Quase fui abduzido…

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Demorei um pouco até chegar a este post – e aproveito para pedir desculpas aos leitores assíduos de Hot Spot – porque ainda não tinha conseguido organizar direito minhas ideias, lembranças e sensações a respeito da noite do último sábado, 9, quando, mais que assistir a um mega show, vivi uma experiência única no Estádio do Morumbi, em São Paulo, durante a apresentação do U2, abrindo a 360° Tour no Brasil.

Antes de mais nada, é preciso esclarecer alguns pontos para que você, leitor, compreenda o desenrolar do meu texto: apesar de conhecer (e adorar!) vários clássicos da banda irlandesa e ser um grande admirador da personalidade Bono Vox, não me considero fã do U2. Além disso, já tive oportunidade de assistir a shows internacionais de dimensões parecidas (estruturalmente falando) com a do show deles. Bom… Falo isso para que não pensem que minhas palavras a seguir estajam tendenciadas por algum fascínio sem, digamos, tanta consistência.

O fato é que aquela noite ainda ecoa fortemente em minha cabeça… Já fui para o Morumbi sugestionado para fortes emoções. O DVD da 360°Tour e os relatos de amigos que já tinham visto o show criaram essa expectativa em mim. Mas, por mais que minha imaginação tentasse antecipar o momento, tudo ali foi sur-pre-en-den-te!

Conhecendo o caos que se torna São Paulo com um evento como este, sobretudo no que diz respeito ao serviço de táxi (em outro momento do post volto a falar no assunto…), meu grupo e eu resolvemos “madrugar” na arena. Na verdade, chegamos logo que os portões se abriram, por volta das 17 horas. Ao descer a rampa que dá acesso ao campo, fomos recebidos de cara por aquela Garra monumental, ainda sob a luz do sol, que já nos dava um petisco do que viria a seguir… Por volta das 20 horas, conforme marcado, o telão do palco dá seus primeiros sinais de vida: eis que surge a banda Muse, que está abrindo os shows do U2  no país, sob uma garoa. Nada mais paulistano, não?! Devo confessar que não sabia de quase nada do repertório deles, a não ser a canção “Supremassive Black Hole”, trilha do filme “Eclipse”, da saga Crepúsculo. Mas a banda de rock alternativo britânica deu conta direitinho do recado de esquentar a pista para Bono e sua trupe. [No assunto: o vocalista do Muse, Matthew Bellamy (alô, hotspotter, grave esse nome!) trouxe a esposa, a atriz hollywoodiana Kate Hudson a tiracolo para o Brasil. Mas isso está sendo, definitivamente, um detalhe muito tímido diante do barulho todo que o furacão U2 está provocando…].

Seguindo a linha da pontualidade, apesar de o relógio do telão marcar as horas totalmente fora do compasso, Bono Vox, The Edge (guitarra), Adam Clayton (baixo) e Larry Murren Jr. (bateria) deram as caras por volta das 9 e meia, levando as quase 90 mil pessoas espalhadas pelo Morumbi ao delírio. Detalhe: a chuva ficou tão intimidada que resolveu se mandar! Se o U2 tem repertório, estrada e carisma para hipnotizar qualquer plateia, imagine com o palco em forma de garra quase surreal da 360°Tour. As luzes, os efeitos, o balé do telão… Me senti em transe por mais de duas horas, tempo da apresentação dos caras. Mas o arrepio não ficou por conta apenas disso. As mensagens positivas de amor e bondade, que ecoavam do palco o tempo todo, ajudavam a mexer com a emoção da plateia. Dentre os inúmeros momentos “à flor da pele” que Bono e sua trupe nos provocou, dois merecem destaque: quando o vocalista, sentado no palco, chamou uma garota da plateia, como ele sempre faz. Os dois leram juntos versos de “Carinhoso”, de Pixinguinha: “meu coração / não sei porque / bate feliz / quando te ver…”; o outro, foi quando Bono fez elogios à presidenta Dilma e lamentou o massacre das crianças de Realengo, no Rio. Os nomes dos meninos mortos apareceu no telão. Foi impossível conter as lágrimas!

Não dá para esquecer de mencionar que o vocalista do U2, Bono Vox é um capítulo à parte neste fenômeno todo que é o grupo. Durante o show, cheguei a comentar com um amigo sobre o quanto era importante ele, enquanto rock star de dimensão global, cultivar essa imagem de bom moço, de personalidade engajada com questões humanitárias. Também comentamos sobre os questionamentos que, volta e meia, alguns fazem sobre se tal postura e genuína ou não. Meu amigo, que é fã alucinado do U2, foi certeiro ao lembrar de uma frase de Nietzsche que se enquadra muito bem para Bono: “Quanto mais me elevo, menor eu pareço aos olhos de quem não sabe voar“.

Infelizmente, nem tudo foi flores: após o show, passei pelo calvário de ter que esperar mais de duas horas para conseguir um táxi. Isso, detalhe, em meio a cansaço e frio. Apenas 3 mil táxis, da frota de 35 mil cadastrados na cidade de São Paulo, foram credenciados para dar conta de um público de cerca de 89 mil pessoas. Um absurdo! Fico pensando como vai ser isso na Copa do Mundo…

Mas nem mesmo o contratempo da volta para casa foi capaz de sublimar a noite de encantamento que vivi no Morumbi, naquele sábado, 9 de abril. Foi mais um show internacional inesquecível para a minha coleção (quem acompanha o blog sabe o quanto sou apaixonado por Pop Music) e o empurrão que faltava para eu considerar a ideia de virar fã do U2!

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