tranqüilo pela missão comprida e só se ressente da falta de apoio à equipe por parte do empresariado. Atualmente, o filho dele, Léo Cunha, é o presidente do Imperatriz, mas, se dependesse de Ribamar Cunha, também já estava na hora de entregar o cargo pelo mesmo motivo.

Do alto dos seus 77 anos de idade, o empresário Ribamar Cunha demonstra preocupação com os jovens, a quem sempre aconselha o estudo como meio de alcançar os objetivos e consumo consciente, visando sempre a economia para o futuro. “Comprar em cheque pré-datado, usar o crédito que lhe dão e comprar o que não necessita só lhe deixará escravizado, mas quem tiver a consciência, a força e o talento para economizar as coisas e só comprar o necessário, mesmo ganhando pouco, poderá amanhã ter um patrimônio também”, aconselhou.

NOME: José de Ribamar Cunha

PROFISSÃO: Empresário

NATURALIDADE: Pastos Bons (MA)

DATA DE NASCIMENTO: 12/06/1931

PAIS: Leovegildo Cunha e Maria Vegilda Cunha

ESPOSA: Maria Odenilda de Sousa Cunha (in-memoria)

FILHOS: Alzira, Ribamar Filho, Leo, Neilame, Edson, Wdson e Odenice

RELIGIÃO: Católica

ALEGRIA: Ouvir música

TRISTEZA: Saber que não sou imortal

QUALIDADE: Gostar de trabalhar

DEFEITO: Ser muito sentimental

HOBBY: Trabalho

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