‘Música é uma coisa só’

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rossi.jpgO cantor pernambucano Reginaldo Rossi é uma das atrações da Virada Cultural, que acontece no fim de semana, em São Paulo. Entre todos os palcos do evento, um dos mais comentados é o do Largo do Arouche, que já foi apelidado como “palco cafona” e “palco brega”, por conta da escalação de músicos como Benito Di Paula, Wando, Odair José, Wanderley Cardoso e Beto Barbosa.

Em entrevista, Reginaldo Rossi esbanjou simpatia e com o jeitão descontraído, irreverente disparou geral contra o conceito preconceituoso do que é “brega” e “chique”. Diz ainda que na condição de ouvinte está aberto a todos os estilos musicais.

Entrevista: O palco do Largo do Arouche já foi apelidado de “palco brega” por conta dos artistas que lá se apresentarão. Como você se sente na companhia de músicos como Wando, Benito Di Paula e Odair José?

Reginaldo Rossi: A minha expectativa é de cantar com o Pavarotti, o Bocelli e com a Orquestra Sinfônica de Berlim. Não tem essa história de brega e chique, música é uma coisa só, todo mundo é músico.

Eu escuto Bocelli, Calcinha Preta, Amado Batista, não tenho essa frescura não. Para mim é um prazer cantar com o pessoal. Infelizmente a hipocrisia é geral, então criou-se uma cultura que diz que Gil, Caetano e Gal são chiques, enquanto Amado Batista é brega.

É assim que surgem esses modelos, como o que é apresentado às mulheres, que a moda diz que precisam ser esqueléticas. Se a minha mulher ficar magérrima, boto ela na rua.

As pessoas costumam brincar com a música brega, mas todo mundo conhece os refrões de “Garçom” e “Mon amour, meu bem, ma femme”.

Eu não tenho idade para fazer mentira. Eu narro os fatos. Falo um português ótimo e não tenho vergonha nenhuma. Canto no show músicas que retratam a realidade da vida. Canto brega em francês, inglês, árabe, israelita…

Entrevista: Que tipo de público você acha que esse palco vai atrair?

Reginaldo Rossi: Eu acho que vai comparecer todo tipo de público, porque o povo não tem vergonha. Alguns intelectuais sabem que o orgasmo da empregada e da socialite é igual, mas tem gente que ainda pensa diferente. As pessoas que já venceram essa barreira vão aparecer.

Entrevista: Qual a sua relação com o centro velho de São Paulo? Você já fez algum show num espaço público como o Largo do Arouche?

Reginaldo Rossi: Diversos, milhares. Morei na região do Largo do Arouche, na Rua Baronesa de Itu, Rua das Palmeiras… ali foi o meu pedaço. Nós sentávamos ali na pracinha, onde havia diversos bares com mesas na calçada, perto do Dinho’s, um restaurante luxuoso. Eu frequentava o Um, Dois, Feijão com Arroz, onde tocava bastante.

Lembro que fui para lá garotão, já no final da adolescência. Tenho muitas saudades da boca do luxo, daquelas prostitutas todas lindas que frequentavam as boates com música ao vivo. E também da paz que reinava, bem diferente de hoje. Lá estou em casa.

Entrevista; Como você se prepara antes de um show para tanta gente? Existe algum ritual que sempre é seguido?

Reginaldo Rossi: Não me preparo. Estou sempre preparado. Tem muito artista cheio de frescura. Eu não, eu vou, canto agora, canto de tarde, se tomar quatro uísques eu canto, se não tomar nada eu canto do mesmo jeito. Não faço exercício para a garganta. Não tem frescura.

Entrevista: E depois da apresentação, o que você pretende fazer?

Reginaldo Rossi: Não sei que horas é o show. Quando eu era mais jovem ia pra gandaia, agora não sei se vou – risos.

Programação

19h30 – Benito Di Paula
21h30 – Luís Ayrão
23h30 – Wando
01h30 – Reginaldo Rossi
03h30 – Beto Barbosa
05h30 – Wanderley Andrade
07h30 – Bartô Galeno
09h30 – Jane e Herondy
11h30 – Silvio Brito
13h30 – Odair José
15h30 – Wanderley Cardoso

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