Música feita com independência

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Sete é um número cabalístico, da sorte e sagrado. É com essa filosofia que os organizadores da sétima edição da Feira de Música do Ceará movimentaram e convidaram todos os brasileiros e quem quer seja para uma celebração musical e de negócios. O evento teve início quarta-feira (20) e encerrou ontem, em Fortaleza e, simultaneamente, no município de Guaíba (região metropolitana da capital cearense). Os organizadores e centenas de cearenses e de outras pessoas, que se destacaram dos quatro cantos do País, acreditam e apostam na democratização da informação por meio da diversidade sonora e, principalmente, na cadeia produtiva da música independente. É um processo ousado, resistente e em plena expansão econômica. Negociar e discutir sobre o assunto é viável, pois estamos diante de uma nova ordem musical que passa longe das grandes gravadoras, dos grandes “managers”.

A música independente encontra lugar na produção caseira. A divulgação também feita de casa, do computador, em sites acessados por admiradores dessa ferramenta tecnológica e da maneira nova como está se fazendo música. Ela tem o aval de uma mídia crescente e especializada em divulgar essa corrente de músicos.Nesse universo à parte, o artista passa a não ser apenas o artista. Ele vai à luta, deve ter o espírito empreendedor. Enfim, tem de cuidar do próprio negócio: a música. O músico trabalha diretamente na construção de sua imagem, na composição das músicas, na produção dos discos e na contramão do que se entende por mercado fonográfico. Pirateiam o próprio trabalho ao disponibilizar as faixas para o dowload gratuito.

A resposta muita das vezes é imediata e no meio da incessante batalha, aparecem alguns empresários entusiastas, comprometidos de verdade com a arte, para incentivar as novas promessas musicais que surgem no dia-a-dia, com festivais, shows, feiras, seminários, e por aí vai. Só para que você tenha uma idéia, acontecem mais de 20 festivais no Brasil dentro de um calendário anual da Associação Brasileira de Festivais Independentes (Abrafin). As bandas que circulam são inúmeras. Somente no site da Trama Virtual, braço direito da gravadora Trama, são quase 60 mil grupos cadastrados. Lá eles disponibilizam MP3 e são remunerados a cada dowload, por patrocinadores. Diante dessa organização, as grandes gravadoras têm modificado o modus operandi e partido em busca de soluções virtuais como a venda de música digital. Para Dagoberto Donato, editor-chefe do site Trama Virtual, a indústria fonográfica se pulverizou. “Por um lado, foi horrível para as grandes gravadoras e também um obstáculo para as gravadoras pequenas e médias. O negócio é inventar uma outra fórmula.Agora, quem ganhou com tudo isto foi o público que tem a possibilidade de decidir o que ele gosta de ouvir. As opções estão aí no mundo virtual e o filtro pode ser feito sem a interferência da Bizz, da rádio cheia de jabá ou do crítico que ainda indica o que você tem de ouvir, ou da gravadora que lançava um disco com catorze faixas e você só tinha o direito de ter acesso a uma no dial”, questionou.

Dagoberto acrescenta ainda que com essas mudanças o público se espalhou e apareceu um monte de oportunidade para o artista pouco conhecido da “mass mídia” que está tentando fazer um trabalho de qualidade.

 – O mercado existe, pois tem artista menor trabalhando. Pode até não está ganhando tanto dinheiro, mas consegue viver da arte que faz. Para que a recompensa venha é necessário encontrar um caminho artístico próprio, se inteirar, se ligar. Não pode ter a postura: “sou um artista, descubram-me”. Corre atrás, meu, descobre as mídias para divulgar o teu trabalho. Faça música com compromisso e independência – definiu.

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