O Velho Lobo abre o verbo em entrevista

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O músico carioca Lobão, 49 anos, marca sua volta ao mainstream com o CD e DVD Acústico MTV.

Sempre polêmico o velho Lobo concedeu entrevista nesta quarta-feira (23), onde criticou quem regrava músicas de outros artistas, os que tentam reinventar a MPB e pretende um ciclo de 50 anos com o relançamento de toda a sua obra.

Taxado de contraditório, Lobão disse que só decidiu voltar para uma grande gravadora porque o acordo incluía algo muito maior e que entrou nessa para “inaugurar uma nova era na indústria cultural”.

O cantor afirma que foi dele a idéia de fazer o projeto. “Liguei para a MTV e perguntei ‘o que vocês tem de maior aí?’ Queria fazer algo grande, e por isso decidi gravar agora. Não fui convidado por eles. Aí as gravadoras começaram a me ligar e como a Sony já tinha grande parte da minha obra e queria relançar tudo, vi que seria um bom negócio”.

Mesmo estando em uma disputa judicial com a gravadora, Lobão contou que é preciso separar as coisas. “Pessoa jurídica não sente ódio, não briga. A gente tem que parar com isso. A gravadora agora está com uma nova equipe, que gosta de música e que está interessada em fazer coisas diferentes. Não podemos misturar as pessoas físicas e jurídicas”.

Nova MPB

O cantor criticou a “nova MPB” e artistas da música independente. “Quem fica imitando a Tropicália e a Bossa Nova, movimentos que já tinham suas falhas e não evolui, tem mais é que se f…”.

Sobre os artistas independentes, disse que alguns esperam tudo na mão e não correm atrás. “Eu tenho uma revista com 20 números lançados de bandas que tinham uma estrutura, mas que não tinham espaço. Mas tem gente que espera ser ‘descoberto’ e não corre atrás. Quem faz isso que fique sozinho, como eu fiz”.

Lobão também desferiu impropérios aos artistas do chamado samba-pop, que regravam músicas de outros artistas. “Isso é um assassinato. Nem ouço porque meu ouvido não é penico. Outro dia uma dupla sertaneja me ligou para regravar uma canção minha. Mandei tomar no c… e procurar a turma deles, não escrevo música pra fazerem essas m…”.

Segundo o cantor, que lutou ao lado de Frejat e Beth Carvalho pela numeração dos CDs, “nenhum artista tem a moral de falar um ‘A’ para mim. Todo mundo assinou o manifesto e caiu fora depois de tomar bronca de gente de gravadora. Lutei por isso o tempo todo. Posso não ter moral nenhuma, sou um ser amoral, mas tenho ética”.

Acústico

Lobão afirma que não há nada de “banquinho e violão” no disco nem no show. “Só aqui no Brasil temos isso. Pouco importa tocar de pé ou sentado. Eu dou o sangue tocando pra cinco ou pra milhares de pessoas. Se tiver platéia, melhor, mas isso não muda nada”.

Segundo o artista, demorou quase um ano para arrumar os timbres e músicas que entrariam no disco. Sucessos como Vida Bandida e Vida Louca Vida acabaram ficando de fora, mas podem fazer parte da turnê.

“Abolimos todos os violões de nylon e apostamos em novos timbres e tecnologias. É um acústico que ninguém ouviu igual. Daqui a alguns anos, vão estudar esse disco”.

Lobão lança a turnê do Acústico em São Paulo nesta sexta-feira com show no Via Funchal. Depois segue para o Rio de Janeiro, sábado no Vivo Rio, e no dia 1º de junho toca em Belo Horizonte.

O Futuro

Lobão, que completa 50 anos em outubro, quer “fechar um ciclo” com o relançamento de toda sua obra em uma caixa para colecionadores. “É como se eu fosse morrer. Entrego esse material com todo o meu trabalho, está ai. Por isso não coloquei nenhuma inédita no Acústico. Música nova só nos próximos 50 anos, e nem sei se vou continuar artista”, ri o cantor. A caixa, que terá edições em CD e vinil, está programada para o início de 2008.

O cantor também trabalha, ao lado do produtor Luis Eduardo Miranda, no site Universo Paralelo Virtual para que as bandas independentes divulguem seu trabalho, aos moldes de sites como o Tramavirtual (criado pelo próprio Miranda) e o MySpace.

O Rádio

Mesmo assim, Lobão acredita que o rádio ainda é o grande canal de comunicação para os artistas. “O rádio está no inconsciente coletivo da população, cresci ouvindo rádio e ainda é assim que se constrói a trilha sonora da vida das pessoas. Ainda não há motivo de euforia com a Internet. O CD e o rádio ainda estão bem longe de acabar”.

Thiago Kaczuroski (Jornalista)

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