Com a palavra… Bruno Dualibe

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Cena cada vez mais prosaica no trânsito do São Luís. (Foto: Biaman Prado / Jornal O Estado do Maranhão)

Semáforos inteligentes

Na sexta-feira que antecedeu o segundo turno das eleições municipais, preferi assistir, pela internet, ao debate dos candidatos de Salvador, mediado pelo repórter Alexandre Garcia. E não me arrependi: a forma como as propostas foram expostas pelos adversários denotava com clareza ofuscante que ali a disputa dar-se-ia menos por picuinhas e muito mais por ideias capazes de melhorar a cidade.

Dentre aquelas que foram citadas pelos candidatos, chamou a minha atenção, imediatamente, a proposta de implantação dos semáforos inteligentes, mencionada pelo prefeito eleito ACM Neto, como uma das ações emergenciais para os problemas do trânsito da capital baiana.

Resumidamente, o então candidato explicou que esses semáforos seriam interligados por uma central de controle e ajustados em tempo real por um engenheiro de trânsito, de acordo com o tráfego da via. Segundo afirmou nessa oportunidade e em outras entrevistas concedidas, isso daria um ganho de 30% (trinta por cento) na velocidade média de deslocamento dos veículos.

Estudando o assunto, pude ver que os semáforos inteligentes dependem da utilização de tecnologia da informação e de sensores que tornam possível calcular o tempo em que o sinal permanecerá aberto. Desse modo, conforme o fluxo seja maior ou menor em dado horário, tanto a espera nos cruzamentos como as longas filas de carros podem ser reduzidas.

Senti-me conquistado pela lógica dessa tecnologia. De fato, é totalmente desnecessário interromper o trânsito de uma avenida principal, se a rua secundária que a corta na perpendicular não tem qualquer veículo.

Desde então, não consegui me desvencilhar do pensamento fixo de que essa tecnologia poderia ser perfeitamente implantada em São Luís, porquanto ela já faz parte da realidade de cidades latino-americanas como Santiago, Panamá, San José, tendo no Brasil exemplos como os de Fortaleza, Campinas, São José dos Campos e São Paulo.

Os semáforos inteligentes, assim como outras ações que buscam as tecnologias de informação e o geoprocessamento, vão de encontro às respostas que são normalmente priorizadas nesse tipo de problema: as grandes obras na infraestrutura.

Não quero dizer com isso que a construção de pontes, avenidas, viadutos e de faixas exclusivas para ônibus, por exemplo, deva ser relegada; apenas não pode ser tida como única solução. Na verdade, julgo que essa questão deva ser equacionada com ações que demandem menos tempo e recursos – estes últimos sempre escassos, especialmente nas municipalidades.

E claro: soluções mais simples e sustentáveis devem estar na dianteira das atuais gestões públicas, não apenas porque essa dinâmica dá um tom de arrojo, mas principalmente porque os problemas que afligem o cotidiano das cidades merecem soluções eficientes, eficazes e imediatas.

De mais a mais, a crise da mobilidade urbana assim como a maioria dos problemas sociais não tem uma só causa e tampouco uma única solução. Como suas origens são múltiplas e complexas, exigem, por certo, ações coordenadas e complementares que envolvem, por exemplo, o plano diretor da cidade, o transporte público e a educação no trânsito.

É inegável que em São Luís, de uns anos para cá, já não há alguém que não tenha perdido a paciência diante do trânsito a ser enfrentado. A propósito, sei de muita gente que, para não perder um compromisso assumido, inicia o seu deslocamento com horas de antecedência e também sei de outras inúmeras pessoas que permanecem mais tempo no trabalho, comprometendo a sua qualidade de vida, apenas para evitar o trânsito na hora de retornar a suas casas.

É por isso que nos tempos atuais todos devem concordar que medidas que visem a proporcionar maior fluidez no tráfego não são somente necessárias, como também são urgentes.

E então eu aproveitei para passar uma vista no programa de governo do nosso prefeito eleito, Edivaldo Holanda Júnior, e não encontrei medidas concretas que priorizassem as questões de melhor organização e fluidez do tráfego nas ruas e avenidas ludovicenses. Há medidas que, aparentemente, focam os transportes públicos e que implicam um ajuste de médio e longo prazo. Em curto prazo, nenhuma.

Assim, eu nem pestanejo ao afirmar que os semáforos inteligentes poderiam ser implementados nas mesmas condições em que serão instalados em Salvador: como medida emergencial de organização do trânsito. Desta forma, despenderemos menos tempo em engarrafamentos e mais tempo em qualquer outra coisa útil.

Como se tornou usual dizer nas redes sociais: fica a dica, Prefeito eleito!

 

Bruno Duailibe

Advogado. Graduado pela Universidade Federal do Maranhão. Pós-Graduado em Direito Processual Civil no ICAT-UNIDF / [email protected]

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