Pela extinção da relação doméstica

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Geralmente quando se faz algum comentário que foge de determinadas práticas convencionais, corriqueiras e conservadoras dentro de um sistema, ou de comportamento humano, logo você recebe petardos de que você é exagerado, está sempre no contra, ou então é chamado de pessimista, e por aí vai.

Desde que assumi a profissão de jornalista, um dos compromissos com a notícia é de não comungar com a mediocridade, a mentira e ter bom senso no momento de redigir um texto. Como DJ, uma atividade que veio como uma boa conseqüência para minha vida profissional, resolvi contribuir com São Luís tocando uma música que eu acredito.

As duas tarefas tenho procurado desenvolver com lealdade, até porque aqui é o meu Porto Seguro. Daqui surge a minha fonte de inspiração que me faz enxergar o mundo dentro de uma visão cosmopolita e ampla. Tenho uma afeição muito grande por essa ilha e pela sua história.

Agora, é impossível se desenvolver um bom trabalho tendo que conviver com pessoas descompromissadas com a ética, a arte e com o próximo. Tem gente que só olha para o seu umbigo, a sua ambição e egoísmo eterno. Esquece de ser sensível, palavra que faz parte do dia-a-dia do artista que vive com dignidade. Aquele artista que antes de entrar em cena se concentra para mexer com o lúdico de quem está apenas em busca da alegria, e muitas das vezes fica à deriva de falso produtores e agiotas culturais.

Em São Luís, a falta de compromisso com o artista e o público tem sido uma constante. São inúmeros shows cancelados, é o artista que sai para tocar e não recebe o dinheiro do contratante. É o consumidor que além de não assistir ao show porque o artista não compareceu, ainda é lesado no ingresso. Em determinadas ocasiões é tratado com descaso pelo garçom, ou gerente do bar. Enfim, são relações corriqueiras e que já viraram uma “mania maranhense” e, para uma capital que tem forte apelo turístico não deixa de ser um péssimo negócio. Agora sejamos justos, parcela da população é conivente com esses tipos constrangimentos, afinal de contas, tem gente que faz apologia ao chamado “jeitinho brasileiro de ser”.

Sei que as pessoas têm livre arbítrio para agir de má fé, mas não sou obrigado a envolver-me com esse tipo de circunstância, afinal de contas não gosto de sofrer danos morais e éticos.

A ação inconseqüente ocorrida na última sexta-feira, com o show que iria acontecer em clube na Ponta D´Areia, envolvendo a banda pernambucana Nação Zumbi, a cearense Alma Negra e as locais Kazamata, Nego K´aapor e o DJ Pedro Sobrinho sirva de lição a todos nós que fazemos e gostamos de arte nessa cidade.

É chegado o momento de uma postura mais racional e deixarmos o tapinha de lado, aquele “e aí camarada”. É necessário analisar São Luís com o olhar do século XXI. Boas parcerias e dando uma basta a esse modelo “relação doméstica” ainda existente por aqui em nome do profissionalismo.

7 comentários para "Pela extinção da relação doméstica"


  1. Gisele

    Oi Pedro, concordo com você. Comprei meu ingresso desse show, inclusive pelo som que você ia botar, do qual eu gosto muito! Queria saber se tem como conseguir o contato da Produção, pois desejo reaver meu dinheiro. Agradecida!

  2. Rogério Tomaz Jr.

    Pedrinho, valeu o desabafo! Estava aí na semana passada por conta da eleição e até pensei em estender minha estadia pra ir ao show curtir o som da Kazamata, da Nação e o teu. O trabalho falou mais alto e tive que voltar, mas ficava aquela vontade não realizada de assistir, na Ilha querida, a galera do manguebit ao vivo! Que m… esse cancelamento!! Qual foi a desculpa dessa vez? Se você recebeu alguma justificativa, acho que podia partilhar com a galera, que certamente tá muito irada!!
    Abraços,
    Rogério Tomaz Jr.
    Jornalista, ex-DACOM-UFMA, morando em Brasília

  3. Patricia Carla

    Eu tb comprei o ingresso pra esse show e ainda não consegui receber o dh. Gostaria de saber o pq do cancelamento do show já que não foi dada nenhuma justificativa e como sempre acontece aqui em São Luis as coisas ficam assim msm e ninguem toma nenhum tipo de providência pra que esses agiotas paguem pelo nosso prejuizo e pela frustação dos fãs da banda que aguardavam com mt expectativa pelo show.

  4. Marcos Baeta Mondego

    Fala, meu amigo pedrinho! Sempre pensou o que perdi a não assistir ao show da Nação Zumbi, à performance de Chico Science no palco. Ele, como sabemos, prematuramente morreu. Restou-nos aqueles que, um dia conversando com vc mesmo, acreditávamos que não iriam muito longe sem o grande e inigualável Chico Ciência. Era a minha chance de vê-los em ação. Pela 2a vez, só este ano, “vazaram.” A partir de agora, ficarei antenado na agenda da Nação, para saber quando eles estarão aqui por perto da “nossa terrinha.” Abraços, grande Pedro! Parabéns pelo blog e para quem já teve o prazer de assistir a um grande espetáculo. Your friend, [email protected].

  5. Anônimo

    Pedrinho essas coisas sempre acontecem aqui. Lembro dos shows do Cazuza e da Maria Rita que também não aconteceram. Achom que basta devolver o dinheiro e fica tudo bem.

  6. Gisa Franco

    Sinceramente, acho q esse cara que se diz produtor cultural merece cadeia pelo descaso com a cultura no geral. Pedrinho, saudades de vc e parabéns pelo blog!Bjão

  7. Anônimo

    O nome do produtor é Natanael Junior. Está “sumido” desde sexta-feira passada (03/11). Fez circular boato de que devolveria o dinheiro das pessoas no próximo dia 13/11. Não é a primeira vez que anuncia shows e os cancela sem a menor cerimônia (Sepultura, Nação Zumbi). O motivo? O mesmo em todas as ocasiões de cancelamento: NÃO PAGAMENTO CONTRATUAL. Repito: o nome do produtor é Natanael Junior. Gravem bem. E da próxima vez exijam o nome da produtora.

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