Contando, ninguém acredita

10comentários

Como diria a jornalista-mais-comédia-da-blogosfera DADÁrcimeire Coelho, que, caso você ainda não tenha se aluído (esse termo é a cara dela), destila seu humor inteligente no blog “tri-cortando”: “Se eu contar minha história para o carroceiro, até o jumento chora”. Pois é, leitores, a bruxa andou solta para o meu lado. Talvez seja culpa da atmosfera mística de Dublin, na Irlanda, onde estive nos últimos dias. Lá, acredita-se bastante em bruxas, duendes, gnomos, fadas e demais seres desse gênero. Inclusive, foi em Dublin que nasceu o Halloween. Mas o fato é que, depois da festa que foi minha chegada na Europa, tive um dia daqueles…

Para começar: na madrugada de ontem (20), voltando do Cuper Face Jack, na Old Harcout Station (reduto das melhores boates de Dublin), um club animadíssimo e pitoresco como tudo na cidade – desde o set list retrô do deejay, que faz uma viagem pelos hits da última década (engraçado: a pista ferve!), ao comportamento, digamos, animado e dado demais dos dubliners -, não percebi minha máquina fotográfica cair do bolso do casaco ao sair do taxi. O frio era tanto que me preocupei mais em me agasalhar. Quando me toquei, era tarde demais. E foi-se os registros incríveis da noite e de alguns lugares que visitei durante a tarde. Vão-se as digitais e ficam as memórias gravadas para sempre na lembrança. O jeito foi me conformar e ir dormir. No outro dia, uma viagem para Barcelona me esperava.

Tão desejado quanto conhecer a capital catalã era assistir ao show de Beyonce, que se apresentaria na noite dessa quarta. Fui para o aeroporto na hora certa. Por falar nisso: Ananda e Joyce, muito obrigado pela prestatividade. Na fila do check-in, um erro de comunicação da funcionária me fez perder o voo. Imaginem o alvoroço da pessoa aqui. Liz, roomate de Ananda, que, coincidentemente, também é maranhense (sabe uma dessas gratas surpresas que o destino prega na vida das pessoas?), foi lá para tentar resolver, mas não deu em nada. De qualquer forma: Liz, muitíssimo obrigado pelo gesto. O que me restou foi esperar para embarcar no próximo voo, às 18 horas. Resultado: cheguei em Barcelona tarde demais para o show. Bem, não foi dessa vez que a cantora teve o privilégio de me ter em sua platéia, para contar tudo depois para os hot.spotters. Já Barcelona, essa está de braços abertos para mim. Pelo pouco que já vi, como ela é vibrante e grandiosa. Aguardem cenas dos próximos posts.

Não posso deixar de falar do episódio compensatório que me aconteceu depois de todo o estresse em Dublin. No caminho do Aeroporto Girona, nos arredores de Barcelona, até onde estou hospedado, uma senhora se sentou ao meu lado no Bus que leva os passageiros até a praça da Catalunya. Perguntei se ela conhecia o endereço para onde ia, para saber se era perto ou alguma outra referência. No mesmo passo que respondeu que não sabia, começou a indagar sobre minha vida. Já foi logo perguntando se eu era italiano. Disse que eu tinha traços. Levei isso como elogio. Falei de onde realmente era. Foi o suficiente para ela se sentir à vontade para continuar o papo. A conversa rolou num “portunhol” infame, mais por minha parte, que tenho pouca intimidade com o idioma, do que por ela. Pelo menos nos entendemos. Eu acho. Falou que conhecia o Brasil, que achava o Rio de Janeiro belíssimo. Revelou que tinha filhos próximos da minha idade. Fez uma sabatina sobre minha vida. Tudo, é claro, na base da cordialidade. Eu, lembrando o conselho dos meus pais de nunca falar com estranhos, fiquei meio desconfiado e até preocupado com aquilo. Afinal de contas… O fato é que ao chegar no destino, ela me surpreendeu novamente. Pediu o papel com meu destino escrito e perguntou a um taxista se era no mesmo caminho que o seu. Com a afirmação dele, me convidou para ir no mesmo carro. E adivinhem qual a minha reação? Entrei no taxi e entreguei minha sorte à Dios. Ela foi a primeira a ser deixada em casa. Pagou a conta e ainda deixou o troco para completar minha corrida. Só quando nos despedimos ela perguntou meu nome. E, é claro, disse o seu: Inê. Não sei o que me fez embarcar nesta loucura (por favor, não repitam isso por aí!). Foi meio surreal. Mas de alguma maneira eu senti  sua boa intenção. Talvez pelo olhar, alguma coisa meio maternal. Talvez tenha pensado em seus filhos na mesma situação que a minha. Depois que o carro prosseguiu pedi a Deus que abençoasse aquela senhora e sua família.

Enfim… O fato é que continuo minha Eurotrip. Já providenciei outra máquina. Não precisam se preocupar, que vou resgistrar tudo aqui. Agora eu vou descansar um pouco. Hasta la vista, babies!

10 comentários »
https://www.blogsoestado.com/otonlima/wp-admin/
Twitter Facebook RSS