Luiz Melodia impecável como sempre…

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Luiz Melodia realmente tem música até no nome. O artista carioca, nascido e criado no Morro de São Carlos, em Estácio de Sá, apresentou para o público ludovicense o seu mais novo CD, “Estação Melodia”, um disco genuinamente de sambas, com canções retiradas dos baús de 30, 40, 50. Nomes como o de Monarco, Noel Rosa, Haroldo Silva, Cartola, Oswaldo Melodia figuram na garimpagem feita por Melodia e lapidada ainda mais para sua impecável voz.

Todos nós que apreciamos o legado e a genialidade de Luiz Melodia, sabemos que ele nasceu no meio do samba, mas resolveu seguir um caminho diferente. Assimilou uma musicalidade que absorve todos os estilos. Na verdade, criou uma forma muito particular de composição. E foi exatamente esse jeito urbano de ser e compor que despertou interesse em nomes como Torquato Neto, Waly Salomão e Gal Costa.

No show desta terça-feira, dia 27, no Centro de Convenções do Multicenter Sebrae, pelo MPB Petrobras (uma década de boa música), Luiz Melodia deixou o jeito plural de agir no palco para mostrar o lado intérprete dando vida composições de Cartola (Tive Sim), de Ismael Silva (Contrastes), de Monarco (Se Você Gostou), do pai Oswaldo Melodia (Não Me Quebro à Toa), dentre outros nomes do samba brasileiro. Produzido por Humberto Araújo, saxofonista da banda que acompanha o artista, o CD passeia pelos sambas do passado criados para o hoje, e abre um espaço para algumas músicas de décadas posteriores. À vontade no papel de intérprete, Melodia imprime às canções a sua assinatura e rende homenagens a esta vertente tipicamente brasileira. Neste show, além dos sambas, Luiz Melodia canta também alguns dos seus clássicos como “Fadas”, “Estácio Eu e Você” e “Estácio Holly Estácio”, em que divide o palco com cantora maranhense Flávia Bittencourt. Não podíamos esquecer que Flávia foi a artista local convidada para a abertura de mais uma edição do projeto MPB Petrobras, em São Luís. A artista cumpriu o dever de casa. Fez um show redondo e deixou bem explícito que o seu nome aponta como uma esperança dessa nova safra pronta para ajudar a salvar a música brasileira, a cada dia mais maltratada pela indústria cultural de massa.

Voltando a falar da performance de Luiz Melodia, destacamos a presença dos músicos Renato Piau (violão aço e nylon), Alessandro Cardozo (cavaquinho e arranjos), Charles Costa (violão de nylon), Alexandre Maionese (flauta), Rodrigo (percussão), Netinho (pandeiro) e Silvério Pontes (trompete, flughorn e arranjos). A direção do show de Jane Reis, que no CD divide com Melodia os vocais na faixa “Choro de Passarinho”, uma composição de Renato Piau, Euclides Amaral e Rubens Cardoso.

Como sempre no palco, Melodia deixa prevalecer também o lado cênico e explorando a presença do palhaço. Lá estava Charles Chaplin na coreografia do artista, numa constatação de que os dois têm algo em comum: a diversão, a urbanidade e o jeito moleque, inquieto e irreverente de encarar o mundo.

Já em Estação Melodia, o artista realça o suingue dos sambas com muita personalidade. Para tal, os arranjos marcados pelos sopros muito contribuem para a leveza do trabalho. A escolha do saxofonista Humberto Araújo para a produção desviou o CD e o show dos clichês dos arranjos de samba.

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