“Maranhense Zé de Riba destila inventividade sonora”

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A jornalista, produtora de vídeo e internauta, Cássia Melo, interagiu com o Blog para falar e disponibilizar-me o site do multimídia (cantor, compositor, produtor de rádio, ator, ex-palhaço profissional e marinheiro) maranhense Zé de Riba. Ávido por informação resolvi acessar o endereço virtual do artista, natural de Dom Pedro (MA), que já tinha ouvido falar à distância. Ah! ia esquecendo, ele participou do Festival Internacional de Música, realizado em São Luís, em 2002, indicado pelo Coordenador do Evento, o músico e escritor Josias Sobrinho. Mas é bom que se diga a sua passagem pela ilha passou despercebida. Agora, fiquei deslumbrado ao ter acesso à proposta do artista definido por mim como um liquidificador sonoro com sabor de poesia urbana.

Na edição deste domingo, (15), na coluna do jornalista Pergentino Holanda, (ele) fala de que em sua rápida passagem por São Paulo teve o privilégio de curtir ao show de lançamento do CD Reprocesso de Zé de Riba, no Grazie a Dio !, na Vila Madalena, em São Paulo.

O jornalista conta ainda que o show foi bastante concorrido e o artista foi acompanhado pela mesma banda e as participações que estão presentes no CD “Reprocesso”, entre os quais, André Abujamra e os rappers paulistas do Z´África Brasil.

Além de tomar conhecimento do “Reprocesso”, primeiro projeto discográfico de Zé de Riba, tive o privilégio de conhecer um selo chamado “Urban Jungle Records”, responsável pela produção de um cast de artistas recomendáveis. No meio de tanta gente boa como Céu, Sambasonics e Bina & Ehud, lá estava Zé de Riba, o maranhense autêntico, que traz na identidade o nome de José. Uma figura rodada, um poeta de rua, rural e urbano, que descobre a sua inspiração na miscigenação cultural, nas crendices e na cultura urbana brasileira, Cultivando uma poesia selvagem e crua, ele faz nascer nos seus textos personagens do nosso cotidiano.

Vários rostos, várias peles, vários hábitos juntos no mesmo país, na mesma cidade. Excluídos da nossa sociedade de consumo, convivendo no dia-a-dia das ruas de uma sociedade compulsiva e efêmera são matéria-prima para a criação de uma obra de arte que expõe a vida e seus mistérios a partir de uma ótica simples, mas de uma grande urgência. Ele procurou mostrar essas nuances em julho de 2001, projeto Prata da Casa, no Sesc Pompéia, em São Paulo, com o show “Cara dum Cara do Outro”. Em janeiro de 2002, lançou seu segundo show “Pancada Seca” e participou da gravação do CD e do show “Seda Pura”, da cantora Simone, onde gravou duas de suas composições (“www.sem” e “Fuga nº1”).

Entre 2003 e 2005, enquando gravava seu primeiro CD, participou como convidado especial dos shows da banda paulista de jazz eletrônico Alta Fidelidade e fez uma temporada de shows na França, em novembro 2006, no Favela Chic de Paris.

Reprocesso

Aos 45 anos, Zé de Riba se junta com uma banda de músicos brilhantes e com a ajuda do produtor musical e multi-instrumentista Mano Bap (Central Srutinizer, Karnak) finalmente nos presenteia com seu primeiro disco, “Reprocesso”, transformando a cultura de rua brasileira num grande banquete musical.

Cada uma das 13 faixas do CD são crônicas da vida nas ruas, das grandes metrópoles brasileiras e funcionam como pequenos curtas-metragens. Um mundo de sambas tortos (samba punk?) onde a cultura regional é reprocessada ao cotidiano. Lembranças dos seus passeios pelos bastidores da vida onde convivem camelôs, bêbados, marginais, trabalhadores e poetas, todos esses protagonistas da nossa cultura de rua e do caos urbano.

O CD começa com “Moça da Rua”, um Zé de Riba com instrumentos amplificados de forma artesanal que mostram de entrada o tom de um artista autêntico passando pela experiência da primeira gravação.

Logo na segunda faixa “Valente Tupi”, uma história sobre a honra dos Tupis – “primeiros guerreiros brasileiros” – influenciada pelo poema do século 19 “I Juca-Pirama”, do poeta maranhense Gonçalves Dias. Constrate com o personagem da música seguinte “Samba da Dalgiza” aonde “melhor um covarde vivo que um herói morto”. Uma música sobre como sobreviver numa feijoada na casa da Dalgiza. A resposta não parece ser tão simples…

“Juvenal” lembra que São Luís do Maranhão não fica tão longe da Jamaica. Um Dub libertador. Em “Oito Pilha Hum real”, Zé nos projeta para dentro de uma história de vendedores ambulantes nos trens. A loucura urbana com a participação de repentistas modernos: os rappers Funk Buia e Gaspar da banda Z’África Brasil.

Na música seguinte “Banto” mergulha nas raízes africanas da música brasileira criando uma roda de capoeira psicodélica, “é 100% negro que Angola deixou”. Em “Samba para o Bocato” é uma homenagem ao grande músico paulista, que participa da gravação. O disco encerra com “R$1,99”, um samba na tradição de Noel Rosa e Adorinan Barbosa e com “Desempregado” tendo como convidado especial André Abujamra, também produtor da faixa.

Enfim, as letras de Zé de Riba fazem viagens temáticas, irônicas, cosmopolitas e globalizadas economicamente, que quase sempre extrapolam as lembranças de sua Dom Pedro (MA) ou mesmo de São Paulo, onde ele vive há 20 anos.

5 comentários para "“Maranhense Zé de Riba destila inventividade sonora”"


  1. Anônimo

    Só´pra lembra PS, fui o responsavel pela vinda do nosso “Zé” ao Festival Intenacional de Música de São Luís, realizado em 2002, onde trabalhei como coordenador da programação de artistas maranhenses. O cabra é uma máquina fabulosa de música e poesia. Nordestino até a alma. Grande abraço. Josias Sobrinho

  2. Pedro Sobrinho

    Josias, brigadão pelo acesso e pela informação. Acrescentarei no meu texto. Abs. Pedro Sobrinho

  3. Anônimo

    vamos traze-lo para aplaudir aqui nosso Zé!!!!!

  4. Anônimo

    pedro, copio aqui a mensagem de zé sobre a materia..ficou super feliz!
    ———————————————–

    Cassia, estou muito feliz cim tudo que esta
    acontecendo, por ter a amizade de pessoas como voce.
    Eu estou calmo e tranquilo.,sonhando muito com minha
    terra maranhense. Adorei a materia de pedro sobrinho.
    Minhas recomendacoes. Um beijo do Ze….ah, amanha,
    sabado, estarei em suzano fazendo show com lenine.
    Depois irei para Trancoso, bahia. estarei de volta na quarta-feira.

  5. Anônimo

    Sabem porque não conhecem muitos compositores no Brasil? Simples,:porque as pessoas não divulgam os seus nomes em obras de artistas.
    Exemplo:OITO PILHA É HUM REAL E SAMBA DA DALGIZA: MUSICA DE CARLOS SILVA E ZÉ DE RIBA…

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