Vivenciei duas boas coincidências com a Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB). Uma, em São Luís, no último dia 1/9, na Lagoa da Jansen. A outra no Rio de Janeiro, neste sábado (15/9), nas areias da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Em São Luís, a OSB celebrou os 400 anos de São Luís incursionando pelos ritmos maranhenses. Na Cidade Maravilhosa, foi para festejar os 40 anos do projeto Aquarius num concerto especial com obras brasileiras. Um outro detalhe curioso é que as duas apresentações da Orquestra assistidas por mim foram de graça.
Mais de 70 mil pessoas prestigiaram a apresentação da OSB e festejaram o início da Era de Aquarius, surgida há 40 anos para inovar com a sua proposta de levar espetáculos da mais alta qualidade artística a grande multidões em locais abertos. Trouxe os maiores grupos de dança do mundo, orquestras e corais de várias cidades brasileiras e de outros países, apresentou estrelas internacionais e uniu gêneros musicais.
Assim, hipnotizou multidões com montagens monumentais, como a da Ópera Aida, na Quinta da Boa Vista, com um elenco internacional de 470 artistas. Encantou ao apresentar, na Enseada de Botafogo, toda a beleza e o lirismo da obra divina de Mozart. Mostrou ecletismo ao produzir o Rock Concerto, em 1984, na Praça da Apoteose, com duas orquestras sinfônicas, coro de duas bandas de rock: o Barão Vermelho e a Blitz. Em 2005, reuniu a Orquestra Sinfônica Brasileira e o grupo de percussão Olodum para tocar a música de Heitor Villa-Lobos.
Ousou ao apresentar ao ar livre, pela primeira vez no mundo, a Sinfonia 8, de Gustavo Mahler, conhecida como a “Sinfonia dos Mil”; duas orquestras, um coro de 500 vozes adultas e 100 vozes infanti, além de oito solistas, no maior palco já construído na Praia de Copacabana.
Versão 2012
A Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), sob regência de Roberto Minczuk, subiu no palco montado em frente ao Copacabana Palace, para tocar composições de alguns dos nossos maiores representantes da música clássica, como Villa-Lobos, Alberto Nepomuceno e Francisco Mignone. A direção do espetáculo, que contou com cerca de 300 artistas envolvidos, ficou a cargo de Carla Camurati, diretora do Teatro Municipal.
Entre os momentos marcantes do concerto, “O Maracatu de Chico Rei”, de Francisco Mignone, apresentado com orquestra, coro e bailado. Outro ponto alto foi a participação da bailarina Ana Botafogo, participante cativa do projeto Aquarius. Nessa apresentação, ela usou um figurino-instalação, um vestido aramado, ao som das “Bachianas Brasileiras 4”. Tiveram, ainda, como atrações a Companhia Jovem de Ballet, do Rio de Janeiro, os alunos da Escola de Dança Maria Olenewa, o Coro Sinfônico do Rio de Janeiro, o Coro de Crianças, regido pelo maestro Júlio Moretzsohn, além do mestre de cerimônia, Pedro Bial, e um repertório com os “Choros 10”, “O Trenzinho do Caipira”, de Heitor Villa-Lobos, “O Guaratuja – Prelúdio”, de Alberto Nepomuceno.
O projeto Aquarius, criado pela Organização Globo, é notável por derrubar o mito de que o povo não gosta de música clássica. Iniciativa como essa fortalece a necessidade de se realizar espetáculos cada vez mais grandiosos e emocionantes. E um outro detalhe mais significativo: é o de quebrar paradigmas sobre o que é clássico e popular. Coxinho, João Chiador, Humberto de Maracanã, Cartola, Pixinguinha, o Jongo do Rio de Janeiro, o Lundu do Pará, a capoeira da Bahia, tambor de crioula do Maranhão, Ibrahim Ferrer, Tom Zé, a Tropicália, Rick Wakeman, Chopin, Bach, Mozart, Heitor Villa-Lobos, Carlos Gomes, Francisco Mignone, são filhos da mesma mãe: a música. O resto é confusão de críticos, estudiosos e músicos puristas e segregacionistas.