Vamos falar de arte

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No último domingo, 9, Página 7, coluna que assino no suplemento PH Revista, dentro do jornal O Estado MA, trouxe uma matéria sobre a vinda ao Brasil da exposição “Dores da Colômbia“, do artista colombiano Fernando Botero, e meu recente contato in loco com suas obras, no museu que leva seu nome, na capital de seu país, Bogotá. Agora, diante da grande repercussão que ela teve entre os leitores da coluna, aproveito para reproduzi-la aqui em Hot Spot.Foto tirada no Museu Botero, no centro histórico de Bogotá, capital da Colômbia, onde estive em setembro último. Posei diante da tela Una família, um dos trabalhos de Fernando Botero.

O que querem dizer os gordinhos de Botero?

Um dos programas mais interessantes para quem vai à Bogotá, a efervescente capital da Colômbia, que conheci recentemente, é, sem dúvidas, uma visita ao Museu Botero, que reúne uma pinacoteca impressionante do pintor e escultor colombiano Fernando Botero, expoente máximo das artes plásticas daquele país, doada pelo artista ao Banco de La República, em troca de sua exposição permanente e gratuita ao público.

Além de uma coletânea com obras de outros artistas tão importantes quanto ele, como Picasso, Miró, Salvador Dali, Monet, Renoir, entre tantos, a coleção é marcada, é claro, por vários de seus próprios quadros e esculturas. Uma peculiaridade: toda ela composta por figuras rotundas!

Mas que fique bem claro: essa característica presente em toda a obra de Botero está longe de ser apenas estética. A mensagem por traz de seus rechonchudos traz consigo uma crítica social bastante sutil.

As pinturas encontradas no museu que leva seu nome são uma espécie de sátira a políticos, religiosos e militares de seu país, com telas super coloridas e figuras em geral sorridentes e felizes, alheias ao sofrimento humano. O que ele quer com isso? Chamar atenção para o estatismo e a ganância do ser humano.

Como o que acontece com o trabalho de todo artista genuíno, me impressionou a universalidade daquelas telas. Ele retrata uma realidade colombiana, mas a geografia simbólica de suas pinturas e esculturas conseguem penetrar a qualquer um de nós, seja sul-americano, nipônico ou afegão.

Agora, o Rio de Janeiro está recebendo até o dia 30 de outubro a mostra “Dores da Colômbia”, com uma coletânea com 67 obras doadas pelo artista ao Museu Nacional da Colômbia entre 2004 e 2005, que marca um período, digamos, mais mordaz de sua carreira. Nas telas dessa exposição – que ainda passará por São Paulo e Salvador – sai de cena o gordinho sorridente, dando lugar a outros que, ainda com a mesma silhueta, retratam abusos vividos pelo povo colombiano como conseqüência da ação de grupos guerrilheiros, políticos e paramilitares. Um episódio em especial na vida do artista conta para esse momento mais duro de seu trabalho: exilado de seu país há mais de 40 anos (e agora radicado na França), Botero viu o filho mais velho ser preso em 1996, acusado de envolvimento com o narcotráfico colombiano.

Para quem for ao Rio nos próximos dias, fica uma dica cultural e tanto! A mostra acontece na Caixa Cultural, na Av. Almirante Barroso, 25, Centro, de terça a sábado, das 10 às 22 horas; domingo das 10 às 21 horas. A entrada é gratuita. Olha só que barato – literalmente!Uma das telas da mostra “Dores da Colômbia”. (Foto: Reprodução)

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